O Dr. Ricardo Mourinho Félix, militante do Partido Socialista desde os 18 anos e da Juventude Socialista, graduado pela Mouse School of Economics, desde os 26 anos circulou por diversos governos socialistas, foi secretário de Estado do Dr. Centeno e é actualmente vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), por nomeação do segundo governo do Dr. Costa, para onde transitou depois do Dr. Centeno se trasladar do ministério das Finanças directamente para o próprio Banco de Portugal, numa manobra que seria o mais notável caso de conflito de interesses não fosse o do Dr. Victor Constâncio, um verdadeiro case study nesta matéria que em três décadas saltitou entre vários governos, para vice-governador do BdP, para secretário-geral do PS e novamente para governador do BdP onde compôs estimativas do défice para o Eng. Sócrates fazer um brilharete, acabando em 2010 a falhar estrondosamente no seu papel de supervisor da banca, passando ao lado dos vários escândalos na banca incluindo o do BES.
Não restam assim dúvidas que o Dr. Félix é um verdadeiro socialista impregnado do respectivo ADN. As dúvidas, se existissem, ficariam dissipadas com a sua entrevista recente ao semanário de reverência Expresso. Nela o Dr. Mourinho fala do BEI como «uma outra face da realidade, a de um banco que não tem um objetivo de lucro puro» (o que é «gratificante») e dá como exemplo o financiamento do Windfloat, o primeiro parque eólico offshore em Portugal, que era para entrar em exploração em 2011 (só entrou nove anos depois) sobre o qual no (Im)pertinências se escreveram vários posts desde há 11 anos, cuja leitura se recomenda para ilustração da outra face da realidade que tanto gratifica o Dr. Ricardo.
O Dr. Félix exprime também um pensamento sobre as startups que ajuda a compreender por que é um socialista que se gratifica por estar num banco que «não tem um objetivo de lucro puro». Diz ele, «para que brilhe uma (startup) é preciso investir em 10 que não brilham», paradigma que também inspira o governo e até a Fábrica de Unicórnios do Eng. Moedas, que substituiu na câmara de Lisboa o Dr. Costa e o Dr. Medina a financiar a Web Summit do Paddy.
Perguntareis, mas então não é um facto que por cada um unicórnio ficam pelo caminho, mais do que dezenas, milhares de starpups? O que distinguirá então o Dr. Mourinho Félix de um qualquer venture capitalist? Pelo menos duas coisas:
(1) o venture capitalist põe o dinheiro dele onde põe a boca e
(2) o venture capitalist, diferentemente do Dr. Félix, nunca diria «é preciso investir em 10 que não brilham» e não é uma questão de semântica, é uma questão de foco.
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