Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/10/2008

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Animais nossos amigos.

«Tratar bem os animaizinhos é muito difícil, necessita de muito sacrifício nosso, requer muita aprendizagem, exige que lhes ofereçamos muito do nosso tempo à volta da panela mas é uma obrigação que inexoravelmente se impõe ao ser humano

(Ler aqui os cuidados a ter com o capão, o fofo coelho e outros animais nossos amigos, segundo VLX do Mar Salgado)

[Na foto: Dona Gertrudes tratando do seu amigo capão, enquanto cogita sobre a tese da personalidade jurídica dos animais]

30/10/2008

Carta aberta à ERC: precisa-se regulação para os blogues.

Este post é um abuso da posição dominante do contribuinte fundador. A reboque dumas indignações e à pala duma suposta turbação que me teria afligido com o prenúncio do fim do capitalismo, o Impertinente arvora-se em cavaleiro branco a defender a sua dama Krugman, não sem antes me massajar o ego, classificando os meus desabafos de «fina prosa, equilibrada e tolerante».

O resultado líquido, duas semanas depois, é uma correcção arrogante e arbitrária com 307 palavras a um texto com 31 palavras. Dez para uma? Estamos próximos do coeficiente Rebello de Souza/Vitorino. Quero ver o que diz a ERC a esta violação do pluralismo.

Não está certo.

ARTIGO DEFUNTO: Títulos prozac.

«Fabricante dos aviões Falcon transfere produção para Portugal» titula o Diário Económico na 1.ª página. Espera-se a descrição de mais um feito do trio Sócrates/Pinho/Horta convencendo a Dassault a fazer aviões em Palmela e fica-se a saber que a coisa se limita aos reservatórios de combustível dos Falcon 7X e que representará uns míseros 35 mil euros mensais - um pouco mais do que os gabirus da Gerbalis costumam gastar em almoços.

CASE STUDY: os mitos da educação pública (2)

[Continuação de (1)]

Os resultados agora divulgados dos exames nacionais do 9.º ano mostram progressos em relação aos anos lectivos anteriores de tal modo notáveis que só seriam possíveis se as preguiçosas meninges do nosso aluno-padrão tivessem sido injectadas por um software mental proveniente da Finlândia ou, mais acessivelmente, do Cáucaso. Não tendo sido aparentemente o caso, como explicar que das 200 escolas que tiveram em 2007 médias positivas no exame nacional de Matemática do 9.º ano se passou para mais de mil escolas em 2008?

Simples, meu caro Watson. Tão simples como conseguir que os nossos atarracados estudantes atinjam as alturas dos espigadotes nórdicos. Basta fazer 1 m = 80 cm e temos os nossos baixotes de 1,5 m a medir quase 1,9 m e a baterem-se de igual para igual. E se, ainda assim, e para continuar nas alturas, ficarem os anões para trás? Decreta-se que todos têm altura suficiente.

É o projecto do Conselho Nacional de Educação que propõe ao governo o fim das reprovações até aos 12 anos (deve ser a primeira fase), porque o «o problema das repetições assume proporções catastróficas para os alunos e para o sistema». Supõe-se que o problema da ileteracia e da inumeracia não chegue sequer a ser um problema.

Eventualmente a porta-voz do CNE, doutora dona Ana Maria Bettencourt e outros membros do CNE não têm nenhum conflito de interesse com estas proposituras porque os seus filhos estudam na Academia de Música de Santa Cecília, ou nos Salesianos, ou no Colégio São João de Brito, ou no Liceu Francês, ou no Colégio Alemão, ou no St. Julian's, ou equivalente. Trata-se apenas de manter na choldra os filhos da choldra, como diria D. Carlos se ainda por cá andasse. O projecto de instrução nacional do Botas de ensinar os filhos da choldra a escrever e contar (bem) deveria ser considerado progressista comparativamente com as ideias do CNE .

29/10/2008

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: É um conflito de gerações, digamos assim. (actualizado)

«Eu sou, digamos assim, da geração Kennedy. Essa eleição representou já um momento histórico. Lembro-me do debate que houve na América quando, pela primeira vez, um católico se candidatou a presidente.» (José Sócrates ao DN - lido primeiro aqui)

José Sócrates nasceu em 1957. John Fitzgerald Kennedy nasceu em 1917, foi eleito em 1960 e assassinado em 1963. Quando teve lugar o tal debate estava José Sócrates a caminho dos 3 anos.

Tal recordação vale-lhe 3 chateaubriands pelo prodígio de memória e 4 bourbons por não conseguir deixar de nos contar estas estórias.

[Na foto do «Menino de Ouro do PS» de Eduarda Maio, Sócrates entre os seus irmãos na praia da Figueira da Foz, eventualmente no intervalo do célebre debate Kennedy-Nixon no final da época balnear de 1960]

28/10/2008

O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Escolheram o «esquerdista sem vergonha» (rectificação)

Em resposta a alguns detractores indignados com o «primarismo», «sectarismo» e «ignorância» demonstrados pelo Pertinente, a propósito do Nobel de Paul Krugman, economista classificado apressadamente como «um comentador com pouca obra científica e de mérito mais do que duvidoso», venho na qualidade de contribuinte fundador, com a corda ao pescoço, explicar o acontecido e limpar a reputação até agora sem mácula deste blogue.

Não é habitual e é verificável que o Pertinente não costuma escrever posts tão impertinentes. Quem costuma fazê-lo é o Impertinente. Foi por ser um sujeito equilibrado e tolerante que foi convidado para enriquecer o (Im)pertinências com a sua fina prosa, equilibrada e tolerante. O post que escreveu sobre a atribuição a Krugman do Nobel de Economia só se compreende como uma espécie da perfect brainstorm que acontece uma vez na vida à mente duma criatura. Especulo que ficou a dever-se à turbação que o fim anunciado do capitalismo trouxe ao Pertinente. Seja como for, cabe-me a mim, Impertinente, como contribuinte fundador, repor as coisas no seu devido lugar.

É verdade que Krugman tem sido nos últimos anos sobretudo um comentador (há mais de 8 anos que praticamente não publica trabalhos). Não é verdade que tenha pouca obra. Tem bastante e uma parte pode até ser considerada científica.

É duvidoso que o mérito de Krugman seja «mais do que duvidoso». É no máximo, para o conjunto da sua obra científica, um pouco duvidoso. Não é duvidoso e é inegável o mérito de ter percebido há quase 30 anos que poderia aproveitar o modelo Dixit-Stiglitz de concorrência monopolística no seu trabalho sobre a aplicação das economias de escala à teoria do comércio internacional. Esse trabalho constitui até agora a sua contribuição mais original para a ciência económica.

NOTA: O gato ao colo de Paul Krugman não parece ser o Varandas. Será o gato de Cheshire?

Pensamentos equivalentes (3)

Concluir que a falta de regulação é a causa da crise dos mercados financeiros é equivalente a concluir que o notório elevado absentismo dos trabalhadores portugueses é a causa da sua notória falta de produtividade.

27/10/2008

É difícil contentar toda a gente

Não me parece difícil compreender a alegria de alguns fiéis da intervenção estatal perante a possível nacionalização de bancos ou mesmo a alegria (mais mitigada) pela simples participação de controlo no capital dos bancos.

Também me parece fácil compreender a preocupação dos seguidores da doutrina do estado mínimo perante a mesma possibilidade.

É mais difícil compreender a preocupação de outros fiéis da intervenção estatal face à mesma possível intervenção, a pretexto do benefício dos accionistas se fazer às custas dos trabalhadores, segundo os mais assanhados, dos contribuintes, segundo os mais moderados. Não foi assim que a revolução dos cravos partiu a espinha ao capital financeiro, expropriando a quase totalidade dos serviços financeiros, indemnizando os accionistas mal, tardiamente e a conta gotas e vendendo-lhes as suas empresas volvidos 20 anos?

26/10/2008

BREIQUINGUE NIUZ: Like a piece of gristle.

Há poucas coisas mais cruéis para uma diva que construiu as suas ressurreições montada no marketing sexual e na obsessão do forever young do que saber que o seu ex-namorado (ou marido, ou amante, sei lá) comparou o sexo com ela a abraçar as pelancas duma avozinha.

Saber envelhecer não é para qualquer diva.

SERVIÇO PÚBLICO: Lá vem ele outra vez com a mesma treta ou de como os jornalistas gostam de ser tratados como estúpidos.

«O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, reconheceu hoje (dia 22) que a meta de criar 150 mil postos de trabalho, avançada inicialmente pelo Governo de José Sócrates no início da legislatura, é difícil de atingir, mas relembrou que já foram criados 133 mil empregos e que só faltam 17 mil para alcançar o objectivo.» (Diário Económico)

Ó senhor ministro das Finanças, ó senhor doutor Teixeira dos Santos, tende piedade de nós. Não há mais pachorra para escutar essa treta dos empregos criados. No programa do governo não consta criar empregos, mas diferentemente «recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura» (Programa de XVII Governo (CAPÍTULO I UMA ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO PARA A PRÓXIMA DÉCADA, I. VOLTAR A ACREDITAR, 1. Uma estratégia mobilizadora para mudar Portugal, página 8). Se fossem criados um milhão de empregos e perdidos dois milhões o governo consideraria que estava a «resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais»?

Não haverá um só jornalista capaz de questionar as tretas do senhor ministro quando ele os trata como estúpidos?

25/10/2008

Does the free market corrode moral character?

Algumas respostas à pergunta da John Templeton Foundation:
To the contrary, Jagdish Bhagwati
It depends, John Gray
Yes, but..., Garry Kasparov
No, Qinglian He
Of course it does, Michael Walzer
No! And, well, yes, Michael Novak
Certainly. Or does it?, Bernard-Henri Lévy
Yes, too often, Kay S. Hymowitz
No, on balance, Tyler Cowen
We'd rather not know, Robert B. Reich
Not at all, Ayaan Hirsi
It all depends, John C. Bogle
No, Rick Santorum

CASE STUDY: Greenspan's Error.

«Everybody makes mistakes, even Alan Greenspan. That may well have been the biggest news of the week.

The good news is that the once-respected chairman of the Federal Reserve admitted in congressional testimony this week that he had made a mistake. But the bad news is that it looks like he is at least partly mistaken about what he got wrong.

Greenspan appears to believe his big mistake was that he believed in the corrective power of self-interest in the marketplace. That belief was the keystone to his free-market ideology. Self-interest was supposed to ensure that banks and other companies didn't do anything that put their shareholders and their equity at risk.

And clearly he was wrong about that. If we have learned anything over the past year, it is that companies and individuals don't always make choices that advance their self-interests. Markets don't reliably self-correct.

The bad news actually comes on two fronts. First, even though Greenspan acknowledged this error, he didn't propose any significant changes to the financial system to make up for it.

But Greenspan appears to have made a more profound mistake, which was to confuse the importance of having an ideology with being ideological. It may be true, as he told Congress Thursday, that we all need an ideology to help us organize our approach to the world. But Greenspan, whose free-market ideology led him to fight meaningful regulation for his entire career, didn't use his ideology this way. Instead, he allowed it to govern all his decisions, even when the facts and logic contradicted it.

That's not having an ideology. That's zealotry


[MarketWatch's top stories of the week, WEEKLY ROUNDUP - OCTOBER 24, 2008]


«If I turn out to be particularly clear, you've probably misunderstood what I said.», Alan Greenspan, 1988 (Time)

24/10/2008

ESTADO DE SÍTIO: Mercado de arrendamento R.I.P.

Se o mercado de arrendamento já estava gravemente ferido, «os novos fundos de investimento imobiliário de arrendamento habitacional (FIIAH), previstos na proposta de Orçamento do Estado para 2009» com as vantagens fiscais de que irão dispor e as economias de escala que resultarão da sua mais que provável concentração na Caixa e no seu braço Fundimo, irão fazê-lo entrar em coma profundo.

ESTADO DE SÍTIO: O mainstream de género - a promoção da transversalidade.

Mais uma vibrante ejaculação do órgão legislativo: a Resolução do Conselho de Ministros n.º 161/2008 que «adopta medidas de promoção da transversalidade da perspectiva de género na administração central do Estado e aprova o estatuto das conselheiras e dos conselheiros para a igualdade, bem como dos membros das equipas interdepartamentais para a igualdade».

