Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/07/2021

SERVIÇO PÚBLICO: Menos máscaras, menos confinamento e mais ventilação (2)

No post anterior citei um artigo da Economist fazendo o ponto de situação sobre o estado do conhecimento dos mecanismos de transmissão da pandemia, o papel dos aerossóis e a consequente importância da ventilação.

Pela primeira vez na imprensa generalista portuguesa, li há dias um artigo do médico e professor da Universidade do Porto João Carlos Winck no Observador sobre o mesmo tema onde concluiu que «é mais importante ventilar do que desinfetar!» 

30/07/2021

Dúvidas (315) - Quais os fundamentos do movimento anti-vacinas?

Não tem sentido discutir racionalmente razões religiosas ou fundadas em quaisquer outros princípios morais para recusar uma vacina. Pelo contrário a recusa baseada em razões médicas e científicas tem de ser fundamentada em factos e numa análise racional desses factos, do mesmo modo que a defesa da administração de uma vacina.

Passemos em revista alguns factos conhecidos recentes em relação às vacinas Covid-19 em três países europeus:



29/07/2021

Otelo, um actor medíocre que representou um herói e encarnou um vilão, por esta ordem

Quase tudo o que se tem escrito sobre Otelo Saraiva de Carvalho a pretexto da sua morte é muito motivado ideologicamente e, tratando-se de uma personagem profundamente contraditória, o que se escreve reflecte quase sempre e sobretudo os amores ou os ódios.

O único escrito mais objectivo que li foi o de José Miguel Júdice no Expresso citado a seguir que é bastante factual, com excepção do último parágrafo em que Júdice não resiste à tentação de fazer um julgamento, concluindo que «não foi um herói nem foi um vilão». Juízo errado, a meu ver, porque ele foi um "herói" (enfim, tanto quanto é possível a uma criatura ser herói no Portugal dos Pequeninos sob a tutela do Estado Novo) e foi um vilão, por esta ordem. A ordem neste caso é tudo porque ao terminar a sua vida pública como moralmente responsável por uma dezena e meia de assassinatos cruéis, e sobretudo gratuitos e estúpidos, ficou um vilão para a história. Por várias razões e uma definitiva: se ele teria sido facilmente substituído no seu papel de "herói" por um dos vários protagonistas militares (desde logo Ramalho Eanes), o seu papel como símbolo e inspiração do gangue de assassinos das FP25 foi insubstituível.         

«OTELO: UM ATOR NA REVOLUÇÃO

A morte de Otelo já foi tratada por muitos, mas creio que não tocaram no essencial: mais do que liderar a operação militar que nos deu a liberdade e liderar os que se não importava que destruíssem a liberdade à bomba, Otelo era e sempre foi um ator.

Como escreveu ontem no Público o seu biógrafo, Paulo Moura, “Otelo sempre gostou dos aplausos. Quando era miúdo, queria ser actor, não militar. Adorava falar, ser ouvido, rodear-se de pessoas, de “amigos”. Era amigo de toda a gente”.

Otelo era, sempre foi, um ator, realmente. Isso na Guiné era útil para a estratégia de promoção de Spínola junto dos “media” nacionais e internacionais.

Antes dizem-me que foi graduado da Mocidade Portuguesa, mas nasceu para a política como spinolista e aderiu ao MFA com teatralidade. Mais corajoso ou mais atrevido do que muitos (se não todos…), teve a energia da determinação e estou convicto que sem ele (e sem Spínola) o 25 de abril podia ter soçobrado. Um grande papel é irresistível para um ator.

Mas, de imediato, o seu lado teatral veio ao de cima, como resultado da popularidade (quão diferente era Salgueiro Maia…).

28/07/2021

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (42) - Os feitos na vacinação segundo o semanário de reverência


Os delírios patrióticos do semanário de reverência:

Expresso 27-07

Os factos segundo o COVID-19 Vaccine Tracker do European Centre for Disease Prevention and Control:

Vem a propósito citar outra vez Eduardo Lourenço, muito venerado equivocadamente pelas nossas elites que não perceberam o que ele pensava delas:
«Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. A reserva e a modéstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranoia, exibição trágica, não aquela desinibida que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós».

27/07/2021

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (59) - Ó Sr. Almirante acabe lá com a treta da falta de vacinas


Continua a queda significativa desde o dia 7 de Julho do ritmo de vacinação. A média de 150 mil doses registada na primeira semana de Julho desceu para 77 mil na última semana. Não foi dada nenhuma explicação oficial, insinuando-se uma vez ou outra que o problema seria a falta de vacinas quando, na verdade, o último relatório disponível do dia 18-07 mostrava um stock superior a 900 mil doses. Outras vezes reconheceu-se que afinal não havia capacidade para vacinar mais pessoas.

Continua por cumprir o objectivo
No início da quarta semana de Julho a percentagem de totalmente vacinados é a seguinte (fonte ECDC):
96,2% dos +80
96,4% dos 70-79
87.3% dos 60-69 anos.

Foi adoptado mais um objectivo 

Dependendo do que seja quase toda e de qual seja a população elegível (continua a ser discutido) com apenas 4,6 milhões totalmente vacinados parece um objectivo algo irrealista.
ECDC

Continua a celebração patriótica dos feitos em matéria de vacinação, sem que se percebam as razões para celebrar já que, como se vê no quadro acima, mesmo na EEA , que não é um bom exemplo comparado com o Reino Unido e os EUA, Portugal está em 11.º com 58,4% da vacinação completa do que a ECDC considera a população elegível, o que confirma a dificuldade de atingir o último objectivo acrescentado à lista. 

26/07/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (95) - Em tempo de vírus (LXXII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

A família socialista é muito unida

Tomaram posse a semana passada no Conselho Nacional para a Ética das Ciências da Vida o Dr. Boaventura Sousa Santos - uma personagem que pontifica na universidade de Coimbra sobre «crises e alternativas» a quem Maria Filomena Mónica chamou com propriedade «Bourdieu de província» - e o seu filho Dr. João Ramalho Sousa Santos, nomeados, respectivamente, pelo governo e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o governo por interposto ministério da Ciência.

Também a Dr.ª Catarina Vaz Pinto, esposa do Eng. Guterres, vereadora da câmara de Lisboa, presidida pelo Dr. Medina, afilhado político do Dr. Costa, que havia sido nomeada em 2017 para a direcção do Museu Berardo pelo então ministro da Cultura e amigo do Dr. Costa, viu recentemente o seu mandato renovado.

Há quem considere haver conflito de interesses nestas nomeações mas, como é sabido, no Estado sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito.

Desta vez o queijo limiano é um pelouro para o Dr. Tavares

No século passado um deputado independente pelo CDS vendeu o seu voto para aprovar o orçamento do Dr. Guterres em troca do reconhecimento da marca «Queijo Limiano» da sua terra, Ponte de Lima. O Dr. Rui Tavares, «uma mistura entre um teólogo da libertação e Eduardo Prado Coelho», fez um acordo com o Dr. Medina desistindo da candidatura pelo Livre em troca de ficar com o pelouro da Cultura, Conhecimento, Ciência e Direitos Humanos.

O Dr. Pedro Nuno não consegue acertar comboios e maquinistas

Ainda não tinha secado a tinta do anúncio do «dia histórico para a ferrovia nacional» com os seus 117 comboios e da «auto-estrada ferroviária» entre Lisboa e Porto, e ficou a saber-se que CP estava a suprimir comboios por falta de maquinistas.

Take Another Plan. O Dr. Pedro Nuno quer pôr as perninhas dos alemães da Lufthansa a tremer

O Dr. Pedro Nuno, que nos seus tempos de agitador de congressos punha a perninhas dos banqueiros alemães a tremer ameaçando-os «não pagamos», pretende agora ajudar a desbloquear o plano de reestruturação em Bruxelas oferecendo à Lufthansa uma participação na TAP. É uma espécie de confirmação da lei empírica que o radicalismo com o tempo se converte em oportunismo.

Os amanhãs que cantarão do Dr. Leão

O Dr. Leão anunciou que a economia poderá crescer 9% no biénio 2021-2022 que «vai ser o período de maior crescimento do século». Esqueceu-se de mencionar que tal só será possível porque o PIB caiu -7,7% em 2020 e não reparou que no triénio 2020-2022 o vertiginoso crescimento anual será 0,2%.

25/07/2021

Os sindicatos de trabalhadores do sector privado vão deixar de ser de esquerda

«A pandemia veio acelerar um processo de transformação que está em marcha desde 2015. Quando aderimos à CEE o objectivo era o desenvolvimento e apanhar o pelotão da frente da Europa. O PS (com a ajuda do BE e do PCP) reduziu Portugal a um sítio onde se vive de ajuda externa porque Bruxelas não hesita em despejar dinheiro para cima de problemas que surgem numa fronteira pouco importante.

Com o dinheiro de Bruxelas a entrar nos cofres estatais, o PS não está minimamente preocupado com a economia privada. Quando a falência de uma empresa for socialmente custosa, o estado intervém. Veja-se o caso da TAP. Caso contrário, é deixar andar. Veja-se o caso do alojamento local. Mas as intervenções estatais não deixam de ser dolorosas por serem estatais. Implicam despedimentos e pessoas sem futuro. Pressupõem frieza e falta de diálogo, como a UGT aponta na dura carta que endereçou ao Primeiro-Ministro. Numa sociedade socialista (e esse é o tipo de sociedade que um partido socialista com o apoio de forças comunistas pretende para Portugal) os governos não dialogam nem negociam. Nessas sociedades, os governos impõem a sua vontade. Veja-se, uma vez mais, o que está a acontecer na TAP.

O último debate do Estado da Nação foi sintomático e revelador. Existem duas realidades no nosso país: a que a existe e a do PS. Só esta distinção permite compreender o entusiasmo do governo e dos deputados que o sustentam. Após uma pandemia que deixou a economia privada de rastos, nomeadamente o sector do turismo que chegou em 2018 a representar cerca de 14% do PIB, António Costa apresentou-se no Parlamento como o salvador da pátria. Não só anunciou o fim da pandemia como se mostrou inspirado para “abrir uma nova janela de esperança e aproveitar as oportunidades irrepetíveis que os próximos tempos nos trarão.” Nesse sentido, Costa e o PS contam com o famoso Plano de Recuperação e Resiliência e ainda com o novo Quadro Financeiro Plurianual da UE. O primeiro será maioritariamente canalizado para a modernização do estado; o segundo visa dotar os socialistas de meios para levarem por diante políticas públicas com objectivos eleitoralmente promissores. O êxtase não podia ser maior. O que até se percebe, pois o estado é o PS.»

Continue a ler Os sindicatos vão deixar de ser de esquerda, André Abrantes Amaral no Observador

Em minha opinião, os sindicatos dos funcionários públicos vão continuar a ser de esquerda e num Estado sucial que cresce os funcionários públicos e as suas famílias constituem o sector mais importante da freguesia eleitoral socialista-comunista-bloquista.

24/07/2021

A pandemia ameaça a democracia liberal no país onde foi inventada (3) - pela mão de políticos demagogos e oportunistas

Continuação de (1) e (2)

«Back when Boris Johnson was on a mission to stop identity cards being used in Britain, he made a very persuasive argument: if parliament allows such expensive technology to come into existence, then the government will cook up excuses to use it. They will start to ‘scarify the population’ by saying there is a threat or an emergency. If they sink millions into an ID card scheme then be in no doubt: our liberty will be threatened. The slippery slope, he said, is one that the government is sure to go down.

Boris Johnson is in danger of becoming the Prime Minister he once warned against. At first, we were told that any vaccine identity system would be used only for foreign travel. ‘I certainly am not planning to introduce any vaccine passports, and I don’t know anyone else in government who is,’ Michael Gove said in December. ‘What I don’t think we will have in this country is – as it were – vaccination passports to allow you to go to, say, the pub or something like that,’ the Prime Minister assured us in February.

Now he suddenly tells us that people visiting nightclubs or other large venues from September will, after all, be required to show proof of their vaccination status. He also did not rule out using this technology for pubs and restaurants – and no one should be surprised if the discussion then turns to shops, airports and public transport. Nor should anyone be surprised if all this is done using emergency powers, with no parliamentary vote.

No British government has ever tried to force vaccines on the population. The issue has been dealt with in the past as it ought to be dealt with now: through persuasion, and relying on herd immunity to protect the few who cannot be persuaded.

Before becoming Prime Minister, Johnson was the most eloquent and passionate defender of basic liberal values. It would be tragic if the principles he espoused, which led this country to elect him as Prime Minister, turned out to be part of a false prospectus.»


23/07/2021

A pandemia ameaça a democracia liberal no país onde foi inventada (2)

Continuação daqui.
Some Britons crave permanent pandemic lockdown

Após um ano e meio de pandemia, numa sociedade com profundas tradições liberais como a britânica a maioria dos cidadãos aceita pesadas limitações à liberdade durante um período de tempo indeterminado («até que a covid-10 esteja globalmente controlada»). E, pior do que tudo, uma parte significativa dos britânicos aceitam essas limitações permanentemente. 

Imagine-se o que estarão dispostos a aceitar os cidadãos de uma sociedade sem essas tradições, como a sociedade portuguesa que viveu durante quase 50 anos acomodada num Estado Novo com drásticas limitações das liberdades.

21/07/2021

SERVIÇO PÚBLICO: Menos máscaras, menos confinamento e mais ventilação

«Superspreading is loosely defined as being when a single person infects many others in a short space of time. More than 2,000 cases of it have now been recorded—in places as varied as slaughterhouses, megachurches, fitness centres and nightclubs—and many scientists argue that it is the main means by which covid-19 is transmitted.

In cracking the puzzle of superspreading, researchers have had to re-evaluate their understanding of sars-cov-2’s transmission. Most documented superspreadings have happened indoors and involved large groups gathered in poorly ventilated spaces. That points to sars-cov-2 being a virus which travels easily through the air, in contradistinction to the early belief that short-range encounters and infected surfaces were the main risks. This, in turn, suggests that paying attention to the need for good ventilation will be important in managing the next phase of the pandemic, as people return to mixing with each other inside homes, offices, gyms, restaurants and other enclosed spaces. (...)


But the widespread assertion, still stubbornly promulgated by the who, that droplets above five microns in diameter do not stay airborne, but rather settle close to their source, is a dodgy foundation on which to build public-health advice. According to Dr Jimenez, physicists have shown that any particle less than 100 microns across can become airborne in the right circumstances. All of this matters because hand-washing and social distancing, though they remain important, are not enough to stop an airborne virus spreading, especially indoors. Masks will help, by slowing down and partially filtering an infectious person’s exhalations. But to keep offices, schools, hospitals, care homes and so on safe also requires improvements in their ventilation.


