Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

09/07/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (3)

[Continuação de (1) e (2)]

FALÁCIA: A resposta à pandemia de Covid-19 foi muito afectada pela falta de todos os profissionais de saúde disseram as autoridades portuguesas à OECD, como se pode ver no quadro seguinte.


FACTO: Já vimos que em termos comparativos Portugal é o país europeu que mais aumentou o número de médicos por mil habitantes nos últimos 20 anos e actualmente é o segundo país da Europa com mais médicos. Por isso, o problema não foi a falta de recursos, foi a falta de competência na gestão desses recursos.

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Fonte: Health at a Glance: Europe 2024, OECD, Nov 2024

08/07/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (64)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Take Another Plan. Isto é um caso de polícia

Decorrido mais de um ano do Dr. Pedro Nuno ter saído de cima da TAP, ainda se fazem sentir os efeitos da sua gestão. Em 2016 a TAP contraiu um empréstimo obrigacionista à Azul, seu accionista de então, e à Parpública, seu accionista de sempre, empréstimo que até hoje não foi liquidado cujo pagamento a Azul reclama em tribunal e a Parpública considerou irrecuperável

Entretanto, ficaram a conhecer-se ilegalidades em duas dezenas de contratos assinados por Mme Ourmières-Widener e pelo seu sucessor Dr. Luís Rodrigues, no total de centenas de milhões de euros que não foram submetidos à fiscalização prévia do TdC

Ainda assim, isso são miudezas face à brutalidade do facto de a TAP valer actualmente pouco mais de metade dos 3,2 mil milhões de euros injectados pelos governos socialistas.

O socialismo afecta as meninges até dos socialistas providos de um módico de senso comum

O Dr. Carneiro, actual líder do PS acusou «os partidos da direita (que) estão concentrados em matérias que não são as que preocupam as pessoas» apresentando ao parlamento propostas sem interesse para o povinho. O Dr. Carneiro não explicou se nessas propostas ele inclui os temas da imigração e da redução de impostos, por exemplo.

Para um autarca socialista os privados são uns patetas e o Estado central uma vaca leiteira

O Dr. Pizarro, ex-ministro da Saúde do Dr. Costa, actualmente candidato à presidência da câmara do Porto, prometeu um programa de construção de 5.000 fogos em regime de renda moderada entre 300 e 800 euros para o que conta com 650 milhões de euros dos “privados” assegurando a câmara «metade dos 62,5 milhões do custo anual das rendas, esperando receber o remanescente do Estado». Em suma, o Dr. Pizarro propõe-se como presidente de uma câmara, que tem um orçamento de despesas de capital de 127 milhões, que os “privados” invistam 650 milhões em habitações de renda “social” e o Estado central pague parte das rendas.

Para a CP ser lucrativa só é preciso aumentar os subsídios

Relembro que o Dr. Pedro Nuno, ministro das Infraestruturas de então e ex-líder do PS de hoje, celebrou os lucros da CP de 9,2 milhões em 2022 autoelogiando-se pelo “conseguimento” à custa de 2,3 mil milhões de subsídios de exploração. Como nos anos seguintes os subsídios de exploração não foram suficientes os “lucros” de 2023 baixaram para 3,6 milhões, os lucros de 2024 baixaram para 1,8 milhões e o investimento em 2024 foi pouco mais de um quinto do previsto.

07/07/2025

Crónica da passagem de um governo (6)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Agora é oficial. A reforma do Estado sucial, se existir, consistirá em alivar o stress dos funcionários públicos

O Dr. Saraiva Matias, ministro da Reforma do Estado, declarou que o governo está «a trabalhar numa reforma administrativa assente na simplificação, digitalização, articulação e responsabilização, não para reduzir o Estado, mas para fortalecer a sua relevância e legitimidade».

Quando se sabe que o Dr. Costa transformou os 655 mil funcionários públicos que recebeu do Dr. Passos Coelho em mais de 740 mil, incluindo cerca de 16 mil “chefes” cujo número aumentou 45%, devemos ficar pré-ocupados com o propósito do Dr. Matias de não reduzir o zingarelho que consome mais de 40% do PIB.

E também devemos ficar pré-ocupados com a “gigafábrica de Inteligência Artificial” em Sines

Não porque a ideia seja estúpida, mas porque quem está a apostar nela é o Banco Português de Fomento que já entregou a candidatura para o financiamento pelos contribuintes europeus. Juntar os fundos europeus e uma entidade várias vezes anunciada para as «próximas semanas», sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, tinha ressuscitado em 2018 e segundo o Dr. Siza já estava criado em Janeiro de 2020 e só viu a luz do dia em 2021, que geriu um sistema de garantia mútua que até ao final de 2020 registou perdas por pagamento de garantias de 881,08 milhões.e desde 2012 até ao ano passado registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou, constitui a receita perfeita para o desastre.

O Dr. Montenegro também acredita que «pagar a dívida é ideia de criança»?

A dúvida justifica-se porque num contexto internacional de volatilidade significativa os governos AD estão a aumentar o endividamento do Estado que em valor absoluto desde o início do ano passado cresceu de 226,7 para 284,5 mil milhões e desde o início do ano o rácio dívida/PIB cresceu 5,1 pontos percentuais.

O Dr. Montenegro quer continuar a política de extorsão fiscal do Dr. Costa?

Depois de ter aumentado no ano passado 0,1 pontos percentuais para 35,6%, o governo prepara-se para aumentar a carga fiscal novamente. É o resultado inevitável da receita fiscal ter aumentado até Maio 13,2% face ao ano passado, muito acima do aumento nominal do PIB.

