Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/09/2023

How cynical leaders are whipping up nationalism to win and abuse power

«(...) The main drawback of paranoid nationalism is obvious. It is terrible for its targets, whether they be immigrants in Tunisia or Ukrainians whose land has been sown with mines. Neighbours of paranoid nationalist regimes have cause to be nervous, as anywhere that shares a border with Russia or China can attest.

The other big drawback is less well understood: politics based on bigotry opens the door to misrule and corruption. As Mr Putin has ratcheted up nationalist propaganda over the past two decades, his cronies have been plundering Russia. And though he is surely the most extreme example, he is far from alone. In fact, there is a clear statistical correlation between nationalism and corruption. (...)

Appeals to nationalism are effective because they are simple to understand, and far more emotive than any bread-and-butter policy proposal. “Vote for me and I’ll make incremental improvements to schools” is a fine platform but a dull slogan. “The tribe next door are attacking us!” is an electrifying one.

The enemy can take many forms. It could be immigrants, as in Tunisia. Or a geopolitical rival: Chinese and Russian propaganda constantly demonise America. Or a minority faith: India’s ruling party plays up the non-existent threat that Muslims, less than 15% of the population, pose to the Hindu majority.

Or the enemy could be cultural change. Many nationalist leaders describe any new social trend that makes people uncomfortable as foreign, or even a vicious attempt by foreigners to subvert their country’s values. Iran’s regime uses this argument about women’s rights; Uganda’s, about tolerance for gay people. Illiberal regimes habitually describe the values they oppose as alien, which is easier than explaining why they are wrong.

In country after country, incumbents have found that nationalist or sectarian arguments can be used to harass or exclude from office those who challenge the status quo. Iran’s corrupt theocracy insists that all presidential candidates meet its definition of Islamic piety. In 2021 it disqualified 585 of them, including all the would-be reformers, and allowed only seven to run. A new Polish law could bar from office politicians deemed to be unduly influenced by Russia; its probable target is Donald Tusk, a leading opposition candidate who is not pro-Russian at all. Since 2015, when Poland’s nationalist ruling party took charge, the country has grown eight points grubbier on the Corruption Perceptions Index.

A more nationalist government does not automatically mean a more corrupt one. It is possible for a country to become more tub-thumping, but no dirtier, at least for a while. However, in the long run, if a leader uses nationalism to erode checks and balances, it becomes easier for the people around him or his successors to plunder. This happened in Zimbabwe, where a nationalist autocrat who was far more interested in power than money, Robert Mugabe, failed to stop looting by his cronies and was ultimately overthrown by them.

Thus, regardless of the starting point, paranoid nationalism tends to make countries worse governed and less stable. A paper co-written by Abhijit Banerjee, a Nobel prize-winning economist, found that when voters pick candidates by ethnicity instead of, say, probity or competence, they end up with less honest, less competent representatives.»

Extract of How cynical leaders are whipping up nationalism to win and abuse power

29/09/2023

A geração mais (mal) educada de sempre

Foi ontem publicado pelo Eurostat o artigo Participation of young people in education and the labour market do qual extraí os dois gráficos seguintes.


Menos de 11% dos jovens portugueses no escalão 15-29 anos trabalham e estudam simultaneamente, ou seja, menos de metade da média da UE e menos de um quarto da média dos países do norte da Europa. Não é certamente por acaso que nos países europeus mais desenvolvidos a participação dos jovens simultaneamente a trabalhar e a estudar é mais elevada.


Portugal faz parte do grupo 3 de países em que apenas um décimo dos jovens 15-29 anos trabalham e estudam e, apesar disso, têm uma taxa de desemprego praticamente igual à média da UE. Conseguem assim ter sol no nabal e chuva na eira, uma especialidade muito do Portugal dos Pequeninos em quase todas as modalidades.

28/09/2023

Eça, o Panteão e o ónus da prova

André Carrilho
Em 15 de janeiro de 2021, o parlamento decidiu homenagear Eça de Queiroz, aprovando por unanimidade a trasladação do seu cadáver para o Panteão Nacional. Alguns bisnetos de Eça opuseram-se apresentando uma providência cautelar, alegando que o seu bisavô não teria querido que o enfiassem em tal sítio.

A coisa foi até ao Supremo Tribunal Administrativo que decidiu assim

«(...) apresenta-se [...] como não comprovada a alegação dos Requerentes [da providência cautelar] quanto à sua suposta representação da maioria dos descendentes vivos (bisnetos) do escritor em oposição à trasladação dos seus restos mortais.

Tem-se por irrelevante, para a presente decisão, a suposta vontade do escritor (que, aliás, não se vê claramente manifestada) (...)»
(fonte)

Em linguagem vernacular, o STA entendeu que os herdeiros que se opuseram não provaram que o seu avô teria achado abominável à trasladação. Ora aqui é que bate o ponto, porque (agora em juridiquês) estamos perante um caso evidente de inversão do ónus da prova, quando um escritor que escreveu a propósito da mediocridade dos antecessores dos políticos que o querem agora enfiar no Panteão e sobre as instituições políticas do Portugal dos Pequeninos coisas como as que a seguir cito, só poderia achar abominável que tais políticos e instituições decidissem o destino do seu cadáver e o encerrassem num edifício em tempos sujeito a obras de Santa Engrácia.  

«Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.»

«Este governo não cairá porque não é um edifício, sairá com benzina porque é uma nódoa.»

«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o Estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?»

«Diz-se geralmente que, em Portugal, o público tem ideia de que o Governo deve fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo; tira-se daqui a conclusão que somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados, indignos de uma larga liberdade, e inaptos para a independência. A nossa pobreza relativa é atribuída a este hábito político e social de depender para tudo do Governo, e de volver constantemente as mãos e olhos para ele, como para uma Providência sempre presente.»

Se isto não chegar, atente-se que Eça co-autorou As Farpas e leiam-se ao acaso algumas das cerca de 600 páginas da compilação por Maria Filomena Mónica editada pela Associação Portuguesa de Imprensa.

27/09/2023

Onde vai o áctivismo anti-rácista extorquir 70 dívidas públicas para indemnizar as vítimas da escravatura portuguesa?

O historiador João Pedro Marques (JPM) vem alertando há quase dez anos para os delírios do áctivismo anti-rácista a respeito da indemnização às vítimas da escravatura pelos países que a praticaram, ou, mais exactamente, pelos países de influência cristã, já que os países islâmicos e africanos que praticaram a escravatura durante muitos séculos para estes áctivistas estão isentos dessa obrigação. 