(...) All sorts of symptoms, from headaches, fatigue and shortness of breath to skin-irritation, dizziness and nausea, are linked to poor ventilation. It has also been connected with more absences from work and lower productivity.

The ventilation measures needed to deal with all this are not difficult, but existing regulations and design standards often have different objectives—particularly, these days, conserving heat and thus reducing energy consumption. That often means recirculating air, rather than exchanging it with fresh air from the outside world. (An exception is passenger aircraft, which refresh cabin air frequently.)

In situations where it is not possible to reduce health risks by ventilation alone—for example, places like nightclubs, where there are lots of people crowded together, or gyms, where they are breathing heavily—air filtration could easily be incorporated into ventilation systems. Air could also be disinfected, using germicidal ultraviolet lamps placed within air-conditioning systems or near ceilings in rooms.»

Improving ventilation will help curb SARS-CoV-2

20/07/2021

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (58) - As velas não estão enfunadas

Sem que tenha sido dada nenhuma explicação oficial, desde o dia 7 de Julho o ritmo de vacinação sofreu uma queda substancial. O número médio de doses administradas desde os finais de Junho até então atingiu 166 mil e a partir dessa data caiu para menos de metade.

Não obstante essa queda a generalidade dos objectivos parece ainda atingível e, nesta altura, o falhanço mais notório é o do objectivo seguinte: 
No início da terceira semana de Julho a percentagem de totalmente vacinados é a seguinte (fonte ECDC):

95,4% dos +80
92,1% dos 70-79
80,1% dos 60-69 anos. 

 

ECDC

Não obstante a 10.ª posição de Portugal na EU27 no que respeita ao rácio de pelo menos uma dose administrada aos adultos (18+) se poder considerar aceitável, está muito longe de justificar a euforia da imprensa do regime. 

19/07/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (94) - Em tempo de vírus (LXXI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Take Another Plan. «Está no terreno» disse o Dr. Pedro Nuno

Não, o Dr. Pedro Nuno não se referia à frota da TAP que essa, sim, está no terreno há um ano e meio. Referia-se ao plano de reestruturação que segundo ele estará aprovado «a breve prazo». Dependendo do que ele quer significar com breve pode ser que sim, ou que não, visto que a CE «vai avançar para investigação aprofundada do plano.

L’État c’est nous

A Dr.ª Ana Paula Vitorino, ex-ministra e actual deputada e cônjuge do ministro Dr. Cabrita, foi considerada suficientemente independente e competente para ser nomeada presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e como fez parte da comissão parlamentar que lhe fez a audição para nomeação tentou corrigir o relatório da comissão. O descaramento desta gente não tem limites.

Depois do acidente a 200km/h do esposo da Dr.ª Vitorino, também o ministro do Ambiente foi detectado a essa velocidade na A2 e a 160km/h numa estrada nacional. A impunidade desta gente não tem limites.

O estado do Estado sucial administrado pelos socialistas

Cinquenta e um técnicos qualificados recrutados em 2019 e em Abril deste ano colocados na PlanAPP, cuja missão é apoiar a definição de políticas públicas, continuam engavetados à espera.

As obras no Hospital Militar de Belém orçamentadas em 750 mil euros "derraparam" mais de quatro vezes para para 3,2 milhões, e como se fosse pouco, em plena pandemia, foi desactivada a infraestrutura para o tratamento de doenças infecciosas. A coisa é tão escandalosamente incompetente (e talvez corrupta) que motivou uma tomada de posição pública de um grupo de pessoas, médicos e militares, encabeçados pelo general Eanes.

Quando se pensava que já tinha sido atingido o limite...

O Banco de Fomento foi várias vezes anunciado para as «próximas semanas», sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, tinha ressuscitado há três anos e segundo o mesmo ministro já estava criado em Janeiro do ano passado. Afinal não estava e o governo teve de alterar o estatuto do gestor público para colocar os membros da grande família socialista, na circunstância nove administradores e vinte e quatro directores, entre eles, como presidente, o Dr. Vítor Fernandes uma criatura com um vasto currículo que inclui a pertença com o Dr. Santos Ferreira e o Dr. Vara à administração da Caixa que emprestou dinheiro ao Sr. Berardo para comprar uma participação no BCP, para cuja administração o trio foi transladado pelo governo do Eng. Sócrates, e, por último, incluiu também uma relação íntima com o Sr. Vieira do presidente do Benfica. Melhor é impossível.

18/07/2021

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (2) - Não tem emenda

Então aguentem outros cinco anos, uma espécie de sequência indesejada da série Outras preces (não escutadas)

«O comentador Marcelo Rebelo de Sousa não perdeu tempo, pegou no telefone e ligou para uma televisão (no caso a SIC Notícias) a proclamar a derrota jurídica do constitucionalista Marcelo Rebelo de Sousa para reclamar a vitória política do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa no caso da declaração de inconstitucionalidade da lei da Assembleia da República da iniciativa do PSD e aprovada em chamada ‘coligação negativa’ pela Oposição com os votos contra do partido do Governo sobre medidas de proteção social em plena pandemia.

Parece inverosímil, mas é verdade. Na quarta-feira à noite, mal foi anunciada a decisão do Tribunal Constitucional que deu razão a três das cinco dúvidas de constitucionalidade suscitadas pelo Governo em relação à dita lei obviamente violadora da Lei Travão que proíbe a AR de impor ao Governo leis que determinem o aumento da despesa ou a diminuição da receita previstos na lei do Orçamento do Estado, Marcelo pegou no telefone e ligou para aquele canal de televisão, que estava a dar a reação do Governo pela voz do secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes.

O telefonema presidencial – tal como já acontecera noutras ocasiões igualmente inusitadas – apanhou de surpresa o pivô de serviço, que não disfarçou a satisfação com que recebeu aquela chamada. Afinal, e como podia ler-se em rodapé, tinha um ‘furo jornalístico’: «Marcelo R. de Sousa reage em direto na SIC Notícias».

A palhaçada de S. Ex.ª relatada por Mário Ramires no Nascer do Sol

O Teste da Jangada como processo de detectar um esquerdalho

«Regressando a Cuba, salvo seja, a brutal hipocrisia da esquerda não sobrevive ao Teste da Jangada. Não é um teste complicado. De um lado, temos um país de onde as pessoas fogem em condições pavorosas da prisão provável e da indigência garantida. Do outro, temos um país que os recebe e lhes permite prosperar de acordo com o seu empenho, a sua habilidade ou a sua sorte. Adivinhem qual o país que a esquerda adora e qual o que a esquerda abomina (para os idiotas terminais, esclareço que o ponto de origem é Havana é o ponto de chegada é Miami – apesar das bazófias, nem idiotas terminais fariam o percurso inverso). O teste não termina aqui. Visto que falamos de refugiados, infelizes ao Deus dará que no “contexto” correcto encheriam as manchetes com sentimentalismo, é de presumir que a esquerda demonstre ao menos um vestígio de apreço pela sociedade que os acolhe e, por coerência, condene a sociedade que os afugentou. Nada disso. A esquerda detesta com indisfarçado vigor os cubanos da Flórida, na medida em que a liberdade de que beneficiam na América torna mais evidente a falta de liberdade em Cuba. Nas Caraíbas e em toda a parte, o pobre deixa de ser útil para a esquerda quando deixa de ser pobre. O Teste da Jangada não se limita a revelar hipocrisia: revela os abismos de selvajaria a que a humanidade pode descer.»

O esquerdismo é um crime de ódio, Alberto Gonçalves no Observador

Dependendo das característicos geográficas do Paraíso Socialista em causa, o Teste da Jangada pode ser substituído pelo Teste do Muro ou pelo Teste da Fronteira.

17/07/2021

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (70) O clube dos incréus reforçou-se (XXIII)

Outras marteladas e O clube dos incréus reforçou-se.

Recapitulando:

O intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, é parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.

As raras vozes dissonantes (temos citado algumas delas) não têm chegado para perturbar e muito menos abafar os salmos cantados pelo coro imenso dos prosélitos louvando a bondade das políticas de injecção de dinheiro e de juros artificialmente baixos dos bancos centrais.

Desta vez foi a Comissão dos Assuntos Económicos da Câmara dos Lordes que questionou o BoE sobre as suas políticas de alívio quantitativo e pela boca do seu presidente Lord Forsyth acusou o banco central de não conseguir justificar a necessidade dessas políticas e «ter-se tornado viciado» na injecção de dinheiro na economia através da compra de activos.

Com uma frase lapidar, Lord Forsyth disse por outras palavras o que Abrahan Maslow disse há cinco décadas ("I suppose it is tempting, if the only tool you have is a hammer, to treat everything as if it were a nail) e que serve de epígrafe a esta série de posts:
«It’s like playing a round of golf with only one club. They reach for it whatever the economic problem.»

16/07/2021

Dúvidas (314) - Estará a democracia americana avariada?


A história mostra que uma democracia liberal para funcionar precisa de um centro político, isto é que uma parte significativa do eleitorado partilhe crenças, valores e ideias compatíveis, ainda que diferentes, e a mais importante dessas crenças é que a democracia funciona ou, dito de uma maneira simplista e tautológica, a democracia liberal para funcionar exige que a maioria acredite que funciona. Não é isso que está a acontecer na democracia americana onde quatro em cada dez eleitores não confiam na contagem dos votos, um quarto do eleitorado acredita que o seu voto não tem influência e cerca de um terço considera o actual presidente ilegítimo e que o outro candidato venceu as eleições.

15/07/2021

A pandemia ameaça a democracia liberal no país onde foi inventada


«The pandemic has shaken faith in liberal democracy: opinion polls show huge support for curfews and quarantines. Johnson himself has remarked in private that he has been amazed at how easy it is to take freedoms away — and how hard it is to give them back. It’s quite possible he has concluded his liberalism was for an era that perished in the pandemic. Some of the most liberty-loving Tories have looked with envy towards Asian countries whose surveillance technology seemed to do a better job of stopping the spread of Covid. The future may well be one in which the government knows your temperature wherever you go, and vaccine passports may be welcomed as an alternative to blanket lockdowns.

There is a case for all of this. But no such case has been made — at least not in the open. We instead see a worrying pattern: ministers promising not to implement vaccine passports, then breaking their word, then presenting them as a reserve option, then as a fait accompli. ‘I certainly am not planning to issue any vaccine passports and I don’t know anyone else in government who would,’ said Michael Gove in December. The government has ‘absolutely no plans for vaccine passporting’, promised vaccines minister Nadhim Zahawi in February: the very idea, he added, was ‘absolutely wrong’. Downing Street said it was ‘discriminatory’.

The lack of debate matters because important questions are not being asked. For example, what if — as the latest studies suggest — the double-vaccinated still have a 21 per cent chance of catching and transmitting the virus? The vaccines are effective at preventing serious illness, but how far can we say that a fully vaccinated theatre is safe? And without such assurance, what’s the point of any nightclub or sports arena screening its customers in this way?

Vaccine passports may have a marginal impact on slowing the spread of the virus (especially in a Britain where 90 per cent of adults have antibodies), but what if their real purpose is to harass the unvaccinated on a daily basis, thereby encouraging vaccine uptake? Then comes the more important question: who would be excluded from society by a vaccine passport? A Tory party that took so much flak for the Windrush scandal ought to be careful about pushing any scheme that’s likely to hit ethnic minorities hardest, as vaccine passports would do. All over-fifties have been offered the jab. Among them, just 6 per cent of whites are unvaccinated compared with 31 per cent of blacks — an ethnicity gap that refuses to narrow.

As the vaccine programme works its way down the age range, ministers are also worried that the young are not co-operating. Non-white groups are proving particularly hard to convince. In France, Emmanuel Macron is thinking about making vaccines compulsory. Vaccine passports offer a softer tool of coercion: people are free, in theory, not to have the jab, but their lives can be made much more difficult by the government. It could become harder to get a job, harder to travel, harder to go anywhere that isn’t home.»

Nanny Boris: the PM’s alarming flight from liberalism, Fraser Nelson na Spectator

14/07/2021

SERVIÇO PÚBLICO: O pior não passou. O pior está para vir

«Está em questão que nos planos económico e social, comparado com o que está para vir, a crise ainda mal se iniciou.

Iniciar-se-á a crise económica e social quando o Estado Português tiver de começar a travar as ajudas ao rendimento e a aumentar a carga fiscal, em virtude de uma situação das finanças públicas em que os números hoje prevalecentes não são sustentáveis. Concordo com o nosso primeiro-ministro na tese de que o regresso a algum tipo de normalidade terá de ser muito controlado, mas, mais cedo ou mais tarde, de um modo ou de outro, esse regresso terá de ocorrer.

Iniciar-se-á a crise económica e social quando o Banco Central Europeu começar a normalizar a sua política monetária, impondo algum tipo de subida das suas taxas de juro, arrastando, em conformidade, as taxas de juro a que o Estado Português e todos os Estados da área do euro têm vindo a financiar-se nos mercados (taxas negativas, como se sabe, nos prazos mais curtos). É absolutamente crítico neste processo que Portugal, acompanhando a subida das taxas de juro de referência impostas aos países de mais baixo risco, não deixe aumentar o nosso prémio de risco país pela condução de qualquer política financeira que agrave a perceção dos mercados no que se refere à solvabilidade do Estado Português. Foi o agravamento deste prémio de risco e a posição em que nos deixámos isolar, de um défice público que chegou a superar os 11% do PIB, que determinou a crise financeira do nosso país em 2011 e anos seguintes.

Iniciar-se-á a crise económica e social quando começarem a ser levantadas as moratórias de que hoje beneficia uma boa parte do crédito bancário a empresas e a particulares. De acordo com dados divulgados pela EBA (Autoridade Bancária Europeia), Portugal é o terceiro Estado-membro com maior percentagem de crédito bancário protegido por moratórias (mais de 20% do total, num montante de cerca de 45 mil milhões de euros, percentagem apenas excedida por Chipre e pela Hungria).

Iniciar-se-á a crise económica e social quando se regressar a algum tipo de normalidade em matéria de rendas de estabelecimentos comerciais, pondo termo à quase nacionalização dos centros comerciais decretada no início da pandemia.»

