Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
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31/08/2025

ARTIGO DEFUNTO: A distribuição de dividendos do BCP vista pelo Avante! da Sonae


A peça acima é do Público, um jornal sustentado pela família Azevedo, eventualmente porque é o preço que paga à esquerdalhada (em particular os comunistas e, por isso, também é conhecido por Avante! da Sonae) para não os chatearem demasiado. Aparentemente parece uma coisa factual e inócua mas é tudo menos objectivo e está cheio de mensagens subliminares.  

Em primeiro lugar, o título tem implícito que os accionistas não têm direito à proporção do lucro da empresa de que são proprietários e que, em consequência, se estão a apropriar ilegitimamente de dois terços. Em segundo lugar, tem igualmente subentendido que se a Fosun e a Sonangol «são as principais beneficiadas» por terem usurpado 40% dos lucros, apesar de terem 40% do capital do BCP, que lhes dá o direito a disporem de 40% do dividendo distribuído a todos os accionistas. Em terceiro lugar, que os outros 120 mil pequenos accionistas deveriam ter uma proporção maior dos dividendos do que a correspondente à sua participação no capital, como se não fosse inevitável que um accionista que tem 10% do capital tenha um dividendo 10 vezes maior do que outro que só dispõe de 1% do capital. Em quarto lugar, insinua que os accionistas «chamuscados pela guerra de poder de 2007» o foram por algum desígnio oculto e não por simplesmente serem então accionistas. 

Curiosamente, mas não surpreendentemente, a peça não faz qualquer alusão ao desígnio oculto, ou seja, à génese da guerra de poder de que resultou a venda de participações à Fosun e à Sonangol depois de lá terem sido torrado 8,3 mil milhões  (5,3 em aumentos de capital e  3,0 mil milhões em "ajudas") de dinheiro dos contribuintes (*).

______________

(*) Ver mais de uma centena de posts que se publicaram sobre o assalto ao Millenium bcp e, em particular o resumo «sequelas do assalto ao Millenium bcp.

28/08/2025

Dúvidas (355) - Para que serve a Fundação de Serralves? Promover actividades culturais? Certo? Errado! Serve para «Incomodar, desestabilizar, interrogar»

De acordo com os seus Estatutos, a Fundação de Serralves serve para:


Podemos discutir se esta é formulação mais adequada da finalidade da Fundação ou então podemos perguntar à Dr. Isabel Pires de Lima, a presidente demissionária, ex-ministra da Cultura no governo do Eng. Sócrates, qual é a sua perspectiva. É uma pergunta retórica porque Dr. Isabel Pires de Lima antecipou-se e respondeu assim no comunicado em que anuncia a sua renúncia:

«Na minha perspetiva, um espaço de produção de arte como é Serralves tem, a todo o momento, de incomodar, desestabilizar, interrogar ou então será apenas um lugar de pessoas demasiado contentes consigo próprias, naquela felicidade potencialmente castradora que o sucesso traz.»

20/04/2025

Ser de esquerda é... (32) - Adoptar a preservação dos jacarandás como ersatz da luta de classes

Desde que a esquerda é esquerda, ou seja, para simplificar, desde que o Barão de Gauville chamou a atenção para os deputados revolucionários da Assembleia Nacional Francesa saída da revolução de 1789 se sentarem à esquerda do presidente, que a esquerda luta por grandes causas. A emancipação da classe operária, o fim do capitalismo e do imperialismo, a sociedade sem classes, etc., um enorme etc.

Com o tempo essas causas foram desaparecendo e substituídas por outras. Recentemente as causas da esquerda quase se resumiram ao ambiente, à identidade de género e ao DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) e os militantes operários foram substituídos por áctivistas graduados em ogias por universidades progressistas. A classe operária ficou esquecida e começou a votar na extrema-direita.


