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18/07/2024

Dúvidas (373) - Não será um poucochinho exagerado? (9) - O surto inovador e inventivo que nos assalta

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)

Esta série de posts é dedicada a demolir o mito das patentes que pretende exaltar a suposta inventividade inata no Portugal dos Pequeninos e é apenas mais um expediente de compensação do complexo de inferioridade que infecta o país e as suas elites.

Os oito posts anteriores mostraram que o surto inovador e inventivo imaginado pelas luminárias do regime e propagandeado pela imprensa do regime é na verdade uma ficção. Este post mostra uma outra face da inovação que não é ficção - é a realidade do dinheiro derramado para incentivar a inovação.

Fonte

Recordando: os 329 pedidos de patentes portuguesas em 2023 correspondem a 0,38% e 0,17% do número total de pedidos dos 39 países do European Patent Office (EPO) e do número total de países, respectivamente, e que o rácio de 33,9 patentes por milhão de habitantes nos coloca no 38.º lugar do ranking (terceiro a contar do fim) dos países que apresentaram pedidos de patentes ao EPO.

Pois bem, estes resultados merdosos não resultam de falta de dinheiro público (ou seja, dinheiro privado extorquido pelo Estado) à I&D, uma vez que, segundo os dados do relatório Corporate Tax Statistics 2024 da OCDE, Portugal é o quarto da OCDE país que mais afecta dinheiro público - 0,33% do PIB, dos quais cerca de um quarto em financiamento directo e três quartos em benefícios fiscais. Poderia ser de outra maneira? Dificilmente, se imaginarmos os departamentos do Estado sucial português completamente desligados do mundo real e desprovidos de quadros tecnicamente preparados a seleccionarem os projectos de I&D que justificam ser apoiados.

4 comentários:

Sérgio Gonçalves disse...

Há falta de rigor no texto que não é normal neste blogue.

Portugal afeta 0.33% do PIB em I&D, estando no top da ODCE mas em dinheiro liquido não é a mesma coisa

Pertinente disse...

Faz pouco ou nenhum sentido comparar valores absolutos sem considerar o tamanho da economia.
Por exemplo, o dinheiro público que a Islândia afecta à I&D representa 0,47% do seu PIB que é de € 24 mil milhões, ou seja, afecta cerca de € 113 milhões.
Portugal afecta 0,33% do PIB que é de 266 mil milhões, ou seja, afecta cerca de 878 milhões.
O raciocínio implícito no comentário precedente levaria a concluir que Portugal aplica cerca de 8 vezes mais dinheiro público do que a Islândia.
Se comparássemos Portugal com o Reino Unido que tem um PIB de 3.300 mil milhões e aplica cerca de 16 mil milhões do seu dinheiro público em I&D, o mesmo raciocínio levaria a concluir que Portugal aplica 18 vezes menos do que o Reino Unido.

Sérgio Gonçalves disse...

Exato, daí não perceber esta frase
"Portugal é o quarto da OCDE país que mais afecta dinheiro público".

Pertinente disse...

Se não percebe essa frase também não percebe o título que o Expresso deu ao gráfico «Portugal é um dos países com mais apoios fiscais à I&D». O que está sempre em causa é a relação com o PIB.