Edward Lee Thorndike, um psicólogo educacional, descreveu em 1920 um enviesamento, que baptizou de "efeito de halo", que consiste em observar e avaliar uma pessoa a partir de uma impressão global que contamina a visão que temos de certas características dessa pessoa e distorce a avaliação que dela fazemos. Esse efeito pode manifestar-se de diferentes maneiras. Por exemplo, se consideramos que uma pessoa é particularmente competente numa determinada área tendemos a generalizar e esperar que essa pessoa seja igualmente competente em outras áreas, ou, ao contrário, se avaliamos com incompetente uma pessoa numa determinada área tendemos a considerá-la incompetente noutras áreas ou mesmo incompetente em qualquer área.
O efeito de halo explica, por exemplo, que muita gente, em especial os seus adversários políticos, antecipe que o Dr. António Costa vai ser um desastre como presidente do Conselho Europeu, pelo facto de ele ter desempenhado com incompetência as suas funções de primeiro-ministro (para além de ter adoptado políticas erradas, mas isso são contas de outro rosário).
Na verdade, pode não ser assim e até, com alguma probabilidade, o Dr. Costa pode sair-se muito bem no novo cargo na Óropa. De facto, as funções do presidente do Conselho Europeu consistem essencialmente em preparar e presidir às reuniões e, em especial, «facilitar a coesão e o consenso no âmbito do Conselho Europeu», tudo isto em «cooperação com o presidente da Comissão». Em substância requer-se um moderador com uma boa relação funcional com o presidente da Comissão Europeia, que é uma condição indispensável de sucesso (uma das razões das falhas de Charles Michel foi a guerra de poleiro com Frau von der Leyen), requisitos que o Dr. Costa parece cumprir, admitindo a continuidade da presidente da CE.
Por isso, são muito exagerados os prognósticos de um mau desempenho do Dr. Costa e ainda mais exagerados os prognósticos de um desempenho desastroso.
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