E assim chegámos à luta pela preservação dos 47 (quarenta e sete) jacarandás da Avenida 5 de Outubro, dos quais a câmara de Lisboa pretendia transplantar 22 e abater 25 por não terem condições para o transplante. Dito de outro modo, a câmara pretendia emigrar 22 e aos restantes aplicar a morte assistida por jardineiros devidamente qualificados. Tudo isto com o propósito pouco ambientalista de construir um parque de estacionamento  A luta tocou fundo no jornalismo de causas que deu voz à indignação popular, produziu dezenas de peças inflamadas e mobilizou áctivistas que promoveram uma petição com 19 mil assinaturas.

Outros "Ser de esquerda é..."

01/02/2025

Ser de esquerda é... (31) - ... é praticar o doublethink orwelliano ou talvez sofrer do Transtorno dissociativo de identidade

«Bernardino Aranda — antigo assessor do Bloco de Esquerda e um dos promotores da recolha de assinaturas para um referendo contra o Alojamento Local (AL) em Lisboa — é proprietário de dois apartamentos que coloca a arrendar no Airbnb. Os dois imóveis estão localizados em Alfama, uma das zonas mais pressionadas pelos alugueres de curta duração na capital. Confrontado com o facto de estar a ajudar a promover a recolha de assinaturas para acabar com o alojamento local ao mesmo tempo que faz negócio na mesma área, o agora “militante de base” do Bloco de Esquerda diz ao Observador que não considera a situação “incoerente”.» (Observador)

«O poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer facto que se tenha tornado inconveniente.»
George Orwell, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro
Talvez também se possa compreender o camarada Bernardino à luz do poema de Mário de Sá-Carneiro:

Eu não sou o eu, nem sou o outro
Sou qualquer coisa de intermédio
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro


Outros "Ser de esquerda é..."

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Ficou a saber-se que os despedimentos das cinco funcionárias foram acompanhados por falsificação de documentos. Melhor é difícil.

22/01/2025

Ser de esquerda é... (30) - ... é praticar o doublethink orwelliano

Sábado

«O poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer facto que se tenha tornado inconveniente
George Orwell, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro
Outros "Ser de esquerda é..."

22/12/2024

ESTÓRIA E MORAL: Os esquerdistas revolucionários e a família

Estória


Daniel Ortega, o líder da Frente Sandinista que derrubou em 1979 o ditador Anastasio Somoza, foi o "coordenador" da Junta de Gobierno de Reconstrucción Nacional, inspirada no marxismo-leninismo de Fidel Castro, que substituiu durante seis anos o governo Somoza, foi eleito presidente em 1985 em eleições consideradas livres e introduziu reformas de acordo com o catecismo da esquerda latino-americana (nacionalizações e reforma agrária), teve de enfrentar um embargo comercial dos EUA e a revolta dos "Contras". Ortega perdeu três eleições em 1990, 1996 e 2001 e ganhou as de 2006 e todas as seguintes mandando prender os seus potenciais rivais e tornando-se cada vez mais antidemocrático e repressivo.

Com vista a eternizar-se no poder e assegurar a sucessão pela família Ortega, foi aprovada em Novembro uma revisão de Constituição que tornou os tribunais e a assembleia legislativa órgãos do Estado controlados pelo presidente, que passa a poder punir os mídia por "notícias falsas", oficializou a "polícia voluntária" - a guarda pretoriana do regime, criou o cargo de "copresidente" atribuído à actual vice-presidente e sua esposa Rosario Murillo que é vista como inspiradora da repressão feroz dos últimos anos e que lhe sucederá. Os filhos de ambos foram nomeados para cargos importantes.

Moral

Os esquerdistas revolucionários têm o culto do Estado e são contra a família, excepto a sua própria família.

06/12/2024

Mitos (344) - Diferenças salariais entre homens e mulheres (15) - As diferenças não são pelas razões que o woke inventa e, em qualquer caso, estão a diminuir

Outros mitos sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres

Em retrospectiva: o pay gap atribuído à discriminação de sexos (que o politicamente correcto chama géneros) é um dos «factos alternativos» mais populares nos meios esquerdistas. Não é que não exista um pay gap, aliás existem vários, mas desde pelo menos a II Guerra nenhum deles se funda a discriminação de sexos ou de raças. De resto, com a mesma falta de fundamento, seria mais fácil apontar a discriminação entre bem-nascidos e mal-nascidos de ambos os sexos ou, se preferirem, de todos os 112 géneros disponíveis.

