Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/11/2022

STOP FLATTERING YOURSELVES TO CHANGE YOUR LIVES: Portuguese at the top of the world (54) - Dedicated to angry souls who visit this blog and don't like posts written in English...

Other Portuguese at the top of the world.

A classic in the genre of unintentional humour for sale on Amazon.com
In 1855, when Jose da Fonseca and Pedro Carolino wrote an English phrasebook for Portuguese students, they faced just one problem: they didn't know any English. Even worse, they didn't own an English-to-Portuguese dictionary. What they did have, though, was a Portuguese-to-French dictionary, and a French-to-English dictionary. The linguistic train wreck that ensued is a classic of unintentional humor, now revived in the first newly selected edition in a century. Armed with Fonseca and Carolino's guide, a Portuguese traveler can insult a barber ("What news tell me? All hairs dresser are newsmonger"), complain about the orchestra ("It is a noise which to cleve the head"), go hunting ("let aim it! let make fire him"), and consult a handy selection of truly mystifying "Idiotisms and Proverbs."
... and also dedicated to His Excellency the President of the Portuguese Republic who has done so much to place the Portuguese at the top of the world. To the angry souls and to the President our deepest thanks.

29/11/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (42b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 42a)

A grandeza do Portugal dos Pequeninos no espaço

A contribuição do governo português para o orçamento da Agência Espacial Europeia é 115 milhões de euros ou 0,68% do total para um país que representa cerca de 1,2% do PIB nominal da UE. Estamos a falar da contribuição de um governo que já torrou mais do que isso na EFACEC e mais de 30 vezes isso na TAP, é ridículo, não é?

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

No Hospital de Santa Maria o tempo de espera dos doentes urgentes é actualmente de 14 horas.

Estado sucial português à cabeça do pelotão da extorsão fiscal

mais liberdade

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Em Setembro o endividamento total da economia, isto é, o somatório da dívida pública, sector privado não financeiro e famílias, cresceu 4,3 mil milhões e atingiu 798,7 mil milhões. Em Setembro de há 3 anos o endividamento atingia 725,8 mil milhões, tendo crescido 10%.

De volta ao velho normal

Desde o princípio do ano o montante dos fundos de pensões diminuiu cerca de 3 mil milhões ou 12,5% e nos doze meses terminados em Setembro diminuiu 25%. Dito de outro modo, o montante das poupanças capitalizadas para as pensões futuras geridas fora da segurança social diminuiu 25% por efeito conjunto da queda dos mercados de capitais, da redução de 41,8% das contribuições e do aumento de 5,1% dos benefícios pagos.

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

As taxas Euribor continuam a sua escalada, nomeadamente a de 6 meses que constituiu o indexante mais frequente para os empréstimos à habitação.
 
Euribor

Os «sinais de abrandamento da economia acumulam-se» concluiu o INE na última síntese e a OCDE no Economic Outlook de Novembro prevê um crescimento de 1% em 2023 e 1,2% em 2024, abaixo das previsões do governo.

28/11/2022

Novo Império do Meio, um gigante com pés de barro (5) - A obra de engenharia social para construir a harmonia entre o Grande Líder, o Partido e o Povo apresenta fissuras

Continuação de (1), (2), (3) e (4)

Quase sessenta anos depois, Xi Jinping vem reeditando as campanhas de Mao de delação pública dos "traidores" cujo modelo inspirado em Fengqiao, a cidade onde foi levado mais longe, Xi baptizou de qunfang qunzhi, ou "prevenção e governação pelas massas". Este método consiste na organização das famílias em grupos de dez geridas por um líder, alguém politicamente confiável que pode ser um veterano do partido comunista ou um apparatchik da aldeia, que vai transmitindo as instruções do partido e recolhendo informações.

Pois bem, nem mesmo o qunfang qunzhi foi capaz de antecipar as manifestações e protestos populares espoletadas por um incêndio num condomínio em Urumqi, capital de Xinjiang, onde morreram uma dezena de pessoas porque as portas estavam lacradas a pretexto do confinamento arbitrário resultante da estratégia "Covid zero" para combater uma variante da Covid (Omicron) muito mais contagiosa e muito menos agressiva.

As manifestações apesar de duramente reprimidas estão a propagar-se por toda a China desafiando Xi e o partido comunista e, surpreendentemente, reclamando «liberdade de expressão». Como tudo isto irá acabar? Como de costume, com repressão brutal e reedições locais do massacre da praça Tiananmen.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (42a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Duas décadas de governação socialista são mais nefastas do que quatro décadas na Cortina de Ferro

Em 2000, Portugal e a Roménia tinham um PIB per capita PPP de 85,3% e de 26,4% da média da UE, respectivamente. Segundo as previsões da CE, em 2024 a Roménia atingirá 79,0% e ultrapassará Portugal com 78,8%. Tudo indica que nos anos seguintes o resto do pelotão de ex-satélites soviéticos (Hungria, Polónia, Croácia, Letónia, …) irá sucessivamente seguir o exemplo da Roménia.

A lista negra do Catar

Pareceu-me um exagero que o Catar se tivesse dado ao trabalho de colocar o Portugal dos Pequeninos na lista negra pelo que disseram o Dr. Marcelo e o Dr. Costa sobre os direitos humanos, com um atraso de 12 anos sobre a compra à FIFA da localização do campeonato e, sobretudo, pela presença do Quarteto de Altos Dignitários da Nação cuja presença desnecessária e gratuita en masse só poderia significar apreço pelo regime catari ou no mínimo desprezo pela violação dos direitos humanos.

Lembrei-me ainda que nenhum deles se tinha indignado pela realização do campeonato do mundo de 2018 na Rússia, quatro depois do Sr. Putin ter anexado a Crimeia e ocupado vários outros territórios da Ucrânia, sem esquecer a visita do Dr. Marcelo em 2016 a Fidel Castro, o ditador cubano na altura aposentado e agora falecido.

Lost in translation

O Dr. Costa atribuiu ao PS a criação do «nosso modelo de uma magistratura judicial independente e de um Ministério Público autónomo que garantem uma adequada separação de poderes». Esqueceu-se de explicar o que ele entende por separação de poderes e de se atribuir o modelo de «à justiça o que é da justiça» que lhe serve de alibi para lavar as mãos dos atropelos que os apparatchiks socialistas cometem no exercício de funções públicas.

O Dr. Centeno prognosticou à Reuters que a consolidação da banca portuguesa era indispensável e iria inevitavelmente prosseguir. Em 1975, durante no PREC, foram nacionalizados todos os bancos de capital português, os quais foram sucessivamente comprados por accionistas estrangeiros, restando o banco público e umas miudezas das quais a maior é um banco em graves dificuldades. Por isso, especulo que o Dr. Centeno queria dizer que os accionistas portugueses minoritários e maioritários que restam irão desaparecer. É uma profecia que tem tudo para ser realizada.

Ética republicana

A lista de casos de suspeitas de “irregularidades” continua a aumentar. A semana passada tivemos a mulher do secretário de Estado das Infraestruturas Dr. Hugo Santos Mendes contratada para consultora jurídica da AMT tutelada pelo marido; dois autarcas de Arouca que falsificaram um documento «para assegurar votos ao Partido Socialista nas eleições autárquicas de 2017» e o secretário de Estado do Mar que está a ser investigado por ajustes directos quando foi presidente da câmara de Viana do Castelo.

Dr. Costa, o intrometido

Segundo a contagem do jornal Eco, o Dr. Costa nos seus 7 anos de governo intrometeu-se 14 vezes em negócios privados: Endesa, TAP (três casos), Galp, EDP (três casos), Novobanco, CTT, Altice, Pingo Doce, BCP. Faz parte da sua «obra feita».

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Após dois anos a enterrar dinheiro na EFACEC, empresa nacionalizada pelo governo socialista, depois de ter facilitado a entrada da Dr.ª Isabel dos Santos no seu capital, o governo pela mão do actual ministro da Economia, cuja principal serventia parece ter sido receber os putos maluquinhos ambientalistas, publicou um caderno de encargos para a venda e, entretanto, vai “reestruturá-la” o que no léxico socialista significa torrar mais dinheiro.

(Continua)

Mitos (324) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXIX) - Áctivistas do ambiente ide moer a cabeça dos líderes dos países em vias de desenvolvimento

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

Nós aqui fazemos o possível para não ficar entalados entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.

Um dos dogmas do áctivismo ambientalista é que crescimento e ambiente são incompatíveis. E, como eles querem significar capitalismo e democracia liberal, daí resulta que é necessário desmantelar o Estado liberal e substituí-lo por um Estado omnipresente ocupado por "ambientalistas". Estamos assim perante uma renovação do mito marxista, desta vez substituindo a ditadura do proletariado e o Estado comunista pela ditadura do ambientalismo e o Estado amigo do ambiente, num caso e noutro à custa das liberdades e da prosperidade.
Acontece que a evidência dos factos mostra as economias capitalistas modernas a serem capazes de conciliar crescimento com preservação do ambiente. Veja-se o gráfico acima que mostra nos Estados Unidos a evolução cada vez mais divergente do crescimento da economia (medido pelo PIB) e do volume de emissões de gases com efeito de estufa (nomeadamente dióxido de carbono, metano e óxido nitroso).
E não apenas os Estados Unidos estão a crescer e a diminuir as emissões em termos relativos desde meados da década de 90 e em termos absolutos desde a primeira década deste século. A maioria das economias mais desenvolvidas está a conseguir fazê-lo como os exemplos no gráfico anterior mostram. Quem ainda não consegue reduzir o ritmo relativo (face ao PIB) nem o ritmo absoluto das emissões são os "países em vias de desenvolvimento" (nalguns casos mais apropriadamente chamados de em vias de subdesenvolvimento), como a China, e quase todos democracias apenas formais e vários deles autocracias. É claro que há várias razões para isto acontecer (como o peso crescente dos serviços nas economias avançadas) mas o certo é que o contributo para as emissões virá cada vez mais desses países.

27/11/2022

LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: In praise of straightforward women. They're the smart men's choice

«The current climate of feelings and emotions being the most important ingredient in a fully-lived life has been a gift to these blowhards. ‘It’s better than bottling it up!’ we’re repeatedly told – excuse me, the Kray twins? Those men who contribute to the fact that two women are killed every week in the UK by their partners or ex-partners are certainly showing their feelings; a bit more bottling it up – especially from men – wouldn’t go amiss. Where one finds sensitive men one often finds petulance – and if there’s a worse non-violent character flaw in a man, I can’t think of it. (I could easily excuse a man who wasn’t faithful – if you want loyalty, get a dog – but never a petulant one.) 

(...)  If a man is creative, he’s more likely to have a Magic Mirror anyway; I’m sure Ian McEwan peers into the looking-glass and sees Harry Styles, judging from his pronouncement at an anti-Brexit conference when he was 68 years young: ‘A gang of angry old men, irritable even in victory, are shaping the future of the country against the inclinations of its youth. By 2019 the country could be in a receptive mood: 2.5 million over-18-year-olds, freshly franchised and mostly Remainers; 1.5 million oldsters, mostly Brexiters, freshly in their graves.’ But once he’s heard ‘The Man With The Child In His Eyes’ he’ll be convinced that he’s forever young, even when his teeth in a mug by the bed are the first sight to greet him each morning.

Occasionally, volatile men can be Cry-Bullies, the term I invented in this magazine in 2015: ‘A hideous hybrid of victim and victor, weeper and walloper’ – extremely applicable to that king of the superannuated Bad Boys Johnny Depp. How much more attractive is the man who doesn’t sit around feeling sorry for himself! (...)

And if that’s not enough, the traditional man often makes a better feminist than his arty brothers; think of the athlete Daley Thompson and the ex-cop Harry Miller allying with women to protect our rights compared with those snivelling little actors turning on J.K. Rowling. With Zara often ‘up early and riding out with her horses’ says a source, Mike happily attends to their children. ‘I was always comfortable just lifting and shifting,’ he says of the manual work he did between leaving school and becoming a professional sportsman.

I’ve been married to three writers, so I obviously haven’t practised what I’m preaching. Thankfully, my third husband, though certainly not a broken-nosed rugby player, is (for a writer) more straightforward than most men I’ve known – and being hardly straightforward myself, it would be somewhat hypocritical of me to expect a Magic Mike-alike. But I would advise young women that if they have a choice between a straightforward man and a pound-shop Heathcliff, take the former. Because as you get older, the stormy rows which ended in wild make-up sex will turn to low-level bickering ending with the kettle being put on as, inevitably, such pairings become less Burton and Taylor – and more Hinge and Bracket. »

«In praise of straightforward men», Julie Burchill, a smart woman

26/11/2022

Is Trumpism letting Trump down? Most likely. Dispassionate advice to devotees: start betting on another horse

Continuation from here and there.

Some overwhelming facts:

«Facing off against an unpopular president, decades-high inflation and an ideological lurch to the left in public policy, America’s Republicans have managed to score a most impressive triumph: the worst performance in midterm elections in recent history. Since 1934, the party in control of the White House has lost 28 seats on average in the House of Representatives; as The Economist went to press, the Republican Party looked likely to gain only eight. In the Senate, the opposition usually gains four seats; Republicans have lost one. When all the votes are tallied the party will win the House popular vote by only about 2 points, a swing of 4 since the 2020 election. That is half the swing in the popular vote for every midterm this century.» (Quantifying the Trump effect)

«Wall street is turning its back on Donald Trump. In recent days financiers who had donated hundreds of millions to the Republican Party have publicly withdrawn their support for the former president. On November 16th Stephen Schwarzman, chief executive of Blackstone, a private-equity company, said he would back someone from a “new generation” of Republicans in 2024. The same day Thomas Peterffy, founder and chairman of Interactive Brokers, said the party needed a “fresh face.” Ken Griffin, chief executive of Citadel, a hedge fund, was bluntest. On November 15th he branded Mr Trump a “three-time loser” and announced his support for Ron DeSantis, the governor of Florida. Why are donors deserting the former president—and how much will it matter?» (Why Republican donors on Wall Street are abandoning Donald Trump)

«Elon Musk says he would support Ron DeSantis for president if he runs in 2024» (Fox Business). Elon Musk - a notoriously fickle creature - letting down Trump means something, but much less than the positions of other tycoons.

25/11/2022

Como é que um@ garot@ que fica agarrad@ à saia da mãe até aos 34 anos pode votar aos 16?

Não sei o que passou pela cabeça dos dirigentes do PSD quando decidiram apresentar uma proposta de revisão constitucional para reduzir para 16 anos a idade mínima para votar
 
Estimated average age of young people leaving the parental household 

Aos 16 anos a um jovem ainda lhe faltam em média quase 18 anos para dar corda aos sapatos, abandonar o aconchego do lar e ir tratar de sua vidinha. Por isso ocorre-me requerer aos autores desta proposta para explicarem ao povo ignaro como é que uma criatura que não sabe tomar conta de si tem maturidade e clarividência para escolher as criaturas que nos (des)governarão.

Peço deferimento

24/11/2022

Affirmative action is a distraction from broken social elevator and legacy admissions in American college are unfair

«Affirmative action in American college admissions may be about to end. On October 31st the Supreme Court heard two cases in which lawyers argued that the current practice—which allows universities to favour applicants of some races over others—violates civil-rights laws and the constitution. Judging by the sceptical questioning of the conservative justices, who thanks to Donald Trump now command a majority, the question is not whether such preferences will be restricted, but whether they will survive at all.

For more than 40 years the court has allowed some positive discrimination. But it has done so with discomfort. Too-obvious tactics like racial quotas, or awarding points for skin colour, were ruled excessive. The compromise was to consider race as one part of “holistic admissions” in a way that made its weight hard to discern. In 2003 Justice Sandra Day O’Connor declared the practice ought to be time-limited, expecting it to be unnecessary 25 years from then. If the court rules as expected in June 2023, five years ahead of Ms O’Connor’s schedule, there will be some sorrow, but hardly the same backlash as met the overturning of the right to abortion set in Roe v Wade. Surveys show that majorities of African-Americans, Californians, Democrats and Hispanics all oppose the use of race in college admissions (and in other areas). The demise of this unpopular scheme will offer a chance to build something better.

A diversity of backgrounds in elite institutions is a desirable goal. In pursuing it, though, how much violence should be done to other liberal principles—fairness, meritocracy, the treatment of people as individuals and not avatars for their group identities? At present, the size of racial preferences is large and hard to defend. The child of two college-educated Nigerian immigrants probably has more advantages in life than the child of an Asian taxi driver or a white child born into Appalachian poverty. Such backgrounds all add to diversity. But, under the current regime, the first is heavily more favoured than the others.

23/11/2022

Dúvidas (346) – Irá o Brexit consumar-se? (XXI) - O que começa por equívoco acaba por equívoco (bis)

Outras dúvidas sobre a consumação do Brexit.

Em retrospectiva, a decisão do governo conservador britânico de David Cameron submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. O propósito era não perder as eleições para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido, à custa de demagogia e distorção dos factos e dos números que não ficou atrás do UKIP e teve um resultado inesperado que foi a aprovação do Brexit.

A verdade e os factos acabam por alcançar a mentira, mesmo quando esta tem perna comprida. Uma após outra, as várias mentiras e distorções foram-se revelando e o resultado da "libertação" do Reino Unido do jugo europeu é so far: défices mastodônticos, dívida pública em forte incremento e... o menor crescimento previsto nos próximos dois anos, de todos os países da OCDE.

22/11/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (41b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 41a)

Computadores para a escolas, um case study do socialismo em acção

Em retrospectiva, em Abril de 2020 foi anunciada a compra de 1.200.000 computadores, só autorizada em Julho. Em Janeiro do ano passado, tinham sido entregues 100 mil. Em Março do ano passado foi anunciado pela terceira ou quarta vez a aquisição de mais 350 mil. O Tribunal de Contas concluiu em Julho seguinte no seu relatório que 60% dos computadores anunciados só estariam disponíveis no próximo ano lectivo 2021-2022. Em Agosto deste ano, mais de dois anos depois, uma auditoria do TdC constatou que não foram distribuídos 350 mil computadores e que foram pagos 1,3 milhões de euros por acesso não utilizado à internet. A semana passada, o jornal Público noticiou que ainda há 200 mil portáteis pagos pelo PRR encaixotados nas escolas.

Um governo que não consegue planear a 6 meses, nem distribuir computadores, quer promover o hidrogénio verde

Em 2019, o Dr. Galamba, outro apparatchik enfatuado que foi um peão de brega do socratismo, na qualidade de SE da Energia «abraçou o hidrogénio como bandeira de uma matriz energética limpa». Decorridos três anos e uma investigação judicial encalhada algures numa repartição, «os projetos de hidrogénio verde estão a multiplicar-se como cogumelos. Mas são ainda pouquíssimos os que já saíram do papel.» Não saíram nem sairão do papel enquanto a tecnologia do hidrogénio verde não estiver tecnologicamente madura, maturação que só por milagre acontecerá num país em que a investigação e a ciência aplicada são uma treta e a indústria de alta tecnologia é uma ficção.

Finalmente foi encontrada uma serventia para o ministro da Ecoanomia

Serventia que foi fazer de comité de recepção à dúzia de jovens patetas radicais do Movimento Fim ao Fóssil – Ocupa! que exigia a sua demissão. Pela boca de um deles, o grupo declarou à SIC Notícias que estava contra o plano do ministro e perguntado pela jornalista o que não concordava nesse plano confessou que não o conhecia.

Vantagens de não sair do papel: (1) contas certas e (2) pode ser anunciado várias vezes

Do pacote “Energia para Avançar” de 1,4 mil milhões de apoio às empresas, mais de metade «ainda não saiu do papel» dois meses depois de ter sido anunciado com pompa e circunstância.

«Torrar dinheiro em coisas que não valem pevide»

A boutade em título aplicada por João Serrenho da CIN ao Banco de Fomento poderia ser aplicada com a mesma propriedade à Portugal Ventures, a sociedade de capital de risco do Estado sucial, que assinou um acordo de intenções com o PhD Ricardo Mourinho, o empresário que recebeu 300 mil euros de rendas adiantadas de um «pavilhão transfronteiriço» em Caminha que também não saiu do papel.

De volta ao velho normal

Lembram-se dos défices gémeos (da balança comercial e do orçamento) que assolaram o Estado sucial durante a maior parte dos anos desde a demolição do Estado Novo? Com as medidas do resgate pela troika, o défice melhorou e a balança comercial quase se equilibrou no final do governo PSD-CDS. Desde então tem vindo a deteriorar-se, como se vê no gráfico seguinte.


É o caminho para aumentar o défice externo, isto é o défice conjunto das balanças correntes de capital, que em Setembro atingiu 2,2 mil milhões contra 1,0 mil milhões no mesmo mês do ano passado. Lembram-se o que aconteceu da última vez nos idos de 2008-2011 e do que se seguiu?

21/11/2022

BREAQUINGUE NIUZ: É assim como admitir que, afinal, a Terra não é plana

Avante da Sonae

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (41a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.


Tardou, mas não faltou. Depois de várias semanas com os casos, mais de polícia do que de justiça, a saltarem no lume dos mídia (os coitados dos jornalistas amigos viram-se impotentes para filtrar a escandaleira), finalmente, deu à luz a «cabala», modalidade socialista das teorias da conspiração. Desta vez sob a forma de «dilúvio acusatório», na versão pós-moderna costista.

Não perderemos pela demora. O PS vai certamente adoptar as devidas medidas e incrementar a nomeação das pessoas certas no aparelho judicial e em todo o lado, incluindo as entidades de regulação, como já vem fazendo.

É claro que mesmo as pessoas certas no lugar certo não podem resolver tudo e o Dr. Costa não deve distrair-se e confirmar por SMS um telefonema ao governador do BdP sobre a Dr.ª Isabel dos Santos, que diz não ter acontecido. Nem podia ter dito ao mesmo governador, que não era um governador amigo, como no passado o Dr. Constâncio e no presente o Dr. Centeno, que ele tinha um «preconceito» em relação a nomear militantes do PS.

Ter as pessoas certas no lugar certo

Um exemplo prático de como é importante ter as pessoas certas no lugar certo, além do caso do ex-governador do BdeP que está a embaraçar o Dr. Costa, é o Tribunal de Contas que uma vez mais avalia criticamente as medidas do governo, neste caso na resposta à pandemia, a que, diz, falta "rigor", "transparência" e “escrutínio”.

Take Another Plan. São os melhores a ficar em terra e a deixar ficar em terra

Como condição para autorizar as “ajudas” à TAP a Comissão Europeia obrigou o governo accionista a libertar alguns slots (faixas horárias para aterrar e levantar) para a easyJet. Agora a TAP queixou-se que depois disso a easyJet utilizou mais mangas em proporção do número de voos. Qual a razão? A ANA explicou que isso acontece porque os aviões da TAP ficam duas vezes e meia mais tempo em terra do que os da easyJet que não segue o modelo da TAP de «deitar dinheiro para a sanita».

A TAP não deixa apenas em terra os seus aviões, deixa também em terra os seus passageiros e atrasa o pagamento de 122 milhões de reembolsos devidos pelos voos cancelados, prática que levou a autoridade americana dos transportes a aplicar uma coima de 550 mil euros.

Portugueses no topo da Óropa

Graças ao Estado sucial ocupado pelos novos situacionistas, que sucedeu ao Estado Novo ocupado pelos velhos situacionistas, o Portugal dos Pequeninos está à cabeça da Óropa em matéria de emigração: 20% da população residente. A diferença entre o Estado sucial e o Estado Novo é que no primeiro emigrava-se principalmente para França, Luxemburgo e Alemanha e no segundo a preferência está a voltar-se para o norte da Óropa.

Boa Nova. Um governo que não consegue planear a 6 meses faz plano para 30 anos

O Dr. Pedro Nuno, o apparatchik enfatuado que faria tremer as perninhas dos banqueiros alemães e torrou mais de 3 mil milhões do dinheiro dos contribuintes para nacionalizar uma TAP que agora pretende privatizar, apresentou um plano ferroviário para os próximos 30 anos.

(Continua)

20/11/2022

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (202) - À justiça o que é da justiça, mas quem se mete com o PS, leva

 «Foi também assim quando em 2003 o então Procurador-geral da República, José Souto Moura, acusou o deputado do Partido Socialista, Paulo Pedroso, no âmbito do processo Casa Pia. De imediato o PS passou a apresentar-se como vítima de uma cabala. Os mais de 100 rapazes e raparigas que se estima terem sido vítimas de abusos passaram rapidamente para segundo plano, com os incidentes processuais a dominarem as discussões. (Entre os vários incidentes processuais houve um que teve por base a inclusão pelo Ministério Público de cartas anónimas no processo. Era então tese dominante em Portugal que tal inclusão violava o Código do Processo Penal e que estas cartas deviam ter o caixote do lixo como destino. Face ao entusiasmo presente com as denúncias anónimas no caso dos abusos praticados por sacerdotes católicos presumo que a jurisprudência do caixote do lixo passou à História.)

Catalina Pestana, que fora nomeada provedora para recuperar a Casa Pia no meio de tal tormenta, passou de personalidade admirada e respeitada a pouco menos que odiosa porque nunca deixou de denunciar o papel desempenhado nesses abusos ou no seu encobrimento por personalidades com poder político nomeadamente da área socialista. E o Procurador-geral da República que chegou a ser ameaçado de demissão (por causa das declarações de uma sua assessora de imprensa!) acabou isolado e denegrido.»

Helena Matos no Observado

CASE STUDY: Um verdadeiro socialista para todo o terreno

O Dr. Ricardo Mourinho Félix, militante do Partido Socialista desde os 18 anos e da Juventude Socialista, graduado pela Mouse School of Economics, desde os 26 anos circulou por diversos governos socialistas, foi secretário de Estado do Dr. Centeno e é actualmente vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), por nomeação do segundo governo do Dr. Costa, para onde transitou depois do Dr. Centeno se trasladar do ministério das Finanças directamente para o próprio Banco de Portugal, numa manobra que seria o mais notável caso de conflito de interesses não fosse o do Dr. Victor Constâncio, um verdadeiro case study nesta matéria que em três décadas saltitou entre vários governos, para vice-governador do BdP, para secretário-geral do PS e novamente para governador do BdP onde compôs estimativas do défice para o Eng. Sócrates fazer um brilharete, acabando em 2010 a falhar estrondosamente no seu papel de supervisor da banca, passando ao lado dos vários escândalos na banca incluindo o do BES.           

Não restam assim dúvidas que o Dr. Félix é um verdadeiro socialista impregnado do respectivo ADN. As dúvidas, se existissem, ficariam dissipadas com a sua entrevista recente ao semanário de reverência Expresso. Nela o Dr. Mourinho fala do BEI como «uma outra face da realidade, a de um banco que não tem um objetivo de lucro puro» (o que é «gratificante») e dá como exemplo o financiamento do Windfloat, o primeiro parque eólico offshore em Portugal, que era para entrar em exploração em 2011 (só entrou nove anos depois) sobre o qual no (Im)pertinências se escreveram vários posts desde há 11 anos, cuja leitura se recomenda para ilustração da outra face da realidade que tanto gratifica o Dr. Ricardo.

O Dr. Félix exprime também um pensamento sobre as startups que ajuda a compreender por que é um socialista que se gratifica por estar num banco que «não tem um objetivo de lucro puro». Diz ele, «para que brilhe uma (startup) é preciso investir em 10 que não brilham», paradigma que também inspira o governo e até a Fábrica de Unicórnios do Eng. Moedas, que substituiu na câmara de Lisboa o Dr. Costa e o Dr. Medina a financiar a Web Summit do Paddy

Perguntareis, mas então não é um facto que por cada um unicórnio ficam pelo caminho, mais do que dezenas, milhares de starpups? O que distinguirá então o Dr. Mourinho Félix de um qualquer venture capitalist? Pelo menos duas coisas: 

(1) o venture capitalist põe o dinheiro dele onde põe a boca e 

(2) o venture capitalist, diferentemente do Dr. Félix, nunca diria «é preciso investir em 10 que não brilham» e não é uma questão de semântica, é uma questão de foco.

19/11/2022

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (100) - Os portugueses não apreciam a liberdade. Em consequência, a maioria detesta o capitalismo

Não por acaso, o pensamento desde há muito em curso aqui no (Im)pertinências de António Alçada Baptista reza assim:  

«Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» 

Ora sendo os mercados e o capitalismo essencialmente a democracia liberal e as suas instituições a funcionarem na economia, é certamente natural que a falta de gosto dos portugueses pelas liberdades - visível pelas quase cinco décadas do Estado Novo, pela sobrevivência de um dos apenas seis partidos comunistas europeus com representação parlamentar, pelo peso dos partidos hostis à democracia liberal (maioritários se incluirmos os que apenas a toleram) - se traduza em desapego, na melhor hipótese, ou rejeição do capitalismo, na hipótese mais frequente.

Por isso, não deveriam surpreender os resultados dos inquéritos de opinião que Rainer Zitelmann incluiu no seu livro «Em Defesa do Capitalismo», recentemente publicado em português pela Aletheia, resultados que em relação a Portugal foram citados no artigo do Observador «O que pensam as pessoas em Portugal a respeito do Capitalismo?»

Esses resultados dão-nos um retrato à la minute do anticapitalismo dominante no Portugal dos Pequeninos, onde ressaltam os seguintes traços:

  • 40% entendem que deve ser o Estado a fixar preços e salários 
  • 79% associam ao capitalismo ganância e 75% corrupção
  • As apreciações positivas sobre o capitalismo são partilhadas por uma pequena maioria entre 10% e 20%.
Um optimista tenderá a concluir que a ideia negativa do capitalismo dominante na sociedade portuguesa resulta de os portugueses só terem experimentado até agora um capitalismo paternalista, subalterno e periférico com aversão à concorrência e ainda contaminado pelo corporativismo. É possível, mas conhecendo-se a história portuguesa dos últimos séculos fará pouco sentido apostar todas as fichas nisso.

18/11/2022

¿Por qué no te callas? (31) - "Esqueçamos isto", é difícil de esquecer

«O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto.» 

 Marcelo Rebelo de Sousa

Ser de esquerda é... (18) - ... ser lunático

Outros "Ser de esquerda é..."

Um estudo de Heloísa Perista e Pedro Perista do CESIS - Centro de Estudos para a Intervenção Social, inspirado nas ideologias da "identidade de género" e no combate à "assimetria de género", estimou que em 2019 se as actividades domésticas e de cuidados fossem remunerados com base no salário horário médio isso representaria 78 mil milhões. Dito isso assim, nem merece discussão é aritmética pura. 

A coisa começa perder contacto com a realidade quando, escreve o Público que cita o estudo, os autores propõem que «as actividades dos agregados domésticos sejam objecto, periodicamente e de forma mais exaustiva possível, de contas satélite». Proposta que o Público, aka o Avante da Sonae, empolgado pelo mais puro lunatismo, transforma em tese no título da peça: «Se o trabalho doméstico e de cuidados não pago contasse, PIB subiria 36,2%».

Certamente, e aumentará até muito mais se nas actividades domésticas e de cuidados incluirmos os serviços sexuais no seio da família e os valorizarmos a preços médios de mercado. Considerando dois serviços recíprocos em cada coito (para evitar a discriminação de género cada uma pagaria o serviço do outro) e assumindo uma frequência média semanal de dois coitos por cada um dos 4 milhões de casais, a preços médios de mercado o PIB aumentaria mais de 80 mil milhões de euros ou quase 40%. Qed.

17/11/2022

Is Trumpism letting Trump down? Part of Trumpism, at least. "Loser" Trump hit by Murphy's Law

Continuation from here.



«Former President Donald Trump endorsed four Republicans for secretary of state positions in the general election, boosting candidates who have cast doubt on the legitimacy of U.S. elections in some of the most closely divided states. Every single one of them lost.», Politico


16/11/2022

Pro memoria (424) - Uma retrospectiva sobre o Banif a propósito de outra retrospectiva do ex-governador do BdP sobre as intervenções do Dr. António Costa na banca

No Natal de 2015, escassas semanas após a tomada de posse do primeiro governo do Dr. Costa, publiquei um post que agora reproduzo por ter ganho actualidade com as declarações de Luís Marques Mendes ontem na Fundação Gulbenkian, na apresentação do livro “O Governador” de Luís Rosa: 
«Espero bem que o Ministério Público possa ler os capítulos do livro sobre o caso Banif. (…) Sendo Portugal um Estado de Direito, tenho a convicção de que não pode deixar de abrir uma investigação criminal.» 
Aqui vai, de novo:

Com mais alguns factos, a dúvida original e a dúvida reformulada dissiparam-se. Em retrospectiva:

  • Desde 2013 o governo PSD-CDS entrou com 700 milhões para o capital do Banif, tornando-se accionista de 60%, e ainda fez um empréstimo de 125 milhões em obrigações CoCos convertíveis em capital;
  • Pelo caminho, a solução adoptada em 2014 para o BES foi intensamente atacada pelo PS, BE e PCP; 
  • Desde então o governo PSD-CDS tentou vender sem sucesso o Banif e foi empurrando com a barriga por cima do calendário eleitoral;
  • A TVI é uma participada da Media Capital cujo accionista maioritário com 95% é o grupo Prisa com ligações ao PSOE, partido irmão do PS; o 6.º maior accionista do Grupo Prisa é o Santander;
  • Recentemente, prosseguiam negociações entre o governo PS e vários bancos, incluindo o Santander;
  • Na noite do domingo dia 13, a TVI divulgou em nota de rodapé (uma forma impessoal muito conveniente de evitar ligar um rosto à notícia) «Banif: A TVI apurou que está tudo preparado para o fecho do Banco»;
  • O Banif desmentiu de madrugada a notícia falsa do seu próximo encerramento; desmentido interpretado, como habitualmente, como uma confirmação;
  • Nos dias seguintes a cotação do Banif caiu praticamente para zero e inicia-se uma corrida ao banco sendo levantados 900 milhões durante a semana;
  • Na 4.ª feira 16, o BCE decide suspender o estatuto de contraparte do Banif cortando-lhe a possibilidade de financiamento; a partir daqui é a morte anunciada do Banif;
  • No fim de semana seguinte o governo PS negoceia em dois dias a venda da parte boa do Banif ao Santander por 150 milhões, tendo o Estado de injectar 1,7 mil milhões e o Fundo de Resolução 500 milhões;
  • A venda ao Santander é anunciada pelo Banco de Portugal nesse domingo às 23 horas;
  • Como se tudo já estivesse há muito preparado, 36 horas depois, já estava em curso por todo o país a mudança de imagem do Banif para Santander;
  • Mário Centeno salientou justamente uns dias depois que o seu governo «fez em três semanas o que o anterior não fez em três anos»: salvou accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes e fez os contribuintes pagar 1,7 mil milhões de euros, pelo menos (recorde-se o caso BPN que Teixeira dos Santos começou por garantir que não custaria nada); 
  • Citando informação de Mário Centeno no parlamento (fonte): «o Banif tinha 356.457 depositantes, sendo que desses, havia 7411 acima de 100 mil euros. E desses, 6374 eram de particulares. Segundo Centeno, o montante médio dos depósitos acima de 100 mil era 283 mil euros.» De onde resulta que o total de depósitos acima de 100 mil euros era de 2,1 mil milhões de euros (=7.411x283.000), montante que foi poupado aos grandes depositantes pela resolução à custa dos milhões de contribuintes;
  • Em vigor a partir de 1 de Janeiro, a Banking Resolution and Recovery Directive, cujo propósito é a minimização dos prejuízos a serem suportados pelos Estados, ou seja pelos contribuintes, obrigaria à resolução do Banif em que seriam chamados a participar no bail-in os accionistas, os detentores de dívida subordinada e de dívida senior e os depositantes com mais de 100 mil euros;
  • A aplicação desta directiva no âmbito da união bancária poderia envolver a banca europeia que cobriria as perdas do Banif com o «inconveniente» do processo ficar sob o escrutínio do BCE e o risco dos escândalos;
  • Enquanto decorria a discussão do orçamento rectificativo para acomodar a resolução do Banif, Horta Osório, um antigo presidente do Santander Totta e actual presidente do Lloyd's Bank, tirou-se do seus cuidados em Londres e achou que deveria manifestar-se chocado e defendeu «que os contribuintes portugueses pelo menos merecem saber com transparência e rectidão exactamente o que aconteceu», como se a informação administrada aos contribuintes portugueses pelo governo PS, neste caso coligado com o PSD, não fosse transparente e recta;
  • Finalmente, foi aprovado na 4.ª feira o orçamento rectificativo do governo PS, com os votos contra do PCP e do BE, e a abstenção do PSD, tendo Passos Coelho explicado que «não teria uma solução muito diferente»; foi mais um exemplo da doutrina Mutual Assured Distraction (MAD) que impera na política portuguesa.
Perante estes factos, estou esclarecido e já poucas dúvidas me restam. Aproveito para especular sobre o pretexto para transformar os contribuintes em bombeiros do risco sistémico.

Um banco com 2,5% de quota de mercado representa um risco sistémico? Já é a segunda vez com bancos marginais no sistema e com o mesmo partido no governo – a primeira vez foi com o BPN, cuja factura à pala do risco sistémico irá superar os 7 mil milhões de euros.

A verdadeira questão não é quando está ou não em causa o risco sistémico. A verdadeira questão é como se minimiza o risco sistémico. Pelo menos já conhecemos duas maneiras de o incrementar:

  1. Criar nas cliques dirigentes dos bancos o sentimento de impunidade e nos clientes dos bancos a convicção que, chamando risco sistémico (whatever that means) à coisa que estiver à acontecer, os contribuintes pagam o prejuízo; 
  2. Continuar a autorizar reservas fraccionárias aos bancos, ou seja a admitir que os bancos emprestem dinheiro até um múltiplo (10 a 12 vezes) das reservas que dispõem nos bancos centrais. 

Talvez fazendo o contrário se conseguisse minimizar o risco sistémico. Mas quem está interessado nisso? Apenas uns milhões de contribuintes que preferem indignar-se quando os governos lhes vão aos bolsos e por isso não contam para nada.

Agora que já abri a prenda grande que o governo socialista me ofereceu neste Natal (uns milhares de euros, considerando a minha posição de médio accionista da Autoridade Tributária) e antes de abrir as prendas pequenas da família, vou especular sobre onde irão parar os milhares de milhões que o governo vai nos próximos anos extorquir aos papalvos à pala do Banif.

A resposta dos patetas varia, dependendo do grau de patetice, à volta de «eles», a corja, os banqueiros, os ricos, etc. Na verdade, a resposta é bem simples, desde que se façam as perguntas certas. Iniciemos, pois, a maiêutica socrática (do Sócrates da cicuta, não do das contas na Suíça).

A primeira pergunta é: porque ficou o Banif sem capital? Porque os activos ficaram menores do que os passivos. E porque ficaram os activos menores do que os passivos? Porque os activos diminuíram de valor (registaram imparidades, no jargão) e tiveram de ser criadas provisões (aumentando os passivos). Porque diminuiu o valor dos activos? Porque créditos de clientes se mostraram incobráveis por deixarem de pagar juros ou por outra razão. O que vai acontecer a esses créditos incobráveis? M de La Palice diria que não vão ser cobrados. E quem ganhará com isso? M de La Palice responderia outra vez: os credores inadimplentes, empresas e particulares ricos, remediados e pobres que assim receberão a dádiva que o governo socialista condenou os contribuintes a pagar-lhes. Pronto, agora já sabemos onde vão parar os milhares de milhões.

14/11/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (40b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 40a)

O Dr. Costa escolhe-os a dedo (Parte II)

Além do que já se sabia sobre o Dr. Miguel Alves e as suas ligações ao Dr. Costa e ao aparelho socialista, ficou a saber-se que estas ligações incluem adjudicações directas de 3 contratos no mesmo dia pela câmara de Lisboa presidida pelo Dr. Costa.

