Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

04/06/2023

As políticas socialistas são um dos melhores exemplo das leis de Merton

Em 2009 o governo socialista do saudoso Eng. Sócrates limitou os contratos temporários às empresas com mais de 750 trabalhadores que representavam 15% do emprego total, com o propósito de reduzir a "precariedade", aumentando o número de contratos por tempo indeterminado.

Treze anos depois, uma equipa de investigadores do Institute of Labor Economics, entre os quais Pedro S. Martins, um economista português da Nova School of Economics, concluiu no paper «Employment effects of restricting fixed-term contracts: Theory and evidence» que esta medida reduziu o número de contratos temporários, mas não aumentou o número de contratos por tempo indeterminado e diminuiu o emprego nas grandes empresas.
 
Duas das alterações ao Código do Trabalho agora introduzidas foram (1) redução do número máximo de renovações dos contratos temporários de seis para quatro e (2) após quatro anos de cedências temporárias pelas empresas de trabalho temporário ou outra empresa do mesmo grupo, as empresas são obrigadas ter um contrato de trabalho sem termo com estes trabalhadores.

Muito provavelmente, estas medidas terão, como as anteriores, efeitos imprevistos e indesejados de reduzir o emprego, uma vez que a difusão dos contratos temporários não surge por malvadez dos empresários para castigar os pobres trabalhadores. Na verdade, são os excessos proteccionistas da legislação laboral que, ao inflexibilizarem o mercado de trabalho, tornam mais difícil às empresas adaptarem-se a uma economia mutável e competitiva, e induzem-nas a usarem a contratação a prazo como um meio de reduzir a inflexibilidade pela redução dos custos fixos.

03/06/2023

CASE STUDY: Saying that a country is an autocracy or a flawed democracy is another way of saying that its elites are corrupt

[This post is a sequel to posts Saying that a country is socialist is another way of saying that it is poor (1) and (2)]

Crony capitalists’ wealth has risen from $315bn, or 1% of global GDP, 25 years ago to $3trn or nearly 3% of global GDP now 

We classify the source of wealth into rent-seeking and non-rent-seeking sectors. An economic rent is the surplus remaining once capital and labour have been paid which, with perfect competition, tends towards zero. Rent-seeking is common in sectors close to the state, including banking, construction, property and natural resources. It can sometimes be possible for rent-seekers to inflate their earnings by gaining favourable access to land, licences and resources. They may form cartels to limit competition or lobby the government for cosy regulations. They may bend rules, but do not typically break them.


Russia is, once again, the most crony-capitalist country in our index (see chart 2). Billionaire wealth from crony sectors amounts to 19% of gdp. The effects of the Ukrainian war are clear, however. Crony wealth declined from $456bn in 2021 to $387bn this year. Only one-fifth of Russian billionaires’ wealth is derived from non-crony sectors, which shows just how distorted the economy is.

In March last year, the g7, the eu and Australia launched the Russian Elites, Proxies and Oligarchs (repo) Task Force to “isolate and exert unprecedented pressure on sanctioned Russian individuals”. A year later it announced that it had blocked or frozen $58bn of assets. But repo admits that in some cases oligarchs have found it easy to evade sanctions by using shell companies, passing assets to family members or investing in property. Wealth is increasingly stored in manicured lawns and marble columns.

Pressure on the oligarchs comes from Russia, too. In March Mr Putin chastised them for becoming “dependent on foreign authorities” by hiding their assets offshore. Mr Putin is a hypocrite. By one estimate he has stolen more than $100bn from Russia—which has helped pay for a compound on the Black Sea estimated to cost $1.4bn and a $700m yacht impounded by the Italian authorities last year. But he is not on the Forbes billionaires’ list.

02/06/2023

Dúvidas (359) - Por onde anda a menina Greta?