Um dia destes deparei-me com o gráfico seguinte onde se representam as alterações entre os anos 2013 e 2017 das diferenças de salário entre os profissionais dos dois sexos com mestrados e os profissionais com licenciaturas, no Reino Unido em diferentes áreas académicas.

The Economist

Em primeiro lugar, constata-se que nesse período os ganhos dos mestrados em relação às licenciaturas diminuíram nas áreas soft e a aumentaram nas áreas mais técnicas. Em segundo lugar, e mais importante para esta questão "sexual", é que os ganhos das mulheres com o upgrade da licenciatura para mestrado foram em todas as áreas superiores aos dos homens, e no caso das tecnologias muito superiores. Note-se que se estão a comparar os ganhos com a maior qualificação e não os níveis salariais entre homens e mulheres, que certamente continuam ainda a ser superiores no caso dos homens, não por qualquer discriminação, de resto proibida por lei  e inaceitável nas empresas, mas pela razão de os homens ainda desempenharem funções e deterem cargos mais qualificados. Aqui a palavra-chave é ainda, porque estes dados demonstram precisamente que as diferenças se estão a reduzir.

28/10/2024

Ser de esquerda é... (29) - ... é não aprender nada com o passado

«O socialismo do futuro é a vida boa e o seu tempo é agora, o futuro é já, é o caminho que vamos percorrer para disputar tudo.»

Disse no sábado passado a Dr.ª Mortágua, filha do bombista Sr. Mortágua, na V Conferência Nacional do Bloco de Esquerda no Porto.

Percebe-se que a Dr.ª Mortágua não tenha sentido necessidade de explicar aos devotos que a escutavam (que devem ter um catecismo) a diferença entre o socialismo do futuro e o do passado que arruinou todos os países que o adoptaram, foi a causa da opressão e miséria dos seus povos (por exemplo na própria Rússia) e fez milhões de mortos em seu nome. A  Dr.ª Mortágua deve essa explicação aos não devotos.

Outros "Ser de esquerda é..."

28/09/2024

Ser de esquerda é... (28) - ... é praticar a mentira de causas e, já agora, o humor de causas

A estória resumida é a seguinte (a estória completa está contada aqui pela deputada municipal Margarida Bentes Penedo): o executivo da câmara de Lisboa presidida pelo Dr. Medina abriu em 2016 um concurso para a colocação de painéis digitais publicitários cujo júri aprovou a proposta da JC Decaux, incluindo as localizações dos painéis que agora foram contestadas pelo Berloque de Esquerda. Por razões administrativas o contrato só foi assinado pelo actual executivo depois de aprovado em Setembro de 2022 por quase todos os vereadores, incluindo os do Berloque de Esquerda, cujas deputadas municipais Dr.ª Escaja e Dr.ª Teixeira na assembleia municipal do dia 17 acusaram o Eng. Moedas de mentir ao dizer a verdade sobre quem tinha decidido e aprovado as localizações.

Foi o suficiente para o agitprop esquerdalho iniciar o processo habitual propagando os seus factos alternativos pelos trombones dos jornalistas amigos que produziram umas dezenas de peças até que um artigo do Público repôs a verdade. Um dos trombones foi o humorista de causas Ricardo Araújo Pereira no domingo passado no seu programa da SIC, onde, além de reproduzir a mentira, já depois do referido artigo do Público, fez o seu número habitual de imitação da voz de falsete do Eng. Moedas.

Esta gente não tem emenda e sempre que lhes dá jeito mentem pelas suas "boas causas".

Outros "Ser de esquerda é..."

07/09/2024

ARTIGO DEFUNTO: Pensamento mágico e factos alternativos ao serviço do jornalismo de causas

Há duas ou três semanas, primeiro a CNN e mais tarde outros mídia, citaram um working paper com um título ("Taxing extreme wealth: What countries around the world could gain from progressive wealth taxes") mais adequado a um panfleto do que a um paper, que foi publicitado com títulos vibrantes capazes de fazer atingir o orgasmo a qualquer esquerdista. Desde logo o título da peça da própria CNN: «Se Portugal taxasse os super-ricos encaixaria mais 3.589 milhões de euros. Dava para pagar três vezes o IRS Jovem».