No artigo mais recente «A conta já chegou. São 20 biliões de dólares», JPM cita o Report on Reparations for Transatlantic Chattel Slavery in the Americas and the Caribbean do Brattle Group que se propôs estimar os montantes que alguns países esclavagistas deveriam pagar a esse título. 

Report on Reparations for Transatlantic Chattel Slavery in the Americas and the Caribbean

O quadro acima extraído daquele relatório mostra os montantes devidos por cada país capitalizados à taxa de 2,5%. No caso português, o terceiro maior montante a seguir aos Estados Unidos e ao Reino Unido, o montante de USD 20,582 biliões no sistema longo que usamos em Portugal, equivale em contas redondas 70 vezes a dívida pública ou 80 vezes o PIB.

A nossa única esperança é criarmos um comité para calcular as indemnizações que os habitantes do Portugal dos Pequeninos poderão exigir aos romanos e à multidão de bárbaros que os expulsaram, aos árabes, aos espanhóis e aos franceses que sucessivamente invadiram o nosso torrãozinho natal.

26/09/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (84b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 84a)

O Dr. Centeno anda a tirocinar para político socialista full time

A inflação em Portugal que segundo o Dr. Centeno iria diminuir, segundo o IHPC (índice harmonizado de preços no consumidor) teve em Julho a segunda maior subida da Zona Euro de 4,3% para 5,3%. As taxas do BCE que segundo o Dr. Centeno não deveriam aumentar, tiveram o décimo aumento para 4,5%, e o mesmo Dr. Centeno, antes da reunião uma “pomba”, depois da reunião teve uma epifania e justificou ao El Pais o aumento porque «a inflação é mais regressiva e injusta socialmente do que as medidas que usamos para a combater». Justificação que é tão verdadeira que até parece mentira dita por um sujeito que anda a contar estórias da carochinha sobre a inflação.

Take Another Plan. Plastic Man sells Portuguese Caravels

O Dr. Costa que para justificar a nacionalização da TAP a considerou «tão fundamental para o país como foram as caravelas», ultrapassou em contorcionismo o Homem Elástico ao admitir agora privatizar TAP «na totalidade».

Num deserto de realizações, um dilúvio de anúncios

A rede de fibra óptica que a ministra da Coesão Territorial anunciou iria por 300 milhões cobrir todo o país, a começar ainda em 2022, afinal ainda está na fila do peditório para a CE que financiaria metade, no pressuposto da ministra de haver «uma falha de mercado», falha que em rigor é do expediente de anunciar investimentos com o dinheiro dos contribuintes europeus chutando a responsabilidade pelo falhanço para Bruxelas.

Fará Bruxelas bem aos apparatchiks socialistas?

A Dr.ª Elisa Ferreira, que em tempos garantiu que «o dinheiro é do Estado, é do PS», disse um dia destes em entrevista ao Clube de Jornalistas que «há países que dizem ‘eu quero os fundos’ e a seguir ‘não preciso mais de fundos, quero ser contribuinte líquido’ e outros países que dizem ‘eu quero fundos, eu quero sempre fundos’» (guess who's who).  Para que não houvesse dúvida sobre a influência de Bruxelas na sua meninge, disse também «a habitação é um poço sem fundo. Onde vamos parar se formos financiar a habitação?» comprometendo assim o peditório que o seu chefe Dr. Costa apresentou a Bruxelas.

O observatório como instrumento de emprego para boys

Anunciado em Maio de 2022 pela ministra da Agricultura, uma das maiores nulidades neste governo, o que não é dizer pouco, considerando a maior concentração de nulidades num governo desde Dona Maria II, já está a funcionar um observatório de preços para a evolução de preços da produção ao consumo em 26 produtos alimentares, observatório que se acrescenta a mais de uma centena.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

A dívida pública atingiu em Agosto 292 mil milhões, um novo recorde. O endividamento da economia, isto é o somatório das dívidas do Estado, das famílias e das empresas não financeira, desceu 400 mil euros (uns prodigiosos 0,05%) para 806,6 mil milhões, apesar da redução de 1,4 mil milhões do sector privado.

25/09/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (84a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Medina a fazer de conta que tem no chapéu a solução milagrosa para os juros altos

A moratória dos juros do crédito à habitação que o Dr. Medina tirou no chapéu consiste em manter durante dois anos as mensalidades calculadas com base em 70% das taxas Euribor e chutar para a frente os 30%, que terão de ser devolvidos ao fim de quatro anos, adicionando-os à dívida no pressuposto que as taxas, entretanto, baixem o suficiente para acomodar os juros diferidos durante dois anos. Pressuposto que é mais wishful thinking quando se pode constatar que a taxa actual (por exemplo a Euribor 3 m que, por muito estúpido que seja, é a mais frequente nos créditos à habitação) está dentro do intervalo de variação das taxas num período “normal” como o da primeira década deste século.

Fonte

Choque da realidade com as políticas de habitação do Dr. Costa

Segundo os cálculos do jornal Eco, entre 2017 e 2022 o parque habitacional teve um aumento inferior a 100 mil edifícios, menos em 6 anos do que a média anual no início do século.

Um Estado em decomposição

Apenas dois dos muitos exemplos. O scanner que permite examinar os contentores do porto de Lisboa está decrépito, precisa de ser substituído e está avariado há tempos o que tem feito a felicidade dos traficantes que usam o porto de Lisboa para introduzir o “produto” na Óropa.

Muitos quilómetros de cabos de alta tensão estão a ser regularmente roubados em troços que por estarem remodelação têm a energia cortada.

Choque ferroviário da Boa Nova com a realidade

Aplicando ao investimento na ferrovia o princípio geral autoestrada mexicana do PS, o governo cortou o investimento previsto no OE2023 na ferrovia em 46% e 18% nos metros, numa situação em que entre 1995 e 2018 a extensão de ferrovia diminuiu 18% o que compara com um aumento da rodovia de 364%.

A reabertura da Linha da Beira Alta prevista para Novembro não vai acontecer.

O ponto de situação do Ferrovia 2020 segundo o Público é o seguinte:


«A educação é a nossa paixão»

Quando o governo do Dr. Costa tomou conta da paixão socialista havia no ensino público não universitário 120,9 mil professores número que aumentou em 10,2 mil para 131,1 mil (fonte PORDATA). No início deste ano lectivo voltam a faltar professores em quase todas as disciplinas e faltam quase o triplo dos professores de Português e o dobro dos de Matemática no 3.º ciclo e secundário.

Para entreter o público e mostrar serviço, o ministro da Educação anuncia que vai ser disponibilizado um edifício em Lisboa para alojar 29 (vinte e nove) professores.

(Continua)

24/09/2023

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (17) - Uma espécie de autópsia antecipada de S. Ex.ª

Então aguentem outros cinco anos, uma espécie de sequência indesejada da série Outras preces (não escutadas).

«(...) A função presidencial está comprometida. Atores políticos vários, no segredo das confidências, começam frases assim: eu até gosto do Marcelo, mas... Este “mas” é uma interrogação e a expressão de um cansaço. Quosque tandem abutere, Marcelo, patientia nostra? Qualquer observador sensato, não precisa ser Cícero, está farto das manifestações instantâneas de portuguesismo “fixe” que ganham atributos de cerimónias de Estado. A recusa de uma atitude séria sobre o mundo não serve o momento grave. A sociedade portuguesa, empobrecida e classificada pelos mecanismos do capitalismo e do mercado como não rentável, está a tornar-se um estudo antropológico sobre o ressentimento. E o desapontamento.

Marcelo talvez ache que a sua marca de populismo conseguirá estancar marcas mais viciosas, impedindo-as de se tornarem dominantes. Está errado. O pensamento popularucho, somos fado, bacalhau e Ronaldo, coloniza o discurso português, transformando-o no beneficiário de todos os niilismos. Se só somos isto, somos nada. Somos repasto de turistas, fado e bacalhau, e das paixões tribais da bola. Não temos método nem propósito, não temos história, não temos ciência, não temos cultura, não temos nada exceto o juízo dos outros sobre o valor de entretenimento.

Nem por ironia é aceitável. Uma sociedade sem reportório crítico, sem vitalidade intelectual, sem convicção, sem educação. Fado e bacalhau, a retórica pobre dos pobres de espírito. Ronaldo, o novo Camões. A estrutura deste vocabulário é perigosa, embalando a ignorância num contexto político e, dir-se-ia, estético, que faz dos portugueses seres que não governam o seu destino, são governados.

A versão identitária da portugalidade no texto de Marcelo não passa de indulgência e transtorno cognitivo. O estereótipo é tudo menos uma experiência estética.

Outros Presidentes, como Soares e Sampaio, leram muitos livros de História. Talvez fosse bom que Marcelo se retirasse dos afetos e, por uma vez, lesse até ao fim um livro em vez de o apresentar, recomendar e prefaciar. Recomendo-lhe dois, “O Livro do Desassossego”, de Bernardo Soares, e “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. E releia, supondo que leu, “Os Maias”. Nele encontrará uma perso»nagem chamada Dâmaso Salcede. Um estremeção de reconhecimento e identificação será inevitável. (...)»

Clara Ferreira Alves, aka Pluma Caprichosa, no Expresso

23/09/2023

CASE STUDY: In the United Kingdom as in Portugal dos Pequeninos, wrong incentives lead to wrong outcomes

«(...) Britain had a good record on this score. For two decades until 2019 its inactivity rate (the share of people of working age who are neither working nor looking for a job) was among the lowest of any rich country. Then something went awry. Pandemic lockdowns smothered economic activity everywhere. But whereas other economies bounced back—since 2020 the inactivity rate has fallen, on average, by 0.4 percentage points across the OECD, a club of rich countries—in Britain, uniquely, it continues to climb, and is up by 0.5 points. What’s going on?

The immediate cause is not disputed: more Britons than ever are classified as unwell. Data released this week showed a remarkable 2.6m people, a record, are economically inactive because of long-term sickness—an increase of 476,000 since early 2020. Inactivity helps explain why firms are struggling with labour shortages and, in part, stubbornly high inflation. And there is a hefty bill. The Office for Budget Responsibility, the fiscal watchdog, says more long-term sickness has added £15.7bn ($19.6bn), or 0.6% of GDP, to annual government borrowing because of lost tax receipts and higher welfare spending. (...)

Instead, the primary cause is in the welfare system. The previous Labour government, and Conservative-led ones since 2010, gradually made it harder for claimants to get incapacity benefits. That helped guard against fraud and kept rates of economic inactivity low. But some people with real needs were wrongly denied benefits. In 2019, after several high-profile cases of people being declared fit for work and then dying, the government reversed course and made it much easier to obtain benefits. Over 80% of the claims lodged in the fiscal year 2019-20 were successful, up from just 35% in the decade before.

Meanwhile, perverse incentives have been added. The old system did a fair job of nudging those who were temporarily incapacitated back into work as soon as they were better. The new one has sharply raised the relative rewards of claiming to be permanently incapacitated. Those who are deemed unable ever to return to employment now get twice as much as those expected to go back to work one day. This gives people a strong incentive to exaggerate their ailments, and never look for a job again. (...)»

Why are so many Britons not working?

22/09/2023

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (7) - Os problemas da habitação são iguais em todo o lado mas há uns mais iguais do que outros

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)

Em vários dos posts anteriores tentei mostrar que as situações particulares dos países e das cidades são diferentes e meter todos no mesmo saco da "crise da habitação" não ajuda nada a perceber o problema de cada uma delas e, portanto, só dá para encontrar soluções do tipo one fits all que no final não servem para nenhuma.

Em 1970 existiam cerca de 2,7 milhões de "alojamentos familiares clássicos" para uma população residente de 8,6 milhões. Trinta e um ano depois os números eram cerca de 6 milhões e 10,3 milhões, respectivamente, e o número de alojamentos por 100 pessoas passou de 31,4 para 58,3.
O diagrama anterior mostra a evolução do mesmo indicador entre 1980 e 2022 em diversos países desenvolvidos, valores que, se em 1980 não eram muito divergentes dos portugueses, nos anos mais recentes estes últimos ultrapassam largamente os de todos os outros países e até os da Alemanha. Sem prejuízo de ser normal existirem diferenças regionais mais ou menos importantes, pelos padrões internacionais não haveria uma razão óbvia para Portugal ter uma profunda crise de habitação, como é a versão geralmente percepcionada.

Será preciso, portanto, procurar as razões particulares que contra toda a evidência podem explicar a essa percepção.

(Continua)

21/09/2023

Muito mais é o que os une. Que aquilo que os separa. Do Paulinho das feiras ao Rochinha das feiras


«Nove e meia da manhã. A humidade da chuvada da última hora ainda se sente. Chão molhado, borrifos que ainda pingam das árvores à entrada do mercado, no lado direito, e alguma gente, não muita, de chapéu de chuva na mão. Cheira a frango assado.

Logo ao lado do lugar por onde a comitiva da Iniciativa Liberal entraria dali a meia-hora já há quem esteja na linguiça assada, na carne de vinho e alhos, na "melhor sidra da Madeira", na poncha e nos amendoins.» (DN)

Por muito que um democrata-cristão tenha um programa diferente de um liberal, ambos e ainda os centristas, socialistas, comunistas, esquerdistas and all that jazz querem os votos do povo e o povo gosta de feiras, pelo menos o povo que vai às feiras. Por isso há que trincar a sandes de paio, o pastel de bacalhau ou a linguiça assada e beberricar um tinto, jeropiga ou sidra da Madeira. Se não servir para nada, como provavelmente acontece no caso dos liberais que será mais fácil cruzarem-se com um lince da Serra da Malcata do que com um feirante liberal, pelo menos serve para "experienciar" a gastronomia e os costumes regionais.

20/09/2023

Ser de esquerda é... (24) - ... detestar o Dr. Cavaco Silva por más razões

«Que a esquerda tem mais alergia a Cavaco Silva do que Maomé ao toucinho é facto comprovado por quilómetros e quilómetros de papel de jornal. Ana Sá Lopes assinou no sábado um belo texto sobre o lançamento do novo livro do antigo primeiro-ministro, no qual declara: “Não há nenhum antigo dirigente do PSD que enerve tanto a esquerda como Cavaco Silva. É um dado objectivo – até o ódio a Santana Lopes se dissipou com os anos.” É bem verdade. Aliás, a coisa é tão escandalosamente evidente que até os próprios admitem.»

João Miguel Tavares no Público 

Aqui no (Im)pertinências a cotação do Dr. Cavaco Silva não é grande coisa, como se pode comprovar nas dezenas de posts publicadas ao longo de 20 anos exprimindo juízos críticos sobre a criatura e as suas acções. Nos posts de um dos contribuintes esses juízos são informados também pelo convívio a uma distância respeitosa durante um ano lectivo numa cave do antigo Mosteiro de Santa Brígida ou Convento de Santa Brígida ou Convento de São Salvador de Sion de Lisboa ou Mosteiro de Santa Brígida de Lisboa ou Convento das Inglesinhas ou Convento das Inglesinhas do Mocambo ou Convento do Quelhas.

Há, porém, importantes diferenças entre a urticária que o Dr. Cavaco desperta na esquerdalhada e as críticas e reservas que aqui lhe colocamos. Talvez até tenhamos de admitir serem excessivas as nossas críticas e reservas se a urticária da esquerdalhada for gerada, como parece, precisamente pelas acções da criatura que não nos merecem críticas ou reservas.

Outros "Ser de esquerda é..."

19/09/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (83b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 83a)

O anúncio pelo Dr. Medina do fim das cativações foi como o anúncio da morte de Samuel Langhorne Clemens (continuação)

Depois de oito anos em que três ministros das Finanças recorreram ao expediente de apresentar um orçamento apenas para efeitos de propaganda, orçamento que depois não é executado, o Dr. Medina anunciou o fim do expediente das cativações a partir de 2024. Vendo a coisa mais de perto, este ano até Maio mantinham-se 80% das cativações e em 2024 ainda vai haver cativações correspondentes a 2,5% da despesa orçamentada.

Escrevi o parágrafo anterior há um mês. Entretanto, as cativações não só se mantém em 2013 como ainda revestem pelo menos quatro formas: “cativações iniciais”, “reserva”, “dotação provisional” e “dotações centralizadas” e, em qualquer caso, não são publicados pela Direcção-Geral do Orçamento dados que permitam saber as cativações efectivas.

O Estado sucial é um caloteiro. O calote como complemento das cativações à custa dos “privados”

A evidência da prática recorrente do calote pelo governo português já chegou ao Tribunal de Justiça da União Europeia que vai julgar uma acção proposta pela CE por incumprimento “sistemático” e “persistente” das regras para combater os atrasos de pagamento.

O atraso das baterias está explicado. Era a negociação do desconto

As nove baterias que faltavam para as 10 embarcações eléctricas compradas há quatro anos foram agora compradas num concurso público por menos 0,0015% do que a adjudicação directa chumbada pelo Tribunal de Contas.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro». O desastre desta paixão socialista é o melhor que poderia acontecer à saúde privada

Graças ao colapso do SNS, cada vez mais os contribuintes, conhecidos como “utentes”, se encaminham para os “privados” que aumentam a sua oferta de serviços, como agora a Cuf Saúde que comprou mais um hospital e seis clínicas em Penafiel e noutros concelhos, graças aos seguros de saúde cujo volume de prémios aumentou 17% no 1.º semestre.

As profecias e os desejos do Dr. Centeno não se realizaram

Ignorando os prognósticos do Dr. Centeno, a inflação voltou a aumentar de 3,1% em Julho para 3,7% em Agosto e, sem surpresa, e contra o desejo do Dr. Centeno o BCE fez o décimo aumento das taxas para 4,5%.

A portaria como veículo para lançar satélites em órbitra

O governo do Dr. Costa coloca satélites em órbitra com a ajuda de portarias, conta-nos o Avante da Sonae.

Choque da realidade com as políticas de habitação do Dr. Costa

Não obstante as 95 (noventa e cinco) páginas da peça legislativa petit-nom “Mais Habitação”, as rendas voltaram a aumentar 2,6% em Agosto. Quanto ao número de licenciamentos de novos edifícios e de reabilitações diminuíram no segundo trimestre 10,2% e 10,4%, respectivamente.

18/09/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (83a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Medina a fazer de conta que tem no chapéu a solução milagrosa para os juros altos. Pode não ser nada, mas pelo menos faz títulos como «Governo cria regras para baixar prestação da casa»

É uma especialidade socialista. Só há um problema quando a coisa rebenta nos mídia. Quando rebenta, tenta-se dizer que é culpa do governo PSD-CDS que desapareceu há oito anos. Se a coisa já não pega, tenta-se iludir. Quando deixar de ser possível iludir, adia-se.

Estava nos livros que as taxas de juro baixas teriam um dia de ser aumentadas e estava nos livros que incentivar os créditos a taxa fixa seria uma das formas de minimizar o impacto quando as taxas aumentassem, o que foi olimpicamente ignorado. Quando a coisa começa a desabar, o governo prepara uma “solução” que consiste em alisar os aumentos das taxas chutando-os a frente na esperança das reduções futuras das taxas directoras do BCE permitirem acomodar esses aumentos.

No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito

O Dr. João Neves, antigo SE da Economia é agora consultor da Clearwater International, cuja equipa portuguesa tem como chefe o ex-deputado socialista Dr. José Lemos, representando-a em reuniões do IPCEI (Important Projects of Common European Interest).

Take Another Plan. Melhor do que ter o Dr. Costa como accionista só mesmo ter um “modelo tripartite” com o Dr. Costa, o camarada Lula e uma Oi com asas

A “modelo” já vem pelo menos desde Maio quando o Dr. Washington Quaquá (no pun intended ) deputado federal do PT, defendeu para privatização da TAP «um modelo tripartite, no qual entrariam os governos brasileiro e português e mais uma empresa brasileira interessada no projeto» (fonte). No entanto, o “modelo” na altura foi praticamente ignorado pela imprensa portuguesa do regime ocupada com os escândalos que por essa altura assaltavam a TAP. A coisa só se tornou oficial quando a Agência Lusa produziu há dias uma nota e o semanário de reverência plantou na primeira página uma curta notícia.

Há o Portugal público que tem de ser assistido e o Portugal privado que tem de ser espoliado

«Em cada ano de trabalho em Portugal, nós iremos devolver cada ano de propinas pagas em Portugal, naturalmente na universidade pública», disse o Dr. Costa e alguém reparou no «naturalmente na universidade pública». De onde resulta que para o Dr. Costa é preferível os estudantes das universidades privadas porem-se ao fresco quando acabarem as graduações. Na verdade, ele tem razão e é isso que muitos deles irão fazer – bem como os das universidades públicas que no estrangeiro recuperarão com salários mais elevados em poucos meses a devolução das propinas que perdem.

Banco de Fomento é «torrar dinheiro em coisas que não valem pevide»

Continuam as demissões de administradores do Banco de Fomento. Depois dos dois que se demitiram por “cansaço” há duas semanas, demitiu-se o último resistente da administração anterior.

(Continua)

17/09/2023

Com o seu furor acusatório, irá a Dr.ª Isabel Moreira acusar post mortem o Dr. Adriano por colaboração com o fascismo?

A Dr.ª Isabel Moreira, deputada socialista e áctivista de causas fracturantes, acusou o Dr. Marcelo de "sexismo" por chamar a atenção em Toronto para a profundidade de um decote que permitia ver o peito de uma jovem "luso-descendente" ou, em linguagem inclusiva (GPT-3.5), "a região mamária de uma jovem" ou "a área do tórax de uma jovem" e por, na semana anterior, S. Exª. ter brincado com o peso excessivo de uma mulher ou, em linguagem inclusiva (GPT-3.5), uma pessoa do género feminino "com corpo de tamanho variado" ou "com corpo plus size".

NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Privados

Privados

Termo em dialecto sucialês que designa aquela parte do país que ainda não está pendurada no Estado sucial ocupado pelos apparatchiks socialistas.

Estará o capitalismo americano a perder o gás?

Se a destruição criativa é inerente ao capitalismo como defendeu Joseph Schumpeter, um economista austríaco que não por acaso publicou pela primeira vez em 1942 «Capitalismo, Socialismo e Democracia» onde defende essa ideia, precisamente nos Estados Unidos onde então vivia, o capitalismo americano revelou-se durante mais de um século especialmente criativo e, em consequência, destrutivo.

Alguns indicadores sugerem que esse ímpeto criador (e destrutivo) está a esmorecer, como os gráficos seguintes parecem mostrar (fonte).


No gráfico à esquerda em cima está representado por décadas da sua fundação o número de empresas da Fortune 500 que representam um quinto do emprego, metade das vendas e dois terços dos lucros. Apenas cerca de 10% foram criadas depois de 1990, só sete foram criadas depois de 2007, 280 das 500 são anteriores à segunda guerra mundial e desde 1990 a idade média subiu de 75 para 90 anos, embora com grandes variações por sector, como se pode ver no gráfico da direita onde as TI surgem com a idade média mais baixa, como é natural.

O gráfico anterior confirma a mesma tendência mostrando o abrandamento na criação de novos negócios nas últimas décadas. Há várias razões que podem explicar este fenómeno e uma delas é que, tal como Schumpeter reconheceu no final da vida, ao contrário do passado, a inovação tem tendido a ser cada vez mais do lado dos incumbentes, ou mais rigorosamente a adopção das inovações tem sido garantida pelos incumbentes que pela sua dimensão podem suportar os investimentos necessários, a começar pela compra das startups que geraram essas inovações.

16/09/2023

Os portugueses (e as portuguesas) metem o Estado em todo o lado, até na cama

Por ocasião dos 20 anos do célebre caso das "Mães de Bragança", o Correio de Manhã evocou a efeméride entrevistando o Sr. Palas, empresário do alterne. O acontecimento mereceu à época a atenção da Time («When The Meninas Came To Town») e uma das pouquíssimas capas que esta revista dedicou ao Portugal dos Pequeninos ou a alguma das criaturas que por aqui habitam - numa outra capa pode ver-se a figura ridícula do Eng. Guterres com as calças molhadas.

Também aqui no (Im)pertinências o acontecimento foi na altura devidamente relevado num post onde demos voz às duas partes. Às "Mães de Bragança" para quem «antes, estava tudo bem. Quando abriram estas casas de prostituição eles ficaram perdidos. Sabemos que só vão lá por que também temos a certeza que os drogam. Não imaginam como é que eles vêm de lá» e ao Sr. Palas que explicou que «os maridos chegam a casa e encontram as mulheres a cheirar a gordura, cheias de problemas e mal dispostas. As brasileiras são limpinhas, cheirosas e meigas».

Vinte anos depois da intervenção das autoridades que fecharam o negócio por pressão das incumbentes, parece estar tudo como antes. As brasileiras limpinhas, cheirosas e meigas foram expulsas e as mulheres bragantinas possivelmente continuam a cheirar a gordura, cheias de problemas e mal dispostas. É mais um exemplo das consequências nefastas da intervenção do Estado nos mercados, que não se limita aos governos socialistas - na época tínhamos um governo PSD-CDS encabeçado pelos Drs. Barroso e Portas. 

15/09/2023

Que cem Ruis e Ildas se multipliquem e que mil petições floresçam

Porto
«Ana Plácido era uma mulher extraordinária que ali é menorizada. Querem pô-la nua, muito bem, não me oponho, desde que Camilo também esteja nu. Ou os dois nus, ou os dois vestidos».
Ilda Figueiredo, vereadora da câmara do Porto pela CDU.

Lisboa, Alpiarça, S. Pedro do Sul

Moral da estória: Se a estupidez fosse mortal a classe política estaria em vias de extinção e o Portugal dos Pequeninos quase desabitado.

13/09/2023

DIÁRIO DE BORDO: Estórias do outro mundo (7) - Outro telefonema de Melmac, sobre o baiser volé do Rubiales

Conheci Alf, aka Gordon Shumway, em pessoa (se é que "pessoa" é aplicável a um natural de Melmac) no Verão de 2002, quando ele passava férias com os Tanners na Quinta da Balaia. A primeira vez que o vi teria uns 245 anos e corria atrás de um gato, um dos muitos que o acusaram de ter comido nas redondezas.

Depois disso, Alf ligou-me algumas vezes através do Skype, que em Melmac se chama Skalpe, outras vezes através do WhatsApp que em Melmac se chama WhatheFack, sobre vários temas do Portugal dos Pequeninos que ele acompanha regularmente através de um programa do Holomac (o canal de TV por holograma de Melmac) dedicado às civilizações primitivas de outras galáxias. Dos seus contactos, recordo dois. Um a pretexto do reviralhismo e o outro, creio que o último, a propósito da prisão perpétua e da castração química dos pedófilos.

Ontem, ligou-me via WhatheFack sobre o escândalo do beijo do Rubiales à Hermoso que ele com o seu portunhol incipiente não tinha entendido por ter visto no Holomac a Fuentes a abraçar o Rubiales e o vídeo do autocarro em que o mulherio da selecção celebrava jocosamente o episódio. Tentei explicar-lhe que o escândalo se devia a não ter existido um consentimento formal prévio exigido pelo manual de etiqueta das relações entre os géneros e que por isso se considerava um baiser volé. Alf que assinou os Cahiers du Cinéma e é um grande apreciador de François Truffaut, perguntou-me se eu estava armado em parvo porque os beijos de Jean-Pierre Léaud a Claude Jade estavam no script. Fez a propósito um comentário sexista baseado nas práticas melmacianas, as quais imaginava serem semelhantes na Terra por ter sabido que um presidente terráqueo aconselhara «grab 'em by the pussy», e perguntou por que a Hermoso não repeliu o Rubiales? Tentei explicar-lhe, em vão, que a Jenni só ficou desperta (woke) para a etiqueta depois de uma sessão de esclarecimento com os especialistas do sindicato.

Alf irritou-se ainda mais com a minha explicação e continuou a desconversar. Fui obrigado a falar-lhe de gatos para mudar de assunto.

12/09/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (82b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 82a)

É uma tradição socialista. O Dr. Constâncio saiu de governador para o Rato, o Dr. Centeno quer sair para Belém

Na tradição socialista de sabotar todas as instituições independentes transformando-as em anexos do Largo do Rato, a verdade é que o Dr. Centeno está a ir mais além. Saltou do ministério das Finanças para o BdP e deste parece querer ir para Belém. Entretanto, dinamita os últimos vestígios de independência, publica em nome individual uma análise da economia e da política monetária convertendo o BdP «numa instituição unipessoal, ao serviço dos seus interesses e objetivos profissionais e políticos» e multiplica-se em considerações políticas sobre as decisões que o BCE deverá tomar na próxima reunião – a primeira em que terá direito de voto – apostando num expediente que dá sempre resultado. Se o BCE decidir manter as taxas de juro poderá dizer que seguiram o seu conselho. Caso contrário, sairá inocente de uma decisão impopular, ainda que necessária, desvinculando-se de uma decisão de que deveria partilhar. Em conclusão, o Dr. Centeno «tornou-se especialista em fugir com o rabo à seringa».

A bazuca como ferramenta de engorda do Estado sucial

Dos 2,5 mil milhões do PRR já torrados, 70% “beneficiaram” 291 entidades com mais de um milhão de euros, das quais a maioria são entidades públicas.

Quando o precário se torna duradouro e nos coloca no topo da Óropa

Depois oito anos a anunciar o combate aos contratos a prazo, o peso destes aumentou de 13,4% para 15,2% e subiu ao pódio da UE, logo atrás dos Países Baixos e da Espanha.

Take Another Plan. Mme Ourmières-Widener ainda vai agradecer ao Dr. Pedro Nuno

Já deu entrada em tribunal o pedido de indemnização de 5,9 milhões da ex-CEO da TAP. O que dizer? Talvez como Mendonça da Cruz, «espero e torço pelo melhor, ou seja, o pior para o Estado socialista. Por uma vez pagarei com gosto, porque há corretivos que merecem o custo.»

Bruxelas devolveu a bola para o Dr. Costa

O Dr. Costa tentou colocar o macaco do Mais Habitação nos ombros de Frau von der Leyen «pedindo a Bruxelas medidas para a oferta de habitação a custos acessíveis». A Frau não foi na conversa e lembrou que já há fundos disponíveis para isso.

O estado da economia não se deve a «uma qualquer mão invisível». Deve-se às políticas do governo, diz o Dr. Costa, e tem razão

As exportações que vinham a crescer impulsionadas pelo aumento dos preços devido à inflação. depois de 12 meses a desacelerar estão desde Abril a diminuir.

Jornal Eco

Um governo que não consegue fazer o seu papel, finge que faz o papel das empresas

Face à paralisação da AutoEuropa por falta de peças devido a inundações na Eslovénia, o ministro da Economia, nos intervalos de tentar vender o mono da EFACEC, anuncia que está a tratar com a administração da AutoEuropa para «encontrar soluções». Recorde-se que a AutoEuropa é uma unidade do Grupo VW, o maior fabricante de automóveis do mundo, com um volume de vendas que ultrapassa o PIB português e precisa tanto de soluções do governo do Dr. Costa como eu preciso de sarna.

11/09/2023

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Teodora Cardoso, um exemplo de integridade, competência e
independência no serviço público

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (82a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Os amanhãs do Dr. Costa estão sempre a cantar

Numa espécie de comício em Évora, o Dr. Costa anunciou uma descida do IRS, a isenção do IRS para os jovens no primeiro ano de emprego, devolução das propinas por cada ano a trabalhar no país, passes gratuitos para os sub-23, «17 mil casas a andar», cheque-livro, pousadas de juventude e quatro viagens de comboio, prolongamento do IVA 0% até ao fim do ano. Tudo por junto serão umas poucas centenas de milhões (a medida mais cara [*] é a última - 140 milhões one off) ou uma fracção do aumento de 5 mil milhões da receita fiscal em 2023.

Choque da realidade com a Boa Nova

No primeiro ano do seu consolado o Dr. Costa anunciou que até 2020 todas as crianças teriam acesso ao ensino-pré-escolar. Três anos depois de findo o prazo que ele próprio fixou, o número de criança matriculadas é praticamente o mesmo de 2016 e há milhares de crianças sem vaga. Mais do que um problema para o Dr. Costa isto é uma oportunidade para ele um dia destes fazer outro anúncio.

Algumas promessas o Dr. Costa não falha

O governo diz que abrirá em Outubro concurso para mil apparatchiks, número que se somará aos 740 mil funcionários de que dispõe o Estado sucial, dos quais cerca de 80 mil foram recrutados pelos dois governos do Dr. Costa. Sem surpresa, os sindicatos consideram o número «manifestamente insuficiente».

Se o Dr. Costa administrasse um deserto, em breve faltaria a areia. Episódio 1

No ensino público não universitário, havia 1.375 mil alunos em 2015 e 1.255 mil em 2022, ou seja, menos 120 mil. Nos mesmos anos, no ensino público não universitário havia 120,9 mil e 131,1 mil professores, respectivamente, ou seja, mais 10,2 mil professores (fonte PORDATA). Como explicar que, mais uma vez, este ano nas colocações há ainda 100 mil alunos sem professor? Uns milhares de professores fazem “trabalho sindical” para um dos 23 sindicatos e outros milhares estão em média de baixa. A isto adicione-se o efeito do aumento do número de disciplinas basicamente destinado a contrariar a redução do número de alunos. O resultado em sete anos é número de alunos por professores ter descido de 11,4 para 9,6.

Se o Dr. Costa administrasse um deserto, em breve faltaria a areia. Episódio 2

A maternidade do Hospital de Santa Maria, agora a funcionar no Hospital S. Francisco Xavier, depois da demissão de seis obstetras por falta de condições, está com falta de médicos e não consegue assegurar as urgências. No primeiro ano do Dr. Costa houve 87,0 mil nados-vivos e em 2022 já só eram 83,7 mil. Imagine-se se o SNS objecto da paixão socialista, tivesse os 172 mil nados-vivos do último ano do fássismo.

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS

O investimento público que representou na primeira década deste século 4,2% do PIB, caiu para 2,5% nos anos da intervenção da troika tornada necessária pela bancarrota socialista. Nos anos seguintes, em que o Dr. Costa anunciou o fim da austeridade, o investimento público desceu ainda mais para 2,1%, por obra das cativações do Dr. Centeno e dos seus sucessores e das suas habilidades anunciando crescimentos do investimento comparando o investimento orçamentado num ano com o executado no ano anterior, que por seu turno tinha sido muito inferior ao orçamentado. Em 2022 o expediente manteve-se e, apesar das receitas terem excedido o orçamento em 3.114 milhões, o investimento público ficou a 1.022 milhões do orçamentado e o investimento no SNS com um aumento previsto de 172% desceu 18% e nos sete primeiros meses deste ano só foram executados 16,7% (dados citados por Braz Teixeira).

[*] A descida do IRS poderia ser superior, mas até agora não foi concretizado qualquer valor.

(Continua)

10/09/2023

SERVIÇO PÚBLICO: Aumentar a produtividade é indispensável para todos e especialmente crítico para os jovens

«Em agosto, o Eurostat publicou as últimas estatísticas europeias sobre a produtividade do fator trabalho relativas ao ano de 2022. Este indicador é particularmente relevante para um país que tem um problema de envelhecimento demográfico enorme e que não capitalizou, isto é, poupou coletivamente, para acautelar o futuro. Sempre assentou num sistema redistributivo das pensões de reforma em que os mais jovens sustentam, com os seus descontos, para pagar as pensões dos já aposentados.

Como, no futuro, o número de aposentados por cada ativo empregado vai aumentar muito significativamente, é óbvio que, se nada fizermos, a carga de impostos sobre esses jovens vai ter de aumentar só para alimentar as pensões de reforma. Sobre isso, na medida em que são os mais velhos que mais consomem em bens e serviços de saúde, é também fácil perceber que de duas uma: ou a fatura do SNS tenderá a aumentar cada vez mais para fazer face a esta procura crescente por parte dos aposentados, ou se diminui a quantidade e a qualidade do SNS.

Consequentemente, se nada fizermos, ou se reduz a qualidade de vida dos aposentados (e eu quero ver como é que o fazem quando eles forem a maioria de eleitores...) ou a fatura fiscal terá de continuar a subir e o país tenderá a ser cada vez menos atrativo fiscalmente. Com salários brutos mais baixos e taxas de imposto cada vez mais elevadas, o salário líquido será cada vez menor, enfraquecendo-se sucessivamente a capacidade de consumo e poupança.

Neste ambiente, para se poder manter ou aumentar a receita fiscal sem diminuir o rendimento das pessoas é forçoso aumentar a produtividade. Uma pessoa mais produtiva aumenta o rendimento e paga mais impostos, mesmo sem aumentar a taxa de imposto, isto é, o esforço fiscal que fazemos.

E o que é que se passa com a produtividade portuguesa? Em 2013, a nossa produtividade era 80% da produtividade média da União Europeia. Agora é 74,8%. Em 2013 éramos o 18º país da União Europeia. Agora somos o 23º. Piores do que nós só a Hungria, a Eslováquia, a Grécia e a Bulgária.

É certo que a nossa produtividade aumentou quase 21% neste período, mas não ao ritmo da dos outros, o que nos fez divergir da média. E quando eles são mais produtivos, colocam os seus produtos mais baratos no mercado e ainda ganham mais!

Pode mudar-se este trajeto sem necessidade de escrever cartas a Bruxelas a pedir soluções. Mas não é a embalar o povo, amuan­do ou a ameaçar investidores que vamos lá.»

A descer alegremente, João Duque no Expresso

09/09/2023

CASE STUDY: O ersatz do líder da oposição (reedição)

A quase três anos de distância das próximas eleições presidenciais, cresce a lista de presidenciáveis por iniciativa própria ou alheia. Sem ser exaustivo já encontrei pelo menos as seguintes criaturas (por ordem alfabética): André Ventura, António Guterres, António Costa, Augusto Santos Silva, Henrique Gouveia e Melo, João Ferreira, Luís Marques Mendes, Mário Centeno, Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes. À falta de qualquer coisa de novo, vou repetir o que em tempos escrevi com as devidas adaptações.

Há uma tradição que remonta ao general Ramalho Eanes e atribui ao presidente da República as dores da oposição e o papel de ersatz do seu líder.

Talvez por isso o lugar parece tão atractivo. Veja-se a longa lista dos presuntivos candidatos, entre tantos outros já esquecidos ou ainda não revelados que poderão render-se à tentação de não mandar nada, nem deixar mandar, e não pagar por isso.

E porquê a atracção? Uma teoria conspirativa: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.

Mais importante do que perceber o porquê daquelas almas se sentirem atraídas pela presidência, quais borboletas pelo candeeiro, é perceber as causas da popularidade da coisa. Porquê a populaça venera tal comportamento, que outras populaças doutras paragens achariam irresponsável e oportunista?

Deve haver algo nas profundezas da alma lusitana que o explica. Algo que leva os portugueses a criarem mecanismos sociais e políticos para "entropicar" a sua vida. Acredito que a coisa remonta à ocupação da Lusitânia pelo império romano, se não antes – não é verdade que um governador romano escreveu ao imperador, lamentando-se, resignado, que os povos indígenas não ser governavam nem se deixavam governar?

08/09/2023

No Estado sucial (e no Portugal dos Pequeninos) um salário não é um salário e há uma coisa chamada "extrarremuneração-base"


Uma das idiossincrasias do Portugal dos Pequeninos que um estrangeiro de um país civilizado tem dificuldade em perceber é que raio de coisa é um "salário" neste país. Segundo o Oxford Dictionary, «salary is a fixed regular payment, typically paid on a monthly basis but often expressed as an annual sum, made by an employer to an employee». Até para os franceses a coisa é razoavelmente simples, segundo o Insee (o INE lá do sítio):  «Le salaire est le paiement du travail convenu entre un salarié et son employeur au titre du contrat de travail dans le secteur privé et pour les agents contractuels dans la fonction publique, ou de l’emploi pour les fonctionnaires

Lembrei-me disso o outro dia ao ler uma peça sobre os salários na administração pública de um jornal que a começar pelo título («29% dos ganhos dos médicos são extrassalário» até à última linha confundiria um espírito cartesiano. Exemplos: 
  • «a remuneração-base média mensal na AP era de €1637,7, mas o ganho médio mensal (bruto) atingia os €1919,1. Isto significa que as componentes extrassalário-base representavam 14,7% dos ganhos.»
  • «É nos diplomatas que o peso das componentes extrassalário-base têm maior peso no ganho médio mensal, atingindo 71,9%. »
  • «as componentes extrassalário-base representavam 29% do ganho médio mensal dos médicos.»
  • PSP e GNR, «peso das componentes extrarremuneração-base no ganho médio mensal ficava pelos 23,9% e pelos 15,3%, respetivamente.»
  • «Peso das componentes extrassalário-base no ganho mensal na Função Pública vai dos 3,4% aos 71,9%».
Daqui resultam mal-entendidos como o de uma multinacional que oferece um salário anual de 24 mil euros e o candidato imagina que vai receber 2 mil euros por mês, mais os subsídios de férias, de Natal, eventualmente um 15.º mês, subsídios de alimentação, de transporte, de isenção de horário de trabalho, de abono para falhas, diuturnidades (a antiguidade é um posto), gratificações, ajudas de custo, etc. (um enorme etc.) ou seja qualquer coisas como perto de 40 mil euros.

07/09/2023

Não é da benevolência do senhorio que esperamos a nossa habitação, mas da consideração que ele tem pelos seus próprios interesses

Para quem não saiba, a Dr.ª Fernanda Câncio é jornalista, militante de várias causas, nomeadamente anti-homofóbicas, identificada com o esquerdismo bem-pensante, que entrou para o clube dos famosos com a sua relação, entretanto repudiada, com o ex-primeiro-ministro Eng. José Sócrates.

Numa peça cujo título «As rendas congeladas e o direito humano a um "lucro decente"» é todo um programa, a Dr.ª Câncio insurge-se contra as medidas de congelamento das rendas e, citando Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, contra a «interferência arbitrária do Estado» defendendo o «direito (dos senhorios) a retirar lucro da sua propriedade», «senhorios que durante décadas garantiram, à sua exclusiva custa, uma bela percentagem de habitação social num país no qual a estatal só corresponde a 2% do total de alojamentos».

É fácil para um espírito liberal estar de acordo com estas ideias da Dr.ª Câncio. Difícil é compreender como a Dr. Câncio chegou lá ao arrepio do que costumam ser as ideias a respeito dos direitos de propriedade dos seus compagnons de route. É difícil sobretudo se não se souber que a Dr.ª é senhoria de várias propriedades, estatuto que não esconde.

Isso só lhe fica bem e dá razão ao velho Adam Smith que, quando escreveu «não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos seus próprios interesses», se conhecesse a Dr.ª Câncio poderia ter escrito a frase do título.

06/09/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (81c)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 81a e 81b)

Os sindicatos como instrumento de crescimento

O Dr. Paulo Pedroso que saiu do PS em 2020, mas o PS nunca saiu dele, defendeu em entrevista ao semanário de reverência uma tese que foi sintetizada no título da peça «Há margem para um aumento real de 20% de salários, mas os trabalhadores não estão a ser capazes de o exigir: isto fazia-se com sindicatos.» Comentei essa tese neste post recordando que para os salários crescerem é indispensável que a produtividade suba, o que entre outras coisas exige um aumento do capital por trabalhador, o que por seu turno precisa de poupança e investimento directo externo (que agora se tem feito principalmente no imobiliário).

Expresso

Por falar de poupança, neste momento estamos assim.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

Esgotado o efeito de recuperação da queda resultante da pandemia, o PIB do 2.º trimestre estagnou face ao 1º trimestre. O investimento caiu 4,5% em relação ao trimestre anterior. Com o turismo no Algarve abaixo da expectativa, o terceiro trimestre dá sinais de melhoria.

De volta ao velho normal

Embalados pela narrativa socialista da “economia está a correr bem”, os consumidores estão a comprar mais carros, cuja importação no 1.º semestre aumentou 18% em relação ao ano passado e, pasme-se!, 51% face a 2019.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Negócios

A dívida pública, disfarçada com a inflação que reduz o rácio dívida/PIB, em valor absoluto continua a aumentar.