A caixa do peditório está entupida

Dos mais de 16 mil milhões de euros da bazuca do Dr. Costa, agora sob a direcção da Dr.ª Vieira da Silva, só foram pagos pouco mais de mil milhões – estava previsto que 25% do PRR, cerca de 4 mil milhões, estariam executados este ano. Do Portugal 2020, que expirou há dois anos, ainda faltam mais de 20% para executar. E porquê? perguntareis. Pela pesada burocracia, que ainda assim não evita o financiamento de projectos sem retorno, e principalmente porque por cada euro dos fundos europeus o governo tem de aplicar umas dezenas de cêntimos nesses projectos e aplica-se ao investimento público o método da autoestrada mexicana.

Mais Boa Nova na habitação social, seguida de choque com a realidade

O Dr. Pedro Nuno, que fazia tremer as perninhas dos banqueiros, e o Dr. Medina, como presidente da câmara de Lisboa, anunciaram em concorrência durante seis anos vários programas de habitação.Por último, o primeiro anunciou a apresentação de um Programa Nacional de Habitação, a partir de 2023 até 2026.

E qual é o resultado de tudo isso? O balanço feito pelo Expresso mostra que de todos os projectos de habitação acessível geridos pelo IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) até agora há 71 (setenta e um) fogos arrendados. Do Programa de Arrendamento Acessível havia 900 contratos activos para dois mil alojamentos e 30 mil candidaturas.

O Dr. Costa e os seus ministros fazem do Estado sucial uma bolsa marsupial para apparatchiks

Com uma ousadia estribada na impunidade, a Dr.ª Mariana, filha do Dr. Vieira da Silva, contratou para o seu gabinete um jovem militante socialista de 21 anos, recém-licenciado sem qualquer experiência profissional, pagando-lhe uma tença equivalente ao salário de um professor universitário associado.

Take Another Plan

Diz a TAP pela boca dos seus consultores que os seus tripulantes podem ganhar até mais 50% apesar de voarem menos do que os da British Airways. O que não impede a própria TAP de estar disposta a pagar mais se eles voarem nas folgas ou nas férias, o que parece não ir acontecer porque TAP e pilotos concordam na previsão de que serão cancelados 376 voos até ao final do ano, cancelamento que indiciaria que os pilotos não precisam de mais dinheiro, apesar de se considerarem mal pagos.

A diferença entre o Convento de Mafra e o mausoléu da Caixa é que um foi pago com o ouro do Brasil e o outro com o saque dos contribuintes

Recapitulando, no tempo das vacas que pareciam gordas, a Caixa construiu o mausoléu da Avenida João XXI de estética Estado Novo onde se alojaram mais de 4.000 zombies. Quando perceberam que afinal as vacas eram magras, a Caixa vendeu o mausoléu por 252 milhões ao fundo de pensões dos seus zombies que ela própria gere. As vacas continuaram a emagrecer e a Caixa com menos zombies, entretanto confortavelmente reformados e pré-reformados, vendeu a ideia ao governo de arrendar o espaço sobejante para alojar os seus os gov-zombies em número sempre crescente num “campus” com Hot desking e clean desk. Decorridos vários meses, ainda só há uma centena de gov-zombies no mausoléu, mas já estão a tratar da fruição do ginásio e campo de squash (Expresso)- first things, first.

Decorrido mais alguns meses, o governo constatou que os ministérios que tutelam diretamente o PRR previstos para se mudaram para o mausoléu da Caixa só poderão mudar no próximo ano. Entretanto, a Caixa depois de ter torrado várias centenas de milhões desde 1987, quando foi lançada a primeira pedra, até 1994, chegou à conclusão seria melhor empandeirar o mausoléu ao governo e mudar-se para uma nova sede dentro de 3 ou 4 anos.

O estado do Estado sucial

A GNR a deixar furtar o seu barco de patrulha no Guadiana e a Dr. Fortunato, ministra da Ciência a exortar os doutorados a contribuírem para a economia são apenas dois exemplos. Vem a propósito recordar Vasco Pulido Valente, um dos poucos que tinha consciência de nenhum país que se tinha desenvolvido à custa de aumentar o número de graduados (ver este gráfico).

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

Mesmo com o turismo a aguentar a economia portuguesa, começam a chegar os primeiros sinais de travagem neste último trimestre. Os prognósticos a nível da UE também não são animadoras com uma inflação elevada e o risco de uma recessão.

O défice da balança comercial atingiu 2,7 mil milhões de euros em Setembro, devido ao aumento das importações em cinco pontos percentuais superior ao das exportações.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Seguindo o exemplo do governo central, as câmaras endividaram-se fortemente até 2014 e apesar da dívida total ter vindo a diminuir deste então ainda há 20 câmaras fortemente endividadas com um rácio superior ao permitido.

13/11/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (40a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Costa escolhe-os a dedo

Após uma novela de duas semanas, demitiu-se o Dr. Miguel Alves, uma criatura da maior confiança pessoal do Dr. Costa. Antes de ser escolhido para secretário de Estado adjunto para a coordenação da comunicação, já tinha feito parte do gabinete do Dr. Costa quando este foi ministro da Administração Interna do Eng. Sócrates, de cujas manigâncias o Dr. Costa garante nunca se ter apercebido. A enriquecer o seu currículo, o Dr. Alves trabalhou numa empresa do Dr. Lacerda Machado, outro amigo do peito do Dr. Costa, administrador da holding do Sr. Mário Ferreira, dono da TVI, envolvido na compra dos helicópteros Kamov e na compra da VEM em que a TAP torrou 1.200 milhões, e mais tarde também administrador da TAP nacionalizada pelo governo do Dr. Costa.

O Eng. Sócrates pode ter ido embora, mas a sua obra ainda por cá anda

Há 12 anos o governo de então adjudicou ao consórcio ELOS a concessão do troço Poceirão-Caia do projecto TGV cujo contrato foi chumbado pelo Tribunal de Contas em 2012. O consórcio reclamou uma indemnização e um tribunal arbitral determinou em 2016 que era devido o pagamento de 150 milhões. O governo do Dr. Costa não aceitou a decisão e propôs uma acção de anulação, a que o consórcio responde em 2018 com uma acção de execução que com juros pode atingir 220 milhões.

Costa contra Costa

Decorridos seis anos, o Dr. Carlos Costa, na época governador do BdP, revelou agora em entrevista a Luis Rosa que foi pressionado pelo Dr. António Costa, a quem a Drª Isabel dos Santos se queixou, para manter na administração do BIC a filha do presidente de Angola, arguida num processo nesse país. A Drª Isabel dos Santos, que também era accionista da EFACEC, mantinha com o governo do Dr. Costa uma relação de proximidade (ilustrada na foto aqui ao lado com o ministro da Ecoanomia Dr. Caldeira Cabral).