Confesso que se me acendeu o desconfiómetro pelo tom igualmente vibrante e o pendor demagógico do paper e pelo perfil áctivista da instituição que o publicou - Tax Justice Network (TJN), um grupo de pressão britânico de pendor anticapitalista.

Felizmente, o economista Luís Aguiar-Conraria, que se quisesse arrumá-lo numa caixinha diria que se enquadra na esquerda, o que o faria ver com bons olhos um panfleto que promove uma das bandeiras da esquerda, porque é da facção bem-pensante, não embarcou na treta demagógica do working paper e "escavou-o". Fez umas contas e concluiu na peça "Populismo fiscal de esquerda" na sua coluna semanal do Expresso que o valor avançado pela CNN para o resultado da taxação dos super-ricos em Espanha, cujo "Imposto Solidário sobre Grandes Fortunas" que serviu da base ao paper do Tax Justice Network , é 15 vezes superior a uma estimativa realista. Estamos conversados.

31/08/2024

Ser de esquerda é... (27) - ... é acreditar em estórias da Carochinha

Diário de Notícias

«Era uma vez uma linda Carochinha que queria muito ser president@...»

Quando a Dr.ª Ana Gomes diz o que disse em entrevista ao DN, só encontro duas explicações possíveis: 

(1) A Dr.ª Ana Gomes acredita: a) que o Eng. António Picareta Falante Guterres é capaz de ter «uma conversa dura» com qualquer pessoa, nomeadamente com o presidente da única verdadeira grande potência à época; b) que esse presidente ficaria preocupado com a retirada de 300 militares portugueses (uns 6% do total) que constituíam a força portuguesa no Kosovo e c), por isso, apoiou a independência de Timor;

(2) A Dr.ª Ana Gomes não acredita nessa treta e está a tentar marcar pontos no campeonato da escolha do candidato socialista a Belém em que manifestamente está mal colocada.    

A tendência da Dr. Ana Gomes para o pensamento mágico inerente à sua condição de esquerdista leva-me a concluir que está a ser sincera (isto não é um elogio) e acredita neste conto da carochinha.

Outros "Ser de esquerda é..."

30/08/2024

ARTIGO DEFUNTO: Para o jornalismo de causas um monopólio estatal é sempre preferível a uma parceria público-privada

Está em negociação, por iniciativa da Cuf Saúde, um projecto de partilha de dados de saúde entre os operadores privados e o SNS. Como deveria ser evidente, é uma iniciativa em que todos ganham e, sobretudo, a quem recorre a qualquer desses prestadores de serviços, a quem os amantes do Estado sucial chamam "utentes".

Sem surpresa, a esquerdalhada acantonada nas redacções ao ler ou ouvir a palavra "privados" teve o habitual reflexo pavloviano e pôs-se em campo para coleccionar contra-indicações. Para citar um só exemplo que vale por todos, o do diário Público, também conhecido pelo Avante! da família Azevedo, a jornalista de serviço foi consultar o Dr. Julian Perelman, economista e professor da Escola Nacional de Saúde Pública, que exprimiu preocupação com «o projecto ficar nas mãos "de três ou quatro grandes grupos" (o que) "impede completamente outros grupos de emergir, porque eles vão ficar om uma vantagem enorme"».

Apesar de não haver razão nenhuma para o «o projecto ficar nas mãos "de três ou quatro grandes grupos", naturalmente desde que os operadores interessados estejam dispostos em investir na infraestrutura tecnológica para garantir a partilha de dados com segurança, é louvável a preocupação do Dr. Perelman com assegurar a igualdade com outros operadores, preocupação que passa ao lado da situação actual em que a quase totalidade dos dados de saúde está monopolizada por um único grande operador estatal controlado por apparatchiks e gerido com competência discutível to say the least.

