Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/08/2017

ARTIGO DEFUNTO: A lista de Salgado (4) - Quem tem telhados de vidro não deve andar à pedrada

Continuação de (1), (2) e (3)


«Quando ainda se aguarda a divulgação da lista dos jornalistas e dos políticos avençados pelo GES, está em curso a caça às viagens pagas aos políticos e aos dirigentes dos serviços públicos. Mandará o rigor que o esforço de transparência e escrutínio seja extensível aos jornalistas que aos longo destes anos viajaram a expensas de empresas e depois publicaram peças jornalísticas. Isso é que era transparência a sério.»

António Galamba, um socialista transviado, no jornal i

Recordando:

Em Abril do ano passado o Expresso e a TVI divulgaram as primeiras informações sobre os Papéis do Panamá e na mesma ocasião foi referida a existência de uma lista de avenças e compensações pagas pelo GES a mais de uma centena de pessoas, incluindo políticos, gestores e jornalistas.

Mais tarde pressionado por o assunto ter sido morto (por causa dos jornalistas?) o Expresso publicou uma Nota Editorial onde esclareceu que «a lista de alegados pagamentos não está nos Panama Papers. Está no Ministério Público».

Seja lá onde estiver a lista de alegados pagamentos não seria possível os senhores jornalistas darem-nos a conhecer quais de entre eles estavam avençados pelo DDT?

ESTADO DE SÍTIO: Um país parasitado pelo Estado Sucial e governado por utentes da vaca marsupial pública

«Espreitando a biografias dos nossos governantes, constata-se que dos 18 ministros (incluindo o Primeiro), 12 são funcionários públicos, e aos restantes 6 pouca experiência empresarial se lhes conhece.

Convenhamos que é muito difícil para alguém a quem o emprego e o salário ao fim do mês foram sempre realidades imutáveis e sagradas perceber a ansiedade dos "portugueses", cuja vida depende em cada momento de um enorme conjunto de fatores que não controlam. (...)

Um governo insensível a esta realidade, porque a não conhece, entretém-se a impor normas e obrigações que exasperam quem as tem de cumprir e que minam a competitividade. (...)

E isto para já não falar dos poucos idiotas que um dia se lembram de fazer qualquer coisa, metendo o seu dinheirinho em qualquer negócio. O caso é logo configurado como um atentado pela miríade de "serviços públicos" (o nome só pode ser mesmo para gozar com o lorpa do cidadão) que acometem sobre o estúpido empreendedor todo o tipo de licenças, autorizações, inspeções, declarações, atestados e outra balística própria do léxico do funcionalismo.

O agravamento do fenómeno fica agora explicado ao escrutinar a origem profissional dos ministros.

Temos um Governo de funcionários públicos que derrota um país de "portugueses". Parabéns aos vencedores.»

«Portugueses, 0 - Funcionários públicos, 1», Isabel Stilwell no Negócios


Vaca marsupial pública
Tem mamas, mas não é um mamífero, muito menos uma vaca. É um gigantesco e dispendioso dispositivo de concessão de sinecuras, financiado pela extorsão duma classe de tansos chamados contribuintes. O marsúpio aloja no seu seio muitas dezenas de milhar de vitelos mamões, confortavelmente protegidos do estresse do mundo real, que produzem, com má cara e maus modos, uns vagos serviços caríssimos e de má qualidade.

30/08/2017

A maldição da tabuada (45) - O multiplicador dos alívios fiscais

Títulos do dnoticias.pt citando a agência do regime e do Observador  
Pedro Nuno Santos, aquele rapaz berloquista que entrou para o PS e é agora secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, o mesmo que in illo tempore (foi em Novembro de 2011, mas parece ter sido há décadas) se estava marimbando para os credores e faria tremer as pernas dos banqueiros alemães, esse mesmo, mostrou ser já um verdadeiro socialista, partilhando a fé no multiplicador que aplicou aos 1,6 milhões para transformar em 3,6 milhões e ao mesmo tempo evidenciando as dificuldades comuns da esquerdalhada com a aritmética elementar.

ESTÓRIA E MORAL: Quem não tem dinheiro não tem vícios nem delicatessen

Estória

Há décadas que os médicos e os dietistas vêm induzindo toda a gente, em particular os obesos e os com colesterol elevado e um risco elevado de doenças cardíacas, a adoptar uma dieta mediterrânea.

No entanto, as conclusões de um estudo da equipa italiana Moli-sani Study Investigators, baseado na análise de 18 mil indivíduos e publicado recentemente no International Journal of Epidemiology apontam noutro sentido:

«MD is associated with lower CVD risk but this relationship is confined to higher socioeconomic groups. In groups sharing similar scores of adherence to MD, diet-related disparities across socioeconomic groups persisted. These nutritional gaps may reasonably explain at least in part the socioeconomic pattern of CVD protection from the MD.»

Em suma, a dieta mediterrânica só funciona para quem tiver um alto rendimento ou uma elevada educação, isto é para quem não precisa muito dela porque não come habitualmente as comidas farta-brutos do povo ainda com memória geracional das fomes seculares.

Moral

Quem não tem dinheiro, além de não poder ter vícios (a menos que tenha crédito), também pouco lhe adiantariam as dietas saudáveis, se as adoptasse.

29/08/2017

CASE STUDY: Consequências indesejadas das políticas de affirmative action

affirmative action foi o resultado das lutas contra discriminação racial nos Estados Unidos no início dos anos 60. Começou no domínio laboral, alargou-se à discriminação de sexos e mais recentemente ao ensino universitário com decisões dos tribunais autorizando as faculdades e universidades a considerar a raça ou etnia como um factor de admissão.

Há poucos dias o NYT publicou um estudo muito bem documentado cujo título sumariza as principais conclusões: «Even With Affirmative Action, Blacks and Hispanics Are More Underrepresented at Top Colleges Than 35 Years Ago». Segundo Confúcio (ou Mao Ze Dong para os seus seguidores que hoje se sujeitam à liderança dos trotskistas no BE, o que fará Mao e Estaline rebolarem de raiva nos seus mausoléus), uma imagem vale mais do que mil palavras. Aqui ficam alguns dos diagramas que confirmam as principais conclusões.



Em consequência da affirmative action a representação dos negros e dos hispânicos diminuiu no conjunto e em especial nas admissões às faculdades e universidades «altamente selectivas», apesar de ter aumentado nas «menos selectivas». De acordo com os especialistas consultados pelo NYT «a sub-representação persistente decorre geralmente de questões de equidade que começam anteriormente. As escolas primárias e secundárias com grande número de estudantes negros e hispânicos têm menos probabilidades de ter professores experientes, cursos avançados, materiais de instrução de alta qualidade e instalações adequadas».

Nem os especialistas nem o NYT explicam porque razão outras minorias, como a asiática que aumentou a sua representação, não são afligidas por este fenómeno. Nem explicam as razões dessas escolas com grande número de estudantes negros e hispânicos terem menos probabilidade de ter professores e condições adequadas, mas parece evidente isso resulta de se situarem em zonas mais pobres. E porque são mais pobres essas zonas com maiores representações de negros e hispânicos (mais dos primeiros do que dos segundos)? A resposta mais óbvia é que são mais pobres porque têm mais negros e hispânicos. E porque negros e hispânicos são mais pobres? Porque vivem em zonas mais pobres?

Deixando a circularidade argumentativa, o que me parece claro é que estes problemas de desigualdade não se resolvem com a engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto.

SERVIÇO PÚBLICO: Da próxima vez também não vai ser diferente (10)

[Uma espécie de continuação de «Too big to fail» - another financial volcanic eruption in the making (1) e (2) e de «Da próxima vez também não vai ser diferente»]


No conjunto, os países da UE28, incluindo a Noruega, atravessaram 50 crises económicas desde 1970, com o máximo a ser atingido em 2009 quando 18 países simultaneamente tiveram crises sistémicas nos mercados bancário, soberano, monetário e de capitais.

Repare-se que a criação do euro, que se esperavam criasse maior estabilidade sistémica, pelo contrário amplificou a instabilidade - ainda que em boa verdade a crise internacional de 2008 a tivesse potenciado.