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Por falar em ministro da Ecoanomia e na EFACEC, esta empresa nacionalizada pelo governo socialista, depois de ter facilitado a entrada da Dr.ª Isabel dos Santos no seu capital pela mão do ministro da Ecoanomia de então, está há dois anos a tentar ser vendida pelos seus sucessores. Primeiro foi o Dr. Siza Vieira, que fez regularmente anúncios de venda iminente, e agora pelo Dr. Costa Silva que teve uma epifania retardada de três anos concluindo que o Estado sucial não vai recuperar todo o dinheiro dos contribuintes que o governo lá incinerou.

Com a nacionalização, o governo adiou a morte de uma EFACEC moribunda que o mercado já tinha condenado e proporcionou involuntariamente a oportunidade para vários quadros da empresa lançarem o seu próprio negócio, ao mesmo tempo que criava uma bolsa de emprego para a Vestas, a EDP e a Siemens recrutarem técnicos.

Já virámos a página da austeridade

Para executar o OE 2022 o governo teria de gastar até ao final do ano 34 mil milhões, o equivalente a cerca de 15% do PIB em três meses, o que não vai certamente acontecer e, em consequência, o orçamento terá défice nulo ou mesmo um superavit. Para o próximo ano o Dr. Medina propõe-se usar a mesma bitola e irá controlar directamente 3,2 mil milhões de euros podendo sujeitar essa verba a cativações arbitrárias. Se isto não é austeridade, o que será a austeridade?

(Continua)

12/11/2022

Is Trumpism letting Trump down?


«You can fool all the people some of the time and some of the people all the time, but you cannot fool all the people all the time.»

But do not party before the party because most of the republican eminences who would like to send back Mr. Trump to Trump Tower don't have the balls to do it for fear of being punished by his devotees.

CASE STUDY: Football is a simple game. Twenty-two men chase a ball for 90 minutes and in the end the English win (this time, they hope)

 

«Lloyd’s of London predicts that England will beat Brazil and emerge victorious at the 2022 FIFA World Cup – with France, Argentina and Spain falling just behind. Lloyd’s is going for a hat-trick of predictions, after correctly identifying Germany and France as winners in 2014 and 2018, respectively, by using a model that ranks the teams according to the collective insurable value of their players

The assessment of each insurable value comprises a variety of metrics such as wages, sponsorships, age and on-field position, said Lloyd’s, noting that the research was published with the support of the Centre for Economics and Business Research (Cebr).

With an estimated insurable value of £3.17 billion (US$3.6 billion), Lloyd’s predicts that England will edge out France, with an insured value of £2.66 billion (US$3.1 billion), and Brazil, £2.56 billion (US$2.9 billion), to claim the top spot. By way of overall comparison, Lloyd’s added, the average insurable value of one England or France player is more than the entire Costa Rica squad.

Using this methodology to play out the tournament in full, the Lloyd’s model predicts England’s Three Lions will finish top of Group B, before securing knock-out wins against Senegal, France, Spain and Brazil. (The World Cup is scheduled to take place in Qatar from Nov. 20 to Dec. 18, 2022)

By Modeling Players’ Insurable Values, Lloyd’s Predicts England Will Win World Cup, Insurance Journal

11/11/2022

Ser pobre é muito mais difícil do que ser negro ou branco, disse ele que é negro e não é pobre

Matias Damásio, um cantor negro angolano com meia dúzia de discos editados, relativamente conhecido em Portugal (não por mim, que não conhecia) onde actua regularmente, foi entrevistado pela revista Luz do jornal Nascer do Sol, e, resistindo a várias tentativas do entrevistador para se deixar vitimizar, disse algumas coisas para mim inesperadas e surpreendentes, em contracorrente do discurso predominante nos meios artísticos, para já não dizer na bolha woke, a começar pela frase que faz o título deste post: «Ser pobre é muito mais difícil do que ser negro ou branco».

«Em relação ao racismo, eu acredito que o que temos de lutar hoje é contra a discriminação social. Acho que as pessoas não detestam nem brancos nem negros. Atualmente, reparo como os ciganos são tratados e percebo que existem mais maus-tratos contra aqueles que não têm posses. Nunca tive problemas de discriminação social, talvez por aquilo que eu sou e represento. Acredito que esta deve ser a nossa luta. Não acredito. que exista alguém que não goste de outra por causa da sua cor. As pessoas gostam da Beyoncé, mas não gostam de um negro do Mali. (…)

Vejo muita discriminação tanto na parte negra como na parte branca, de forma igualitária. Já vi brancos a discriminarem brancos, já vi ciganos a serem espancados na rua. Já vi de tudo um pouco e começo a perceber que não se trata de ser mais claro ou mais escuro. Temos de começar a olhar para as pessoas como se fossem nossas. Isto é um problema social, as pessoas assistem à NBA e está repleta de negros e não existem problemas. Vão ver a Beyoncé ou o Jay-Z e não há problema nenhum. (…)

Uma pessoa até pode amar estes ídolos, mas depois discrimina um negro qualquer que mora numa região como Queluz ou Massamá, porque olha para ele e pensa logo que é um ladrão. Na minha opinião tudo isto está mais associado a uma questão económica do que propriamente à sua cor. O Eusébio é um ídolo em Portugal, num clube que é o Benfica, que é o maior clube deste país, e não digo isto por ser benfiquista. O Pelé é o que é no Brasil, e assim sucessivamente. As pessoas são mais valorizadas por aquilo que têm, pela roupa com que andam, quando deviam ser valorizadas pelo seu conhecimento e proximidade. O racismo, praticamente, acabou, o que hoje existe é discriminação social. As pessoas não gostam «daquele grupo de negros». Vou dar um exemplo: Passei muito tempo no Brasil e, quando estava em discotecas e apareciam os negros americanos, os «gringos» , havia abraços e era uma grande festa! Mas quando vinham os negros da favela estes eram barrados e não conseguiam entrar. (…)

A grande discussão hoje não deve ser sobre o racismo, mas sim sobre a discriminação social. Costumo dizer na brincadeira que, apesar de ser cigano, o Ricardo Quaresma deixou de ser cigano, ficou apenas «Quaresma» porque é jogador de futebol. (…)

Nós estamos distraídos, a discriminação social é muito mais grave do que qualquer outro tipo de discriminação porque é dirigida a grupos. Isto é algo que temos de debater e que tem de acabar. em que as pessoas se fazem de vítimas e que querem justificar que não foram a determinado lugar porque são negros. Acho que é preciso ter cuidado com esse tipo de linguagens porque há negros que conseguiram chegar a esses lugares com mérito