01/08/2024

Chávez & Chávez, Sucessores (78) - A impunidade megalómana toma conta dos chávistas e a esquizofrenia toma conta dos comunistas portugueses

Outras obras do chávismo.

No passado fim de semana, decorreu na República Socialista Bolivariana da Venezuela uma palhaçada orquestrada pelos sucessores do Coronel Chávez onde os venezuelanos que ainda não fugiram do país (fugitivos que deverão andar pelos 8 milhões de pessoas) votaram e por decisão da clique chávista deram a maioria ao actual presidente Nicolás Maduro, a quem o já então defunto Coronel legitimou há uns anos com uma aparição sob a forma de um pajarito.

Um pouco por todo o mundo multiplicaram-se as acusações de fraude eleitoral. Todo o mundo? Não! Numa aldeia gaulesa do Portugal dos Pequeninos, o Partido Comunista Português publicou um comunicado onde se pode ler:
«O PCP saúda a eleição de Nicolás Maduro como Presidente da República Bolivariana da Venezuela, bem como o conjunto das forças progressistas, democráticas e patriotas venezuelanas que alcançam mais uma importante vitória com esta eleição, derrotando o projecto reaccionário, antidemocrático e de abdicação nacional.»
Dando mais um passo no sentido de aprofundar o delírio que gradualmente toma conta das mentes dos seus dirigentes, o PCP lusitano divergiu assim do seu homólogo venezuelano que há duas décadas se distancia da clique chávista e num comunicado questionou abertamente o resultado da manipulação eleitoral e alertou «a la opinión pública internacional que así como el Gobierno de Nicolás Maduro ha despojado al pueblo venezolano de sus derechos sociales y económicos, hoy pretende privarlo de sus derechos democráticos».

21/06/2024

O Império que o Czar Vladimiro quer reconstruir é o Império Soviético, menos o marxismo


«Os esquerdistas do Ocidente e os nacionalistas do Sul Global não se cansam de apontar os males do imperialismo. No entanto, poucos incluem a União Soviética em sua lista de vilões. Isso é estranho: o império soviético estendia-se por 11 fusos horários, oprimindo os seus estados vassalos de forma tão flagrante que todos declararam independência no momento em que tiveram a oportunidade.

Propagar esta história torna mais difícil entender o presente, quando o homem com o quarto maior exército do mundo está a tentar reconstruir uma versão desse império, menos o marxismo. Quando Vladimir Putin descreveu a libertação dos antigos súbditos da União Soviética como a "maior catástrofe geopolítica do século 20", ele expressava uma visão de mundo compartilhada em séculos anteriores pelos conquistadores espanhóis e os rufias da Companhia Britânica das Índias Orientais: a de que as nações fortes devem governar as mais fracas, independentemente da vontade dos que lá vivem.»

Excerto de What the left and right get wrong about imperialism

13/06/2024

De boas intenções está o inferno cheio (57) – A religião é a política por outros meios? (XXVI) Francisco arrisca-se a cair nas más graças da esquerdalhada

Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.

Já escrevi várias vezes que vejo o papa Francisco como um exemplo da teologia da libertação (ou teologia da submissão ao totalitarismo), doutrina católico-guevarista que proliferou na América Latina nos anos 70. A esquerdalhada deve pensar o mesmo porque frequentemente e com grande hipocrisia lisonjeia Francisco, cita-o e usa-o sem vergonha.  

Foi por isso com alguma surpresa que li ter Francisco usado num encontro à porta fechada a palavra «frociaggine» (poderia ser traduzido como mariconços ou bichas) para se referir aos homossexuais, cuja ideologia «non va bene» (Corriere). 

Mesmo aceitando a versão do Corriere explicando que o papa com «esse termo pretendia definir uma atitude “ostentativa e lobista” que existe em algumas partes do Tibre: o famoso “lobby gay”», a utilização pela segunda vez em pouco tempo da mesma expressão insultuosa para designar uma comunidade que tem servido à esquerdalhada como um ersatz da classe operária dos marxistas clássicos, tem potencial para abalar seriamente, se não acabar, a relação da esquerdalhada com o papa. 

Quanto à relação com os militantes LBGT etc. e o movimento woke, estamos conversados, basta uma pesquisa Google para encontrar milhares de referências na imprensa por todo o mundo a este deslize papal.

20/04/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (XI)

(Continued from I, II, III, IV, V, VI , VII, VIII, IX e X)
With these examples of neo-Marxism in institutions extracted from Christopher Rufo's book, I end this series of posts.

«And the leading actors are well compensated. After their summer of revolution, Black Lives Matter cofounder Patrisse Cullors signed an entertainment deal with Warner Bros. and spent $3.2 million on four high-end homes across the country. The other cofounders, Alicia Garza and Opal Tometi, signed entertainment deals with marquee Hollywood talent agencies and the group secretly bought a $6 million mansion in Southern California. Meanwhile, their organization descended into outright graft: one leader allegedly stole $10 million in donations. Others transferred millions to family members through shadowy consulting firms and nonprofit entities. Massive sums of money went missing altogether. 

BLM activists were never a threat to capitalism - they were its beneficiaries. The wave of chaos they unleashed was never a viable path to liberation; it was an accelerant for destruction. »
________________

I have used the term neo-Marxism to characterize the ideological hodgepodge that supports critical race theory and the other woke bullshit. Which is obviously debatable. Christopher Rufo, the author of the book, in a recent debate published in The Free Press addressed the characterization of these movements in the following terms:

«I personally don’t use the term cultural Marxist that Yascha has done. I don’t do so in the book, although I think that the basic concept, if we leave the moniker aside, is that Marxism—the basic categorical distinctions—moved away from a purely orthodox materialist science or material determinism toward entities of culture, family, law, in a kind of Gramscian direction. [Herbert] Marcuse was a Marxist, and he was the most influential philosophical figure of the New Left, which is the prototype of the radical left we see today.

His doctoral student, Angela Davis, was a member of the Communist Party, is a devoted Marxist, and really took the Marxist tradition and applied it to racial categories. Then within academia, most notably her long career at UC–Santa Barbara, and then her mentees, the third generation, were the founders of Black Lives Matter. They said themselves, “we are trained Marxists.” If you read a law review article written by one of the BLM founders, if you listen to their interviews and speeches, and then if you listen to their interviews with Angela Davis, they make very clear: “we are mobilizing along racial lines. We think that that’s the best rhetorical approach to score political victories. But the ultimate goal is the abolition of capitalism.” And you see this absolutely everywhere: in training programs and academic work, and even critical race theory.»

12/04/2024

Ser de esquerda é... (27) - ... é reagir a Passos Coelho (ou Cavaco Silva) como o cão de Pavlov reagiu ao badalo

Não fiquei surpreendido pela reacção da comentadoria do regime e do jornalismo de causas à última intervenção pública de Pedro Passos Coelho (PPC). Afinal, cada vez que ele ou Aníbal Cavaco Silva escrevem ou dizem seja o que for, sobre seja o que for, segue-se o mesmo ulular indignado e raivoso. A explicação talvez seja mais do domínio do psicopatológico do que do político. 

Quando percebi que, desta vez, o móbil da indignação era o pensamento de PPC sobre a família, fiquei curioso e fui ler a intervenção que a motivou. Encontrei um texto equilibrado, inspirado numa visão tolerante, com ideias relativamente redondas e, por isso, consensual para uma grande maioria das pessoas que não vivem dentro da bolha mediática largamente esquerdista e estreitamente geográfica. Premonitoriamente PPC antecipa as reacções habituais: «há rótulos que são colocados com uma intenção clara de desqualificar aqueles que lançam as discussões, de os diminuir e de os condicionar». 

O que teria incendiado a esquerdalhada para além da conhecida reacção pavloviana? Haverá sem dúvida outras questões («questões da segurança e da imigração», «os símbolos da República», «a sovietização do ensino», «ajudar as pessoas a morrer») que não terão deixado de irritar a bolha, mas suspeito que a passagem seguinte lhes tocou no nervo. 

«Que nós sabemos que não há um único conceito de família e, historicamente falando, a família não teve sempre a mesma configuração ao longo do tempo. Essa configuração foi evoluindo com a sociedade. Mas se a família, de certa maneira, representa o primeiro espaço de socialização, julgo que hoje haverá um amplo consenso em torno desta minha afirmação, julgo.

A família é primeiro espaço de socialização. E, nessa medida, portanto, de transmissão de valores, de exemplos, que numa geração para outra geração vai dando continuidade a um destino coletivo. Nessa medida, portanto, podemos dizer que a família antecede o Estado, evidentemente, e dificilmente se pode entender de uma forma separada da sociedade em si mesma. 

(...) uma instituição que, de resto, é insubstituível. Não há ninguém, nenhuma outra instituição, que possa substituir a família. Os substitutos são imperfeitos.»

E porquê? Porque, pelo menos desde "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado" de Engels, que a escreveu como uma espécie de ghostwriter de Marx, que o marxismo clássico vê a família monogâmica heterossexual, uma instituição de origem espontânea, como um instrumento de perpetuação da propriedade privada e um obstáculo ao primado do Estado Comunista que nos conduzirá ao paraíso da sociedade sem classes. É claro que, com a falência e o descrédito do marxismo clássico, o neo-marxismo teve de reinventar essas ideias, reformular o vocabulário e a sintaxe mas o propósito de destruir o Estado Capitalista permanece o mesmo e para tal é um passo indispensável "desconstruir" a família monogâmica heterossexual e banir o "heteropatriarcado".

Outros "Ser de esquerda é..."

31/03/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (X)

(Continued from I, II, III, IV, V, VI , VII, VIII, IX)
More examples picked up from those described by Christopher Rufo of neo-Marxism in institutions controlled by the clique of believers.

«The method of critical pedagogy is now mandatory statewide. After releasing the model curriculum, the California state legislature quickly passed a bill making ethnic studies a graduation requirement for all high school students, which will make the "pedagogy of the oppressed" the official ideology in every school district in the state. (…)

The critical pedagogists foreground ideology, but there is another, deeper force at play: the cold and calculated expansion of the public school bureaucracy. Implicit in every step in the process of "decolonization" is a transfer of power from parents, families, and citizens to the bureaucratic class: administrators, counselors, consultants, specialists, advisors, and paper-pushers.

Following the model of the universities, the largest schools districts have all begun to entrench the critical pedagogies into the bureaucracy under a variety of names, such as "Diversity and Inclusion," "Racial Equity," and "Culturally Responsive Programs." These departments fulfil a dual purpose. First, they serve as a mechanism for ideological enforcement, Second, they serve as a jobs program for college graduates with degrees in the critical theories. Contrary to many skeptics who have argued that students in the fields of race, gender, and identity would have difficulty finding employment, these ideologically trained graduates have found rapidly expanding opportunities in the educational bureaucracy.

The statistics reveal the extent of this shift in power. Between 1970 and 010, the number of students in American public schools increased by 9 percent, while the number of administrators increased by 130 percent. In all, half of all public schools employees area nonteaching administrators, bureaucrats, and support workers.  According to the US Department of Labor, there are now hundreds of thousands of public school manager, making an average wage of $100,000 per year, which is significantly more than classroom teachers and the median American household.

This fifty-year experiment has yielded virtually no improvement in academic outcomes -  the test scores for American high school students have flatlined since the federal government began collecting data in 1971 - yet the expansion of the bureaucracy continues, with recent growth driven by "diversity and inclusion" divisions in the largest scho5l1 districts. As the Heritage Foundation discovered, 79 percent of school districts with more than 100,000 students have hired a "chief diversity officer" and implemented, university-style "diversity, equity, and inclusion" programming.»

(To be continued)

14/03/2024

Mitos (334) - Diferenças salariais entre homens e mulheres (14) - Os efeitos delirantes do mito na mente dos crentes

Outros mitos sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres

Faço uma pausa no tratamento "sério" deste tema nos posts desta série para mostrar os efeitos delirantes deste mito.