Da próxima vez vai ser diferente? Depois de vários anos de alívio quantitativo, com o BCE a despejar dinheiro na Zona Euro e a reduzir as taxas a zero, exponenciando a apetência pelo risco e o investimento em projectos que serão inviáveis quando as taxas voltarem à normalidade histórica, é caso para dizer que não só não vai ser diferente como será provavelmente pior.

28/08/2017

Pro memoria (354) - Liberdade de imprensa segundo os líderes socialistas

Por falar em Sócrates e no seu mundo putrefacto e no vício que partilha com o «merdas do Costa», como ele lhe chamou, de tentar controlar os mídia, coisa para a qual os mídia frequentemente se põem a jeito, evoco um episódio que diz muito sobre esse vício narrado por Henrique Monteiro a propósito de um artigo do animal feroz recentemente publicado pelo Público:

«É nesta frase "jornalismo decente e honesto" que me quero centrar. Eu sei bem o que Sócrates considera jornalismo decente e honesto. É, por exemplo (e isto passou-se comigo, quando era diretor do Expresso), telefonar fora de si a pedir - mais do que pedir, um misto de implorar e exigir com ameaças - que se retire da edição um artigo a seu respeito. Era um artigo a que não quis responder, desmentir ou outra coisa qualquer. Quis apenas que fosse retirado, como se tal ato de censura fosse normal, decente ou honesto.

Do jornalismo "decente e honesto" de Sócrates faz parte, ainda, colocar condições para que se realize uma entrevista em vésperas de eleições legislativas nas quais se recandidatava a primeiro-ministro. Essa condição era uma: eu não estar presente, apesar de ser o diretor do jornal. Na verdade, sei algumas coisas sobre ele, incluindo como pessoas próximas do então chefe do governo arranjaram e-mails internos do 'Público' para tramarem Belém. 

Do jornalismo "decente e honesto" de Sócrates faz ainda parte mentir sobre o que este jornal escreveu (o que obrigou o jornal que engoliu a patranha, o 'JN', a publicar um desmentido que eu próptio enviei) e nunca se escusar por isso, não respondendo a uma carta que recebeu, apesar de enviada com protocolo que prova tê-la recebido.»

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (98)

Outras avarias da geringonça.

A semana que passou foi rica em episódios notáveis. Começo pela entrevista ao DN de uma secretária do Estado, até agora desconhecida, cujo passado se resume a colaboradora desse prodígio da sociologia marxista prof. Boaventura de Sousa Santos e a colaboradora de António Costa como MAI, como presidente da câmara de Lisboa e como chefe do governo. Em vez de falar sobre o seu pelouro, a modernização administrativa, à entrevistadora (por sinal uma ex-namorada de José Sócrates, especialista no coming out) , declarou-lhe com que sexo costuma partilhar os lençóis. O governo e a sua imprensa celebraram com brio a declaração que distraiu o povo dos incêndios, das armas de Tancos e das cativações. Por exemplo o semanário de reverência dedica toda uma página ao tema, página ilustrada com uma foto formato A4 da criatura encarnando o estereotipo andrógino característico das lésbicas.

O mesmo semanário de reverência tinha publicado uns dias antes uma outra entrevista àquele a quem José Sócrates chamava «o merdas do Costa que não tem tomates», onde o dito revelou a sua última epifania: um pacto de regime com o PSD em que nem ele próprio acredita.

27/08/2017

ACREDITE SE QUISER: Confundiram o Estado Islâmico com o Estado Espanhol

Não, os catalães não estão em guerra com a Espanha. É uma manif a pretexto dos atentados do Estado Islâmico
«Aconselho a que se revejam as fotos da manifestação de repúdio pelos atentados de Barcelona. Procurem um cartaz que condene os terroristas. Ou até o Estado Islâmico que reivindicou a autoria. Encontram-se cartazes contra Espanha, contra o Rei, contra o governo de Espanha que não tem competências sobre a segurança na Catalunha e contra a venda de armas, coisa assombrosa quando se sabe que os terroristas usaram facas, automóveis e botijas de gás. Também havia pelo menos um cartaz contra a islamofobia. Contra os terroristas eles mesmos e contra o terrorismo é que é difícil encontrar. E claro muitas papeletas a dizer que não têm medo. De facto não devem ter. O medo faz parte da sobrevivência.»

Um Post Scriptium em «O paradoxo» de Helena Matos no Observador

Lost in translation (297) - Ele queria dizer "austeridade alternativa"


Owen Jones, o comentador e activista político com um fácies de copinho-de-leite, adepto do «socialismo democrático» fabiano, que defende a convivência entre a democracia política e a propriedade social dos meios de produção, convivência cuja inviabilidade a história já mostrou abundantemente, escreveu no Guardian, um locus onde se podem encontrar muitos outros adeptos da mesma doutrina, um artigo sobre a experiência da geringonça lusitana onde tenta demonstrar a justeza do título.

Alguém deveria explicar ao jovem Jones que a alternativa de Costa à austeridade, com os seus aumentos de impostos, perdões fiscais, cativações, cortes do investimento e aldrabices no orçamento e nas contas, é mais exactamente uma «austeridade alternativa».

E se ele pensa que that lie has now been nailed deve ser porque só tem um martelo e vê tudo como pregos.

26/08/2017

Pro memoria (353) – Sócrates e o seu mundo putrefacto, o «merdas do Costa que não tem tomates», a amiga Clara que «fez o seu melhor», o mano Costa que achou um grande texto e o agente duplo Galamba

[Como que uma sequela daqui]

Saíste-me cá um merdas sem tomates... 
António Costa também não é esquecido na conversa. Guilherme Dray lamenta a sua ausência nas cadeiras da frente: «Foi pena o Costa. Parece que não conseguiu entrar... ». Mas o interlocutor, de ego insuflado, interrompe-o: «Ele é um m**das. Tinha lugar mesmo à minha frente, ainda o foram buscar à fila, mas ele não quis entrar. É porque já não ia com vontade...».

Dois dias depois, numa conversa com o amigo e deputado Renato Sampaio, José Sócrates volta à carga: «Os da direita estão cheios de medo [de mim] e o m**das do Costa está cheio de ciúmes». Voltar à liderança do partido e às rédeas do poder era para ele, mais do que uma prioridade, uma 'predestinação' de um homem criado na província. 

O chefe que a direita queria ter
Foi esta ideia, aliás, que fez passar numa entrevista ao Expresso, dias antes de o livro ser lançado. O jornal promoveu abundantemente a entrevista no seu site, destacando algumas frases. Numa delas, Sócrates afirmava ser «o chefe democrático que a direita sempre quis ter». A 'esquerda' do PS não gostou. E os comentários choveram nas redes sociais. (…)

E Peixoto receia que Clara Ferreira Alves, autora da entrevista, pregue alguma rasteira. Mas Sócrates prevenira-se: «Falei com o Mário Soares, que falou com a Clara, que lhe disse que eu não tinha de ficar preocupado porque ela fez o seu melhor. E o Ricardo Costa até me disse que estava um grande texto». (…)

Neste grupo, porém, havia agentes duplos. Galamba mantém relações com Sócrates mas também com Costa. Em março, por exemplo, António Peixoto reencaminha a Sócrates um sms enviado por João Galamba a António Costa, e transmite-lhe uma informação que Galamba lhe passara: «Disse-me que o Costa quer chegar a primeiro-ministro e não a Presidente da República».

E Sócrates, que não encontrava ninguém para esse cargo melhor do que ele próprio, conclui: «O Costa não tem 'tomates' para isso».

Excertos de um artigo do jornal SOL transcrevendo e comentando as escutas da Operação Marquês

Proposta de petição para demolição de um símbolo do fascismo


Quarenta e três anos depois da queda do fascismo ainda existem em Portugal monumentos glorificando o Estado Novo, insultando o Povo português e a memória de gerações de luta contra a ditadura e afrontando o espírito da democracia implantada pela Revolução do 25 Abril, obra do glorioso MFA em aliança com as Forças Democráticas e o Povo Português.

Comício na Fonte Luminosa no dia 19 de Julho de 1975 das forças da reacção em aliança com a Igreja
onde os líderes da Forças Progressistas foram chamados «paranóicos» e «dementados»
Nós os abaixo assinados, inspirados e identificados com a dinâmica progressista de remoção de símbolos do colonialismo, do supremacismo, da discriminação de géneros e de minorias, exigimos a demolição da Fonte Luminosa, símbolo do Estado Novo fascista, utilizado pelas forças anti-progressistas e reaccionárias para combater as conquistas do 25 de Abril.

DIÁRIO DE BORDO: O Céu visto da terra (16)

[Outros céus vistos de outras terras]

Foto "artística" da estrela gigante Antares da constelação Escorpião, a mais detalhada até hoje, tirada há poucos dias pelo Very Large Telescope Interferometer do European Southern Observatory

25/08/2017

SERVIÇO PÚBLICO: O politicamente correcto e o sexo dos anjos; perdão, o género dos anjos


«Há ainda um aspecto significativo: de todas as tendências ocidentais, esta é a única que não tem aspirações universais. Os seus defensores, que combatem a separação entre brinquedos para meninos e meninas, nada têm a dizer sobre a segregação dos sexos nas comunidades islâmicas. A barbie indigna-os, mas a burqa não lhes diz nada. O politicamente correcto é um sinal do que pode vir a ser um Ocidente em declínio: uma aglomeração paroquial de pequenos lóbis identitários, em disputas absurdas, sob a vigilância de um poder despótico. Parece que era assim Bizâncio antes da conquista muçulmana.»

«A lógica civilizacional do politicamente correcto», Rui Ramos no Observador

Nota (moi a mostrar erudição barata): «Discutir o sexo dos anjos» era o que faziam os teólogos em Bizâncio (Constantinopla) enquanto a cidade estava prestes a ser dominada pelos bárbaros. Bárbaros que na circunstância eram os turcos otomanos, referência que me condenaria pela tropa do politicamente correcto - se por acaso eles ousassem entrar nesta fortaleza do politicamente incorrecto.

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: News-speak, exemplos recentes


George Orwell no seu «1984» imaginou uma nova língua (newspeak) criada no estado totalitário Oceania (uma União Soviética ficcionada) para controlar o pensamento dos indivíduos prevenindo o crimethink - um pensamento desviante do Partido – e pastoreando-os para o goodthinkful.

Foi por isso que no Glossário das Impertinências inserimos o termo news-speak hifenizando a palavra inventada por Orwell porque hoje é nos newspapers que se acolhe o jornalismo de causas e se amplifica a voz dos que fazem o papel dos censores da Oceania.

Alguns exemplos recentes fora da jangada de pedra (um destes dias adiciono à lista exemplos domésticos):

Em Charlottesville um «afro-americano» estudante de liceu promoveu uma petição para retirar do Emancipation Park uma estátua de Robert Lee, um herói da Guerra de Secessão, general do exército dos Estados Confederados sobre o qual Dwight D. Eisenhower, presidente dos EU e herói da II Guerra Mundial, disse o que disse. O Conselho Municipal de Charlottesville votou por maioria a favor da venda da estátua e um juiz embargou-a. O episódio deu um pretexto à alt-right para fazer o que fez, o que, por sua vez, deu um pretexto à alt-left de fazer o que fez. Tudo isto deu ondas de indignação convenientemente espalhadas pelo jornalismo de causas.

Chico Buarque, um conhecido autor e cantor brasileiro, publicou um novo álbum incluindo a canção «Tua Cantiga» com os versos «Quando teu coração suplicar / Ou quando teu capricho exigir / Largo mulher e filhos / E de joelhos / Vou te seguir». Foi suficiente para ser acusado de machismo pelo politicamente correcto tropical, apesar dos seus pergaminhos de adepto de Lula e do PT.

O engenheiro de software James Damore foi despedido depois de escrever um memo onde expunha a sua visão das diferenças entre os sexos e criticava o ambiente interno da Google adverso às ideias desalinhadas com os estereótipos do «género» adoptados pelos dirigentes da Google.

A direcção da universidade de Yale, uma das oito da Ivy League, censurou uma escultura no campus representando um índio armado e um puritano por ter sido considerada uma imagem "hostil" pela revista dos alunos da Ivy League.

24/08/2017

BREIQUINGUE NIUZ: Talaq, talaq, talaq? I'm no more fired, darling!

O triplo talaq (palavra árabe derivada de ṭalaqa "repudiar") é uma prática antiga de divórcio do islamismo indiano, que esteve em discussão no Supremo Tribunal da Índia, com a oposição dos clérigos muçulmanos que entendem que uma tradição religiosa islâmica que não pode ser modificada ou proibida por leis seculares.

Alegre-se o mulherio indiano, perdão as criaturas indianas do sexo género feminino, o Supremo Tribunal da Índia acaba de decretar inconstitucional o triplo talaq, abrindo caminho a uns belos acordos de divórcio com os homens a ter de pôr o dinheiro onde antes punham a boca, isto é o triplo talaq.

Mitos (261) – O terrorismo resulta das políticas de direita (2)

Na verdade, o mito completo é: resultam das políticas de direita «o terrorismo, a pobreza, a fome, o desemprego, os baixos salários, a criminalidade, a guerra, a degradação cultural, artística, social e ambiental». Fiquemo-nos, por agora, pelo terrorismo e vejamos mais um exemplo de terroristas indignados com as políticas de direita a acrescentar aos anteriores.

Quem é Adbelbaki Es Satty, o imã da mesquita de Ripoll desde 2015 e principal responsável pela radicalização dos autores dos atentados em Barcelona e Cambrils que causaram 15 mortos? Es Satty é um marroquino com cadastro, detido em 2010 em Ceuta com 12 quilos de haxixe e preso durante quatro anos durante os quais conheceu Rachid Aglif, condenado a 18 anos pelos atentados à bomba em Madrid em 2004 onde morreram 191 pessoas. (fonte BBC)

Mais uma alma perdida atingida por uma epifania que lhes mostrou o caminho para a redenção. É esse o padrão mais comum no terrorismo islâmico. (fonte «Profiles of terrorists» na entrada «Islamic terrorismo» da Wikipedia)

23/08/2017

DIÁRIO DE BORDO: Diferentes nos fins, iguais nos meios



Dia que o parlamento europeu escolheu para recordar as vítimas do estalinismo e do nazismo, muito bem lembrado por O Insurgente.

Procurei em vão referências ao Black Ribbon Day nos mídia portugueses infestados pelo jornalismo de causas para quem as atrocidades, os genocídios, a tirania, dependem de quem as faz - se forem os nazis (ou os supremacistas brancos, ou os racistas, etc.) são condenáveis; se forem os comunistas, essas atrocidades não existiram, ou foram por uma boa causa, ou foram um "erro".

Mitos (260) - Diferenças salariais entre homens e mulheres (2)

[Continuação daqui]

Em retrospectiva: uma boa parte das causas abraçadas pela esquerdalhada é fundada em «factos alternativos» - uma bela formulação inventada por Kellyanne Conway, secretary press de Donald Trump, ele próprio um dos mais dotados criadores de «factos alternativos» que rivaliza com o melhor que a esquerdalhada nos vem oferecendo. O pay gap atribuído à discriminação de sexos (que os imbecis chamam de género) é mais um desses factos que não resiste a uns quantos kilobytes de informação e a uns minutos de reflexão. Para acrescentar uns kilobytes e ajudar à reflexão aqui vai um excerto do Economist Espresso de quarta-feira:

Go figure: the gender pay gap

Are women really paid much less than men for the same work, as is often claimed? Figures from 25 rich and middle-income countries gathered by Korn Ferry, a consultancy, show that women make 98 cents for each dollar earned by men employed at the same organisation, level and job function. Overall, women earn on average 79% of what men do, but this gap can be almost entirely explained by the fact that men are more likely to do highly paid jobs—not because they are paid more than women doing the same work. In Britain, France and Germany, for example, around 80-90% of executive jobs, and less than two-thirds of clerical jobs, are held by men. Closing the gender pay gap will therefore depend on eliminating the barriers that prevent women reaching senior positions. Slogans demanding equal pay for equal work, however, can be safely packed away.

22/08/2017

Dúvidas (206) - E se, em vez de tentar chocar os saloios, a secretária de Estado da modernização arejasse o bafio da administração pública?

Importante, importante mesmo, não é a secretária de Estado vir expor as suas preferências sexuais que são (deviam ser) irrelevantes para a sua função no governo socialista da geringonça. Importante, importante mesmo, seria a secretária de Estado vir expor as suas ideias sobre a modernização da administração pública.

Estranho, estranho mesmo, é a primeira vez que se houve falar de uma secretária de Estado é a propósito dos desvios/orientações (cortar conforme o gosto) sexuais da criatura.

Declaração de interesse: sou heterossexual e penso que os homossexuais são... maricas

ACREDITE SE QUISER: Energia renovável não é necessariamente sinónimo de carbono neutro

Segundo a Agência Internacional de Energia para 2015 (Renewables Information - Overview 2017), a produção solar e eólica em conjunto representa apenas um quinto da geração de electricidade definida como renovável, contra mais de 70% proveniente de energia hidroeléctrica. Do restante, os biocombustíveis (como a combustão de pellets de madeira ou a queima de metano) representam mais do que os painéis solares.

Por isso, quando o jornalismo de causas ecológicas escreve sobre energias renováveis deveria mostrar fotos de barragens e turbinas em vez de "florestas" de painéis solares e parques eólicos. E deveria esclarecer que devido à decomposição anaeróbia de algas e outras matérias vegetais nas barragens, as centrais hidroeléctricas podem ser grandes emissores de metano, um gás com efeito de estufa várias vezes mais potente que o dióxido de carbono. E deveria mostra que, sendo certo que a queima de metano de resíduos agrícolas deixa uma pegada negativa de carbono, se a floresta de onde provém não for regenerada essa queima pode ser mais poluente do que a de carvão.

Em conclusão, «energia renovável» não é necessariamente sinónimo de carbono neutro. (Fonte: Why Renewable Energy Is Not As Clean As You Think»

21/08/2017

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (97)

Outras avarias da geringonça.

O know-how do governo na produção de estatísticas de causas está-lhe tão natureza que até em matérias em que a aldrabice é facilmente verificável não resiste a aldrabar. Os recordes de desgraças neste Verão em matéria dos incêndios que o governo propalou terem sido batidos para se desculpabilizar pelo fracasso, tais como o mês de Julho mais quente, a maior área ardida, o maior número de ocorrências num só dia, mais reacendimentos, mais fogos postos e falhas do SIRESP,  foram todos aldrabados, segundo o fact-checking do Expresso, a quem nesta circunstância desalinhada temos de dar crédito.

E como a aldrabice contamina todas as áreas, não se estranha que a acusação que o governo de Costa tem feito ao de Passos Coelho quanto à execução dos fundos comunitários é mais uma mistificação porque, como o Negócio mostra aqui, a comparação do QREN da responsabilidade do governo anterior com o Portugal 2020 da responsabilidade do actual, quer nas taxas de compromissos, quer nos níveis de execução, quer nos atrasos, é desfavorável ao governo de Costa.

20/08/2017

Curtas e grossas (49) - Os novos marxistas trocaram o motor da história - a jihad em vez da luta de classes

«Agora que os amanhãs já não cantam a Internacional a caminho de uma sociedade sem classes, a fúria da rua árabe e toda aquela litania da colonização, as cruzadas e tudo o que mais lembrar, configuram-se como o anúncio do admirável mundo novo que mais uma vez se anuncia: uma sociedade em que as comunidades substituíram os cidadãos; as minorias impõem as suas particulares circunstâncias como regras e os revolucionários se tornaram reguladores dos ressentimentos.»

Do lado de dentro da janela, Helena Matos no Observador

Manifestações de paranóia/esquizofrenia (24) - O eucalipto do tudológo é um pinheiro

No post anterior escrevi que a esquerdalhada esquizofrénica vêm exigindo medidas de combate ao eucalipto com a colaboração dos telejornais que mostram quase sempre imagens dos mortíferos eucaliptos que representam menos de 13% da área total ardida.

Uma floresta de eucaliptus tavarensis
A este propósito, leia-se o que João Soares, um especialista na floresta, disse em entrevista ao jornal SOL:

«O eucalipto não é infestante?
De todo. A prova disso é que ele está cá há 150 anos e a gente não o conhece fora dos sítios onde foi plantado. Mas como é uma indústria de capital intensivo, que cheira mal e tem grandes lucros gerou- se uma psicose, que tem uma origem ideológica. O Miguel Sousa Tavares vai para a televisão com uma fotografia da estrada [de Pedrógão Grande] onde morreram aquelas pessoas e diz: 

'Como vêem nesta fotografia, foi o eucalipto que passou o fogo'. 

O que está na fotografia são pinheiros. São pinheiros! Não quer dizer que se fossem eucaliptos aquelas pessoas não morressem também, mas a pouca-vergonha com que se usa a mentira é inenarrável. O país insiste em não produzir coisa nenhuma. Aqui temos a mais-valia de pegar numa plantinha ou uma semente, fazer uma árvore e chegar ao papel, com valor acrescentado de 80 ou 90%, que se exporta e concorre · com o mercado nacional, sem nenhum dano irreversível.»

Miguel Sousa Tavares, levado pelo seu culto da tudologia, imaginando que o fervor substitui o conhecimento, acrescentou mais um dislate à longa lista das suas indignações mediáticas.

19/08/2017

BREIQUINGUE NIUZ: Costa vai casar outra vez


  • «Foi de António Costa, como ministro da Administração Interna, a decisão de apostar tudo num sistema de combate aos incêndios focado em extinguir rapidamente as ignições e que desvalorizou a reforma da floresta. É essa opção que, neste ano quente e de imensa acumulação de combustível nas matas, mostra não ser capaz de evitar tragédia atrás de tragédia.

18/08/2017

Cuidado com o que desejas

«Grupo de esquerda anticapitalista e separatista Arran ocupou este sábado (12-08) uma praia na cidade de Barcelona em protesto contra o turismo em massa» (Observador)

Menos de um semana depois, um atentado reclamado pelo Estado Islâmico faz mais de uma dezena de mortos e mais de uma centena de feridos. Um dos efeitos possíveis do atentado pode resolver o «problema» da esquerda anticapitalista e separatista - o turismo em massa.

ESTÓRIA E MORAL: Em vez de usar esfregonas e baldes é preferível fechar a torneira

Estória

Em Agosto do ano passado chegaram a Itália provenientes da Líbia 21.294 pessoas. Nas duas primeiras semanas de Agosto deste ano chegaram apenas 2.080 ou seja uma redução de 80%, redução que já em Julho tinha sido de 51%.

Porquê? Segundo o Economist Espresso, dois factores contribuíram para essa significativa redução. O governo italiano impôs restrições às ONG que realizam missões de salvamento, acusando algumas de colaborarem com os traficantes que transportavam as pessoas e, principalmente, uma guarda-costeira líbia melhor treinada e equipada que dificulta a acção dos traficantes e retorna as pessoas a terra.

Moral

Em vez de usar esfregonas e baldes é preferível fechar a torneira.

[Às criaturas que me julguem insensível ao sofrimento dos refugiados direi que a maioria não são refugiados mas migrantes económicos e que para ajudar todos a Europa se arrisca a não ajudar nenhuns e a alimentar a xenofobia. Às criaturas da esquerdalhada e do politicamente correcto que improvavelmente passem por aqui e tenham vontade de me insultar, direi: ide catar-vos.]

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: É preciso ganhar dinheiro para pagar o preço da independência

«Sem informação livre e sem verdadeira liberdade opinativa o estatuto  dos cidadãos numa democracia fica em crise. E quem não sabe não pode escolher bem. Tudo isto vem a propósito do estado actual da comunicação social portuguesa. Jornais, televisão e  rádio  vivem uma  quase unanimidade em matéria de louvaminhas à gerigonça e ao actual Governo, destacando-se todos no panegírico ao “génio político” do primeiro-ministro. Essa atitude não decorre apenas do facto da maioria dos jornalistas serem de “esquerda”, ou odiarem Pedro Passos Coelho. Tem sobretudo a ver, julgo eu, com as manifestas dificuldades económicas em que vivem, em particular a imprensa e os canais televisivos privados.

A experiência diz-nos que quando o dinheiro falta a isenção e a independência vão minguando. O cemitério da comunicação social está repleto de valorosos baluartes da independência jornalística. Por outras palavras: para falar alto ao poder é necessário ter suficiente folga financeira. E isto é tanto mais verdade num país como Portugal, onde o poder político vive em conúbio com o poder financeiro ou pelo menos tem como ele uma especial relação de cumplicidade. Isso  coloca a generalidade dos órgãos de comunicação social na posição em que não gostam de ser vistos: de mão estendida! 

Imprensa, rádio e televisões estrangulados ou dependentes de ajuda financeira  não ajudam à liberdade de imprensa. Talvez por isso alguns projectos jornalísticos exclusivamente digitais, provavelmente menos condicionados financeiramente, sejam os únicos (ou quase) a resistir a esta vaga de ilusionismo que nos pinta o país em tons de rosa, quando essa não é, infelizmente, a cor da floresta depois de arder…»

«Ilusionismo», Ricardo Leite Pinto no Económico

17/08/2017

Here comes the same lengalenga again


Depois da trovoada seca, do downburst, da seca, do aquecimento global retornaram à velha lengalenga. De onde podemos concluir que as mãos criminosas estão quase todas a norte do Tejo e a lenda do bom povo que aí habita esconde resmas de pirómanos.

Fonte ICNF
Se o leitor tiver a pachorra indispensável e interesse em ver a coisa a uma luz diferente das lengalengas mediáticas e das narrativas branqueadoras de responsabilidades, pode ler alguns da dúzia de posts que o (Im)pertinências dedicou em mais de 10 anos a este tema - por exemplo este.

Uma mão só lava a outra se houver sabão

Entendamo-nos, considerar Donald Trump um mau presidente para os Estados Unidos e um péssimo presidente americano para o mundo não implica considerar que tudo o que defende é errado ou condenável e não implica considerar que os seus detractores têm razão por direito divino quando se lhe opõem; por outro lado, considerar que muitos dos seus detractores defendem ideias erradas ou condenáveis não implica dar razão a Trump quando se lhes opõe.

Vem isto a propósito dos incidentes de Charlottesville em cuja génese se encontra mais um episódio da estupidez revisionista da história: a tentativa de remover do Emancipation Park uma estátua de Robert E. Lee, um herói da Guerra de Secessão, general do exército dos Estados Confederados, que por acaso não era esclavagista e por acaso defendia a integridade da União e até foi escolhido pelo presidente Lincoln para comandar o exército da União; confrontado com a secessão da Virgínia, não aceitou e escolheu o Estado onde nasceu.

É claro que isso justifica e legitima a manifestação contra a remoção da estátua. É igualmente claro que a contra-manifestação, começando por ter legitimidade perde-a a partir do momento em que uma facção dos contra-manifestantes, a Antifa ou "activistas anti-fascistas" se manifestaram violentamente com bastões e líquidos coloridos contra os "supremacistas brancos", segundo o testemunho insuspeito de repórteres do New York Times. E é ainda mais claro que tudo isto não pode justificar a violência dos manifestantes e muito menos um acto extremo como o atropelamento deliberado por um "neo-nazi"de contra-manifestantes de que resultou a morte de um deles. E, já agora, repare-se como os mídia na sua maioria utilizam os adjectivos para instilar nas meninges qual o lado certo (anti-fascistas) e o lado errado (supremacistas brancosneo-nazis) dispensando-se de mais argumentos.

Face a esta situação compreende-se que Trump, mostrando por uma vez algum senso, tenha tentado evitar tomar partido e resistido a condenar os "supremacistas brancos". Já não se percebe e não se desculpa que a incapacidade de Trump para lidar com situações complexas como esta e com as pressões que naturalmente foi sujeito o tenha levado a perder a distância, a tomar partido limpando a folha do alt-rigth e atacando a alt-left que é uma espécie de alt-right de esquerda que inspirou a contra-manifestação. (NYT, NYT)


É possível que as coisas não fiquem por aqui porque continua a fúria de remoção de símbolos históricos a quem a esquerdalhada americana pretende julgar pelos padrões da sua vulgata e colar rótulos que nem hoje fazem sentido quanto mais no século XIX. O episódio mais recente é o da remoção retratada na imagem das estátuas de Robert E. Lee (outra vez) e de um outro general e herói sulista Thomas Jonathan "Stonewall" Jackson. (NYT)

Esta onda de imbecilidade que ameaçar submergir os Estados Unidos seria comparável a uma outra onda, que esperemos não venha a ser formada pelos pamonhas locais da esquerdalhada, e que levaria entre nós a desmantelar, entre muitas outras estátuas e monumentos, a Fonte Luminosa (porque foi um símbolo do salazarismo e, já agora, onde Mário Soares iniciou o ataque a comunistas e esquerdistas), o Cristo-Rei (porque uma parte da hierarquia católica colaborou com o salazarismo), o monumento a Gomes da Costa em Braga (porque comandou o golpe de estado que acabou com a baderna da 1.ª república), as dezenas de estátuas de colonialistas como Afonso de Albuquerque ou o Monumento ao Esforço Colonizador Português (Foz do Douro), sem esquecer o derrube de todos os padrões dos descobrimentos espalhados por esse mundo.

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Biopsia ao maior e mais agressivo carcinoma no tecido político-económico do regime

Secção Res ipsa loquitur

Se é verdade que o Público faz demasiadas vezes o papel de intendente do regime e porta-voz da esquerdalhada, seria injusto não reconhecer que tem lá gente de qualidade, com um módico de independência e desatrelados das corporações que governam o país.

Por isso, deve relevar-se o excelente trabalho (mais de compilação e sistematização do que de investigação, esclareça-se) no artigo «Suspeitas de gestão danosa na antiga PT» de Cristina Ferreira que faz uma biopsia ao maior e mais agressivo carcinoma no tecido político-económico do regime. (Se fosse mauzinho diria que o artigo deve ter sido lido alguma satisfação pelos Azevedos donos do jornal a quem o duo Sócrates-Ricardo Salgado e a sua cambada furaram a OPA.)

Quatro afonsos para Cristina Ferreira.

16/08/2017

Lost in translation (296) - "Consenso nacional" é o que o Costa quiser (2)

Ainda sobre as indignações de António Costa a respeito dos aproveitamentos políticos perante tragédias desta natureza, Manuel Carvalho recorda no seu comentário de hoje no Público, com o título muito apropriado «Sua Santidade, o Governo», «que o PS da oposição (e ainda mais o fervoroso Bloco) fez sempre exactamente a mesma coisa que o PSD e o CDS fazem agora em torno dos incêndios: exploram as feridas abertas pela tragédia para desgastar quem manda. Foi precisamente o que fez o actual secretário de Estado das Florestas e então deputado do PS, Miguel Freitas, em Novembro de 2013, quando acusou Governo de Passos Coelho de se “tentar desresponsabilizar” pela falta de uma “estratégia integrada” no combate aos fogos desse Verão que provocaram a morte de nove pessoas e a maior destruição da floresta nacional desde 2005. Foi também o que fizeram o Bloco e o PCP sempre que os relatos dos incêndios subiam de tom e colocavam, como agora, o país em estado de alarme.»

Eu diria mesmo mais, como Manuel Carvalho, «era o que faltava que num país democrático que vive um dos seus momentos mais dramáticos em anos se limitasse a cantar em coro a partitura do Governo.»

DIÁRIO DE BORDO: O extraordinário do ordinário

Uma semana na vida de Paterson, poeta do quotidiano e motorista de autocarros acidental, ou vice versa, na cidade de Paterson, vista pela câmara inspirada de Jarmush

15/08/2017

Dúvidas (205) - O líder que a oposição precisa é Passos Coelho?

É uma dúvida recorrente, que parece não existir nas mentes da geringonça e por isso catam palavras nas intervenções de Passos Coelho e aplicam-lhe o melhor das suas hermenêuticas para o tentar entalar. Vejam-se, como exemplo, as reacções à homilia do Pontal:

António Costa, líder do PS: «Acho absolutamente lamentável que se tenha quebrado um consenso nacional que sempre existiu, que perante tragédias desta natureza não haja aproveitamentos políticos»;

Catarina Mendes, secretária-geral do PS: «um homem só, desnorteado, errático e prisioneiro do seu passado» (ao contrário do chefe de Catarina para quem o passado é o que ele quiser);

João Galamba, porta-voz do PS, quase doutor em Filosofia Política pela London School of Economics e docente na Mouse School of Business: «um líder político e o líder político do maior partido da oposição, a ensaiar um discurso racista e xenófobo»;

Joana Mortágua, bloquista, irmã da Mariana: «ensaiou um discurso que não é habitual e que vai ao encontro de posições xenófobas recentes».

Só o tio Jerónimo é que parece não ter tido tempo para catar o discurso de Passos Coelho.

De onde, uma vez mais, devemos concluir que Passos Coelho não é o líder da oposição que a geringonça precisa.

Lost in translation (296) - "Consenso nacional" é o que o Costa quiser

«Acho absolutamente lamentável que se tenha quebrado um consenso nacional que sempre existiu, que perante tragédias desta natureza não haja aproveitamentos políticos» indignou-se ontem António Costa, com o chapéu de primeiro-ministro do governo da geringonça, verberando as críticas que a oposição tem feito às desastrosa resposta do seu governo ao incêndio de Pedrógão Grande que fez pelo menos 65 mortos.

No Verão de 2013, em que não houve mortes nos incêndios florestais que então então grassavam, o mesmo Costa, com o chapéu de candidato a líder do PS, falando com voz grossa por cima de Seguro, o líder do PS, falou à Antena 1 e a RTP descreveu a coisa assim: «na qualidade de antigo ministro da Administração Interna, António Costa (acusou) o governo de nada ter feito na prevenção dos incêndios assinalando que o trabalho no âmbito da reestruturação da floresta é nulo (e destacou) o trabalho dos bombeiros e das forças de segurança, "um esforço extraordinário que só dará frutos quando o Ministério da Agricultura efetuar o que é necessário na floresta portuguesa, enquanto isso não suceder mais ano menos ano, as calamidades vão acontecer"».

De onde podemos concluir que o consenso nacional depende de onde está o Costa.

14/08/2017

BREIQUINGUE NIUZ: Se o ridículo fosse mortal a geringonça teria perdido o ministro da Agricultura

Segundo Capoulas Santos, o ministro da Agricultura, o governo fez «a maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis».

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (96)

Outras avarias da geringonça.

Prosseguindo a produção de mistificações em geral e em particular sobre as suas responsabilidades directas no fracasso do SIRESP, Costa começou por não ficar satisfeito com as conclusões dos relatórios (não, não é paródia) e em entrevista ao Expresso tenta chutar a bola para fora do seu campo: «o colapso do SIRESP resultou do colapso da rede da PT». Sobre este chuto de Costa, veja-se esta sequência de acontecimentos e declarações que vai desde o incêndio de Pedrógão até à responsabilização da PT.

Este expediente de Costa tem uma piada acrescida porque a justificação principal do SIRESP foi proporcionar um meio de comunicação seguro e alternativo às comunicações públicas existentes. Se calhar teria sido melhor entregar a cada bombeiro e a cada elemento da Protecção Civil um Nokia 3310 de menos de 50 euros.

13/08/2017

As esquerdas em Portugal lidam mal com a liberdade

«O PS ainda não expurgou este período grave da sua história. A competição pelo poder não permite que o partido o faça. Os seus dirigentes reduziram o problema Sócrates a uma questão de justiça. Mas não é apenas uma questão de justiça. A estratégia de um governo para controlar a banca e a comunicação social é uma questão política. E vai para além de Sócrates. Muitos ministros não teriam conhecimento dos comportamentos do Sócrates que estão sob investigação judicial. Mas todos eles, onde se inclui o actual PM, e o partido sabiam sobre as estratégias de aliança com a banca e de controlo sobre a imprensa.

As esquerdas estão sempre preparadas para atacar a banca e para defender a liberdade de imprensa. Mas foi um governo de esquerda, socialista, que elevou a cumplicidade com a banca até níveis nunca vistos e que tudo fez para controlar a comunicação social. Não foi apenas Sócrates. Foi um governo do PS. Terá o PS mudado? Os ataques de Costa à PT, depois da compra da Media Capital (é importante sublinhar) e os comentários de Ferro Rodrigues sobre a justiça são sinais de que os velhos vícios não desapareceram. Mais do que nunca é crucial lutar pela liberdade de imprensa. Essa luta compete hoje à direita. Como mostra o passado recente, as esquerdas em Portugal lidam mal com a liberdade.»

«O PS e a ameaça de Sócrates à democracia», João Marques de Almeida no Observador

Dúvidas (204) - «A extrema-direita americana mostrou a sua força na Virgínia»?

«A extrema-direita americana mostrou a sua força na Virgínia» foi o título escolhido pelo Público (ler também e de preferência o NYT) para noticiar uma manifestação da chamada «alt-right» com palavras de ordem como «You will not replace us» e «Jew will not replace us». A manifestação degenerou em violência quando surgiu uma contra-manifestação «anti-racista».

Parece-me que a extrema-direita americana mostrou mais fraqueza do força e, em todo o caso, mostrou certamente mais estupidez do que inteligência no escolher as suas causas ou pelo menos a resposta às causas dos outros. Seja como for, importa saber por que cargas-de-água os «supremacistas brancos, saudosistas nazis, membros da Ku Klux Klan» e tutti quanti resolveram manifestar-se.

Desde há um ano e meio em Charlottesville um «afro-americano» estudante de liceu promoveu uma petição para retirar do Emancipation Park uma estátua de Robert Lee, um herói da Guerra de Secessão, general do exército dos Estados Confederados que, como se sabe, defendiam a escravatura. O Conselho Municipal votou por maioria a favor da venda da estátua, mas um juiz embargou-a temporariamente.

Em conclusão, uma iniciativa estúpida de revisionismo histórico, promovida pelo politicamente correcto (PC) a pretexto da ofensa a alguns afro-americanos, espoletou uma outra iniciativa igualmente estúpida a pretexto da ofensa a alguns euro-americanos - é assim que a imbecilidade do PC deveria designar o que eles chamam white supremacists.

12/08/2017

CASE STUDY: Quando uma utopia encontra um tópos tende a converter-se em distopia

Uns dez anos atrás, os 1.300 habitantes de Von Ormy, um lugarejo no Texas, receando ser absorvido por San Antonio, uma cidade de 1,5 milhões de habitantes em crescimento rápido, com todo o cortejo de impostos, regulamentos e burocracia, iniciaram uma experiência «libertária» inspirada por Art Martinez de Vara, um estudante de direito que convenceu os seus concidadãos a criar «A Pequena Cidade mais Livre do Texas», com uma administração simplificada, com impostos baixos e um governo municipal light inspirada no Tea Party do Texas.

Segundo o projecto de Martinez de Vara, Von Ormy teria impostos sobre o consumo e os impostos sobre a propriedade seriam gradualmente reduzidos até desaparecerem, uma vez que seriam atraídas empresas para a cidade e a economia dispararia. O nanny state seria desmantelado e os cidadãos seriam livres de fazer o que quisessem. Martinez de Vara foi tão convincente que os habitantes de Von Ormy o elegeram mayor em 2008.

Nove anos depois a cidade está completamente falida, a administração municipal simplesmente não funciona, a polícia e os bombeiros e os outros serviços municipais colapsaram e a cidade agoniza endividada e em crise. Para ficar a conhecer a história completa leia «The Rise and Fall of the “Freest Little City in Texas”» no Texas Observer.

11/08/2017

CONDIÇÃO FEMININA / CONDIÇÃO MASCULINA: Os estereótipos são todos iguais, mas há uns melhores do que outros

O engenheiro de software James Damore trabalhava para a Google antes de resolver escrever um memo de 10 páginas onde entre outras coisas discutíveis disse (fonte):

«(...) os homens e as mulheres diferem biologicamente em muitas maneiras  (...) as mulheres são mais ... neuróticas...  (o que) pode ​​contribuir para os níveis mais elevados de ansiedade que as mulheres relatam no Googlegeist (inquérito anual aos empregados da Google) e para o menor número de mulheres em empregos de grande stress».

Damore argumentou ainda que a tendência para proteger as mulheres cria um ambiente hostil para os homens «porque os homens são descartáveis ​​biologicamente e porque as mulheres geralmente são mais cooperativas e agradáveis. Temos uma governação e extensos programas da Google, áreas de estudo, regulamentos e regras sociais para proteger as mulheres, mas quando um homem se queixa de uma questão de género que afecta os homens, é rotulado como misógino e choramingas».

Aparentemente os pontos de vista de Damore, pelo menos em parte fundados na psicologia evolucionista, tiveram uma larga aceitação entre os empregados (homens, presume-se) da Google.

O que fez a Google? Despediu Damore e Sundar Pichai, o CEO da Google, distribuiu uma nota ao pessoal considerando que «sugerir que um grupo de nossos colegas tenha traços que os tornem menos adequados biologicamente a esse trabalho é ofensivo e não está bem», e que partes do memorando violaram activamente o código de conduta do Google por «promover estereótipos prejudiciais de género no nosso local de trabalho». Fez uma coisa inútil (despedir Damore) e o que escreveu não é menos preconceituoso do que o memo de Damore ao admitir que os pontos de vista dele são ofensivos (o que não significa que não possam ter fundamento) e ao considerar que os estereótipos da Google são indiscutíveis, ao contrário dos pontos de vista de Damore que são estereótipos.

Vem a propósito republicar este post de há quatro anos:

10/08/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (43) - Terá tido uma epifania?

Outras preces.

Por uma vez, o presidente dos afectos tomou uma decisão prudente e de interesse nacional travando a obsessão estatal da esquerdalhada ao não promulgar o «Decreto da Assembleia da República que altera regime do serviço público de transporte colectivo de superfície de passageiros na cidade de Lisboa» proibindo «qualquer concessão da Carris mesmo que tal possa vir a corresponder um dia à vontade da Autarquia Local». Ao vetar um decreto inspirado no PREC, inviabilizou a chantagem comunista a que o PS cedeu que visava impedir a eventual concessão da Carris pela câmara de Lisboa a uma entidade privada.

09/08/2017

Dúvidas (203) - LGBTQQIAAP? FYAYWSFWU!

Quando li o título «Breve história da comunidade LGBTQQIAAP» comecei por admitir que João Miguel Tavares estivesse a sofrer de delírios persistentes, talvez irremediavelmente afectado por aquele episódio em que Costa lhe ficou a tomar conta dos filhos, o que desde logo invocou a minha compreensão e solidariedade.

Uma googlada foi suficiente para me esclarecer a respeito da sanidade mental de JMT. Sim, é verdade, existe essa coisa LGBTQQIAAP, segundo uma fonte considerada geralmente credível, apesar de paga com o dinheiro dos contribuintes britânicos....

Um artigo com dois anos (como estamos atrasados!) da newsbeat da BBC «We know what LGBT means but here's what LGBTQQIAAP stands for» explica-nos pedagogicamente o que a maioria das criaturas normais (no sentido gaussiano) já sabia (L = lesbian, G = gay, B = bisexual, T = transgender) e o que só uma minoria privilegiada conhecia: Q = queer, Q = questioning, I = intersex, A = allies, A = asexual, P - pansexual.

Agora não penseis que ficastes a saber tudo a este respeito. Ficai atentos porque em breve serão acrescentadas novas letras ao alfabeto dos sexos desviantes. Entretanto, permito-me acrescentar um acrónimo para designar um apelo às criaturas LGBTQQIAAP por parte das criaturas normais (no sentido gaussiano): FYAYWSFWU!

08/08/2017

Contributos para os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito à Caixa (2)

Continuação daqui.

Desta vez o contributo foi do Observador que lista os 11 grandes devedores da Caixa, a saber:
  • La Seda/Fábrica de Sines
  • Grupo Efacec
  • Vale do Lobo
  • Autoestradas Douro Litoral
  • Grupo Espírito Santo
  • Grupo Lena
  • António Mosquito
  • Reyal Urbis
  • Finpro
  • Brisal, a concessionária da A17
  • Pescanova/Fábrica de Mira
  • Berardo
É uma boa amostra do capitalismo de compadres que domina a economia portuguesa.

DIÁRIO DE BORDO: Todo o pai é filho, mas nem todo o filho é pai

«O sacrifício e a renúncia são os pilares do casamento, da família, da vida. Não há vida, isto é, não há filhos sem este ato de anulação - o ato mais difícil de explicar numa época de likes, shares e tinders. Não há vida e civilização se andarmos todos atrás da felicidade enquanto prazer imediato. Eu queria mesmo acabar o "Khadji-Murat" do Tolstoi ou passar a tarde com a minha mulher, mas o que eu tenho de fazer é trocar uma fralda, preparar uma sopa e carregar 30 quilos numa areia mole que consome cada um dos meus passos. (...) 

E é mesmo nestas alturas que um tipo descobre que passou a vida inteira a gostar burocraticamente dos pais. Eu gostava dos meus pais, apenas. Agora, sim, posso dizer que os amo. Agora, sim, depois de perceber aquilo que eles tiveram de diminuir para me criarem, já posso dizer que os amo. O amor não é um afeto ou um impulso, é uma dura confissão à saída das trincheiras. E, por falar em trincheiras, tenham um bom dia de praia.»

Foi ao ler a crónica, assim para o melodramático, mas em todo o caso suficientemente realista para me recordar os meus tempos de pai de infantes, «Praia, inferno e paraíso» de Henrique Raposo no Expresso, de onde extraí os dois parágrafos precedentes, que me ocorreu uma outra leitura também recente do artigo «In defence of the childless» da Economist.

Como o título anuncia, trata-se de defender o direito a não ter filhos, direito que segundo o articulista tem estado ameaçado por preconceitos que vão desde o papa Francisco, que disse «não ter filhos é uma escolha egoísta», a outros que criticam a falta de contribuição para «produzir os futuros trabalhadores que pagarão as suas pensões». Sem pôr em causa o direito à escolha de não ter filhos, é difícil discordar destes «preconceitos».

Para contrapor a estes «preconceitos», o articulista puxa da bazuca e argumenta que os políticos que não têm filhos não são menos capazes do que os políticos que os têm. É possível, porque encontramos exemplos óbvios nos dois sentidos como Donald Trump (cinco filhos) versus Angela Merkel (sem filhos) ou Winston Churchill (cinco filhos) versus Adolf Hitler (sem filhos). Contudo o argumento mais imbecil para louvaminhar os políticos sem filhos e, por via deles, todas as criaturas sem filhos, é que «as suas oportunidades de nepotismo são limitadas e eles poupam seus países ao espectáculo da política dinástica, que pode levar à mediocridade». Imbecil porque sendo o nepotismo o favorecimento de parentes e de amigos não é preciso ter filhos para praticar o nepotismo e tendo a maioria dos políticos filhos é natural que a maioria dos casos de nepotismo envolva políticos com filhos.

Parece-me uma linha argumentativa muito parecida com o que faz o politicamente correcto que começa por combater a discriminação de certas minorias e acaba a discriminar outras minorias ou mesmo as maiorias, pretendendo impor-lhes o pensamento único e o newspeak.

07/08/2017

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (95)

Outras avarias da geringonça.

Parece cada vez mais claro que o aumento de 84% das devoluções de IRS no 1.º semestre de 1,3 para 2,4 mil milhões (mM) resultou de mais um expediente a juntar às cativações, à redução extrema do investimento público e ao perdão fiscal aos evasores, para conseguir o défice milagroso de 2016, a saber: um empréstimo forçado dos contribuintes equivalente a 20% do IRS de 2016.

Por falar nas cativações, no relatório da UTAO podemos encontrar uma interessante tabela (aqui reproduzida) que mostra que os valores finais de cativação em 2016 (943 milhões) foram de longe os mais elevados desde 2009 e mais do dobro da média do governo anterior (396 milhões).

06/08/2017

Mitos (259) - Diferenças salariais entre homens e mulheres

Economist
Uma boa parte das causas abraçadas pela esquerdalhada é fundada em «factos alternativos» - uma bela formulação inventada por Kellyanne Conway, a secretary press de Donald Trump, ele próprio um dos mais dotados criadores de «factos alternativos» que rivaliza com o melhor que a esquerdalhada nos vem oferecendo. O pay gap atribuído à discriminação de sexos (que os imbecis chamam de género) é mais um desses factos que não resiste a uns quantos kilobytes de informação e a uns minutos de reflexão.

