Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

24/08/2015

CASE STUDY: Os amanhãs que cantarão, segundo o PS, ou o triunfo da fé e da esperança sobre a experiência (5)

Outros amanhãs.


Retomo os comentários ao relatório dos 12 sábios «Uma década para Portugal», interrompidos para tratar dos 207 mil empregos simulados.

2. Diagnóstico económico e social


Este capítulo começa pela aceitação do que se negara no capítulo anterior e reconhece-se que antes da adopção do euro o investimento já se havia reduzido pela redução da taxa de poupança. Reconhece-se ainda que a taxa de poupança é baixa, apesar de se insistir em aumentar o consumo reduzindo-a ainda mais.

Continua-se o delírio de classificar as infra-estruturas como «instrumentos competitivos da economia portuguesa (que) decorrem de investimentos materializados antes do atual governo», como se dos muitos milhares de milhões torrados em auto-estradas e outros elefantes brancos se tivessem multiplicado no PIB e não na dívida pública e privada, como de facto aconteceu. Exemplificando a manta mal-amanhada com retalhos socráticos cosidos no meio do pano dos «novos economistas», na mesma página do referido delírio já se reconhece a «excessiva concentração de investimento em sectores de bens não-transacionáveis».

2.1 Desempenho macroeconómico


Mais contradições: a taxa de poupança que duas páginas antes «atingiu valores preocupantes no auge da actual crise» atinge duas páginas depois «valores superiores em 2 p.p. aos verificados antes da crise». Reconhece-se que a «correcção acelerada dos desequilíbrios externos», porém, segundo os sábios, tal «não resultou de aceleração das exportações». No parágrafo seguinte voltam as contradições , para puxar o lustro à governação socrática: «as exportações de bens e serviços registam desde 2005 uma evolução muito positiva». Voltemos ao mundo real e vejamos os diagramas seguintes.

Fonte: Trading Economics

Fonte: Trading Economics

Tentando tapar o sol com a peneira socialista, lá voltam a admitir na página seguinte que afinal «o comportamento das exportações» até terá sido positivo mas «mais justificado pela entrada em funcionamento de alguns grandes projetos em implementação desde antes da crise». Quais projectos, minha nossa senhora, impulsionaram as exportações? Terão sido o TGV e o aeroporto Jamais Alcochete?

Assinala-se a queda de mais de 20% do emprego na indústria transformadora, mas esquece-se que o PIB gerado na indústria está de novo muito próximo dos valores anteriores ao resgate, significando uma melhoria da produtividade.

Fonte: Trading Economics
Para concluir, por hoje, destaco o padrão analítico dos 12 sábios do PS: os resultados da execução do programa de ajustamento que o PS tornou indispensável, negociou e assinou têm sido uma desgraça, excepto nos aspectos que resultaram da governação miraculosa do preso 44.

(Continua)

Sem comentários: