Óscar Afonso é o novo diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e deu uma entrevista ao jornal Eco onde falou sobre o Portugal dos Pequeninos com lucidez e frontalidade pouco frequentes entre os universitários domésticos. Eis algumas passagens.
«A elite política portuguesa é extrativa, o que significa que o dinheiro que o Estado recolhe da riqueza produzida não está a ser usado da melhor maneira. Notamos isso, por exemplo, quando ‘a economia está melhor, mas as pessoas não estão melhores’. Ficariam melhor se a economia, em vez de 2%, crescesse a 4% ou 5%. Mas para isso é preciso melhorar a competitividade. Temos uma carga fiscal enorme e a dívida pública em termos absolutos não tem parado de aumentar. Ainda por cima agora, com o aumento das taxas de juro, tão cedo as pessoas não vão ficar melhor. Não se iludam. (...)
Ok, fizemos um grande esforço na formação das pessoas, o capital humano melhorou imenso, mas depois verificamos que muito dele, em que gastámos dinheiro a formar, acaba por emigrar. (...)
Momentaneamente podemos ter bons resultados, como o crescimento do PIB acima das previsões. Mas é uma desgraça crescer tão pouco com a quantidade tão significativa de fundos que temos recebido e com o endividamento que temos. O peso da dívida pública condena o país a uma austeridade permanente, por via da carga fiscal. Por isso é que as pessoas não estão melhores.»
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