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06/06/2023

CASE STUDY: O ensino do Portugal dos Pequeninos como retardador social

Só há poucos dias tive oportunidade de conhecer um estudo (Benchmarking of secondary schools based on Students’ results in higher education) publicado em 2020 por Maria Conceição Silva (UCP), Ana Camanho (UP) e Flávia Barbosa (UP), baseado no desempenho de mais de dez mil estudantes da Universidade do Porto e do polo da Católica no Porto.

O estudo concluiu que, ao contrário dos resultados dos rankings das escolas secundárias em que as privadas suplantam largamente as públicas, no desempenho universitário os estudantes com mais sucesso são os oriundos das escolas públicas. De facto das 64 escolas secundárias de onde provêm os alunos da amostra, as 15 escolas cujos alunos são mais bem sucedidos são públicas e 9 das 15 cujos alunos têm menos sucesso são do ensino particular e cooperativo.

A curiosa, mas plausível, explicação do economista Aguiar-Conraria que na sua coluna semanal do Expresso citou o estudo, é a de que os alunos do ensino público, sendo em muito maior número, em média de origens sociais mais baixas e com um ambiente familiar menos estimulante, foram sujeitos a um processo de selecção mais apertado para vencerem as barreiras de acesso do que os do ensino privado, e, por isso, quando em igualdade de condições com os do ensino privado, mostram melhores resultados. Faz todo o sentido e mostra o enorme desperdício que é num ensino universitário esmagadoramente público dar prioridade ao esperma feliz com menos talento em detrimento do esperma infeliz com mais talento.

A conclusão inevitável é que o ensino secundário em Portugal, por uma série de razões (entre eles o facilitismo socialista) de que agora não me vou ocupar e sobre as quais já se escreveu muitas vezes no (Im)pertinências (ver etiqueta inducação), mais do que não ser um elevador social é um retardador social.

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