Insanidade é continuar a fazer o mesmo e esperar resultados diferentes

Já se sabia que no 1.º trimestre o Índice de Preços da Habitação cresceu em termos homólogos 4,7 pontos percentuais e agora ficou a saber-se que o número de novos contratos diminuiu 10,4%. Como habitualmente, na falta de dados fiáveis, discute-se filosoficamente se foi por causa do aumento da procura de novas habitação para compra devido ao Crédito Jovem, se foi a deslocação do mercado tradicional para o arrendamento de curta duração ou outra qualquer. O que se sabe é que 70% dos portugueses têm a sua casinha o que tem como consequência uma notável imobilidade devido aos imóveis a adicionar à imobilidade cultural da mão-de-obra com dificuldade de se mover para onde há oportunidades de trabalho porque, como dizia o saudoso Belmiro de Azevedo, os empregos não nascem ao pé de casa.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

mais liberdade

Sendo certo que os governos socialistas do Dr. Costa fizeram um notável trabalho de aumentar as listas de espera como gráfico mostra, o governo do Dr. Montenegro ainda não nos deu razões para confiar no SNS. Apesar dos seus planos para reduzir os tempos de espera das cirurgias, o número de "utentes" na lista em Maio é praticamente o mesmo de Novembro.

06/07/2025

Truth comes out in anger or with friends like these, who needs enemies? (3) - A new party is born fathered by an old star, the former first buddy

[Other Who needs enemies?]

The emergence of Homo interneticus

Erasmo Amato

In 2004 Michael H. Goldhaber published the essay "The mentality of Homo interneticus: Some Ongian postulates" (*) anticipating that the Internet would create a new type of human being, the Homo interneticus that would succeed Homo sapiens vulgaris. Due to the excessive use of the Internet, the Homo interneticus would have his mind altered by the constant dispute for his attention and would lose the notion of time and space.

Goldhaber's essay, from which I have extracted the following excerpt, proved to be prescient and sheds some light on the intense struggles between the tribes that follow the various most extreme and exacerbated ideologies that fill the internet space today.

«Without notable clues to a particular identity being provided by how one was raised, being cast in a sea of ten billion or so rough and directionless equals would be too much of a challenge. A floating spar — or several — must be found to cling to. H. interneticus tends towards community on the basis not of birth so much as of what feels like commonality — tasks and goals inspired by those who resonate with one — whether from some inner, possibly inchoate sense of being, a chance encounter, a shared bit of history, an aptitude that finds use, an almost arbitrary predilection or just a desire for meaning, connection or focus. These Internet communities are unshackled by space, unbounded by borders, though probably dominated by a rough version of the English language. Like any community, their enfoldings multiply through use and mutual familiarity, providing what remains of the dimension of time.

If the printed book first helped bind the world of European science and scholarship through the universal use of learned Latin [13], that language was comprehensible only to an elite — and male — few. As booksellers ought a wider market, they helped propel vernacular tongues into standardized, written and printed form. New feelings of nationality were thus brought into being, further aided by the desire for those literate in each "tongue" to have access to professions such as law and to government positions. So arose the drive for "national self–determination," meritocracy and even democracy.

Where stands H. interneticus when it comes to nationalism and electoral democracy? As an inevitable member of multiple global communities, on the whole she finds the pull of any particular nationality waning, especially insofar as nationalism implies loyalty to a particular government and its actions. If an Internet community happens to veer in some undesirable direction, it is easy to secede and start a new one with other dissidents, and in next to no time. By contrast electoral politics and representative democracy is achingly slow and unreliable, necessitating compromise and often leaving one agonizing in opposition for year upon year. H. interneticus has no sense of the future — no tolerance, that is, for waiting. Change should occur right now, instantaneously.

But what of the real, material world? Internet community formation might be an adequate substitute for representative democracy in the world of the Internet itself, but how can environmental issues, poverty, war, violent crime, terrorism, medical care, and on and on, be dealt with just by changing the subject? My guess is that to a first approximation the answer is that, for H. interneticus, cyberspace is most of the real world, and the rest is an appendage of it. If anything is to be done about global warming, for example, it will be through communities coalescing on the Internet and then taking a variety of actions ranging from developing alternative modes of transport (or dispensing with it in favor of heightened use of the net to replace travel and shipping alike) to direct action powerful enough that governments and corporations will have little choice but to acquiesce.

As Internet communities proliferate and interweave they will take on more and more of the functions now more or less the monopoly of government and business alike. It isn’t much of a stretch to visualize the Internet successes such as Google, e–Bay and Amazon gradually being replaced by open source distributed processing just as Napster was by Gnutella. From there it is not much of a further stretch to imagine the transformation of all kinds of organizations into distributed Internet versions.»

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(*) The term "Ongian" evokes Walter J. Ong, the American Jesuit priest and professor of English literature,  who studied how the transition from orality to literacy influenced culture and changed human consciousness.

05/07/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (2)

[Continuação de (1)]

FALÁCIA: Há um excesso de médicos especialistas em Portugal.

FACTO: A proporção de médicos especialistas em Portugal é 20 pontos percentuais abaixo da média e a terceira mais baixa da EU26. 

Registe-se que no SNS em Portugal só 30% dos médicos chamados de família ("General practitioners") trabalham nos centros de saúde ("primary care"), os restantes exercem em hospitais públicos. Provavelmente isso explicará pelo menos uma parte dos 1,7 milhão de utentes sem médico de família.

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Fonte: Health at a Glance: Europe 2024, OECD, Nov 2024

04/07/2025

Dúvidas (353) - Alguém pode explicar?