Excerto de A crise económica e social ainda não começou, por Daniel Bessa, ministro (por engano) da Economia do governo Guterres durante cinco meses e actual Director-Geral da COTEC é um dos poucos economistas do regime com independência e credibilidade

13/07/2021

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (57) - O Sr. Almirante deixou o barco no meio do nevoeiro estatístico

Inexplicavelmente, o site da DGS esteve 3 dias do dia 8 ao dia 10 sem publicar dados de vacinação e quando finalmente publicou na manhã do dia 12 os dados do dia 11 verificou-se que nesses quatro dias apenas tinham sido administradas cerca de 116 mil vacinas. Também inexplicavelmente, mas menos, visto que a maior parte dos mídia funcionam como órgãos oficiais do governo, não encontrei nos jornais qualquer referência a este mistério. 

Ponto de situação dos objectivos para a vacinação:

Praticamente garantido, desde que a partir de agora a média diária não desça abaixo dos 60 mil.

Parece possível mas nunca se sabe o que nos reserva o nevoeiro estatístico.

No início da segunda semana de Julho o objectivo continua sem ser atingido. A percentagem de totalmente vacinados é a seguinte:
  • 95,1% dos +80
  • 88,5% dos 70-79 
  • 75,4% dos 60-69 anos. 
(Fonte: ECDC)

Esta continua a ser a falha mais notória, visto que se trata dos grupos de maior risco. Falha agravada pela decisão anunciada de começar a vacinar esta semana o grupo etário 18-29 anos que até agora registou 14 mortes, o equivalente a 0,08 por cento do total.

O objectivo dos 85% foi acrescentado esta semana sem utilidade visível e só adensa o nevoeiro estatístico. 59% da população tem pelo menos uma dose. Para atingir os 70%  / 85% no início de Agosto / meados de Setembro será necessário administrar 1,1 milhões / 2,6 milhões de primeiras doses a uma média diária de 50 mil / 40 dias. Comparando os dois objectivos confirma-se que são redundantes e ambos parecem possíveis.

Relevo de novo a inacreditável asneira de abrir a vacinação sem marcação a todos os maiores de 45 anos que, como testemunhei pessoalmente, criou filas infindáveis em vários centros de vacinação. Asneira? Sim enorme asneira, que poderia ter sido evitada se distribuísse a legião dos maiores de 45 anos por mês ou ano de nascimento ou ordem alfabética do nome ou outro qualquer critério simples e objectivo.

12/07/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (93) - Em tempo de vírus (LXX)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O desdobramento da personalidade do Dr. Medina

Há o Dr. Medina presidente da câmara, há o Dr. Medina candidato à sucessão do Dr. Costa, há o Dr. Medina representante em Lisboa da Федеральная служба безопасности Российской Федерации, há o Dr. Medina adepto de um clube de futebol e há o Dr. Medina membro da comissão de honra da candidatura à presidência desse clube de futebol do Sr. Vieira, um empresário falido e notório suspeito de várias falcatruas. O Dr. Medina já veio esclarecer que o seu apoio foi enquanto adepto. O seu padrinho Dr. Costa, também membro da mesma comissão de honra, optou por imitar de Conrado o prudente silêncio.

Estará o Dr. Costa a ensaiar a fuga do pântano?

Há quem leia na mente do Dr. Costa um certo fastio do pântano, como o seu antecessor Eng. Guterres, e, em vez do apelo irresistível da ONU, a atracção igualmente irresistível da Óropa depois da experiência como "presidente" do primeiro semestre, presidência cujo sucesso se pode medir por 2.490 reuniões em 6 meses. Reconheça-se que a sua entrevista ao Público tem tudo para confirmar essa leitura, desde logo porque o Dr. Costa decretou o fim da governação da UE pelo directório franco-alemão e implicitamente parece conceder a si próprio um importante papel nessa governação alternativa.

Não há razão para exigir a demissão do Dr. Cabrita

Anda por aí uma onda de indignação a exigir ao Dr. Costa a demissão do seu amigo Dr. Cabrita a pretexto das várias argoladas e trapalhadas. Ora, na minha humilde opinião, é uma exigência sem sentido por pressupor que o Dr. Cabrita destoa dos outros ministros e que o governo seria diferente sem ele. Na verdade, a única coisa sensata é incluir a obra do Dr. Cabrita no acquis do governo do Dr. Costa.

L’État c’est nous

Com a maior naturalidade, o Dr. Costa compareceu na apresentação da candidatura do seu afilhado Dr. Medina enfatizando os muitos milhões que a bazuca despejaria no programa de renda acessível da câmara de Lisboa. O afilhado Dr. Medina levado pelo entusiasmo anunciou por seu turno a redução gradual do preço das creches que ficarão gratuitas em 2025, por coincidência o último ano do próximo mandato, o que proporcionará o mesmo anúncio para o mandato seguinte.

Take Another Plan. A gestão do Dr. Pedro Nuno, também conhecido por Pinóquio

Sete meses depois do Dr. Pedro Nuno Santos o ter apresentado, o plano de reestruturação da TAP continua por aprovar em Bruxelas. Guess why.

11/07/2021

CASE STUDY: A receita para desperdiçar os fundos europeus. Uma antevisão dos resultados da bazuca

O estudo Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal de Fernando Alexandre da Universidade do Minho, publicado em Junho, mostra que «os incentivos FEDER podem ter falhado no cumprimento do objetivo de melhorar a produtividade e a competitividade das empresas. A dececionante dinâmica das empresas em relação à sua posição na distribuição da produtividade sugere que o procedimento de seleção não foi ótimo.»

As 135 páginas do relatório não são de digestão fácil. Em alternativa pode ler-se uma boa síntese da jornalista Joana Nunes Mateus publicada ontem no Expresso.

Não é extraordinário que em média apenas um terço das empresas melhorem a sua produtividade? E que essa proporção tem descido no tempo? Não é ainda mais extraordinário que mais de um terço piorou? 

E o que dizer do facto de três anos depois dos apoios já tinham fechado 13% das apoiadas em 2014 e 5% das apoiadas em 2015?

É dinheiro deitado para a sanita, disse o CEO da Ryanair a propósito do dinheiro que o Dr. Pedro Nuno Santos está a torrar na TAP no âmbito da sua campanha para CEO do PS.

Entusiasmados, sodomizados, indignados, por esta ordem

«Há quantos anos são conhecidas as suspeitas sobre Luís Filipe Vieira? Vários, mas isso não impediu os vivas à excelente gestão da direcção benfiquista. Sócrates era fabuloso, mas o Estado português só não faliu porque o país foi intervencionado. Os administradores da PT eram extraordinários, mas a empresa tornou-se numa sombra do que foi. Ricardo Salgado era um deus da banca até que o que se segredava não ser bem assim se tornou público. Berardo foi outro que ia à televisão perorar sobre o país e dar conselhos como grande empresário que se dizia ser e que poucos questionavam. Centeno será o mago das finanças até ao dia em que se comprovar que o excedente orçamental obtido em 2019 foi circunstancial. Costa é inteligentíssimo porque ninguém questiona as meias-verdades; Marcelo agrada a gregos e troianos, não por ser irrelevante mas devido ao seu incomensurável talento. É interessante, porque reveladora, esta tendência para considerar como providenciais homens que não passam de homens; o reconhecimento público da extrema competência de alguém só porque ligado ao poder político. Possivelmente é apenas mais uma reminiscência do regime salazarista. Possivelmente as origens até serão mais longínquas e Salazar limitou-se a conhecer (e a gerir) a alma portuguesa. O país, que é saudosista e melancólico, gosta de embarcar em ondas de entusiasmo que o fazem esquecer o que é e aceita tudo e um par de botas como fantástico e redentor. Depois (quando já é tarde) acorda.

Uma característica das pessoas que se entusiasmam muito é que se indignam ainda mais quando se vêem defraudadas. Por isso Portugal está cheio de indignados. Gente que acredita plenamente no conto do vigário, se sente traída quando descobre a verdade e que, para compensar a desfeita, se lança cegamente noutra crença. Por algum motivo após o período entre 2005-2011 tivemos o que se iniciou em 2016. À época era tudo fantástico. Lembram-se do mítico 13 de Maio de 2017? Nesse famoso dia Portugal ganhou o Festival da Eurovisão, o Papa Francisco visitou Fátima e o Benfica ganhou o tetracampeonato nacional. O país explodiu de euforia. Um mês depois aconteceu Pedrógão. Mas Marcelo iniciara o mandato a pedir menos crispação, menos discussão. “Já bastam os problemas internacionais e europeus, que são muitos. Não vamos somar agora problemas nacionais“. Antes de mais nada, sossego. Salazar não estaria mais de acordo. Atempadamente, PS, BE, PCP e Rui Rio foram dando o seu aval.

E a vida continuou.»

O entusiasmo gera indignação, André Abrantes Amaral no Observador

SERVIÇO PÚBLICO: "Todos os regimes autoritários e partidos políticos intolerantes procuram criar uma escola com valores, com programas políticos e com ideologia"

«Todos os regimes autoritários e partidos políticos intolerantes procuram criar uma escola com valores, com programas políticos e com ideologia. Até há democratas que esperam o mesmo. No passado, a religião e moral cristã, a nação, a pátria, a república laica e o socialismo libertador ocuparam sucessivamente as primeiras páginas dos programas e dos currículos. Recentemente, com o mesmo afinco obsessivo e a mesma esperança, outros valores surgiram: a cidadania, a democracia, a solidariedade, a tolerância, a ética republicana e a Europa. Actualmente, à luz das modas, novos valores se impõem: o anti-racismo, o género como construção e escolha, a ecologia, o ambiente e os direitos dos animais. Sem esquecer outras tarefas mais tecnocráticas que preenchem o caderno de encargos da escola contemporânea: a literacia financeira, a aptidão digital e o consumo.

A disciplina de cidadania, outra vez em debate público, serve para tudo, da Constituição ao sexo, passando pelas regras de trânsito. Ou ainda para, segundo o palavreado oficial, saúde, sexualidade, segurança rodoviária, empreendedorismo, voluntariado, igualdade de género, risco, direitos humanos, defesa, segurança, paz, educação financeira, educação intercultural, ambiente, Europa e consumidor… Ora, a escola contemporânea, com este programa, corre o risco de falhar todas as suas missões. As clássicas: escrever, ler e contar. As menos clássicas: desenvolver as artes e a cultura. As mais modernas: a competência profissional. E as moderníssimas: formar cidadãos exemplares.

A escola como berço da virtude é um velho mito totalitário. A escola não é nem deve ser considerada uma incubadora de cidadãos bem comportados. Verdade é que na escola se aprende tudo. Da regra de três ao imperativo categórico. Mas também o sexo, o tabaco, o álcool e o cannabis. Sem falar no surf e nos jogos de computador. Assim como cinema e poesia. Além de violência, futebol e trafulhice. Ou finalmente solidariedade e bondade. Na verdade, a escola é vida. Ponto final.

Como tal, a escola dá o que de melhor pode dar: ferramentas, informação, instrumentos e conhecimento. Com a colaboração das artes, das técnicas e da cultura. O resto pertence à família, à sociedade, às profissões, à televisão, às redes sociais, aos livros, aos partidos políticos, às associações, às igrejas, aos clubes, aos jornais, aos vizinhos e às autarquias. À escola o que é da escola. À vida o que é da vida.»

A ilusão educativa, Antonio Barreto

10/07/2021

Futebol, política por outros meios

«Afinal, o futebol é um aliado potencial de todas as ideologias, uma tela perfeita para projetar uma visão de mundo. Os socialistas podem saudar uma indústria em que quase todo o dinheiro vai para os trabalhadores. Os estatistas podem aplaudir como os campos de futebol financiados pelo governo nos arredores de Paris geram um fluxo de jogadores de futebol de classe mundial (embora incapazes de derrotar a Suíça). Os capitalistas salientam que a explosão do desporto se deu graças aos mercados livres, permitindo que os jogadores de futebol jogassem onde quisessem e os clubes pagassem o que quisessem. Os autocratas são recordados que os fins superam os meios, já que os fãs de futebol aceitam a glória, não importa quão duvidoso seja o dinheiro que a comprou. Enquanto isso, os conservadores podem manter o desporto como o último baluarte do estado-nação. Onde há atenção, há política, e o futebol é simplesmente grande demais para ser ignorado.»

09/07/2021

Um Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Género pode ser uma espécie de clínica do Dr. Mengele (2)

Continuação de (1)

Desde o Homo sapiens sapiens das savanas se sabe que a puberdade e a adolescência são caracterizadas por instabilidade resultante de uma intensa carga hormonal. Por isso, as sociedades primitivas tinham rituais e processos sociais de iniciação dos jovens no mundo adulto. Uma das invenções da "identidade de género", uma modalidade do politicamente correcto, tem consistido em aproveitar a puberdade e a adolescência para induzir nos jovens a ideia de que se não se sentem bem no seu corpo deverão migrar para outro "género". 

A chamada medicina do género foi inventada para lidar com essa migração e hoje alguns países criaram instituições que lhe são dedicadas,  como o Tavistock Centre da Tavistock and Portman NHS Foundation Trust britânico. As terapias consistem principalmente na administração de drogas bloqueadoras da puberdade com efeitos por vezes desastrosos na saúde, ao ponto que nalguns países pioneiros na manipulação hormonal se começa a questionar essas terapias.
 
«Last June, though, Finland revised its guidelines to prefer psychological treatment to drugs. In September Britain launched a top-down review of the field. In December the High Court of England and Wales ruled that under-16s were unlikely to be able to consent meaningfully to taking puberty blockers, leading gids to suspend new referrals, though a subsequent ruling held that parents could consent on their children's behalf. On April 6th Arkansas passed laws that make prescribing puberty blockers and cross-sex hormones to children illegal. Also in April the Astrid Lindgren Children's Hospital in Stockholm, a part of the Karolinska Institute, announced that it would stop prescribing puberty blockers and cross-sex hormones to those under 18, except in clinical trials.

Those sceptical of affirmation therapy point out two problems. Evidence is lacking, and what exists is not reassuring. A review by Sweden's health authorities in 2019 found little research, mostly of poor quality. Britain’s National Institute for Health and Care Excellence found that puberty blockers did little to dispel gender dysphoria or improve patients' mental health (though they do not make such feelings worse). Moreover, existing studies suggest that, without intervention, most children with gender dysphoria end up reconciled to their natal sex as adults.

There is also evidence that the drugs may cause serious harm. One example is described by Michael Biggs of Oxford University in a letter published on April 26th in the Journal of Paediatric Endocrinology and Metabolism. Bone-mineral density (bmd) usually rises sharply in puberty. But of 24 gids patients who had been prescribed puberty blockers, a third had bmd scores in the bottom 2% of their age groups (more that two standard deviations below the mean, see chart).