De facto (não alternativo), como o diagrama mostra, confirmando a observação empírica ao alcance de qualquer mente com um módico de sinapses em bom estado, a desigualdade nos salários é quase irrelevante, a não ser que abandonemos o princípio tão caro à esquerdalhada de «a trabalho igual salário igual». O que é desigual é o acesso a certas profissões ou funções, consequência de mais de uma centena de milhar de anos de divisão do trabalho por sexos. Divisão de trabalho que a evolução tecnológica está a tornar cada vez mais obsoleta e que acabará por desaparecer, mesmo sem a engenharia social baseada em ejaculações legislativas. Aliás, suspeito que essa engenharia social em duas ou três gerações terá de trocar a discriminação positiva das mulheres pela discriminação positiva dos homens que precisarão dela para compensar a confusão nas suas mentes resultante do conflito entre as suas hormonas e os comportamentos feminizantes induzidos e de uma escola cada vez mais formatada para ensinar o sexo feminino.

05/08/2017

Pro memoria (352) - Diz o nu ao roto, por que não te veste tu?

Até 2012 existiam em Portugal, um país com população inferior a qualquer das 12 maiores cidades do mundo, 308 municípios e 4.259 freguesias, com respectivamente áreas médias de cerca de 300 km2 e 22 km2 e populações residentes de 33,7 mil e 2,4 mil e um número de funcionários que andava perto dos 200 mil.

Face a este absurdo kafkiano com um custo colossal, o memorando de entendimento com a troika negociado e assinado pelo PS previu algumas medidas de reorganização autárquica incluindo as seguintes:

«3.41. Com vista a aumentar a eficiência da administração local e racionalizar a utilização de recursos, o Governo submeterá à Assembleia da República uma proposta de lei até ao T4-2011, para que cada município tenha o dever de apresentar o respectivo plano para atingir o objectivo de redução dos seus cargos dirigentes e unidades administrativas num mínimo de 15% até final de 2012.

3.44. Reorganizar a estrutura da administração local. Existem actualmente 308 municípios e 4.259 freguesias. Até Julho 2012, o Governo desenvolverá um plano de consolidação para reorganizar e reduzir significativamente o número destas entidades. O Governo implementará estes planos baseado num acordo com a CE e o FMI.»

O governo PSD-CDS atolou-se no pântano autárquico e a única coisa que conseguiu impor aos caciques locais foi a redução do número de freguesia de 4.260 para as 3.092. O número absurdo de câmaras ficou intacto.

Em entrevista ao diário da manhã Público, aquele jornal com uma tiragem evanescente que a família Azevedo financia, sabe-se lá porquê (talvez um seguro para não ser chateada pela esquerdalhada), Eduardo Cabrita, aquele compincha de Costa desde os tempos da JS e marido da ministra do Mar, classificou a fusão de freguesias como «uma fraude política do governo anterior».

Estaria de acordo com a criatura não fora dois pequenos pormenores. O primeiro é que o governo socialista nem sequer tem uma «fraude» para apresentar a respeito da reforma autárquica e o segundo é que quando perguntam ao ministro de um governo especialista em reverter as poucas reformas do anterior «Então por que é que não reverteram?» ele responde «a solução não é voltar atrás» e, quando a andar para a frente, quatro anos depois de tomar posse, «no final deste mandato, aprovaríamos uma lei com critérios de organização territorial». Estamos conversados.

04/08/2017

ESTADO DE SÍTIO: Habituem-se (10)

Outros Habituem-se
Expresso Diário
Repetindo-me: admirados? Não sei porquê. Vivemos hoje com menos stress, mais afectos, temos mais férias, trabalhamos menos (os funcionários públicos), mudamos de carro e o Costa não nos manda emigrar e não nos incita a sair da zona de conforto. Que mais quereis?

Em todo o caso, sigamos com atenção o que farão comunistas e bloquistas à medida em que forem perdendo eleitorado para o PS e este se aproximar de uma maioria absoluta. Adivinho que Costa nos seus sonhos mais húmidos deseja a passagem de uns e outros para a oposição, a sua vitimização e subsequente demissão para antecipar eleições legislativas, tentando repetir o milagre de Cavaco. E o que fará Marcelo a quem não interessa nada uma maioria absoluta socialista que lhe tiraria das mãos a trela do governo? Suspeito que, depois das eleições autárquicas, vai haver muita tourada na arena política.

Enquanto isso, a única coisa certa e segura é que caminhamos lenta mas inexoravelmente para um novo resgate, cuja chegada só dependerá da conjuntura internacional. Como disse Warren Buffet no início da crise de 2008, «quando a maré desce é que se vê quem não tem calções» e este governo está a dar o seu melhor para deixar o país, não já de tanga como o deixou Guterres, mas sem cuecas,

CASE STUDY: Trumpologia (24) - Os índices de confiança em Trump aproximam-se perigosamente do jornalismo de causas

Mais trumpologia.


Não adianta meter a cabeça na areia ou atirar esta para os nossos olhos. Um terço ou mais dos americanos independentes, que em princípio não são eleitores de Trump, confiam mais nele do que nos mídia. Talvez conviesse (sobretudo aos jornalistas de causas) perceber porquê.

03/08/2017

Manifestações de paranóia/esquizofrenia (23) - A eucaliptofobia como manifestação de esquizofrenia esquerdizante

«Esquizofrénico é alguém que perde a capacidade de pensar de uma forma lógica e, consequentemente, de comunicar e de se relacionar, passando a viver num mundo paralelo e sem as normas pelas quais se regem as pessoas ditas normais».
Recentemente, desde o incêndio de Pedrógão Grande, a pretexto de limitar os incêndios florestais, várias correntes da esquerdalhada vêm exigindo medidas que vão desde a limitação drástica dos eucaliptais até ao extermínio do último eucalipto. Têm contado, aparentemente, com a colaboração dos telejornais, por entre gritos de excitação ou de indignação, conforme o jornalista de causas florestais em causa, para mostrar imagens quase sempre dos mortíferos eucaliptos.

É claro que os factos não ajudam, mas o zelo da eucaliptofobia não se desmobiliza perante factos como:
  • A área ardida de eucaliptos não ultrapassa nos 13% do total;
  • Metade da área ardida é de matos e o restante é na maioria de pinhal;
  • A área ardida nas florestas de eucaliptos sob gestão da indústria da celulose é de cerca de 1%;
  • O eucalipto é espécie que mais absorve dióxido de carbono por unidade de área e tempo.

Ao contrário, o credo quia absurdum da esquerdalhada ganha novo alento por saber que os eucaliptais são essenciais para viabilizar a indústria do papel que representa 5% do PIB e 10% das exportações.

Morais da estória:

True ignorance is not the absence of knowledge, but the refusal to acquire it, Karl Popper

It is certain, in any case, that ignorance, allied with power, is the most ferocious enemy justice can have, James Baldwin

02/08/2017

Contributos para os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito à Caixa

Como é sabido, o relatório preliminar da comissão de inquérito (CPI) à Caixa e à sua gestão entre 2000 e 2016, redigido pelo deputado socialista Carlos Pereira, concluiu depois de ouvir 19 responsáveis políticos e ex-gestores que «as pressões para a aprovação de crédito de favor foram liminarmente afastadas por todos os responsáveis da empresa (Caixa) que marcaram presença na CPI».

A acrescentar aos contributos do Tribunal da Relação de Lisboa que suspeitou «que a CGD tem vindo a acumular, desde pelo menos meados da década de 2000, um conjunto de negócios consubstanciados em concessões de crédito, sem que as mesmas se revelassem colateralizadas por garantias bancárias adequadas aos montantes mutuados», aos contributos do Tribunal de Lisboa que declarou a insolvência La Seda em Sines (Artlant) que poderá custar à Caixa 500 milhões, aos inúmeros contributos que o (Im)pertinências deu durante mais de uma década, por exemplo no caso dos empréstimos a Berardo para comprar acções do BCP, a juntar a tudo isto, dizia eu, temos agora o contributo do administrador da insolvência da Obriverca que pode custar à 60 milhões à Caixa e 12 milhões à Parvalorem, sem esquecer o Novo Banco com 170 milhões dos tempos do saudoso DDT Ricardo Salgado, grande apoiante do glorioso SLB e do seu presidente Luís Filipe Vieira, um dos fundadores da Obriverca, que saiu do comboio em andamento nos idos de 2001.

DIÁRIO DE BORDO: O Céu visto da terra (15)

[Outros céus vistos de outras terras]

A galáxia NGC 7098 com dois braços em espiral, fotografada pelo Very Large Telescope do European Southern Observatory (Wired)