Alguém pode explicar a razão do julgamento do Caso Marquês que envolve o Eng. Sócrates, preso em 11 de Setembro de 2001 por suspeita de umas dezenas de crimes cometidos durante o exercício de um cargo público, se arrastou desde então até ontem, em contraste a com a acção proposta pelos "Anjos", um grupo musical pimba que reclama à humorista Joana Marques, que ironizou com a execução pelo grupo do hino nacional, uma indemnização de um milhão de euros por danos causados à sua reputação com consequências que alegadamente reduziram o seu cachet nos espectáculos seguintes?

03/07/2025

O título do Jornal Eco parece mais um título de um jornaleco, que é como quem diz de um pasquim, e o governo do Dr. Montenegro parece o do Dr. Costa

Jornal Eco

Comentando a chusma de notícias nos jornais de ontem com títulos semelhantes ao acima, precisamente como aconteceu há dois anos nesta altura, reproduzo o post que então dediquei a esta demonstração de ignorância e má fé:
É uma espécie de mimetismo. Às 23.30 de quinta-feira o jornal Negócios dá a "notícia" de que a «portaria de condições do trabalho para trabalhadores administrativos, é assinada por oito ministros, e decide de forma administrativa os salários mínimos que se aplicam potencialmente a 94 mil trabalhadores que não estão cobertos por negociação» e quase todos os outros a repetem com títulos praticamente iguais que induzem nas meninges dos leitores que o governo irá pagar do bolso dos seus ministros a quase 100 mil trabalhadores do "privado", como eles dizem.

Ninguém explica e contextualiza a "notícia", esclarecendo que estamos perante um expediente chamado "portarias de extensão", pelo qual os contratos colectivos negociados pelos sindicatos (controlados pelo PCP) que representam 10% dos trabalhadores têm influenciado 90% dos contratos de trabalho, em empresas e sectores sem condições para pagarem a bitola das maiores empresas e continuarem competitivas. Por esta via, a concertação social tem tido principalmente o papel de defender os «direitos adquiridos» das corporações empresariais e sindicais, aumentar o desemprego e assim manter o statu quo.

Em Outubro de 2012, por pressão da troika, as portarias de extensões passaram a ter um alcance mais limitado que foi resposto em Abril de 2014.

02/07/2025

Truth comes out in anger or with friends like these, who needs enemies? (2)

[Sequel of this post]


I can hardly imagine the dilemma MAGA devotees are facing, torn between two allegiances and which one is the more insane. And yet all of this was predictable, because MAGA is an opportunistic alliance based on contradictory ideas and policies between a vanishing working class stranded in an imagined glorious past, isolationist nativists, and billionaire tech barons obsessed with power and greed who pretend to believe the bullshit of ideologues, led by a pathological narcissist.

01/07/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (3)

[Continuação de (1) e (2)]

Escrevi no post anterior que os apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre teriam o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam. 

Para quem tivesse dúvidas que não há milagres nestas matérias, Virgílio Bento, cofundador da Sword Health, uma das poucas start-ups de portugueses que alcançou reconhecimento internacional com sede no Utah, USA, e escritórios no Reino Unido, que desistiu de fazer um trabalho com o sistema do INEM descrito como «obsoleto, frágil, assustado», referiu-se em entrevista ao Expresso aos apparatchiks da Portugal Ventures como «as pessoas (...) do topo até cá em baixo de uma incompetência atroz. É muito difícil discutir o potencial de uma empresa com alguém que é completamente ignorante».

Quanto às decisões de investimento da Portugal Ventures, Virgílio Bento explica que são os «Amigos. Há muitos exemplos desses. Se era um professor universitário a liderar essa empresa. A questão do pedigree. Nenhum deles estava ligado com o potencial de sucesso da startup.»

30/06/2025

Crónica da passagem de um governo (5)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
E de repente passámos da bagunça socialista para um rigoroso regime de imigração

Talvez eu deva começar por lembrar que quem preza a liberdade não tem por princípio restringir a mobilidade das pessoas e em consequência limitar as migrações. Ainda assim, se quem preza a liberdade não for estúpido, percebe que, infelizmente, essa visão não é partilhada por uma fracção significativa dos outros cidadãos cujas opiniões, obsessões e delírios de grandeza nacional têm de ser consideradas para preservar um mínimo de coesão social num Estado-nação ou mesmo, nos casos mais desesperados, evitar uma guerra civil. E também porque, infelizmente, não se pode esperar que a reduzida inteligência dos vários nativismos entenda que num país envelhecido e pouco dado a trabalhos pesados a imigração é indispensável. De onde, as migrações têm de ser reguladas atendendo a essas opiniões, obsessões e delírios, o que significa que o regime de imigração tem de ser feito à medida desse Estado-nação e das opiniões, obsessões e delírios dos seus nacionais.

Esclarecido isto, parece-me um exagero que da bagunça migratória criada pelo Dr. Costa se passe a um regime que é um dos mais exigentes da Óropa para um imigrante adquirir a nacionalidade portuguesa.

E de repente o Programa Reforçar evaporou-se

Em Abril o Dr. Pedro Reis, anterior ministro da Economia, apresentou o Programa Reforçar. Ninguém nunca saberá se poderia ter tido ou não êxito porque dois meses depois o ministro foi embora e o programa desapareceu sem uma única explicação. Juntando o insulto à injúria, o governo demitiu o presidente do IAPMEI um ano depois de o ter nomeado, por coincidência no mesmo dia que o Dr. Arroja publicou um artigo onde expunha a suas ideias sobre «Portugal como plataforma global de investimento e negócios».