One patient, who began puberty blockers aged 12, suffered four fractures by the age of 16. That medical history, says Dr Biggs, would usually be enough to diagnose osteoporosis—normally a disease of the elderly. Animal studies suggest puberty blockers may cause cognitive damage, too. Cross-sex hormones have been linked to heart disease, strokes and sterility.»

08/07/2021

Dúvidas (313) - De que está à espera o parlamento para recomendar ao governo a eliminação das práticas de violência na ecografia prostática transrectal?

«Muitas mulheres sentem-se “violadas” pelos profissionais de saúde durante a gravidez e o parto.» escreve o Expresso, explicando que o parlamento aprovou em Maio uma resolução proposta pelo PAN que recomenda ao Governo a eliminação de práticas de violência obstétrica e a realização de um estudo sobre as mesmas.

Ora, como saberão algumas pessoas portadores de próstata (antigamente chamados "homens"), um dos exames mais comuns para diagnosticar precocemente o cancro nesse órgão é a ecografia prostática transrectal que consiste em introduzir no ânus do paciente uma sonda com uma forma semelhante a um pénis. É um processo desconfortável e humilhante, pelo menos para as pessoas portadores de próstata que não optaram por se identificar com um dos 110 géneros dos 112 disponíveis. Por esta razão, em nome da igualdade de direitos dos géneros, deve exigir-se ao parlamento que aprove uma recomendação ao governo para serem eliminadas as práticas de violência nas ecografias prostáticas transrectais.

07/07/2021

Fact check impertinente às declarações da ministra do SNS

Para justificar a falta de médicos a Dr.ª Temido disse:

«Médicos demoram mais a formar-se do que um hospital a fazer-se»

O curso de medicina tem a duração de 6 anos divididos em 2 ciclos de 3 anos. 

Vejamos quanto tempo demora um hospital a fazer-se, por exemplo o Hospital Oriental de Lisboa: 

«Em 2003 surge no âmbito da ARSLVT a Estratégia de Reestruturação da Oferta Hospitalar no Concelho de Lisboa que define como prioritário o Hospital Oriental de Lisboa / Hospital de Todos os Santos. (...) Em 2008 avança de novo o projeto do Hospital de Todos os Santos, que passa pelas várias fases (...)  Entre 2011 e 2015 o processo foi revisto, revisto, reponderado, criados novos grupos de trabalho (...) Com o atual Governo foi de novo reafirmada a vontade de avançar com a construção do Hospital Oriental de Lisboa. Adalberto Campos Fernandes têm-no reafirmado repetidamente. Novos grupos de trabalho. Novo programa funcional. Mais um terreno de 4 hectares adquiridos a juntarem-se aos 12 já existentes e mais um edifício previsto a juntar-se aos 2 vindos de trás. Em recente entrevista, marca o ano de 2024 como a data da sua abertura.» (fonte Ordem dos Médicos)

Conclusão: médicos levam 6 anos a formar-se e um hospital leva várias décadas fazer-se, tudo isto claro no Estado sucial do Portugal dos Pequeninos (ou dos Pedintes) governado pelo PS com a Drª. Temido ao volante do SNS. 

No pasa nada! Não, o problema não é só do PS. O problema é da (falta de) oposição e de uma opinião pública bovina pastoreada por uma opinião publicada vendida (com as excepção conhecidas)

«A câmara de Medina trata dados pessoais como se fosse um apêndice burocrático de ditaduras, mas nada se passa. O ministério dos negócios estrangeiros recebeu as queixas dos cidadãos russos e portugueses, mas, ora essa!, Augusto Santos Silva é um príncipe da política. Cabrita é uma caricatura do pior da política, mas nada se passa. É amigo de Costa. António Costa comporta-se como amigo e não como primeiro-ministro, mas nada se passa. Pedro Nuno Santos fala como o rufia da escola, está a brincar aos aviões com milhões que não temos, mas nada se passa. Através de um radicalismo ideológico inconcebível, Marta Temido recusou fazer acordos com privados, elevando assim de forma desnecessária a conta da mortalidade não covid, mas não se pode falar disso. O PS, como noticiou este jornal, elevou as nomeações de altos responsáveis do estado para um novo patamar de nepotismo, mas nada se passa. O caso Berardo recorda-nos de novo um ambiente: José Sócrates liderou um projecto doentio de poder. As pessoas do PS que o rodeavam não viam nada, não suspeitavam de nada, não faziam perguntas? Não se passa nada. O PS consegue viver consigo próprio assim, o que é espantoso. É quase um caso clínico de estudo psicológico. Dezenas ou mesmo centenas de pessoas ligadas ao PS nunca viram nada de estranho no perfil e na ação de Sócrates.»

Partido Socialista: a impunidade de grupo, Henrique Raposo no Expresso

06/07/2021

Títulos inspirados (93) - Pais que "impedem" filhos de ser de ser endoutrinados no catecismo berloquista

«Alunos impedidos por pais de ir a aulas de Cidadania chumbam»

Foi este o título escolhido pelo Avante da Sonae (Helena Matos) para descrever o caso do ministério da Endoutrinação punir com chumbos alunos excepcionais como são os filhos da família Mesquita Guimarães que recusa a sua endoutrinação na identidade de género em manuais de duas centenas de páginas na "disciplina" de Cidadania e não aceita que sejam condicionados a questionar o seu sexo nem que tenham de verificar se a sua família está conforme o modelo berloquista.

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (56) - Não havia necessidade de estar a insistir na falta de vacinas nem de criar uma enorme bagunça

Ponto de situação dos objectivos para a vacinação:

Praticamente garantido, desde que a partir de agora a média diária não desça abaixo dos 62 mil.

Nas duas últimas semanas, o número de doses diárias ultrapassou dez vezes a marca dos 100 mil, ainda que com um coeficiente de variação elevado e uma amplitude enorme (250 mil). Parece agora mais provável que seja possível manter uma média diária sustentada acima dos 100 mil. Ficam as perguntas: (1) porquê só agora depois de seis meses? e (2) porquê esta enorme variação diária?

Como mostra o diagrama, na primeira semana de Julho o objectivo ainda não está cumprido e só estão totalmente vacinados 96,6% dos +80, 76,5% dos 70-79 e 68,1% dos 69-70 anos. 

ECDC

Esta continua a ser a falha mais notória, visto que se trata dos grupos de maior risco. Falha agravada pela decisão anunciada de começar a vacinar esta semana o grupo etário 18-29 anos que até agora registou 14 mortes, o equivalente a 0,08 por cento do total.
O objectivo dos 85% foi acrescentado esta semana sem utilidade visível e só adensa o nevoeiro estatístico. 57% da população tem pelo menos uma dose. Para atingir os 70%  / 85% no início de Agosto / meados de Setembro será necessário administrar 1,3 milhões / 3,1 milhões de primeiras doses a uma média diária de 52 mil / 43 dias. Comparando os dois objectivos confirma-se que são redundantes e ambos parecem possíveis visto que na última semana se atingiu quase 170 mil/dia.

Por terminar, registo a nódoa que o Sr. Almirante colocou no seu desempenho como líder da task force ao insistir, uma vez mais, que o ritmo de vacinação só não é superior por falta de vacinas quando o relatório de vacinação continua a mostrar um stock de 1,2 milhões e na semana seguinte a ter dito isso na entrevista ao jornal SOL foram administradas precisamente cerca de 1,2 milhões sem qualquer preocupação de falta de vacinas. Não havia necessidade.