Sem qualquer escrúpulo, áctivistas climáticos usaram em 1992 uma criança canadiana de 12 anos (Severn Cullis-Suzuki) para recitar no púlpito a sua agenda. Nas palavras célebres de Andy Warhol, Severn foi «mundialmente famosa por 15 minutos». Trinta anos depois, salvo alguma efémera recordação do jornalismo de causas, quem se lembra de Severn?
 
Severn Cullis-Suzuki, em 1992, na UN Conference on Environment and Development
no Rio de Janeiro e Greta Thunberg em 2019 na UN Climate Action (créditos)

Vinte e sete anos mais tarde, os filhos dos activistas climáticos de 1992 usaram com o mesmo propósito Greta Tintin Eleonora Ernman Thunberg, uma jovem de 17 anos sofrendo de transtorno obsessivo-compulsivo. Em 2020, a Fundação Gulbenkian atribuiu-lhe Prémio Gulbenkian para a Humanidade de um milhão de euros dos restos do dinheiro de Mr. Five per Cent. Os anos da pandemia levaram ao seu quase esquecimento e desempenhado o seu papel de «idiota útil» do áctivismo climático (eram assim que eram conhecidos os intelectuais de esquerda que faziam a propaganda comunista no ocidente), Greta parece estar a caminho do cemitério da áctivismo climático.

01/06/2023

Com a nomenclatura política merdosa do Portugal dos Pequeninos estamo-nos a ver gregos, mas não somos vistos como tais

Como seria de esperar, com as redações dos mídia do Portugal dos Pequeninos regurgitando de jornalistas de causas da esquerdalhada, as vitórias da direita nas eleições são na melhor hipótese ignoradas e na pior adulteradas. Foi assim recentemente com as eleições regionais espanholas e foi assim menos recentemente com as eleições legislativas gregas e era aqui que queria chegar.

Na eleição do dia 21 de Maio a Nova Democracia ganhou folgadamente obtendo a mesma percentagem (quase 40%) dos votos das eleições anteriores e 146 lugares, perdendo 12 lugares. O Syriza, a versão grega do Berloque de Esquerda, obteve 32% dos votos e 71 lugares, perdendo 15. O Pasok, a versão grega do PS, obteve 8% dos votos e 41 lugares, tendo ganho 19. 

Há várias diferenças políticas entre a Grécia e Portugal e a maior diferença é provavelmente que não existe em Portugal um político de primeira linha como Kyriakos Mitsotakis, o líder da Nova Democracia, actual e futuro primeiro-ministro, como se percebe pelo seu currículo antes de se dedicar à política full time:  
  • De 1986 a 1990 - frequentou Harvard e formou-se em estudos sociais, recebendo o Prémio Hoopes e sua tese foi publicada como um livro intitulado «The Pitfalls of Foreign Policy»
  • De 1990 a 1991 - analista financeiro do Chase Bank em Londres. 
  • De 1991 a 1992 - prestou serviço militar obrigatório 
  • De 1992 a 1993 - frequentou Stanford, obtendo um mestrado Ford Dorsey em Política Internacional
  • De 1993 a 1995 - frequentou a Harvard Business School e obteve um MBA
  • De 1995 a 1997 - consultor da McKinsey em Londres para as telecomunicações e serviços financeiros
  • De 1997 a 1999 - director de investimentos na Alpha Ventures:
  • Em 1999 a 2003 - fundou a NBG Venture Capital, subsidiária de private equity e venture capital do Banco Nacional da Grécia, foi seu CEO, gerindo a sua carteira e executando transações na Grécia e nos Balcãs
  • 2003 - nomeado pelo Fórum Económico Mundial como um líder global do futuro.

31/05/2023

O tiro do Czar Vlad saiu-lhe pela culatra


Serhii Plokhy. um americano de origem ucraniana, numa obra publicada recentemente («The Russo-Ukrainian War», apud The Economist) descreveu os três modelos que Vladimir Putin teria considerado para restaurar uma das versões do império russo: (1) o modelo da "Eurásia" com a reconstituição de quase toda a União Soviética disfarçada de união comercial, sem a Estónia, Letónia e Lituânia; (2) a "grande Rússia", uma união por ele presidida entre Rússia, Bielorrússia e Ucrânia; e a "Grande Rússia", uma versão da Rússia apenas, mas com partes da Ucrânia, no leste e no sul. 

