Ó Dr. Matias, antes do Portugal dos Pequeninos ser líder de alguma coisa, é preciso que Estado sucial funcione decentemente
Talvez empolgado pela plateia da Web Summit, o Dr. Matias, ministro da Reforma do Estado, declarou solenemente que Portugal «tem todas as condições para se tornar um líder mundial na IA». Não carece, por agora já ficaríamos felizes se não fosse preciso esperar um ano para criar uma “Empresa na Hora”. Se não conseguir reformar o Instituto de Registos e Notariado, mude o nome da coisa para “Empresa no Ano”. Em qualquer caso, não contrate os dois mil funcionários que lhe dizem ser necessários.
Boa Nova?
O semanário de reverência festeja o aumento homólogo de 192 mil empregos no 3.º trimestre da população empregada para 5,3 milhões e a criação de quase um milhão de empregos nos últimos dez anos. Os aumentos do emprego superiores ao crescimento real do PIB significam que estão a ser criados empregos pouco sofisticados em actividades de baixa produtividade.
Querer fazer o lugar do outro
Desde que foi anunciada pelo governo a intenção de abolir a fiscalização prévia dos contratos públicos o Tribunal de Contas vem fazendo a sua campanha para a manter, propósito que releva mais da preocupação de não perder poder do que de apego ao combate à corrupção. A presidente do TdC afirmou no parlamento que «é a intervenção do Tribunal que garante a credibilidade financeira do Estado português» sem se dar conta de que está a responsabilizar-se pela falta de credibilidade do Estado.
Outro exemplo de instituições que pretendem fazer o lugar de outras, é o caso do grupo parlamentar do PSD que classificou como «completamente desalinhadas» as previsões económicas e orçamentais pondo em causa «a racionalidade e metodologia utilizada» pelo Conselho das Finanças Públicas a quem compete fiscalizar o cumprimento das regras orçamentais e a sustentabilidade das finanças públicas, Conselho que colocou em dúvida as previsões do governo subjacentes à proposta de OE 2026
Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»
| mais liberdade |
O gráfico confirma que despejar dinheiro em cima dos problemas não os resolve. Enquanto a despesa do SNS a preços constantes aumentou 41% em dez anos (em termos nominais o aumento foi de 72%), o número de actos médicos aumentou muito menos, salvo no caso das cirurgias em que aumentou apenas mais 2%, certamente muito à custa do expediente das “cirurgias adicionais” pagas com um tarifário especial.

