Agora é oficial. Estamos mesmo a afundar.

- Olha pai, sou gay.(Inspirado no doloroso lamento do doutor António Guerreiro, no caderno Actual do Expresso, acerca do estado da homossexualidade em Portugal: «é verdade que a Marcha do Orgulho Gay e Lésbico, em Lisboa, não é um espectáculo entusiasmante e resulta em algo pindérico e frouxo».)
- Deixa lá filho. E eu que tenho bicos de papagaio?
«As soluções passam por parcerias com privados para dinamizar a vida em torno do estádio, por exemplo, construir um hotel que permita melhor aproveitamento do turismo desportivo, passam pela construção de um parque de lazer para aquela região e por resolver o problema do hospital.»Esperava-se que o doutor Apolinário explanasse o seu grandioso desígnio, por exemplo explicando onde irá desencovilar «privados» para torrar dinheiro no estádio. Ou, por exemplo, sugerindo a sua utilização para jogos de solteiros britânicos contra casados alemães, jogos que certamente produziriam inúmeras lesões que seriam tratadas no hospital a construir com o dinheiro de investidores russos amigos do presidente Putin.
Todos eles nos ficaram a conhecer (a nós ou à Jerónimo Martins) o que os autorizou a dizer coisas simpáticas ou antipáticas, mas certamente justas, do seu ponto de vista. Se disseram mal, disseram-no com um módico de conhecimento da causa. Só temos que agradecer-lhes por isso.
Diferente é o caso dum pedante prenhe de pesporrência que assinou como AA Gill uma review do restaurante Tugga na King's Road, Londres. Aceita-se que a luminária enfatuada não tivesse gostado da mistela que lhe foi servida. Também se aceita, com um pouco de esforço, que a alcachofra amaricada torne extensivo a toda a cozinha nacional o seu desamor pelas rações que lhe foram servidas no tugúrio.
Repudiam-se com veemência as considerações que a alimária emproada faz sobre um país onde nunca esteve e um povo que não conhece. Para dizer mal dum país é preciso amá-lo ou odiá-lo. Não basta não o conhecer.
Exortam-se todos os bloguenautas a enviar um email ao TimesOnLine com uma boa colecção de insultos dirigidos ao jumento empertigado. Chamar-lhe, como o fez a Vitriolica, «miserable little whingeing git» é um bom começo.
Calamidade inaugurada
O primeiro-ministro deste governo vai inaugurar na próxima semana na Marinha Grande uma «incubadora de empresas» com 4.600 m2 que custou 3,1 milhões dos quais 1,2 milhões directamente extorquidos aos contribuintes. A «incubadora» destina-se a dar abrigo a 32 empresas (8 industriais e 24 de serviços), mas até agora só há 10 candidatos que estão a ser avaliados.
A coisa arrasta-se desde 2002, pelo que as frangas que tinham ovos para chocar há 3 anos ou foram chocá-los para outro lado ou foram usadas para fazer canja. A esperança, que nestas coisas dá sempre jeito, leva-nos a esperar que possamos contar com ovos no cu das 10 atrevidas frangas que estão na bicha. A fé ajuda-nos a considerar resolvido a favor da galinha o dilema de quem nasceu primeiro.
O resultado é garantido porque os putativos pintos, frutos do labor inovativo, serão devidamente tratados pela «equipa pluridisciplinar para apoiar as empresas».
Tout va très bien, Madame la Marquise
Allô, allô James !
Quelles nouvelles ?
Absente depuis quinze jours,
Au bout du fil
Je vous appelle ;
Que trouverai-je à mon retour ?
Tout va très bien, Madame la Marquise,
Tout va très bien, tout va très bien.
Pourtant, il faut, il faut que l'on vous dise,
On déplore un tout petit rien :
Un incident, une bêtise,
La mort de votre jument grise,
Mais, à part ça, Madame la Marquise
Tout va très bien, tout va très bien.
Allô, allô James !
Quelles nouvelles ?
Ma jument gris' morte aujourd'hui !
Expliquez-moi
Valet fidèle,
Comment cela s'est-il produit ,
Cela n'est rien, Madame la Marquise,
Cela n'est rien, tout va très bien.
Pourtant il faut, il faut que l'on vous dise,
On déplore un tout petit rien :
Elle a péri
Dans l'incendie
Qui détruisit vos écuries.
Mais, à part ça, Madame la Marquise
Tout va très bien, tout va très bien.
Allô, allô James !
Quelles nouvelles ?
Mes écuries ont donc brûlé ?
Expliquez-moi
Valet modèle,
Comment cela s'est-il passé ?
Cela n'est rien, Madame la Marquise,
Cela n'est rien, tout va très bien.
Pourtant il faut, il faut que l'on vous dise,
On déplore un tout petit rien :
Si l'écurie brûla, Madame,
C'est qu'le château était en flammes.
Mais, à part ça, Madame la Marquise
Tout va très bien, tout va très bien.
Allô, allô James !
Quelles nouvelles ?
Notre château est donc détruit !
Expliquez-moi
Car je chancelle
Comment cela s'est-il produit ?
Eh bien ! Voila, Madame la Marquise,
Apprenant qu'il était ruiné,
A pein' fut-il rev'nu de sa surprise
Que M'sieur l'Marquis s'est suicidé,
Et c'est en ramassant la pell'
Qu'il renversa tout's les chandelles,
Mettant le feu à tout l'château
Qui s'consuma de bas en haut ;
Le vent soufflant sur l'incendie,
Le propagea sur l'écurie,
Et c'est ainsi qu'en un moment
On vit périr votre jument !
Mais, à part ça, Madame la Marquise,
Tout va très bien, tout va très bien.
«As infra-estruturas de transporte têm um tempo de vida útil bastante longo. O facto de exigirem montantes de investimento bastante elevados - e que são pouco flexíveis - implica que quaisquer erros cometidos na tomada de decisão saiam muito caros e tenham efeitos de longo prazo nefastos.»Recordei então, outra vez, as palavras do ministro das Obras Públicas (segundo o Público de 20-07):
«"Cada um dos projectos será depois avaliado à medida que for sendo implementado", afirmou o ministro, considerando que essa é a atitude normal neste tipo de obras.»Como terá sido possível um homem competente e bem preparado, que não pode desconhecer o que um estudante de Economia não ignora, sucumbir à tentação jacobina de usar os argumentos «adequados» aos fins que supõe justos?
«É difícil fazer desaparecer o eucalipto, porque arde e no ano seguinte já rebenta outro. O pinheiro, depois de cada ciclo de fogo, reaparece, embora mais débil. Por outro lado, temos a ignorância nacional. Podem comprar os aviões, dar desculpas, mobilizar as populações, mas enquanto não se fizer o ordenamento florestal, não conseguem nada.(Entrevista de António Campos ao JN de 27-06, via Blasfémias)
No Instituto Nacional de Investigação Agrária estão 600 cidadãos, pagos como professores universitários, a estudar o nascer e o pôr do sol, quando deviam estar a fazer o melhoramento das espécies. Por exemplo, o castanheiro tem a doença da tinta, a França já conseguiu resolver o problema, se não somos capazes vamos aprender. Os nossos carvalhos da Serra de Monchique são únicos e não são tratados. Há uma senhora isolada no politécnico de Bragança a estudar as espécies e agora foram buscar para subdirector da Direcção-Geral das Florestas a única senhora que estudava os carvalhos na universidade em Vila Real.»
«Está cada vez mais evidente o esquema armado pelas cabeças mais brilhantes do PT. Apesar de ter beneficiado somente "elites de camaradas", o "Valerioduto" foi um dos poucos, se não o único, programas de distribuição de renda que realmente funcionaram no governo Lula.»(Carta do leitor Ricardo Hin de Manaus, AM, na Veja de 3 de agosto)
le penseur lui-même, son oncle, grand-papa, avozinho
«Uma coisa é o "liberalismo" teórico que cada um de nós, lendo e estudando, pode elaborar para consumo intelectual privado. Outra coisa há-de ser uma "política liberal". Essa será feita por políticos que precisarão de persuadir eleitores, e barganhar com adversários. Ninguém pode, de antemão, prever exactamente a forma que hão-de ter ideias postas em comum, nem os compromissos que será necessário aceitar para ressalvar certos princípios. Dependerá das circunstâncias. É frustrante? É assim.
Não bastam ideias "liberais". Precisamos de políticos "liberais". Mas não esperem tudo desses políticos. Talvez um projecto inspirado pelas tradições ditas liberais seja a solução para os problemas do Estado Social. Talvez. Nunca será, porém, a solução dos problemas dos portugueses. Esses, se tiverem solução, devem ser resolvidos por cada um dos portugueses. Há certamente vida para além do Estado Social. Mas há-de ser a vida que cada um de nós quiser e poder ter. Ninguém tem o direito de pedir mais, e ninguém tem poder para dar mais.»
«O ministro das Obras Públicas ... afirmou hoje que travará a construção de novas linhas ... até que fique solucionada a sustentabilidade económico-financeira do projecto, que acusa de já ter gasto o triplo das verbas inicialmente previstas. ...garantiu que "há desenvolvimentos deste projecto já executados que não têm suporte financeiro. O Governo anterior não o assegurou, o que cria uma situação difícil ...", argumentou ainda.»(notícia do Público de sábado passado, que poderá ser uma antevisão a 4 anos das declarações a respeito do TGV do sucessor do engenheiro Lino, que entretanto já estará a fruir as suas várias reformas)