Em vez disso, Putin que quando foi eleito pela primeira vez, em 2000, encontrou uma Ucrânia profundamente dividida entre os ucranianos pró-Rússia e os pró-Europa, conseguiu uni-los na aversão a ele próprio e à Rússia e comprometer os seus sonhos imperiais, possivelmente em definitivo.

E, de caminho, conseguiu ainda transformar uma anunciada «amizade sem limites» com a China numa submissão a Xi Jinping.

30/05/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (68b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 68a)


Enquanto a afluência às urgências no 1.º trimestre voltou a atingir os níveis pré-pandemia, faltam as macas nalguns hospitais. São apenas exemplos de como a paixão socialista pelo SNS que conduziu à falência da saúde pública tem sido a grande amiga da saúde privada que hoje já presta mais de metade dos cuidados, apesar de só absorver um terço da despesa em saúde (Saúde e Hospitais Privados em Portugal, Miguel Gouveia).

Já se sentem os efeitos do Mais Habitação

Do Mais Habitação está a resultar menos habitação na área metropolitana de Lisboa onde no 1.º trimestre as vendas de apartamentos se reduziram de 56%.

O PS quer transformar o Estado sucial em Estado corporativo

Pedi ao ChatGPT para definir cooperativismo e o zingarelho respondeu: «cooperativismo é um modelo socioeconómico baseado na cooperação entre indivíduos ou empresas que se unem voluntariamente para alcançar objetivos comuns, promovendo a igualdade, solidariedade e autogestão.» No Portugal socialista, como não há união voluntária, o cooperativismo é uma iniciativa do Estado «para combater a falta de habitação acessível.»

E num Estado corporativo os funcionários públicos constituem uma parte substancial da freguesia eleitoral do Partido do Estado e, com toda a naturalidade, têm de ser mais bem pagos do que os outros. Por isso é natural que «em 2021, a remuneração bruta mensal média dos trabalhadores da Administração Pública era superior à dos trabalhadores do sector privado em todos os níveis de escolaridade, incluindo os licenciados».

Os portugueses emprestam ao Estado sucial as sobras do saque fiscal

Desde o aumento das taxas de juro, as poucas poupanças das famílias portuguesas (taxa de poupança inferior a metade da Zona Euro), estão a ser aplicadas em certificados de aforro que já atingiram 30 mil milhões de euros ou 10% do total da dívida pública.

Take Another Plan. A Dr.ª Alexandra Reis é menos importante do que os copos de papel

O ex-administrador financeiro da TAP ouvido na CPI revelou que a comissão executiva deliberava sobre a compra de copos de papel, mas o pagamento da indemnização de 500 mil euros à Dr.ª Alexandra Reis passou-lhe ao lado.

Os melhores da Óropa

Mais de um terço dos passageiros que voaram de Janeiro a Abril a partir dos aeroportos portugueses tiveram os seus voos atrasados ou cancelados. Lisboa bateu o recorde com mais de 40%.

O socialismo do PS transformou Portugal no paraíso dos reformados abonados

Enquanto na União Europeia a produção industrial cresceu 13,9% desde 2005, Portugal foi o país em que mais diminuiu (-18,9%) no mesmo período. Quanto à indústria de alta-tecnologia que na UE cresceu 16%, Portugal foi o quarto com menor crescimento, (fonte: Key figures on European business, 2023 edition)

«Pagar a dívida é ideia de criança»

No topo do mundo, mais uma vez. Com 52% da dívida pública detida pelo BdP e pelo BCE, o dobro da média da OCDE, Portugal é o país mais dependente dos bancos centrais.


O endividamento da economia (Estado, empresas e famílias) aumentou em Março 100 milhões para 802,1 mil milhões.

