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29/06/2023

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (7) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (IV)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)

mais liberdade

Como o diagrama mostra, já em 2022 as contribuições e quotizações asseguraram apenas 74% das despesas correntes, sabendo-se que a reserva do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social anda pelos 24 mil milhões, insuficiente para pagar as despesas correntes de um ano, imagine-se o que será dentro de uma década ou duas num cenário demográfico com a população activa a diminuir e a esperança de vida a aumentar. 

Concluindo a citação dos excertos da entrevista ao Eco de Jorge Bravo:

«Hoje é praticamente insignificante [o segundo pilar na proteção social, isto é, os fundos de pensões]. Por causa da integração dos grandes fundos de pensões (Portugal Telecom, ANA, Caixa, etc.) no sistema Previdencial e na Caixa Geral de Aposentações (CGA), a cobertura por planos do segundo pilar reduziu-se significativamente e tornou-se praticamente insignificante. O que tem havido e aumentando com alguma expressão são as funções complementares individuais, através dos seguros de vida, dos planos de poupança reforma (PPR), dos planos de pensões individuais. (...)

O que temos tido é uma insuficiente aposta da parte das entidades públicas em promover a poupança. Aliás, até temos tido uma cultura de ostracização da poupança, como se vê no esforço fiscal que é aplicado sobre a poupança. Até nas mais elementares formas de poupança, como um depósito, há a aplicação de uma taxa unilateral de 28%. Isso é absurdo. (...)»

Vem a propósito da referência de Jorge Bravo aos grandes fundos de pensões que foram integrados na SS e na CGA remeter para o post com mais de 10 anos "Receba agora e pague depois ou a cosmética do défice em preparação" onde se denuncia a manobra para limpar défices orçamentais e se elencam os fundos que para tal foram usados.

Não vem a propósito, mas não resisto a lembrar que o número de imigrantes que desconta para a Segurança Social portuguesa se multiplicou por cinco desde 2015 e atinge 650 mil. Agradecei-lhes por fazerem o trabalho que os nativos com diplomas em ogias rejeitam e a contribuições que pagam.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que vale é que os imigrantes, que aceitam os tais trabalhos de caca, têm, por essa mesma razão, em média, menos 20 anos de esperança de vida do que os autóctones (deve estar comprovado cientificamente algures, se alguém escavar o suficiente...)
Caso contrário, quando chegasse a altura de receber pensões, toda a gente ia descobrir que a Segurança Social é um esquema em pirâmide, e que seria necessário importar ainda mais imigrantes, para pagar as pensões aos imigrantes reformados - e assim sucessivamente, ad eternum.
Sim, porque nos países de onde eles vêm, as pensões são ainda melhores do que as nossas, tão populosos que são e cheios de trabalho de caca...