Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

18/08/2017

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: É preciso ganhar dinheiro para pagar o preço da independência

«Sem informação livre e sem verdadeira liberdade opinativa o estatuto  dos cidadãos numa democracia fica em crise. E quem não sabe não pode escolher bem. Tudo isto vem a propósito do estado actual da comunicação social portuguesa. Jornais, televisão e  rádio  vivem uma  quase unanimidade em matéria de louvaminhas à gerigonça e ao actual Governo, destacando-se todos no panegírico ao “génio político” do primeiro-ministro. Essa atitude não decorre apenas do facto da maioria dos jornalistas serem de “esquerda”, ou odiarem Pedro Passos Coelho. Tem sobretudo a ver, julgo eu, com as manifestas dificuldades económicas em que vivem, em particular a imprensa e os canais televisivos privados.

A experiência diz-nos que quando o dinheiro falta a isenção e a independência vão minguando. O cemitério da comunicação social está repleto de valorosos baluartes da independência jornalística. Por outras palavras: para falar alto ao poder é necessário ter suficiente folga financeira. E isto é tanto mais verdade num país como Portugal, onde o poder político vive em conúbio com o poder financeiro ou pelo menos tem como ele uma especial relação de cumplicidade. Isso  coloca a generalidade dos órgãos de comunicação social na posição em que não gostam de ser vistos: de mão estendida! 

Imprensa, rádio e televisões estrangulados ou dependentes de ajuda financeira  não ajudam à liberdade de imprensa. Talvez por isso alguns projectos jornalísticos exclusivamente digitais, provavelmente menos condicionados financeiramente, sejam os únicos (ou quase) a resistir a esta vaga de ilusionismo que nos pinta o país em tons de rosa, quando essa não é, infelizmente, a cor da floresta depois de arder…»

«Ilusionismo», Ricardo Leite Pinto no Económico

Sem comentários: