Duas sondagens publicadas a semana passada dão-nos um retrato a la minute do eleitorado do Portugal dos Pequeninos.
A primeira do ICS/ISCTE para o Expresso e para a SIC, dá-nos conta que, apesar do desastre da governação socialista, 28% do eleitorado considera-a boa ou muito boa, sendo certo que mais de 2/3 (66%) a considera má ou muito má. Os 28% que consideram boa ou muito boa a governação fazem parte, muito provavelmente, dos 30% que consideram que a economia portuguesa está na mesma (24%) ou está boa (6%), e incluem, ainda mais provavelmente a maioria dos que têm intenção de votar no PS.
Significativamente 18% dos inquiridos declararam não saber em quem votar, 13% disseram que não votariam e 5% votariam em branco ou nulo, o que soma 36%, mais de um terço do eleitorado o que dá uma boa indicação da estado da democracia doméstica. Considerando apenas as intenções de voto, o PS venceria com 31%, seguido do PSD com 25%, do Chega com 13% e da CDU e do BE empatados com 6% e da IL com 3%. Se a arrumarmos as intenções de votos em esquerda e direita, seja lá o que isso for, os primeiros teriam 47% e os segundos 43%, sobrando 10% de outros partidos (2%) e brancos/nulos (8%).
As sondagens Aximage para a TVI e CNN apresentam resultados com algumas diferenças importantes. Excluindo os indecisos para efeitos comparativos com a sondagem ICS/ISCTE, o PS ganharia com 29,3%, seguido do PSD com 25,6%, do Chega com 13,6%, do BE com 7,1%, da IL com 5,3% e da CDU com 4,3%, do PAN com 3,6%. Nesta sondagem a esquerda e a direita estariam em igualdade com 47,1%.
As conclusões mais importantes que podemos retirar são: (1) depois de um governação desastrosa, o PS continua a ser o partido mais votado; (2) o PSD com uma liderança frouxa não consegue descolar; (3) o Chega confirma-se como terceiro partido, certamente à custa do PSD; (4) BE recupera uma parte significativa dos votos perdidos, certamente à custa do PS.
A sondagem ICS/ISCTE incluiu perguntas sobre as prioridades orçamentais, com os seguintes resultados: 62% acham que os impostos devem baixar; 28% entendem que a despesa social deve aumentar e 8% consideram prioritária reduzir o défice e a dívida. O mais interessante é que a esmagadora maioria (74%) dos que defendem que os impostos devem baixar opõem-se a que a redução se faça à custa das despesas sociais e a mesma maioria esmagadora (74%) dos que defendem o aumento da despesa social entendem que deve ser à custa dos impostos.
Em síntese: (a) temos uns 30% do eleitorado que votará PS, mesmo que o PS arruíne o país, mais ou menos os mesmos que acham que o Estado sucial gerido pelo PS deve trazê-los ao colo, mesmo que o país esteja arruinado; (b) a direita sem uma liderança inspiradora continua a não ser maioritária e não ganhará eleições sem o Chega; (c) a maioria quer reduzir os impostos sem reduzir a despesa social, ou seja, reduzir os impostos à custa do défice e da dívida (mesmo que uma maioria queira sol na eira e chuva no nabal). E é isto que temos.
1 comentário:
O resultado das eleições é nas urnas. Especular com sondagens e pareceres é tempo perdido. Europeias 2024, veremos.......
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