Desde 2002 o Eurostat vem publicando anualmente dados sobre a chamada "disparidade salarial" para um número crescente de países membros. Os dados de 2022 acabam de ser publicados no quadro «Gender pay gap in unadjusted form». Como seria de esperar e tenho vindo a salientar desde o primeiro post desta série, estes dados não se referem às diferenças salariais atribuíveis ao sexo, visto que não têm conta as diferentes funções desempenhadas por homens e mulheres, como ressalta da definição do indicador
«O indicador mede a diferença entre os rendimentos horários brutos médios dos trabalhadores remunerados do sexo masculino e dos trabalhadores remunerados do sexo feminino como percentagem dos rendimentos horários brutos médios dos trabalhadores remunerados do sexo masculino. O indicador foi definido como não ajustado, porque dá uma imagem global das desigualdades de género em termos de remuneração e mede um conceito que é mais amplo do que o conceito de salário igual para trabalho igual.»
Em consequência, o indicador não mede a desigualdade salarial mas a desigualdade de funções ainda hoje influenciada por factores sociais e culturais que estão a mudar há uma geração mas que ainda não se reflectiram completamente nos papéis desempenhados no mundo do trabalho por várias razões, incluindo pela "divisão do trabalho doméstico" que também está em mudança.

Baseado nestes dados, o Jornal Eco produziu uma peça onde assumindo que a disparidade salarial «irá reduzir-se ao ritmo dos últimos dez anos» conclui que o céu será atingido em 2071. Tendo em conta que essa conclusão se baseia num indicador enviesado, como referi, e numa premissa  completamente arbitrária, ocorre-me um termo muito usado nas tecnologias de informação GIGO (garbage in, garbage out) ou, em linguagem vernacular, se entra caca, sai caca. O que me leva a concluir que este é mais um domínio onde a ideologia subverte os factos e a lógica, constituindo aquilo que chamamos no (Im)pertinências ciência de causas cujas conclusões são publicadas pelo jornalismo de causas e aproveitadas por bandos de fazedores de opinião para gáudio de uma legião de crentes.

08/03/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (IX)

(Continued from IIIIII, IVVVI , VII, VIII)
More examples picked up from those described by Christopher Rufo of neo-Marxism in institutions controlled by the clique of believers.

«The third commandment of the new abolitionists is to "abolish the courts." In simple terms, the modem revolutionaries want to destroy the existing conception of "justice" and replace it with a new regime of "social justice." 

ln the historical imagination of the radical Left, American courts are not the impartial and public forum described in the Sixth Amendment, but an extension of a brutal, racist, and punitive state apparatus. ln Seattle, activists have long sought to limit the scope and authority of the municipal courts.  (…) 

However, with the rise of the Black Lives Matter movement providing an even more favorable political ground, the activist coalition mobilized even more favorable political ground, the activist coalition mobilized behind a much more ambitious agenda: abolishing the municipal court altogether and transferring authority to a shadow court system administered by ideological aligned nonprofit organizations such as Law Enforcement Assisted Diversion or LEAD, which provides “crisis response, immediate psychological assessment, and long term wrap- around   services including substance use disorder treatment and housing” – that is, an effort to replace the punitive state with a therapeutic process. (…)

This vacuum of legitimate authority, how-ever, did not last. 

Within days of the People's Assembly, the most heavily armed and aggressive factions in the CHAZ (Capitol Hill Autonomous Zone created by groups or armed men associated with Antifa) started to exert dominance over the neighborhood and became the de facto police power. (…) 

Then the killings began. The first homicide victim was killed in an outburst of gang violence. The second, who was reportedly unarmed and joyriding in a stolen car, was gunned down by CHAZ paramilitary forces. ln the autonomous zone's brief history of independence, there were two murders, four additional shootings, and an overall homicide rate that turned out to be nearly fifty times greater than the city of Chicago's. ln a cruel irony, all of the identified victims were black men - precisely the demographic for whom Black Lives Matter and the leaders of the CHAZ had claimed to offer protection.» 

(To be continued)