E registo a inacreditável asneira de abrir a vacinação sem marcação a todos os maiores de 45 anos que está a criar filas infindáveis em vários centros de vacinação. Asneira? Sim enorme asneira, que poderia ter sido evitada se distribuísse a legião dos maiores de 45 anos por mês ou ano de nascimento ou ordem alfabética do nome ou outro qualquer critério simples e objectivo.

05/07/2021

O Dr. Cabrita ficou consternado com morte por atropelamento pelo seu carro? Afinal não, foi por outro atropelamento

«O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, informou, este domingo, que foi “com profunda consternação” que tomou conhecimento da morte de...»

Comecei a ler e imaginei que o Dr. Cabrita tinha ficado consternado com um atraso de mais de 3 semanas pela morte de um trabalhador na A6 atropelado pelo carro em que viajava a uma velocidade de cerca de 200km/h

Afinal não. O Dr. Cabrita ficou profundamente transtornado sim, mas pela morte por atropelamento de uma bombeira, quando tentava auxiliar duas pessoas que tinham tido um acidente, por outro veículo que circulava na A5.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (92) - Em tempo de vírus (LXIX)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Porque ri Berardo?

Escreveram-se neste blogue dúzias de posts com a etiqueta porque ri Berardo? escalpelizando durante uma dúzia de anos a relação simbiótica entre Joe Berardo e o Partido Socialista. Num desses posts o outro contribuinte ensaiou uma explicação para o riso de Joe: ele sabe o suficiente para enterrar metade do pessoal político que está ou esteve na direcção do PS, incluindo o preso. É por isso que arrisco o prognóstico que, esgotado o presente frenesim mediático com a criatura, muito conveniente para distrair a plebe dos actuais embaraços do governo, o assunto desaparece dos mídia e entra no parque de estacionamento da justiça.

Intransitável

A "disciplina" de Cidadania onde se "estuda" a identidade de género em manuais de duas centenas de páginas, se pode escolher um dos cento e doze géneros com que uma criança prefere identificar-se e se deve confirmar se a família está de acordo com o modelo berloquista, é o equivalente no Estado Sucial parasitado pelo esquerdismo a uma espécie de fusão da "disciplina" de Religião e Moral com a Mocidade Portuguesa do Estado Novo. Perante a recusa da família Mesquita Guimarães em deixar endoutrinar os seus filhos nessa disciplina, o ministério da Endoutrinação pressiona os professores a reprovar os rapazes que são excelentes alunos com notas elevadas. Como aqui relata o Notícias Viriato, na avaliação de fim de período de um dos filhos, considerado «muito responsável autónomo, organizado, interessado e empenhado», o averbamento final é «Não Transita».

Acidentes acontecem, mentiras fabricam-se

A sucessão de omissões, escamotear de factos, mentiras e meias-verdades que se seguiu ao atropelamento mortal de um trabalhador no AE pelo carro do Dr. Cabrita é uma imagem de marca deste governo do Dr. Costa. Não é o governo no seu pior, é o governo no seu normal.

04/07/2021

SERVIÇO PÚBLICO: "Gente sem força suficiente para acreditar na democracia"

«Gente sem força suficiente para acreditar na democracia, no regime das liberdades e da tolerância, fica hirta e arrepiada logo que uma afirmação sobre o Estado Novo ou a ditadura salazarista não for de mera condenação e simples insulto. Para esses frágeis democratas, estudar, sem preconceitos, os quarenta anos de ditadura é crime. Perceber por que aquele regime durou tantos anos, sem que seja apenas graças à tortura, é venal e cúmplice. Compreender as diversas fases do regime e verificar que, no universo da economia e das relações externas, houve um período de fecho e outro de abertura, é meio caminho andado para a complacência. Considerar que a adesão à ONU, a fundação da NATO e da EFTA e a adesão à OCDE foram importantes vitórias internacionais do regime é submissão às forças da ditadura. Na verdade, os vulneráveis e inseguros democratas que assim pensam consideram pura e simplesmente que o regime salazarista não deve ser estudado, deve ser condenado. Que tudo quanto aconteceu nas décadas de ditadura foi péssimo e deve ser denunciado. Que os que hoje têm uma atitude diferente são salazaristas ou mesmo fascistas. E sobretudo que todos os que com eles não concordam a propósito da política e das questões actuais, são da direita ou da extrema-direita, salazaristas e quase fascistas. (...)

Intelectualmente medrosos, inseguros, descrentes da sua própria razão, necessitam estes políticos e estes académicos de apagar o resto do mundo para fazer valer o seu. Precisam de condenar às trevas exteriores todos os que não se reconhecem nas suas ladainhas. Só vivem felizes e só se sentem à vontade se puderem crescer num cemitério de ideias e de liberdade. Não pensam, excluem. Não argumentam, ditam. Não estudam, condenam.»

Excerto de Sim, é verdade, António Barreto

No Portugal dos Pequeninos a insanidade é mais infecciosa do que o SARS-COV-2

Um dia destes morreu em Lisboa por atropelamento uma jovem ciclista grávida. É lamentável? Certamente. Era evitável? Talvez fosse naquele caso em particular, o que não é evitável é morrerem de vez em quando pessoas em acidentes de viação, numa pequena percentagem envolvendo mortes de ciclistas. E é tanto mais provável quantos mais ciclistas circularem em vias concebidas para o trânsito automóvel. 

O que fazer? Algumas coisas certamente, umas mais úteis outras menos úteis. É claro que também há as inúteis, como fazer "vigílias". No passado morreram muitos ciclistas, a maior parte deles gente pobre que pedalava para ir trabalhar. Actualmente os pobres andam de transporte público ou de carro e quem usa bicicleta são os urbanitas.

As mortes são todas iguais mas há umas mais iguais do que outras. Por isso a morte de uma jovem ciclista grávida tem mais impacto mediático do que dez mortes de uns obscuros pedreiros. Isso, em conjunto com a obsessiva aversão ao risco dos urbanitas, transformou este acidente num acontecimento de grande impacto mediático durante o curto período que as redes sociais lhe conseguem dedicar.   

   

Declaração de interesse: Uso regularmente a uma bicicleta para circular no meio urbano. Andar de bicicleta, ou de trotineta, triciclo, carro ou avião ou a pé, envolve riscos e o risco faz parte da vida. A única maneira de não correr riscos é estar morto. 

03/07/2021

Mitos (313) - A baixa natalidade portuguesa resulta de apoios sociais insuficientes

É sempre a lengalenga que os portugueses não têm filhos porque têm insuficientes apoios sociais e cuidados infantis, bla bla. Insuficientes comparados com quê? Vejamos o que se passa a este respeito com os países mais ricos de acordo com o relatório Where do rich countries stand on childcare? da UNICEF, baseado nos dados dos membros da OCDE. 
 
Fonte
O diagrama acima sintetiza os resultados de quatro indicadores e mostra que os apoios sociais à maternidade e à infância colocam Portugal num honroso 6.º lugar entre os 40 países considerados, muito acima de uma dúzia de países mais desenvolvidos. Em conclusão, talvez se tenha de procurar outra explicação para a taxa de natalidade em Portugal ser a 9.ª mais baixa em 227 países.

OECD

E, já agora, explicar também porque, não obstante o nível de apoios sociais acima da média, temos sistematicamente nos últimos 40 anos uma das taxas de fertilidade (número médio de filhos por mulher) mais baixas entre os países da OCDE, e, por isso, uma das mais baixas natalidades.