Sei que no Portugal dos Pequeninos se prezam os subsídios, mas não será um exagero?

mais liberdade

Ele é o subsídio de férias, ele é o subsídio de Natal, ele é o subsídio de alimentação, ele é o subsídio de deslocação, ele são as diuturnidades, ele são… A coisa é tão viciante que quase todos os tugas imaginam que esta é a regra do resto do mundo que as mais das vezes tem um salário e pronto. Ora aqui está uma ideia para uma reforma das leis do trabalho, não se desse o caso de.

Sei que o Portugal dos Pequeninos tem uma dependência dos fundos da Óropa, mas não será um exagero?

mais liberdade

É outra coisa tão ou mais viciante do que os subsídios dos contratos de trabalho, neste caso pagos pelos contribuintes europeus e gostosamente desperdiçados pelos nativos. Ora aqui está mais uma ideia para uma reforma do Estado-sucial, não se desse o caso de.

Sinais de encrenca pela frente

Nas últimas duas décadas a taxa de poupança das famílias foi geralmente metade da média da UE. O ano passado superou os 10% graças à bazuca e aproximou-se da média europeia (14%). Talvez seja sol de pouca dura porque no 1.º trimestre deste ano caiu 0,1% e o consumo final aumentou 0,9%.

Enquanto isso, o endividamento da economia (dívida total das famílias, das empresas e do Estado) atingiu em Abril um novo recorde de 829,5 mil milhões de euros, sobretudo devido à dívida do Estado que cresceu 4,4 mil milhões e a capacidade de financiamento da economia (directamente resultante do saldo da balança de transações correntes e de capital) desceu 0,6 pontos percentuais no 1.º trimestre para 2,2% do PIB.

Insanidade é continuar a fazer o mesmo e esperar resultados diferentes

Segundo o INE, no 1.º trimestre o Índice de Preços da Habitação cresceu em termos homólogos 4,7 pontos percentuais. E continuará a crescer porque as leis da oferta e da procura não são se alteram no Diário da República e a procura continua a ser estimulada.


29/06/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (1)

FALÁCIA: A saúde em Portugal não funciona bem porque há falta de médicos.

FACTO: Portugal é o país europeu que mais aumentou o número de médicos por mil habitantes nos últimos 20 anos e actualmente é o segundo país da Europa com mais médicos.

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Fonte: Health at a Glance: Europe 2024,  OECD, Nov 2024

28/06/2025

Is Donald Trump a liar or a bullshiter?

«We’re going to become so rich, you’re not gonna know
where to spend all that money. I’m telling you—just watch!
»

Is Donald Trump a liar or a bullshiter?, that's the question in the Harry Frankfurt sense (About the bullshit).

«The press takes it literally, but not seriously; its supporters take it seriously, but not literally», Salena Zito wrote provocatively nine years ago in The Atlantic.

26/06/2025

CASE STUDY: Democracias defeituosas (6) - Mais do que defeito, continua a ser feitio

Quando publiquei o post anterior (Democracias defeituosas (5) - Mais do que defeito, continua a ser feitio) não tinha ainda tido acesso ao relatório completo com informação específica sobre a democracia portuguesa.

Por exemplo, não tinha relevado que o Portugal do governo PS, classificado como “flawed democracy” em 2023, melhorou com o governo AD para “full democracy” e foi o terceiro país com maior upgrade do índice.


Melhoria que a The Economist Intelligence Unit descreveu assim:
«Portugal foi promovido a "democracia plena" no Índice de Democracia de 2024, subindo oito posições no ranking global, alcançando a 23ª posição. A pontuação de Portugal melhorou de 7,75 em 2023 para 8,08 em 2024, impulsionada por melhorias nas categorias de funcionamento do governo e cultura política. O país foi despromovido para uma "democracia falhada" em 2011 e recuperou o estatuto de "democracia plena" em 2019. No entanto, as limitações à liberdade individual resultantes da pandemia de covid-19 fizeram com que Portugal fosse novamente despromovido para uma "democracia falhada" em 2020. A pontuação do indicador que avalia o grau em que os cidadãos portugueses acreditam que a democracia é boa para a economia, com base nos dados do World Values ​​Survey (WVS), melhorou de 0,5 para 1 em 2024. Os dados da WVS sugerem que uma maior parte da população acredita agora que um sistema democrático forte é também benéfico para o desempenho económico.»


No final, não há grandes motivos para celebrações porque o Portugal dos Pequeninos ficou no penúltimo lugar das "democracias plenas" numa lista de 25 países liderada pela Noruega, seguida da Nova Zelândia`, ex aequo com a República Checa e apenas à frente da Grécia.

25/06/2025

You can't fool all of the people all the time (2)

Continuation of this post.


Source (YouGov)

More unpopular than the foreign-born Obama (so Mr. Trump said) and even more unpopular than sleepy Joe.

Source (YouGov)

A portion of middle-aged, low-educated white men have yet to see the full picture.

Source

Voters in the swing states that secured Mr. Trump’s election are starting to take notice.

24/06/2025

Mitos (351) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXXIII) - Pero que las hay, las hay

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

Nós aqui fazemos o possível para não ficar entalados entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.

Os gráficos seguintes que foram produzidos pela Economist no princípio do ano mostram que dos dados disponíveis temos de concluir que com toda a probabilidade está em curso um processo de aquecimento global. 


Quais as causas e quais os remédios, se isso é um problema e quais as soluções, é uma outra estória. Não vamos entrar por aí para não acrescentar ruído à discussão.

23/06/2025

Crónica da passagem de um governo (4)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Programa já temos. Execução logo se vê

Rejeitada com os votos contra da AD, IL, PS, Chega e JPP a moção que os comunistas por dever de ofício apresentaram e a Dr. Mortágua e os rapazes do Dr. Tavares aprovaram, o programa do governo lá passou no parlamento, incorporando 80 medidas de outros partidos e outras medidas que, segundo o semanário de reverência, estavam escondidas.

Entre as medidas do programa temos as habituais e o governo a garantir que até 2029 pretende subir o salário mínimo para os €1.100 e salário médio para €2.000, como se todos os trabalhadores do Portugal dos Pequeninos tivessem o governo como entidade patronal, ao mesmo tempo que nada diz sobre as medidas que esse mesmo governo deveria tomar para que a produtividade aumentasse permitindo pagar esses salários. A não ser que o governo imagine que tornar legal a compra de férias pelos trabalhadores irá produzir esse milagre.

Se «reformar o Estado não é cortar nem despedir», será engordar?

Foi o que disse no parlamento o Dr. Hugo Soares, líder parlamentar do PSD. Recordemos que em 2013, o governo do Dr. Passos Coelho, que herdou 730 mil funcionários do governo socialista do Eng. Sócrates, reduziu os efectivos para 655 mil funcionários e o Dr. Costa os fez crescer para 750 mil e agora já são 760 mil, que fazem mais ou menos a mesma coisa que os 655 mil. Inclino-me para que a reforma do Estado sucial segundo a AD seja mesmo para o engordar, como sugere uma das medidas que o Dr. Montenegro salientou embalado pelo air du temps que o Chega inaugurou: contratar mais 1.500 polícias (para se contextualizar esta medida leia-se a série de posts Vivemos num estado policial?

O PRR é um programa para converter o Estado sucial num senhorio?

Para quem pensa que «o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é um programa de aplicação nacional, com um período de execução até 2026, que visa implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, reforçando o objetivo de convergência com a Europa, ao longo da próxima década», pense outra vez. Com 3,2 mil milhões de uros destinados à habitação ou 14% do total dos fundos, o PRR parece ser sobretudo um programa para desenvolver a habitação pública de onde, imaginarão as luminárias, a produtividade do trabalho aumentaria e a convergência para a Óropa estaria garantida.

Hoje há, amanhã não sabemos. Depois logo se vê

Em contramão com o optimismo do governo, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) alertou para os «riscos significativos» da sustentabilidade da dívida. Na mesma linha, o Conselho de Finanças Públicas, classifica a política orçamental em 2024 de expansionista e contracíclica, com as despesas fixas com pessoal a aumentarem 0,2% do PIB num contexto de incerteza ou mesmo de provável deterioração económica.

Em contrapartida, o investimento público continua anémico e na sua quase totalidade (90% contra a média da UE de 14%) financiado pelos fundos europeus. Enquanto isso a poupança interna que poderia financiar o investimento continua insuficiente, ou seja, vivemos como se não houvesse amanhã a gastar as poupanças que não temos e as poupanças dos contribuintes europeus.

A coisa só não se afundou exclusivamente pela grana da bazuca e o turismo. A primeira tem o fim à vista e o segundo tem um grau de volatilidade muito grande (apenas um terço da hotelaria tem reservas superiores a 50%) e, apesar dele, o excedente externo atinge em Abril metade do valor de Abril do ano passado.

A morte pode adiar-se, aos impostos não se pode fugir

É por isso que a esperança de vida continua a aumentar, e, apesar das reduções do IRS para eleitor ver, a carga fiscal voltou a aumentar no ano passado 0,1 pontos percentuais para 35,6%.

22/06/2025

Read my lips

«We’re uniting forces to end the endless foreign wars.»

«I will have that war settled between Putin and Zelenskyy.»

«When I’m back in the White House, we will expel the warmongers, the profiteers … and we will restore world peace.»

«I ended wars.»

«My proudest legacy will be that of a peacemaker and unifier.»

(Souce)

¡No Pasarán! passed away

I discovered the blog Merde in France in 2003, if I'm not mistaken, and I mentioned it for the first time here. The blogger was an American living in France with whom I shared some ideas, which is why I included his blog on my short list, and he did the same.

A few years later, the blog was closed and replaced by the blog ¡No Pasarán!, apparently because its author returned to the US. A few more years passed and ¡No Pasarán! converted to MAGA and I stopped following it regularly, although it remained on my list of blogs. Reading it became increasingly painful because an intelligent person justified stupid ideas and promoted people who defended those ideas, although more recently with visible reluctance and therefore focused more on attacking MAGA's enemies than on defending its followers.

I discovered a few days ago that, after two or three weeks without posting anything, ¡No Pasarán! was removed from Blogspot and I dare to think that its author finally concluded that continuing to justify MAGA , its ideas and its people was in fact an insult to his and our intelligence.

21/06/2025

Subvenções, benefícios, subsídios, apoios, as palavras mais usadas do glossário do Estado sucial

Segundo dados da Inspecção-Geral de Finanças citados pelo Jornal Sol, o governo distribuiu o ano passado 8,2 mil milhões de euros, ou 6,6% da despesa pública, por inúmeras entidades com destaque para as seguintes:


Além dos beneficiários do costume, os organismos públicos e a empresas públicas, com a CP em destaque, surge-nos como maior beneficiário a EDP uma empresa privada cujos principais accionistas são entidades estrangeiras.

