Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (89b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 89a)

Vítimas do socialismo imaginário do PS arrastam-se atrás das vítimas do socialismo real

Aproveitando o gráfico de um artigo de opinião com o título «O desastre russo» (que bem poderia ser «O desastre português») de Ricardo Reis podemos comparar o crescimento do PIB dos cinco ex-membros do bloco soviético com o crescimento português para concluirmos que estamos mais próximo da evolução da Rússia do que dos seus ex-satélites mais pobres.

A justiça do Estado sucial não é cega, tarda e falha

Depois de 11 (onze) anos a mastigar milhares de emails que suportavam a prova no caso EDP/CMEC, contra o Dr. Mexia e os seus associados, incluindo o Dr. Pinho, um acórdão do STJ atirou com a prova para o lixo. Se os julgamentos de Nuremberga da liderança nazi da Alemanha que decorreram durante 11 meses fossem entregues à justiça portuguesa, os 12 condenados à morte teriam morrido de velhos em sossego nas suas camas.

A associação de malfeitores Espírito Santo-PS infectou o Estado sucial

A falência do GES é uma espécie de paradigma da governação socialista na sua encarnação socrática. Concluiu-se agora que o procurador do MP no caso GES é amigo e padrinho de uma filha de uma juíza do colectivo de juízes desse caso que foi casada com um quadro do GES que recebeu mais de um milhão do “saco azul” do Dr. Salgado (fonte). Se isto não é mafioso, a Mafia é uma escola de virtudes.

O Estado de Direito está cada vez mais torto

Com a justiça portuguesa nesse estado, não espanta que Portugal tenha caído para o 28.º lugar em 149 do ranking do World Justice Project, o pior lugar desde 2015. Dos vários factores que compõem o índice a pior classificação é na força dos organismos reguladores (42.º) e na ordem e segurança (49.º).

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

O Dr. Costa Silva prevê um «final feliz» com custos para os contribuintes da nacionalização e posterior privatização da EFACEC que poderão ser «algo maiores» do que os (nunca) previstos.
 
«A educação é a nossa paixão»

No número anterior deste semanário citei irónica e inadvertidamente uma notícia enganosa do Público sobre a melhoria das notas durante o fecho das escolas pela pandemia. Na verdade, a questão é muito mais profunda e grave, como revela um relatório da IAVE citado por AHM no Observador que mostra a iliteracia e a inumeracia de percentagens de alunos que vão desde 56% até 83%.

Take Another Plan. Take 1 – Mete 3,2 e tira 2,1

Segundo o pensamento milagroso dos spin doctors que tratam do agitprop socialista, feitas as contas o valor líquido da TAP poderia atingir 2,1 mil milhões, e nesse hipótese milagrosa os contribuintes que entraram com 3,2 mil milhões ficariam desembolsados de apenas 1,1 mil milhões, convenhamos um preço barato para os exercícios do Dr. Costa e do seu putativo sucessor Dr. Pedro Nuno.

30/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (89a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro». «Dramático», disse o CEO

O Dr. Araújo, “CEO” do SNS e seu anunciado salvador, um ano depois de estar em funções confessa que se não houver um acordo com os médicos Novembro irá ser “dramático” e insta os “utentes” a não irem às urgências quando toda a gente sabe que os utentes lá vão porque não encontram resposta em devido tempo nos serviços. Vem a propósito citar um caso de uma grávida com o feto morto que não conseguiu ser tratada no Hospital Beatriz Ângelo – sim, esse mesmo que a Dr.ª Temido não renovou a PPP.

É por estas e por muitas outras que o Dr. Pizarro, o melhor apparatchik que o Dr. Costa conseguiu recrutar para o ministério da Saúde, faz lembrar uma ameba apanhada pelo movimento browniano no SNS.

A almofada do governo está a ficar sem penas…

O saldo de tesouraria do Estado em depósitos em bancos, a chamada almofada de liquidez, atingirá no final do ano, segundo o IGCP, cerca de 6 mil milhões de euros inferior em 300 milhões ao do final do ano passado. Será assim suficiente para cobrir 20 dias de despesa pública. Recorde-se, a propósito, que no final do 1.º trimestre de 2013, quando o Eng. Sócrates se preparava para ir estudar em Paris e deixar a gestão do resgate ao governo de Passos Coelho, a almofada só cobria 4 dias de despesa (ver este post impertinente). Depois disso, o governo PSD-CDS foi aumentando a almofada que chegou a atingir quase 50 dias e desde então, a almofada tem vindo a emagrecer. Se o Dr. Medina pretendesse ter uma almofada com a mesma espessura teria de a aumentar para uns 15 mil milhões de euros à custa do incremento da dívida pública.

… e a almofada dos portugueses vai pelo mesmo caminho

Apesar dos depósitos a prazo dos particulares estarem a aumentar por transferência dos depósitos à ordem, o total dos depósitos em bancos está a baixar. O crédito à habitação e o crédito ao consumo estão há vários meses a desacelerar e o primeiro já começou a baixar em Julho. (BdP)

A ilusão monetária

Em Agosto de 2016, após 8 meses de governo socialista, o endividamento total da economia estava em 391,2% do PIB. Sete anos depois está em 306,5% e o governo, a comentadoria e a imprensa amiga rejubilam. Há apenas um pequeno problema, os valores absolutos correspondentes são 711 e 811 mil milhões, respectivamente, isto é o endividamento total aumentou nesse período 100 mil milhões, o equivalente a 14% (fonte). Como a inflação não altera o valor nominal da dívida, o rácio endividamento/PIB nominal tem um numerador a preços fixos e um numerador a preços de mercado. Se usarmos o PIB a preços constantes, concluímos que tendo o PIB crescido menos de 16% nesse período, o rácio a preços constante ficou praticamente na mesma.

Os 25 euros de aumento do IUC são uma espécie de distracção

Entretidos com as petições assinadas por centenas de milhares de contribuintes protestando contra um aumento do IUC dos carros mais velhos, que no total é de cerca de 84 milhões, os contribuintes passam ao lado de um aumento dos impostos indirectos de 2.735 mil milhões a pretexto de uma redução do IRS de 76 milhões, totalmente coberta precisamente pelo referido aumento do IUC dos carros mais velhos.

Enquanto os contribuintes se distraem com miudezas…

… o governo pensa em coisas sérias como actualizar os coeficientes de localização do IMI, imposto que vale cerca de 1.500 milhões, umas três vezes o IUC total.

A notícia do fim das cativações era bastante exagerada

Quando há três meses o Dr. Medina anunciou o fim das cativações no próximo ano ele só não causou danos sérios à verdade porque não se aproximou dela o suficiente. Na verdade, as cativações continuam a existir e, mais do que isso, segundo as contas da UTAO, dois terços dessas cativações continuam a depender do Dr. Medina.

(Continua)

29/10/2023

DIÁRIO DE BORDO: "Se não houver dois Estados haverá um; e, se só houver um, ele será árabe"

«Se não houver dois Estados haverá um; e, se só houver um, ele será árabe» disse o escritor israelita Amos Oz, comentando a recusa da solução de dois Estados por Bibi, na véspera do Likud ganhar uma vez mais as eleições.