29/05/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (68a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Tutti frutti, oh rutti. A wop bop a loo bop a lop bam bam. O bloco central dos merdosos. Haverá algo que não esteja podre no Portugal dos Pequeninos?

«Está combinado com o Medina eles apresentarem uns gajos merdosos para garantirmos (PSD) as nossas juntas» disse um apparatchik do PSD, à época vice-presidente da bancada, a outro apparatchik do PSD, presidente da junta da Estrela, segundo uma escuta no contexto da operação Tutti frutti de investigação de «corrupção, tráfico de influência, participação económica e em negócio e financiamento proibido» que envolve dois actuais ministros do PS num «acordo secreto, ou pacto de não agressão, com responsáveis do PSD, seis meses antes das eleições autárquicas».

Desta vez, o PSD está directamente envolvido e o Dr. Montenegro terá de escolher se quer ser um sucedâneo do Dr. Costa e fazer do PSD uma muleta na alternância ou se quer ser um líder de uma alternativa ao governo socialista.

O Dr. Cavaco é campainha de Pavlov da nomenclatura socialista

De vez em quando, o Dr. Cavaco sai do seu recolhimento e diz qualquer coisa e é escutado com mais atenção do que o Dr. Marcelo a quem só se presta atenção aos seus raros silêncios. Desta vez o Dr. Cavaco falou durante 30 minutos sobre o desgoverno socialista no encerramento do encontro de autarcas do PSD. Como o cachorro que salivava ao ouvir a campainha do Dr. Pavlov, a maioria da nomenclatura socialista latiu e uivou intensamente nos dias imediatos, mais ainda do que o costume. A nomenclatura jovem fez de Sigmund Freud, deitou o Dr. Cavaco no divã socialista e postulou que estava «muito mal resolvido com a sua impopularidade»

A bazuca do Dr. Costa é uma pescadinha de rabo na boca

No terceiro ano do PRR, ou bazuca como lhe chamou o Dr. Costa, o governo propôs a Bruxelas a sua reprogramação aumentando o montante a torrar de 16,6 para 22,2 mil milhões. Do aumento de 5,6 mil milhões, 3,2 mil milhões serão financiados por dívida pública. Mais ainda do que a média dos 150 mil milhões torrados em quase quatro décadas pelos contribuintes europeus, estes 22,2 mil milhões contribuirão tanto como as centenas de milhar de licenciaturas e mestrados em ogias produzidos pelas universidades para o desenvolvimento do Portugal dos Pequeninos.

Exagero? Talvez não. Sabeis quem é o maior fornecedor de bens e serviços para investimento público no âmbito do PRR? A Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional que vendeu por 74 milhões o direito de superfície de 8 imóveis da Defesa Nacional ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana para construir um dia habitações a preço acessível.

Credo! O Dr. Centeno está possuído

Por falar na torrefacção dos fundos europeus, o Dr. Centeno foi assaltado por uma epifania e fez uma síntese retrospectiva da sua aplicação dizendo «em Portugal, acabámos por pagar estradas onde nunca vamos andar, e isso foi investimento público", "temos estádios [de futebol] que estão vazios, e isso é investimento público".

Boa Nova. A inteligência artificial não pode ser pior do que a incompetência e negligência naturais

A Agência para a Modernização Administrativa anunciou o que vai ser desenvolvido em parceria com a Microsoft (leia-se pela Microsoft) uma solução de inteligência artificial em português para interagir com o “utente”. 

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central». «Está ali ligada às máquinas»

Segundo as contas do Expresso, desde que o governo há dois anos comprou a EFACEC à Dr.ª Isabel dos Santos, já lá enterrou 250 milhões de euros entre injecções de capital e garantias públicas. Dos 115 milhões de dívida bancária, na maioria garantidos pelo governo em nome dos contribuintes, a Parpública está a propor aos bancos o perdão de metade. Se tomarmos com referência o que acontece com as previsões de custos e perdas é prudente aplicar o multiplicador socialista e duplicar as perdas previstas.

(Continua)