Estrutura accionista da EDP

Já agora, recorde-se que o governo de Passos Coelho vendeu a EDP e outras empresas em cumprimento do memorando de entendimento (*) assinado em 2011 pelo governo socialista de José Sócrates, como condição para o Estado português ser resgatado da bancarrota em que este último governo o tinha deixado.
__________
(*) Memorando de entendimento:
3.31. (...) «O Governo compromete-se a ir ainda mais longe, prosseguindo uma alienação acelerada da totalidade das acções na EDP e na REN, e tem a expectativa que as condições do mercado venham a permitir a venda destas duas empresas, bem como da TAP, até ao final de 2011. »

20/06/2025

BELIEVE IT OR NOT! Trump Derangement Syndrome (TDS) Research Act of 2025

(David Simonds)

«May 15, 2025

WASHINGTON, D.C. — Today, Rep. Warren Davidson (R-OH) introduced the Trump Derangement Syndrome (TDS) Research Act of 2025. This bill would direct the National Institutes of Health (NIH) to study the psychological and social roots of what is known as Trump Derangement Syndrome, a phenomenon marked by extreme negative reactions to President Donald J. Trump. He was joined by original cosponsor Rep. Barry Moore (R-AL). (...)

By leveraging NIH’s existing programs at the National Institute of Mental Health, the bill will:

Investigate TDS’s origins and contributing factors, including the media’s role in amplifying the spread of TDS.

  • Analyze its long-term impacts on individuals, communities, and public discourse.
  • Explore interventions to mitigate extreme behaviors, informing strategies for a healthier public square.
  • Provide data-driven insights into how media and polarization shape political violence and social unrest.
  • Require an annual report to Congress.
  • No Additional Spending: Uses existing NIH resources and avoids new spending.»

(Source)

19/06/2025

Não é bem competitividade, é mais "competividade"

Continuação de Na "competividade", como diz o Dr. Costa, estamos um poucochinho pior, como também disse o Dr. Costa

O último ranking de Competitividade do IMD atribui ao Portugal dos Pequeninos um score de 67,84 numa escala de 1 a 100 e mostra uma descida de um lugar para 37.º dos 67 países avaliados, ou seja na posição onde estávamos em 2020. Na região EMEA (Europa-Médio Oriente-África) situamo-nos no 25.º lugar entre 45 países. Nos últimos 5 anos a evolução no ranking foi a seguinte:


Dos quatro factores considerados no ranking, os que nos penalizam são a performance económica e a eficiência nos negócios (42.º em ambos os factores) e os que nos beneficiam são eficiência do governo (35º, onde subimos 6 lugares, parabéns Dr. Montenegro) e Infraestruturas 25.º (parabéns Eng. Sócrates e contribuintes europeus). 

Como de costume, os nossos mídia subvalorizaram a descida no ranking e valorizaram termos ficado à frente da Espanha (39.º) e da Itália (43.º) (exemplo). 
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Já que estamos a falar de rankings, a universidade de Harvard preparou um índice de tecnologias críticas (inteligência artificial, semicondutores, biotecnologia, espaço e tecnologia quântica) onde, sem surpresa, Portugal nem sequer surge no ranking de 25 países liderado pelos EUA, seguidos da China, com a Europa em terceiro lugar, uma Europa onde apenas foram considerados Reino Unido, França, Itália, Holanda e Espanha (a vingança).

18/06/2025

A defesa dos centros de decisão nacional (34) - Restos de colecção

Outras defesas dos centros de decisão nacional.

Recordemos, uma vez mais, os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.

A propósito, recordemos a nacionalização dos bancos como parte da nacionalização das empresas críticas em vários sectores económicos durante e em consequência do chamado PREC (Processo Revolucionário Em Curso), com vista a quebrar a espinha do "capitalismo monopolista", como então se dizia segundo o Zeitgeist da época.

Decorridos cinquenta anos, o que resta desses Bancos do Povo? Para além da CGD e das miudezas que não foram nacionalizadas, como o Banco Montepio e as Caixas Económicas, os outros bancos foram sendo vendidos a accionistas estrangeiros e, por último, restava o BES resultante da compra pelo GES grupo controlado pelos antigos accionistas.

O BES que a família Espírito Santo, pela mão de Ricardo "Dono Disto Tudo" Salgado, levou à falência, seria resgatado em 2014 dando origem ao BES Mau (que até agora custou aos contribuintes mais de 8 mil milhões de euros) e ao BES Bom, sendo este último comprado pelo fundo americano Lone Star em 2017, mantendo-se o Fundo de Resolução como accionista minoritário.

Foi há dias anunciado que o Novo Banco seria vendido ao grupo francês BPCE por 6,4 mil milhões de euros dos quais cerca de 2 mil milhões serão recuperados pelo Fundo de Resolução, reduzindo assim os custos para os contribuintes para uns 6 mil milhões de euros. 

Moral da estória, os Bancos do Povo nacionalizados para os subtrair ao controlo pelo capitalismo monopolista doméstico são hoje controlados principalmente pelo capitalismo espanhol, francês, chinês e angolano. 

17/06/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (63)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Centeno é um estereótipo do apparatchik socialista e o BdP é demasiado pequeno para o seu ego

Esta Crónica é inteiramente dedicada ao Dr. Centeno, que bem merece depois ter passado quase cinco anos no ministério das Finanças de onde saiu, substituído pelo seu ex-secretário de Estado Dr. João Leão, para se autonomear (através do Dr. Costa) governador do BdP, instituição que dele dependia enquanto ministro. Como se fosse pouco, o Dr. Centeno, aproveitando a vacatura de primeiro-ministro quando o Dr. Costa se demitiu em Novembro de 2023, ofereceu-se para S. Bento em entrevista ao Financial Times e mais tarde sussurrou para jornalistas amigos a sua disponibilidade para Belém.

Quanto ao BdP ser demasiado pequeno para o Dr. Centeno, teremos de concordar porque, como explicou o outro contribuinte, competindo ao BCE a supervisão das instituições bancárias a que faz sentido chamar bancos com sede em Portugal, isto é as quatro "entidades significativas" BPI, BCP, CGD e Novo Banco, resta ao BdP a supervisão das entidades "insignificativas" tais como as Caixas Agrícolas, o Banco Montepio e outras miudezas, bem como o gabinete de estudos e as estatísticas financeiras. A única coisa que pode consolar o Dr. Centeno é que deve ser o director de gabinete de estudos mais bem pago do mundo com um salário anual de 273 mil euros que o coloca acima do presidente da Fed.

Tudo isto se consegue entender com algum esforço num contexto em que os apparatchiks socialistas se consideram, por assim dizer, proprietários do Estado sucial. Mais difícil de perceber, porque revela que o Dr. Centeno, extasiado consigo próprio, poderá ter perdido de vez o contacto com a realidade ao produzir um discurso delirante de grandeza imaginária no cenário humilde da Caixa Agrícola de Torres Vedras onde nos informa
«Em 2014, pagaram-se 30 mil milhões em salários às famílias portuguesas. Em 2024, este valor já era superior aos 60 mil milhões de euros. Fizemos mais para melhorar os salários das famílias nestes dez anos do que nos 900 anos anteriores", disse o governador numa intervenção numa conferência que assinalou os 110 anos da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras. Nunca antes, na História do nosso país, conseguimos transformar tantas coisas em tão pouco tempo.»

16/06/2025

Crónica da passagem de um governo (3)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Reformas? Só se não doerem!

O programa que o governo irá aprovar no parlamento com umas pantagruélica 250 páginas lá vem com o tempero das reformas e a receita do costume: redução dos impostos (mantendo a despesa pública - não haverá despedimentos garante-se), aumento do salário mínimo. Também tem inovações: o reforço da defesa (sobretudo pela contabilidade criativa), a imigração “regulada e humanista” e a “mobilização de todos para ultrapassar a crise da habitação” (esta é um autêntico achado) , etc. 

Perdoem-me a falta de fé mas não há reformas sem dor.

O governo AD inova na área da military deception

Esqueçam documentos falsos, exércitos fantasmas, tanques infláveis, aeródromos fictícios, mensagens de rádio falsas, o Dr. Montenegro e o seu governo adoptaram uma nova táctica para enganar o inimigo. Putin e os seus exércitos que se cuidem, o governo AD vai utilizar a contabilidade criativa para confundir o inimigo. Segundo o semanário de reverência, para atingir a despesa de defesa exigida pela NATO o governo incluirá no orçamento da defesa despesas da GNR, combate aéreo a incêndios florestais e até pensões dos militares reformados.

Um Estado sucial extorsionário tem de ser “distorsionário”

Extorcionário  |  "distorcionário"

A fé é que os salva? (continuação)

Como já referi a semana passada, o governo está praticamente sozinho nas previsões de crescimento e dos excedentes orçamentais deste ano e do próximo e também não ajuda o comportamento do comércio externo em Abril com as exportações a caírem 5,7% e as importações a aumentarem 2,4% em relação a Abril do ano passado. A isso se acrescenta o aumento de 2,1% para 2,3% da inflação em Maio. Um cenário cinzento, to say the least, apesar da «persistência de políticas expansionistas (o que) não constitui uma estratégia prudente», como salienta o Dr. Centeno do alto da sua torre de marfim do BdP.

15/06/2025

Dez anos de «Em defesa do SNS, sempre», «O SNS é um tesouro» e os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Nos oito anos em que o PS ocupou o governo, os seus dirigentes e porta-vozes saturaram os mídia com mantras de agit-prop como «em defesa do SNS, sempre» ou «o SNS é um tesouro» ao mesmo tempo que os seus governos reduziam para 35 horas os horários de trabalho ou seja menos 12,5%, redução que, garantiam o governo o Dr. Centeno e o Dr. Marcelo, não teria impacto orçamental, orçamentavam aumentos do investimento nunca executados, inchavam as listas de espera e atingiam 1,7 milhões de "utentes" sem médico de família (ver o relatório do CFP Evolução do Desempenho do Serviço Nacional de Saúde em 2023).

Enquanto os discursos subiam de tom, o sector privado de saúde prosperava com a migração de "utentes" que dispunham de seguros de saúde familiares ou, mais frequentemente, do seguro de grupo das empresas que face à paralisia do SNS perceberam que oferecer um seguro de saúde era um factor atractivo importante. Nos dois anos anteriores o volume de prémios do seguro de saúde aumentou 16,7% e 17,5%, respectivamente, enquanto a facturação dos hospitais privados crescia 11,6% o ano passado e atingia 2,5 mil milhões de euros (fonte). Entretanto o SNS continua mergulhado na sua ineficácia e nos seus escândalos e o governo da AD garante-nos que os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS».

14/06/2025

Double standards: There are insurrections for good causes and there are protests for bad causes

The good insurrection vs the bad protest

«IS THE UNREST in Los Angeles a one-off? Or is it the beginning of a summer of unrest, and of crackdowns by President Donald Trump, who has no patience for protesters in Democratic cities? (...)

On June 9th the Pentagon announced the deployment of hundreds of marines to the city to backstop the National Guard. That is unwise. Marines are not experienced in law enforcement. As the defence secretary likes to point out, soldiers are trained to kill. 

