A partir do próximo ano entrará em vigor na UE uma regulamentação que obrigará os importadores de cacau, café, borracha, soja, óleo de palma, madeira ou produtos de gado a provar que esses produtos não têm origem em terras que foram desflorestadas depois de 2020. Um importador incumpridor terá uma multa que pode ir até 4% do seu volume de negócios na UE. Para cumprir essa regulamentação milhões de pequenas fazendas terão de ser geolocalizadas e as cadeias de fornecimento terão ser ser adaptadas desde a América Latina à Ásia, passando por África onde isso será especialmente difícil de realizar. Tudo indica que não haverá tempo até ao fim do ano, o que terá um impacto profundo sobre os pequenos produtores e as economias dos países para quem as exportações desses produtos são vitais. (fonte)
Para fabricar um veículo de combustíveis fósseis são precisos 30 kg de cobre e peróxido de manganês. Para fabricar um veículo elétrico são necessários 200 kg de minérios raros, incluindo grafite e cobre. Só a quantidade de sílica para fabricar painéis solares é maior por unidade de energia do que todos os minérios necessários para produzir energia usando carvão. A maior parte dos minerais necessários para os equipamentos de produção de energias renováveis não se encontra na UE nem nos EUA e concentra-se em países como a República Democrática do Congo (70% da produção de cobalto), Brasil (90% do nióbio) ou a China (80% ou mais do gálio, germânio, volfrâmio, telúrio e bismuto), China que controla uma parte significativa da indústria mineira africana. E quando esses minerais se encontram na UE a sua extracção está sujeita a tantas restrições que são necessários anos para abrir novas minas. Estamos a trocar a dependência da Rússia, Arábia Saudita e de outros produtores de petróleo, na sua maioria Estados autocráticos, pela dependência dos minerais necessários à "economia verde" existentes em outros ou nos mesmos Estados autocráticos. (fonte)
Estes são dois exemplos das consequências imprevistas e indesejadas de políticas e medidas inspiradas pelas boas intenções (algumas delas eventualmente incontornáveis a longo prazo) que são adoptadas com base no lunatismo e no pensamento milagroso do qual podem resultar consequências evitáveis e o agravamento das inevitáveis, ignorando o trade-off entre medidas alternativas e prioridades.
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