Porquê? Houari Boumédiène, ministro da Defesa e mais tarde presidente da Argélia, explicou na década de 60 num discurso (salvo erro nas Nações Unidas) que a arma atómica dos árabes era o útero das suas mulheres.

Economist

Os dois parágrafos acima foram escritos há mais de oito anos e com as atrocidades do Hamas e a resposta de Israel ganharam de novo actualidade, principalmente por duas razões. Em primeiro lugar por serem uma parte da explicação da elevada proporção de crianças entre as vítimas palestinianas. A outra parte é a prática terrorista de usar os civis como escudo e a vitimização como estratégia com o duplo efeito de exacerbar o ódio contra o inimigo e minar a opinião pública dos países democráticos.

Em segundo lugar porque, decorridos oito anos, fica patente o falhanço da estratégia da direita religiosa que se persistir a longo prazo conduzirá Israel à extinção.

28/10/2023

Dúvidas (366) - Pode o liberalismo infantil levar ao estatismo e, portanto, ao iliberalismo?

« A ideia de emancipação total (da natureza e da sociedade) parece, desta forma, beber do pensamento iliberal, gerando, como consequência, a crescente necessidade do estado (sabemos como o iliberalismo de Rousseau conduz a regimes totalitários). E é precisamente isto que se tem vindo a registar nos países onde esta agenda está mais avançada: quanto mais enveredamos pela narrativa de que a nossa identidade resulta de uma mera escolha individual, mais necessidade temos de que o estado proteja e garanta essa escolha, levando a uma intervenção estatal crescente para desmantelar estruturas sociais tradicionais e erguer novas proteções. Como diz Deneen, o individualismo exige estatismo.

Um espírito liberal deve, nessa medida, olhar com suspeita para a argumentação da identidade enquanto livre escolha individual. Aceitar essa argumentação parece, na verdade, esquecer os princípios liberais fundamentais: o de que o problema fundamental é o exercício abusivo do poder político e não a sociedade; o de que as instituições e as regras sociais legadas pelas gerações anteriores são fundamentais para a autodisciplina e para uma vivência social pacífica; e o de que as áreas de conhecimento sedimentadas através do método científico não podem ser postas em causa pelo desejo pessoal e individual.

Iludidos com a ideia de liberdade absoluta, muitos liberais tendem a esquecer-se destes princípios, mas, ao fazê-lo, correm o risco de abrir a porta a regimes iliberais, o mesmo é dizer, a figuras fortes que prometem pôr a casa em ordem.»

Excerto de A tragédia do liberalismo de Patrícia Fernandes no Observador

Se calhar é isto que está a dividir os liberais da Iniciativa Liberal e que tem potencialidade de consumir o único partido que actualmente se reclama desses princípios num Portugal dos Pequeninos colectivista em que um liberal é quase tão raro com um lince de Serra da Malcata.

27/10/2023

NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Cancelamento

Acto de (tentar) retirar a outra pessoa o direito de expressar livremente as suas opiniões.

O cancelamento é um Cancelamento Bom quando a outra pessoa é impedida pelos que têm bons pensamentos de expressar maus pensamentos, isto é, pensamentos contrários aos bons pensamentos.

O cancelamento é um Cancelamento Mau quando a outra pessoa é impedida de expressar bons pensamentos pelos que têm maus pensamentos, isto é, isto é, pensamentos contrários aos bons pensamentos.

Um cancelamento pode ser simultaneamente Bom Mau.

[Apercebi-me desta lacuna grave no Glossário das Impertinências ao ler um artigo de J. D. Quintela]

26/10/2023

O velho imperialismo do Novo Império do Meio. Nova Rota da Seda, uma tentativa de capturar os países pobres na armadilha da dívida

Continuação do post O velho imperialismo do Novo Império do Meio, dos Mares do Sul ao FMI

«Por estes dias, representantes de 150 países estão em Pequim para o décimo aniversário da “Nova Rota da Seda”, o megalómano e delirante plano de Xi Jinping para estender ao mundo o seu poder imperial. Trata-se, na realidade, de uma espécie de assembleia-geral de devedores, muitos deles em avançado estado de insolvência e público descrédito, à cabeça dos quais está Vladimir Putin. O balanço está muito longe das glórias prometidas no dia 7 de setembro de 2013, quando tudo começou. Projetos ruinosos. Retornos dececionantes. Economias em falência ou pré-falência. Muitos países a descobrirem que o “internacionalismo comunista” esconde afinal um credor voraz e inflexível, agora transformado num cobrador de dívidas.

A “Nova Rota da Seda”, ou na sigla inglesa BRI (Belt and Road Iniciative), é provavelmente o maior projeto de desenvolvimento de infraestruturas de sempre à escala global. Nestes dez anos a China emprestou um bilião de dólares a cerca de 100 países, financiou largas dezenas de novos equipamentos e comprou ou arrendou ela própria muitas infraestruturas estratégicas, como é o caso do porto de Pireu, na Grécia. Um longo e bem documentado ensaio de Michael Bennon e Francis Fukuyama, publicado na revista “Foreign Affairs”, mostra que muitos países que entraram na BRI foram apanhados na “armadilha da dívida”.

A situação é de tal forma grave que o FMI já teve de ceder 100 mil milhões de dólares para que alguns países paguem as dívidas à China. São os casos da Argentina, do Quénia, do Sri Lanka e da Etiópia. Outros têm vivido de moratórias e renegociações das condições dos empréstimos, casos da Malásia, de Montenegro, do Paquistão e da Tanzânia, para referir os mais relevantes. Muitos projetos são elefantes brancos, sem retorno económico nem, em alguns casos, qualquer utilidade. “O problema financeiro é grave”, afirmam Bennon e Fukuyama. Há suspeitas de muitos calotes ocultos, inúmeros e graves casos de corrupção, misturados com crimes ambientais como o financiamento de fábricas a carvão em vários países. Um balanço dececionante e preocupante para milhões de pessoas que terão de pagar tanta loucura.

A “Nova Rota da Seda” é, no entanto, mais do que passar da exportação de bens para a exportação de capital. “Não se trata de exportar dinheiro, mas de exportar uma visão e uma influência chinesa do mundo”, escreve Keith Bradsher, vencedor do prémio Pulitzer e chefe da delegação em Pequim do “The New York Times”. Para Xi, e seus aliados com Putin à cabeça, a BRI é uma arma de combate ao Ocidente e à sua cultura liberal e democrática. É a rota para um mundo multipolar assente na erosão da influência e do poder dos Estados Unidos e dos seus aliados. Um mundo de autocratas, de iliberais, de gente perigosa, para quem os fins justificam os meios. Como se vê na Ucrânia e se confirmou na cautela das declarações sobre a selvajaria cometida pelo Hamas no Sul de Israel. A “rota da seda” é a rota do mal.»

«A rota do mal», Luís Marques no Expresso

25/10/2023

Os sem-abrigo são como uma folha em branco, cada um vê o que quer, por isso é que é tão bom para os políticos e para toda a gente

O título do post é uma frase de António Bento, psiquiatra e director do Serviço de Psiquiatria do Hospital Júlio de Matos, dita numa entrevista do ano passado. O artigo do Expresso «Sem-abrigo aumentam 78% em quatro anos» é um exemplo perfeito do que António Bento disse.

Numa peça com cerca de 1.400 palavras cita-se a certa altura alguém que diz «é claro que este aumento está relacionado com a crise da habitação», conclusão destacada pelos jornalistas e não fundamentada em nenhum ponto da peça. Mais à frente, esse mesmo alguém mostra ao que vem apresentando a sua tese: 
«É claro que este aumento está relacionado com a crise da habitação. Sofremos uma pressão cada vez maior de pessoas ainda com casa a pedir-nos ajuda porque vão ser despejadas, o que não acontecia há anos».
Não faria sentido acrescentar-me à longa lista dos "especialistas" encartados em achismos e garantir que a crise da habitação não é causa do aumento do número dos sem-abrigo, apesar de não encontrar quaisquer evidências disso e me parecer mais realista o que outros "especialistas" apontam, como o aumento do número de imigrantes. 

Ainda assim, não resisto a citar mais uma passagem da entrevista a António Bento:
«(...) eu nunca vi pobres na rua, é muito difícil ver isso, mas admito que se houver um terramoto como o de 1755 possa haver.  (...)

Os sem-abrigo são como uma folha em branco, cada um vê o que quer, por isso é que é tão bom para os políticos e para toda a gente: se eu for uma pessoa com compaixão, eles servem para servir a minha compaixão, se eu for político, servem todos os políticos: os governos em funções, a oposição, e ainda os jornalistas e o povo. E quem quiser culpar os sem-abrigo também tem bons exemplos. Não digo que sejam mitos, mas cada um vai buscar a verdade que quer, como se fosse o todo.»

E também não resisto a registar este como mais um exemplo da falta de profissionalismo dos sociólogos de pacotilha que proliferam no Portugal dos Pequeninos, não sabem contar nem fazer contas e masturbam-se com especulações teoréticas em vez de darem corda aos sapatos, irem para o terreno fazer inquéritos, recolher dados e produzir estatísticas que suportem estudos quantitativos e fundamentem as políticas públicas adequadas.

24/10/2023

Mr. Orbán is a smart guy. He chooses the enemies that won't send tanks to take him down

Politico

Authoritarian regimes and flawed democracies need external enemies. Who the enemies are reveals as much about the nature of the regime as who the friends are.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (88b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 88a)

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

No período 2019-2028 o FMI (citado pelo Expresso) estima que Portugal seja o 11.º país da Zona Euro e o 138.º a nível mundial com maior crescimento. Ou, se preferirem, o 10.º da UE com menor crescimento, o que vem a dar no mesmo. O que não vem a dar no mesmo é que os países que crescem menos são (com excepção da Grécia) os que no passado crescerem mais e têm um PIB per capita mais elevado ou mesmo muito mais elevado do que o do Portugal dos Pequeninos. 

Provavelmente, cinco dos seis países da UE que hoje têm PIB per capita menor terão até 2028 ultrapassado Portugal colocando-nos na honrosa posição de últimos ex-aequo com a Grécia.

«A educação é a nossa paixão». O segredo para a melhorar o ensino público é fechar as escolas

De acordo com esta peça do Público, as notas melhoraram durante a pandemia apesar (ou por causa?) das escolhas fechadas. Desta vez concordo com a Dr.ª Susana Peralta, trata-se de um caso de Alucinação coletiva.

De volta ao velho normal

Depois de 2 anos de pandemia em que a poupança das famílias se aproximou dos valores médios da UE, o consumo sob todas as formas voltou aos valores normais, incluindo o consumo de combustíveis e a circulação automóvel que atingiu o valor mais alto desde 2010. Tomemos nota: 2010, o ano anterior ao resgate da falência do Estado sucial pela mão do Eng. Sócrates e da sua trupe (de que também fez parte «o merdas do Costa que não tem tomates», nas palavras do Animal Feroz).

De volta ao défice tarifário

A estória dos défices tarifários é longa e vem sendo há anos contada no (Im)pertinências. O défice tarifário que na essência é um expediente para chutar para a frente os aumentos dos preços da electricidade transformando-os em créditos dos produtores, chegou a atingir cinco mil milhões e voltou a ter um aumento de 1,1 mil milhões.

E se estimássemos o PIB como na Coreia do Norte?

A medida do PIB da Coreia do Norte é como o Natal do falecido cantautor Ary dos Santos com o camarada presidente Kim Jong-un no lugar do "homem". Por isso, o PIB norte-coreano é estimado através da produção de energia eléctrica e esta por via das luzes nocturnas. Se adoptássemos esse método no Portugal dos Pequeninos a que conclusão chegaríamos sabendo que a produção de electricidade da EDP teve uma redução homóloga de 10% até Setembro?

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS

É num quadro de descapitalização da economia que os expedientes do PS no que respeita ao investimento público ganham uma gravidade acrescida. Segundo as contas do Negócios, os governos socialistas desde 2015 até ao final de 2023 deixaram de investir 6,5 mil milhões de euros orçamentados.

O PS vai além de não fazer reformas. O PS destrói as reformas dos outros governos

Há vários exemplos, mas vou referir apenas o da reforma autárquica. Até 2012 existiam em Portugal, um país com população inferior a qualquer das 12 maiores cidades do mundo, 308 municípios e 4.259 freguesias, com respectivamente áreas médias de cerca de 300 km2 e 22 km2 e populações residentes de 33,7 mil e 2,4 mil e um número de funcionários que andava perto dos 200 mil. Por imposição da troika, o governo PSD-CDS reduziu o número de freguesias de 4.260 para 3.092. O número absurdo de câmaras ficou intacto. Em 2021 o PS fez aprovar a Lei 39/2021 que vai permitir voltar a dividir freguesias antes fundidas. Já há 182 a caminho.
 
«Pagar a dívida é ideia de criança». A redução da dívida por via da mágica orçamental

Na cartola do Dr. Costa e do seu ajudante Dr. Medina cabe tudo até dívida pública. Se não fosse a jornalista Helena Garrido, nenhuma das dezenas de luminárias que comentaram o orçamento se referiu, que eu tenha reparado, ao passe de mágica que consiste em comprar 2 mil milhões da dívida pública com o excedente orçamental, como o cão que morde a própria cauda.

Como melhorar a rentabilidade das empresas públicas “sem custos para o utilizador”

É mais um passe de mágica da dupla de Drs. Costa-Medina. O governo compra a sede da CGD com uma mais-valia de 86,3 milhões que a CGD devolve ao Estado com o pagamento de impostos e um acréscimo de dividendos.

Ainda estamos nos copos e a ressaca já se adivinha

Um inquérito do Kaizen Institute em associação com o Expresso apurou que uma em cada quatro empresas inquiridas que representam mais de 1/3 do PIB já abandonou intenções de investimento devido à subida das taxas de juro e cerca de 60% dizem já sentir o abrandamento da economia. Numa economia descapitalizada e com uma poupança insuficiente o prognóstico é reservado.

O que seria do Dr. Costa sem os turistas?

Se não fosse o turismo teríamos 100% dos empresários a sentir o abrandamento da economia, turismo que directa ou indirectamente contribuiu com 4,7 mil milhões dos 5,1 mil milhões de melhoria do excedente externo até Agosto.

23/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (88a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A obra fiscal socialista

Desde 2000, o PS governou o Portugal dos Pequeninos com excepção de dois períodos: um de três anos de Abril de 2002 a Março de 2005 e outro de quatro anos de Junho de 2011 a Outubro de 2015. Neste segundo período o governo PSD-CDS executou o programa de resgate resultante da governação do PS, programa que foi aprovado pelo governo PS e incluiu um aumento significativo da carga fiscal. 

Podemos assim concluir que durante 22 anos do último quarto de século o aumento da carga fiscal foi da responsabilidade governação socialista.
 
Fonte

Choque ferroviário da Boa Nova com a realidade

O atraso total do Ferrovia 2020 é uma das poucas coisas que progride imparavelmente neste Reino de Pacheco do Dr. Costa.

Público

O Estado sucial do Dr. Costa é uma ama seca que deixa a criança à mercê dos raptores

A defesa do país é uma das poucas áreas em que o Estado é insubstituível. No caso português é possivelmente a mais desprezada pelo governo socialista, que deixou arruinar e tornar inúteis para fins práticos de defesa do país e de cumprimento dos compromissos internacionais o Exército, a Marinha e Força Aérea, enquanto finge que traz os portugueses ao colo e os tenta infantilizar, exercício que, reconheça-se, no mínimo um terço dos portugueses acolhe com gosto.

«Costa vai além dos líderes europeus»

Foi com este título que o semanário de reverência publicou uma peça sobre o apelo ao «cessar-fogo no Médio Oriente» do Dr. Costa no dia 18, onze dias depois do dia que o Hamas atacou Israel. A explicação piedosa é que o Dr. Costa se atrasou onze dias no apelo que pretendia fazer na manhã do dia 7 logo, quando teve conhecimento que o Hamas tinha iniciado um ataque durante o qual assassinou centenas de civis. A explicação realista é que o Dr. Costa fez mais um exercício de hipocrisia, um domínio onde é mestre.

Take Another Plan. Take 1 - Não se queixem da falta de soluções

Afinal era mentira. O Dr. Costa não defendeu «seis versões diferentes sobre destino da TAP» como disse o líder da IL no parlamento. O Dr. Costa só defendeu cinco versões diferentes.

Take Another Plan. Take 2 – Primeiro as caravelas, depois a obrigação de privatizar. “Express yourself” Mr Costa

«Expressei-me mal», desculpou-se o Dr. Costa quando confrontado com a mentira que o plano de recuperação aprovado por Bruxelas obrigava à privatização da TAP.

Take Another Plan. Take 3 - Se o Dr. Galamba, o diz podemos dormir descansados


Negócios

A reprivatização da TAP «não será como o processo danoso de 2015» garantiu o Dr. Galamba. Não, ele não se estava a referir-se à parte do processo danoso em que o governo a que pertence torrou mais de 3 mil milhões de euros.

(Continua)

22/10/2023

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time

Amazon

It is not my habit to recommend readings, much less those written by people who confess to having been radicalized and consider themselves activists, as is the case with Christopher Rufo. My recommendation to read his recently published book about the dominance of wokeness and its critical race theory in academia and in the American institutions from which it assaulted the rest of the free world (yes, most of the world is not free), is only because, as the following review says, «the research is meticulous, and the details are forensic».

«(...) Many previous intellectual biographies of thinkers like Bell, a Harvard law professor who fathered the discipline of CRT, and Freire, a Brazilian education scholar who developed his influential “pedagogy of the oppressed”, are written by smitten disciples and seemed more like religious apologia than rigorous history. Mr Rufo’s methodical recounting of their radical ideas—pushing to deconstruct the concept of merit, abolish prisons, dismantle capitalism and develop “revolutionary consciousness” in schoolchildren—is refreshingly sceptical. It is also difficult to dispute, given that the most incendiary points are usually delivered by quoting the thinkers directly.

The mostly restrained accounting, given Mr Rufo’s reputation for stoking controversy, gives the entire work a cerebral feel. “The elements of critical race theory are, in fact, a near-perfect transposition of race onto the basic structures of Marxist theory,” he writes. Through the recounted history, some worrying trends in American life make more sense. Universities are hiring based on applicants proffering the right answers to “diversity statements”, and Californian pupils will be required from 2025 to take ethnic-studies courses that will help, in the state’s words, “challenge racist, bigoted, discriminatory, and imperialist/colonial beliefs” and “connect ourselves to past and contemporary movements that struggle for social justice”.

However, Mr Rufo’s analysis, for all its merits, falters in two ways. The first is that it often skips over the most interesting phase of the process—the actual mutation of these ideas within the academy into something more virulent—in favour of minute details in the lives of his four appointed prophets. This is not a critical flaw.

But the second one is more serious. Mr Rufo often cannot help but portray the left’s revolution as on the cusp of total victory, if not already there. “The corporation no longer exists to maximise profit, but to manage ‘diversity and inclusion’. The state no longer exists to secure natural rights, but to achieve ‘social justice’,” he writes.e takeover is hardly so complete. Companies are still plainly motivated by profit, and some are laying off the staff they had hired to oversee diversity-and-inclusion initiatives. Many Republican states are resisting the mandate of social justice and doing so in consultation with Mr Rufo himself. The fatalistic accounting of the takeover of the federal government - “the state, it turned out, was an easy capture…there was barely any resistance at all”—rests on a few questionable anti-racism trainings. It is hardly compelling. Much of the zealotry that ran wild after the murder of an unarmed black man, George Floyd, by police in 2020 has faded. Today Democrats pretend that some other party called for the defunding of the police.

The counter-revolution to America’s cultural revolution that Mr Rufo explicitly calls for is already happening—and has been under way for years. He should know that, because he is, to appropriate the Leninist terminology, in the vanguard.»

20/10/2023

Mitos (330) - O conservacionismo e as "espécies invasoras"

O conservacionismo, como qualquer das outras inúmeras quase-religiões que são os "ismos", alimenta-se de mitos. Muitos deles não resistem ao confronto com a realidade e a uma observação factual e objectiva, não obstante persistem por décadas ou séculos porque dão respostas à necessidade profunda que o homo sapiens tem de confirmar as suas crenças com "factos" cuidadosamente escolhidos com esse propósito. 

Um dos mitos mais resistentes no domínio da ecologia é o suposto dano inevitável que as espécies não nativas, geralmente designadas não por acaso como "espécies invasoras", causam às espécies nativas e ao ambiente.

Uma das vocações do (Im)pertinências é a desmistificação em qualquer domínio, mesmo naqueles que não nos são familiares como é o caso deste, pelo que me socorro de um paper publicado o ano passado que providencialmente passou no nosso radar. Trata-se de "Valuing the contributions of non-native species to people and nature" de Dov F. Sax e outros investigadores da Brown University de cujos highlights respigo o seguinte:

«Apesar dos enviesamentos indiscutíveis de publicação, concluímos que os benefícios das espécies não nativas são diversos, frequentes e muitas vezes de grande magnitude.

É necessária mais investigação destinada a considerar os benefícios das espécies não nativas e a contrastar esses benefícios com os custos para avançar a nossa compreensão dos impactos das espécies não nativas e contextualizar melhor a gestão e as decisões políticas.

Embora a tomada de decisões possa beneficiar da consideração dos resultados positivos e negativos da mudança, ao longo do último meio século, a investigação sobre espécies não nativas centrou-se predominantemente nos seus impactos negativos. Aqui fornecemos uma estrutura para considerar as consequências positivas das espécies não nativas em relação aos valores relacionais, instrumentais e intrínsecos. Demonstramos que os seus resultados benéficos são comuns e profundamente importantes para o bem-estar humano. Os benefícios identificados incluem a coesão social, a identidade cultural, a saúde mental, a produção de alimentos e combustíveis, a regulação de águas limpas e a atenuação das alterações climáticas. Argumentamos que os preconceitos de longa data contra espécies não nativas na literatura turvaram o processo científico e dificultaram os avanços políticos e a sólida compreensão do público. A investigação futura deverá considerar tanto os custos como os benefícios das espécies não nativas.»

Com a ousadia dos ignorantes, poderia especular que talvez quase todas as espécies tenham começado por ser "invasoras" num determinado ambiente até que ser tornaram nativas, apenas porque havia não nenhum conservacionista por perto. É mais ou menos o que se passa com as migrações humanas (já escuto os protestos do "nativismo").

19/10/2023

"The Freedom of the Press", Orwell's unpublished preface to 'Animal Farm'

After completing "Animal Farm" in 1944, Georges Orwell saw his satire on Soviet society being rejected by several publishers and decided to write the preface "The Freedom of the Press", commenting on this experience. This preface was not included in the first edition and was only discovered in 1971. It is from it that I extract the following excerpts that remain relevant because freedom is never guaranteed and is once again threatened by a horde of enemies on the left and right in the name of Equality, Justice, Nation, State, Family, or one of many other "isms".

«To exchange one orthodoxy for another is not necessarily an advance. The enemy is the gramophone mind, whether or not one agrees with the record that is being played at the moment. (...)

If liberty means anything at all it means the right to tell people what they do not want to hear. The common people still vaguely subscribe to that doctrine and act on it. In our country — it is not the same in all countries: it was not so in republican France, and it is not so in the USA today — it is the liberals who fear liberty and the intellectuals who want to do dirt on the intellect: it is to draw attention to that fact that I have written this preface. (...)

These people don’t see that if you encourage totalitarian methods, the time may come when they will be used against you instead of for you. Make a habit of imprisoning Fascists without trial, and perhaps the process won’t stop at Fascists. (...)

I am well acquainted with all the arguments against freedom of thought and speech — the arguments which claim that it cannot exist, and the arguments which claim that it ought not to. I answer simply that they don’t convince me and that our civilisation over a period of four hundred years has been founded on the opposite notice. (...)

If I had to choose a text to justify myself, I should choose the line from Milton:

By the known rules of ancient liberty.

The word ancient emphasises the fact that intellectual freedom is a deep-rooted tradition without which our characteristic western culture could only doubtfully exist. From that tradition many of our intellectuals arc visibly turning away.»

18/10/2023

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Paddy Cosgrave, um perfeito imbecil convertido em oportunista e hipócrita

Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro / Secção Idiotas Inúteis

Recorde-se que Paddy Cosgrave é o promotor da Web Summit, um evento (tema de uma série de posts) a que as figuras de cera do Estado sucial comparecem para abraçar o Paddy com um bilhete que custa aos contribuintes portugueses 11 milhões por ano até 2028. Evento cujo maior retorno são umas 200 mil dormidas o que, sendo muito, é apenas uma ínfima percentagem das dormidas dos turistas que cá vêm sem pagarmos nada ao Paddy.

No dia 13, cinco dias depois do ataque do Hamas a Israel, "o Paddy", como é conhecido pelas figuras de cera, publicou um post no X, o Twitter de Elon Musk, onde em seguida às primeiras reacções de Israel a um ataque que matou arbitrariamente centenas de civis, incluindo muitas crianças, e censurando o apoio que a maioria dos governos dos países democráticos declarou a Israel, escreveu «I’m shocked at the rhetoric and actions of so many Western leaders & governments».

Foi uma reacção enviesada e parcial a começar porque omitiu qualquer juízo sobre o ataque do Hamas e classificou as primeiras e limitadas acções do IDF como «war crimes». No entanto, sendo certo que um homem que acredita que o Hamas é uma força do bem e Israel uma força do mal, é um imbecil, não vivendo numa sociedade tutelada pelo Hamas tem direito à sua imbecilidade.

Só que, depois do seu post, choveram reacções de potenciais "clientes" da Web Summit, o evento que promove e é o centro do seu negócio. E foi aí que o Paddy passou de imbecil a oportunista e hipócrita num post no qual sete dias depois do ataque tenta emendar a mão e escreve «First, what Hamas did is outrageous and disgusting. It is by every measure an act of monstrous evil. Israel has a right to defend itself, but it does not, as I have already stated, have a right to break international law.» 

Como a sua cambalhota não resultasse, reincide no dia seguinte com mais oportunismo e hipocrisia e escreve «We are devastated to see the terrible killings and the level of innocent civilian casualties in Israel and Gaza. We condemn the attacks by Hamas and extend our deepest sympathies to everyone who has lost loved ones. We hope for peaceful reconciliation.» Confirma assim que vive menos de convicções do que do seu negócio, o que não estando sujeito à tutela do Hamas ou à de qualquer governo seu apoiante só tem como eventual consequência o desprezo das pessoas de bem pelo seu carácter oportunista e manhoso e isso não lhe devemos negar.

Pela sua imbecilidade, oportunismo e hipocrisia atribuímos ao Paddy cinco ignóbeis

17/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (87b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 87a)

Adding insult to injury

O que resta da PT, uma empresa próspera, inovadora e com uma presença internacional significativa (a sua participada Vivo era o operador líder no Brasil), depois de ter sido desnatada em benefício do GES por uma associação mafiosa que juntou o Dr. Salgado e o Eng. Sócrates, mancomunados com um sortido de personagens secundários deste lado e do outro lado do Atlântico, que vão do Dr. Granadeiro ao Dr. Pinho, passando pelo Dr. Bava e pelo Sr. Dirceu (guerrilheiro, petista emérito, segundo homem no governo de Lula e organizador do «Mensalão»), o que resta da PT dizia eu, está hoje na Meo - Altice Portugal, cujo grupo endividado até ao pescoço está a tentar vendê-la. 

Um dos possíveis interessados na compra da Meo é a Digi que entrou em força no mercado espanhol e ainda não está presente em Portugal. Seria uma enorme ironia se a Digi comprasse o que resta da joia da coroa lusitana, logo um operador romeno no mesmo ano em que provavelmente a Roménia será mais um sobrevivente do colapso do comunismo a ultrapassar um Portugal vítima do socialismo.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa? Depende de qual Óropa

Por falar em Roménia, que no próximo ano nos vai ultrapassar no PIB per capita PPP, ou seja, na riqueza produzida anualmente por pessoa a preços comparáveis, as previsões do FMI apontam para o crescimento português em 2024 descer para 1,5%, a 17.º taxa na UE.

Governo anuncia que vai enterrar mais 1,9 mil milhões dos contribuintes na CP

Em cima dos mais de 3 mil milhões torrados na TAP, o governo propõe-se enterrar mais quase 2 mil milhões para capitalizar a CP, há muito tecnicamente falida com uma situação líquida negativa.

Nunism is back

Falar em TAP evoca logo o saudoso Dr Pedro Nuno Santos que regressou ao convívio com os seus admiradores iniciando no comentário televisivo o seu caminho de ascensão ao poder, seguindo o exemplo de incontáveis antecessores que vão desde S. Ex.ª de Belém até ao próprio ex-chefe e putativo sucedido Dr. Costa. Na sua primeira performance, o Dr. Pedro Nuno derramou sobre os telespectadores os seus pensamentos, dos quais destaco «o Estado não fez com habitação o que fez com saúde e educação». Conhecendo-se o estado em que o Estado sucial deixou o SNS e as escolas públicas, este pensamento diz muito sobre o pedro-nunismo.

Pescadinha de cauda nos lábios

A semana passada registei que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) diminuiu 188 milhões em 2022 e só chega para pagar 17 meses de pensões, acrescento agora que a carteira de aplicações teve uma menos-valia de 13% devido à desvalorização das OT e BR, que constituem a maioria da carteira, causada pelo aumento das taxas de juro.

A Força Aérea não quer ficar atrás da Marinha

É conhecido o estado de decomposição da Marinha: perde um efectivo em média por dia; das cinco fragatas só três estão operacionais e dessas três só há pessoal disponível para uma e meia; das dez corvetas sobram duas; o período de manutenção é o dobro do recomendado; não há um navio de reabastecimento; etc. Não fica atrás o estado da Força Aérea como ressalta de um memorando de 11 páginas do respectivo CEM dirigido à ministra da Defesa, concluindo estar em risco a missão da Força Aérea (fonte).

«Quanto lucramos com a UE?»

Pergunta-se o semanário de reverência qual é o saldo entre as transferências dos diversos fundos que os contribuintes europeus enviam para o peditório do Estado sucial e a contribuição portuguesa para o orçamento da UE. A resposta é 5.820 milhões = 2.284 milhões – 8.104 milhões, ou seja mais de 2% do PIB de 2024. Mais significante do que a resposta é a formulação da pergunta que demonstra sem ambiguidade como o jornalismo português já entranhou a dependência da Óropa que é um dos pilares do modelo governativo socialista.

Os mercados não escutam o Dr. Centeno

Não obstante os prognósticos optimistas do Dr. Centeno, no BdP em tirocínio para político full time, o último Global Financial Stability Report do FMI apresenta previsões da taxa de referência do BCE mais elevadas até 2026 do que no seu último relatório de Abril.

Se a “boa economia” se devia ao Dr. Costa, a quem se deverá a má economia que pode estar a chegar?

Em Agosto as exportações voltaram a descer pelo quinto mês consecutivo 7,7% em relação do mesmo mês do ano passado e as importações caíram 16%, principalmente devido à redução dos preços dos combustíveis o que levou o défice da balança comercial a reduzir-se para 2.400 milhões. A coisa lá se vai aguentando graças ao turismo.

16/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (87a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A receita orçamental do Dr. Costa é sempre a mesma, só variam os temperos

Trata-se de tirar de uns contribuintes para dar aos outros. Na melhor hipótese tira-se aos contribuintes da Óropa (se eles deixarem). No OE 2024 o Dr. Costa, encarnado no seu putativo sucessor Dr. Medina, acrescenta uma particularidade deixando a oposição a falar sozinha - troca impostos directos por indirectos. 

Contas feitas, a redução dos impostos directos é 1,7 mil milhões e o aumento dos impostos indiretos de 2,7 mil milhões, de onde resulta que depois de ter batido o recorde da carga fiscal com 37,2% este ano bate-o novamente em 2024 com 38% e, depois de ter subido a despesa pública para 42,6% em 2023, sobe-a de novo para 44,5% em 2024. Recorde-se que em 2015 a despesa orçamentada era 35,1% do PIB e foi crescendo desde então a uma taxa anual nominal de 8,8% contra 5,4% do PIB. Dêem-lhe mais algum tempo e ele colocará o Moloch socialista a engolir metade da produção do país

Fonte

Entretanto, usando e abusando da ilusão monetária o Dr. Medina actualiza em 3% os escalões de IRS abaixo da inflação, compensando assim uma boa parte da redução das taxas.

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS

Já por várias vezes mostrei como funciona o expediente da autoestrada mexicana do PS sistematicamente usado para criar a ilusão do crescimento contínuo do investimento público. Este orçamento não é excepção e lá vêm outra vez as previsões nunca cumpridas. Ora veja-se como, após sete anos a anunciar aumentos, o investimento público de 2022 em percentagem do PIB está ao nível do “austeritário” governo PSD-CDS em 2015.

Fonte

Não sou da opinião que o dinheiro torrado pelos governos em investigação e desenvolvimento tenha um retorno apreciável. Ao contrário, os governos socialistas acham que o Estado sucial tem um papel especial neste domínio (como em todos), e agora veja o que tem acontecido ao investimento público em I&D.

Expresso

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Segundo um estudo da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN), a falta de material básico nos centros de saúde tem vindo a crescer e mais de metade dos centros registaram rupturas de stocks mais de 10 vezes num ano. Segundo o mesmo estudo, a insatisfação dos utentes tem também vindo a crescer e nas diferentes instituições da saúde atingindo entre mais de 60% a mais de 90%. (fonte)

E por que se multiplicam os sinais de colapso do SNS? Há várias razões, mas segundo o Dr. Medina, ministro das Finanças e putativo sucessor do Dr. Costa, a falta de dinheiro não é uma delas, e por isso garantiu ao Expresso «as dificuldades do SNS não resultam de questões financeiras». É capaz de ter razão por que as despesas de saúde têm vindo a aumentar todos os anos, ou talvez não por que uma parte desse aumento foi para pagar horas extraordinárias e os novos recrutamentos de pessoal para compensar a redução do horário de trabalho de 40 para 35 horas, redução que o governo (e S. Ex.ª, o PR) garantiram não ter impacto orçamental.

A emenda do SNS pode ser pior do que o soneto

Após uma longa gestação de quase um ano, foi parida a portaria com os estatutos da direcção executiva do SNS, o passe de mágica que haveria de resolver todos os problemas do SNS. Por agora as soluções dos problemas que afectam o SNS (pelo menos alguns deles) estavam distribuídas por várias instâncias e departamentos serão transferidas das administrações regionais, dos hospitais e dos centros de saúde e passarão a estar concentradas na direcção executiva. Suspeito que não vai correr bem.

(Continua)

15/10/2023

Dúvidas (365) - Qual o impacto das políticas demográficas do "familismo" nacionalista?

O mês passado o Dr. Orbán organizou mais uma "cimeira demográfica", um evento bienal que tem lugar desde 2015 dedicado ao "familismo" que a direita conservadora europeia pretende substituirá o feminismo, e, promovendo a natalidade, tornará supérflua a imigração.

Para tal, no caso da Hungria o governo do Fidesz, no poder há 13 anos, vem tomando medidas para promover a família e aumentar a natalidade, tais como as mulheres com quatro filhos beneficiam de isenção vitalícia do imposto sobre o rendimento, os pais podem pedir empréstimos que vão sendo anulados à medida que têm filhos, as clínicas de tratamento de fertilidade foram nacionalizadas, etc.

Dados da PORDATA

Esperavam os ideólogos desta engenharia social que dela resultasse um aumento significativo de natalidade, mas a demografia não parece comover-se com tais desígnios. Comparando a taxa de fecundidade geral (número de nascimentos por cada 1000 mulheres em idade fértil, ou seja, entre os 15 e os 49 anos de idade) da Hungria a partir do início do consulado do Dr. Orbán em 2010 houve um aumento, contudo, nada garante que seja sustentável como mostram os exemplos de muitos outros países que após um aumento viram a natalidade regressar aos valores mais baixos. De resto, foi isso mesmo que aconteceu com a Hungria que entre 1971 e 1975 viu a taxa de fecundidade subir de 56 para 73 e nos anos seguintes cair para 37. Ainda assim, os valores estão claramente abaixo de vários outros países como a Dinamarca e os Países Baixos que não têm uma abordagem ideológica nem praticam engenharia social, simplesmente no caso da Dinamarca as famílias com filhos pequenos dispõem de apoios financeiros.

14/10/2023

Pro memoria (431) – Gone with the wind. A aposta na energia eólica offshore pode ser mais um perfeito disparate

Já por diversas vezes aqui se escreveu sobre as eólicas offshore na série de posts Gone with de wind a propósito do projecto Windfloat Atlantic. Só no último mês o governo anunciou a criação da zona livre tecnológica (ZLT) de energias renováveis em offshore ao largo de Viana do Castelo, fez saber que irá lançar um leilão até ao final do ano e foram anunciados os projectos da Eco Wave Power, israelita, Barra do Douro, e de Capital Energy, espanhola, 3 projectos (Leixões, Viana do Castelo e Figueira da Foz). 

Será por isso oportuno, lembrar alguns factos. A eólica offshore tem um rácio de captura (*) muito baixo (cerca de 30%) e não é competitiva em termos comparativos com a energia eólica terrestre e a energia solar. Isso, em conjunto com o aumento dos custos resultantes dos problemas nas cadeias de abastecimento e das taxas de juros tem colocado aos produtores offshore dificuldades e prejuízos, a menos que a não competividade seja compensada à força de subsídios e de preços garantidos. Além disso, esses novos projectos agravarão os problemas já existentes multiplicando os picos de excesso de produção de fontes intermitentes que, entre outras consequências, leva a exportar energia a preço zero durante largos períodos.

(*) Relação entre preço médio da eletricidade por MWh que um projeto recebe pela energia que produz (variável a cada meia-hora) e o custo médio de produção, de acordo com a sua tecnologia e os recursos energéticos renováveis (vento, sol, ondas) num determinado período de tempo.

13/10/2023

By focusing on regulation, the European Union risks falling further behind in innovation and losing regulatory leadership

«Europe hopes to become the promised land—in the digital realm, at least. Harmful posts on social-media platforms will be rapidly removed. Texts will fly between rival messaging apps. You will be able to get apps from all over the internet, not just from your phone’s app store. And artificial intelligence (AI) models will be trained exclusively on data free of bias.

This is the noble aim of a set of new digital laws in the eu. Implementation of the Digital Services Act (DSA), which regulates social media, and the Digital Markets Act (DMA), which aims to keep big tech firms from competing unfairly, is entering a critical phase. Earlier this month, the European Commission designated what it calls “gatekeeper” firms, ranging from Alphabet to Microsoft, which will have to follow the DMA’s rules or risk vast fines.

And as if these new rules were not enough, the powers in Brussels are already negotiating their next big tech-policy package: an AI Act. (...)

In AI, however, the chances are that the outcome will be very different. For a start, being the keeper of the rules was useful in a world based on rules and markets, but may prove irrelevant in one defined by a growing rivalry between great powers.

Secondly, in privacy and social media, the EU can rightly claim it represents one of the world’s biggest markets, so that tech giants need to follow its rules. While this is still true, Europe’s global position in ai is much weaker. According to another study by Stanford University, eu researchers have yet to contribute in a significant way to such models as GPT-4. Whereas 54% of makers of ai models were American in 2022, only 3% came from Germany, which leads the EU pack. The picture is similarly one-sided when it comes to private investment in AI: in America it amounted to $249bn between 2013 and 2022, while Germany spent only $7bn. (...)

Finally, America seems to be adding the web of new tech rules to its own underground empire—or at least trying to neutralise Europe’s role as the rule-setter. Despite recent congressional hearings on AI, an American ai act is still unlikely. But the White House is trying to develop its own alternative to the EU’s regulatory network. In July it secured “voluntary commitments” from the principal model-makers, including Openai and Alphabet, to limit the technology’s risks.

Thus the geopolitical and technological “monster” that is America will eventually overpower the Brussels effect, predicts Mr Farrell. For the EU, this means that it cannot rest on its regulatory network. Instead it should redouble its efforts to strengthen its own AI industry, especially by completing the EU’s single digital market, which would make life easier for European startups. Since Europe is unlikely to become an AI superpower soon, the Centre for European Reform, a think-tank, argued in a recent report, it should also focus on getting businesses to adopt the technology.

Observers often ask how long America can use its invisible networks to throw its weight around the world. It is a good question: excessive use of network power can push other countries to seek alternatives. But perhaps the more pressing question to consider is how long the EU can lay claim to the role of global standards-setter, when it may well play such a minor role in the next wave of technology.»

[Why the EU will not remain the world’s digital über-regulator]

12/10/2023

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (80) - Só até certo ponto, o resto do resultado são promoções

Outras marteladas.

Recapitulando: o intervencionismo dos bancos centrais (Fed e BoE, copiados pelo BCE), adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012 criou oceanos de liquidez que impulsionaram os mercados de capitais e incentivaram o investimento em activos de risco, criando as condições para um processo inflacionário que só esperava um trigger que surgiu com a invasão da Ucrânia.

Quase desde a adopção pelo BCE do chamado "alívio quantitativo" que nesta série de posts tenho vindo a desmistificar este expediente dos bancos centrais e a advogar o seu fim para além de um curto período em que os benefícios líquidos dos efeitos indesejáveis poderiam ser positivos. Esse período neste caso terminou algum tempo depois, quando as economias recomeçaram a crescer e devia ter-se iniciado um "período de desmame" - o conceito é transportável do domínio das drogas para o destas políticas por mais de uma razão.