On the contrary, when the president who pardoned his own Capitol-charging insurrectionists sends in troops to take on Democrat-supporting Angelenos, his loyalists are more likely to put aside their worries about the economy or the fuss surrounding the ex-DOGE boss, Elon Musk. The danger is that Mr Trump tries this tactic in other Democratic strongholds, too.»

(What’s happening in LA could be a template for the Trump administration)

13/06/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (2)

[Continuação daqui]

Há dias o Expresso, um grande entusiasta das startups lusas, titulava com tristeza «Startups nacionais com pouca saída: faltam oportunidades de desinvestimento em Portugal» querendo significar que um número cada vez menor de startups consegue encontrar investidores privados (venture capitalists) e por isso ficam penduradas no Estado sucial via Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco participada pelo Banco Português de Fomento que desde 2012 até ao ano passado registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou.

Dificilmente poderia ser de outro modo porque apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre têm o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam.

12/06/2025

Dito de outro modo...

Fonte

... os Estados chinês e americano irão sacar aos seus contribuintes 10% e 55%, respectivamente, sobre os produtos importados do outro Estado, esperando o Sr. Trump que daí resulte que os americanos deixarão de consumir bens chineses a uma fracção do preço dos bens americanos equivalentes ou, em alternativa, que as empresas chinesas vão produzir esses bens nos EUA a um múltiplo dos preços equivalentes se produzidas na China.

10/06/2025

People who cannot distinguish between fact and fiction are the support of totalitarism

«The ideal subject of totalitarian rule is not the convinced Nazi or the convinced Communist, but people for whom the distinction between fact and fiction (i.e., the reality of experience) and the distinction between true and false (i.e., the standards of thought) no longer exist.»
Hannah Arendt, The Origins of Totalitarianism
These individuals tend to deny the facts, or they seek to select among the facts those that confirm their beliefs, or if they do not find them, they create what they call alternative facts. They also employ a double standard to evaluate friends and adversaries, whom they tend to consider as enemies.

09/06/2025

Crónica da passagem de um governo (2)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Acreditar que um ministro da Reforma reforma o Estado sucial, é equivalente a acreditar que um ministro da Cultura torna cultos os cidadãos

A principal inovação do novo governo do Dr. Montenegro é a criação de um ministério da Reforma do Estado entregue ao ministro-adjunto Dr. Gonçalo Saraiva Matias, que tem reputação de competente. Portanto, podemos concluir que é desta vez que o Estado sucial vai ser transformado numa máquina eficaz e eficiente? Não sabemos.

Recorde-se em primeiro lugar que, ao que parece, desde 1978 este será o 10.º ministro com esse propósito, et pourtant. Em segundo lugar, saiba-se que Zia Yusuf o ministro da Reforma do governo inglês acaba de se demitir dizendo «Já não acredito que trabalhar para eleger um governo reformista seja um bom uso do meu tempo e, por este meio, renuncio ao cargo.» Em terceiro lugar, lembre-se que até um Elon Musk com as suas doses cavalares de cetamina, o seu ego inflado e o seu DOGE, teve de fechar a loja das grandes reformas reduzindo os cortes na despesa federal a menos de 10% dos seus Magalómanos anúncios.

Boa sorte, Dr. Gonçalo Saraiva Matias

A fé é que os salva?

O governo está praticamente sozinho nas previsões de crescimento e dos excedentes orçamentais este ano e no próximo. A OCDE no seu Economic Outlook publicado há dias junta-se a outros descrentes como o CFP, o BdP e a CE para colocar em dúvida as metas do governo.

Boa sorte, Dr. Miranda Sarmento.

A bazuca do Dr. Costa continua encravada nas mãos do Dr. Montenegro

Depois de 4 anos a torrar o dinheiro do PRR e a um ano de terminar o prazo para a torrefacção só um terço dos investimentos estão concluídos ou em linha o plano de investimento. Concluir-se que poderá haver desperdício dos fundos pressupõe que os projectos financiados têm um retorno adequado para a economia, o que a avaliar pelos oceanos de dinheiro desperdiçados em 44 anos é uma conclusão arrojada, como se pode concluir do diagrama seguinte.
 
mais liberdade

A pactologia não assegura uma vida longa ao Dr. Carneiro

Que o putativo novo líder do PS tenha declarado que irá propor ao governo cinco pactos de regime na política externa e europeia, Defesa, Segurança, Justiça e organização do Estado, é uma louvável e rara manifestação de bom senso político. Infelizmente, no estado actual do exercício da política no Portugal dos Pequeninos (e em vários outros países) isso não lhe assegura que não seja apeado na primeira oportunidade pela facção berloquista ou outra qualquer.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Que o SNS não está de boa saúde, nomeadamente desde que o Dr. Costa decretou a reversão do horário de trabalho para 35 horas, não oferece dúvidas. Já saber a gravidade da doença é mais difícil num país onde a respeito dos obstetras do Hospital Garcia de Orta a informação jornalística nos diz coisas tão diferentes como existem 17 profissionais e vão ser contratados mais 2, que «vai perder mais dois obstetras. São já nove só este ano» ou ainda que «vai ficar com apenas três obstetras».

Consequências imprevistas do intervencionismo nos preços

«A tarifa regulada corresponde ao preço da energia que é definido anualmente pela ERSE e aplicado aos clientes que ainda estão no mercado regulado de eletricidade». A tarifa regulada seria assim uma espécie da tarifa social para os pobrezinhos. Seria, mas não é porque pode sair mais cara do que as tarifas propostas pelos operadores no mercado livre.