Acrescento agora aos motivos para repudiar o uso do alívio quantitativo mais um. De acordo com a Economist, «a estimativa mediana calculada em uma revisão da literatura é que a compra de títulos no valor de 10% do PIB reduz os rendimentos dos títulos da dívida pública de dez anos em apenas meio ponto percentual. Porém, os próprios bancos centrais são a fonte de muitas dessas estimativas e têm um incentivo para exagerar o impacto: investigadores descobriram que os autores de artigos relatando efeitos mais fortes do alívio quantitativo no crescimento subsequentemente desfrutam de mais promoções. Assim, é plausível que o verdadeiro impacto da compra de títulos seja pobre. Foi certamente o caso recente do Japão onde o banco central desperdiçou dinheiro defendendo uma paridade do mercado de títulos, apenas para abandoná-la e assumir as perdas.»

11/10/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (86b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 86a)

O Dr. Centeno anda a tirocinar para político socialista full time

Só na última semana o Dr. Centeno que, recorde-se, ocupa o lugar de governador do Banco de Portugal, já teve «muitas dúvidas» de que falte dinheiro na Saúde, já pediu «temperança» no mercado de trabalho, já pediu um travão «mais agressivo» à subida das taxas de juro pelo BCE, de cujo Conselho Geral faz parte, e justificou ao El Pais o aumento porque «a inflação é mais regressiva e injusta socialmente do que as medidas que usamos para a combater». Também reviu a inflação em alta depois de ter antecipado várias vezes o seu fim. Auguramos ao Dr. Centeno um futuro brilhante como político.

A máquina de extorsão é a única coisa que funciona bem no Estado sucial do Dr. Costa…

A receita fiscal até Agosto aumentou 6,5% em relação ao ano passado e o excedente orçamental cresceu para 2.648 milhões, um valor superior a duas vezes o aumento da despesa orçamentada de saúde para este ano.

… ou talvez não

O Tribunal de Contas no parecer das contas do ano passado estimou como perdidos 20 mil milhões de euros de impostos (dos quais 13 mil milhões considerados incobráveis) e de apoios aos bancos.

Celebremos o feito do Dr. Medina…

… que com um excedente orçamental de 2.848 milhões até Agosto, conseguiu aumentar a dívida pública de 278.042 milhões em Agosto do ano passado para 280.457 milhões em Agosto deste ano.

Festejar nesta altura o excedente das contas da Segurança Social é assim o mesmo que festejar a chuva no Inverno ou o sol no Verão

A imprensa amiga salientou como um facto extraordinário o aumento de 886 milhões para 3.347 milhões do excedente da Segurança Social até Agosto, num período de desemprego nos mínimos históricos. Se a taxa de desemprego aumentar dos actuais 6% para 11%, como atingiu na crise de 2011-2013, lá se vai quase todo excedente em subsídios de desemprego.

Mereceu menos atenção o facto do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) ter diminuído 188 milhões em 2022 e ser apenas suficiente para pagar 17 meses de pensões, de acordo com o TdC. E que pensões? Segundo os cálculos da Associação Portuguesa de Seguradores em 2050 as pensões corresponderão em média a menos de metade do último salário.

Acrescente-se o facto de as dívidas à Segurança Social, uma parte delas incobráveis, já atingiram 16 mil milhões, o equivalente a 70% do montante do FEFSS.

«Temos resultados, temos contas certas»

Se tomássemos à letra a palavra-de-ordem supra teríamos de concluir que o Dr. Costa também falhou neste domínio, diz-nos o TdC que aponta vários erros de contabilização no seu parecer sobre as contas do ano passado.

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»
 
Desta vez é que a EFACEC vai ser impingida ao fundo Mutares, mas não está a sair barato. Além do que já lá foi torrado para a manter a flutuar, a Parpública vai enterrar mais 50 milhões no capital e o Banco de Fomento vai comprar 50 milhões de obrigações a emitir pela EFACEC.

10/10/2023

Os portugueses gostam do socialismo, adoram o Estado sucial e gostariam de ter sol na eira e chuva no nabal

Duas sondagens publicadas a semana passada dão-nos um retrato a la minute do eleitorado do Portugal dos Pequeninos. 

A primeira do ICS/ISCTE para o Expresso e para a SIC, dá-nos conta que, apesar do desastre da governação socialista, 28% do eleitorado considera-a boa ou muito boa, sendo certo que mais de 2/3 (66%) a considera má ou muito má. Os 28% que consideram boa ou muito boa a governação fazem parte, muito provavelmente, dos 30% que consideram que a economia portuguesa está na mesma (24%) ou está boa (6%), e incluem, ainda mais provavelmente a maioria dos que têm intenção de votar no PS. 

Significativamente 18% dos inquiridos declararam não saber em quem votar, 13% disseram que não votariam e 5% votariam em branco ou nulo, o que soma 36%, mais de um terço do eleitorado o que dá uma boa indicação da estado da democracia doméstica. Considerando apenas as intenções de voto, o PS venceria com 31%, seguido do PSD com 25%, do Chega com 13% e da CDU e do BE empatados com 6% e da IL com 3%. Se a arrumarmos as intenções de votos em esquerda e direita, seja lá o que isso for, os primeiros teriam 47% e os segundos 43%, sobrando 10% de outros partidos (2%) e brancos/nulos (8%).  

As sondagens Aximage para a TVI e CNN apresentam resultados com algumas diferenças importantes. Excluindo os indecisos para efeitos comparativos com a sondagem ICS/ISCTE, o PS ganharia com 29,3%, seguido do PSD com 25,6%, do Chega com 13,6%, do BE com 7,1%, da IL com 5,3% e da CDU com 4,3%, do PAN com 3,6%. Nesta sondagem a esquerda e a direita estariam em igualdade com 47,1%. 

As conclusões mais importantes que podemos retirar são: (1) depois de um governação desastrosa, o PS continua a ser o partido mais votado; (2) o PSD com uma liderança frouxa não consegue descolar; (3) o Chega confirma-se como terceiro partido, certamente à custa do PSD; (4) BE recupera uma parte significativa dos votos perdidos, certamente à custa do PS. 

A sondagem ICS/ISCTE incluiu perguntas sobre as prioridades orçamentais, com os seguintes resultados: 62% acham que os impostos devem baixar; 28% entendem que a despesa social deve aumentar e 8% consideram prioritária reduzir o défice e a dívida. O mais interessante é que a esmagadora maioria (74%) dos que defendem que os impostos devem baixar opõem-se a que a redução se faça à custa das despesas sociais e a mesma maioria esmagadora (74%) dos que defendem o aumento da despesa social entendem que deve ser à custa dos impostos.

Em síntese: (a) temos uns 30% do eleitorado que votará PS, mesmo que o PS arruíne o país, mais ou menos os mesmos que acham que o Estado sucial gerido pelo PS deve trazê-los ao colo, mesmo que o país esteja arruinado; (b) a direita sem uma liderança inspiradora continua a não ser maioritária e não ganhará eleições sem o Chega; (c) a maioria quer reduzir os impostos sem reduzir a despesa social, ou seja, reduzir os impostos à custa do défice e da dívida (mesmo que uma maioria queira sol na eira e chuva no nabal). E é isto que temos.