Para os detalhes favor consultar o manual de promoção da transversalidade.

23/10/2008

Já se sabia que bancos europeus não estavam imunizados, mas ainda se pensava que ganância e corrupção só do outro lado do Atlântico


Os bancos alemães, além de manifestamente não serem à prova de crise, também parecem não ser à prova de fraude, a confirmarem-se as suspeitas relacionadas com o Lehman Brothers no KFW, um banco alemão público participado em 80% pelo governo federal e 20% pelo governo do Länder. Até agora é o único caso conhecido de presumível fraude e logo num banco público. Vade retro.

TRIVIALIDADES: O fassismo já não é o que era.

Depois da morte de Joerg Haider, o líder da extrema-direita austríaca, as suas públicas virtudes foram ofuscadas pelos seus vícios privados: maricas, hipócrita, mentiroso e bêbado. (Público)

Para quê tanta medicação para quem não tinha maleitas? (continuação)

A totalidade dos planos de recuperação dos sistemas bancários europeus já não são apenas «mil milhões de euros, isto é o dobro dos 700 mil milhões de dólares do plano Paulsen». Segundo a última contagem, só na zona euro, a coisa já vai em 1,9 mil milhões de euros, isto é mais 2,5 mil milhões de dólares ou 3,6 vezes o plano Paulsen. Fora da zona euro, há que adicionar, entre muitas outras coisas, 50 mil milhões de libras que o governo atribuiu aos reforços de capital dos bancos britânicos.

Que dizer, por exemplo, duma Alemanha cujos bancos, segundo o governo, seriam à prova de crise, o mesmo governo que entretanto já abriu os cordões à bolsa para dar garantias de 400 mil milhões e reforçar o capital dos bancos com 80 mil milhões? E, já agora, que dizer da invejável saúde dos bancos portugueses nas palavrinhas mansas do ministro das Finanças e do coro de banqueiros que foram ao Prós e Contras, saúde que precisou duma vitamina de 20 mil milhões de euros de garantias?

Não ponho em causa, diferentemente do liberalismo lunático, a necessidade destas medidas (ou de algumas delas) e de outras medidas (como fazer a cobrança aos banqueiros e aos accionistas) necessárias para restaurar a confiança e impedir a propagação da crise. Aponto o dedo para a perigosa mistura de ignorância, irresponsabilidade e duplicidade que a maioria dos governos europeus demonstrou possuir abundantemente.

22/10/2008

Pensamentos equivalentes (2)

Concluir que a falência do Lehman Brothers é mortal para o capitalismo tal como o conhecemos é equivalente a concluir que a queda do muro de Berlim foi mortal para o comunismo tal como o conhecíamos.


[KAL's cartoon, from The Economist print edition, Oct 16th 2008]

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Os frades são pobres mas a ordem é rica.

Secção Insultos à inteligência

«Neste momento todas as famílias portuguesas precisam da ajuda do Estado», disse ontem o senhor engenheiro nas Jornadas Parlamentares do PS em Aveiro. Não especificou quais as famílias estrangeiras a quem o estado napoleónico-estalinista português irá extorquir os impostos necessários para ajudar todas as famílias portuguesas.

Leva três chateaubriands pela confusão, quatro ignóbeis pela falta de escrúpulos, que sendo habitual lhe garantem mais cinco bourbons.

21/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: O divórcio mediático entre as elites e o povo e a interferência dos governos vistos pela ERC.

Não é surpreendente que a televisão seja o meio mais utilizado, sobretudo por pessoas com menor escolaridade.




Não é igualmente surpreendente que os canais públicos de sinal aberto RTP1 e RTP2 sejam no conjunto os mais vistos por menos pessoas.

Difícil é perceber a razão da RTP1 ser considerada em todos os níveis de escolaridade como o canal aberto mais credível.

É também difícil compreender como ainda há tanta gente que acredita que os governos não interferem na informação televisiva. Estranhamente, apesar da presença do governo na TV ser consideravelmente mais forte do que na rádio ou nos jornais, as percentagens de crédulos em relação a estes outros meios não é muito diferente.


É mais fácil perceber porquê a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, apesar de ter dados disponíveis no estudo (1) muito mais detalhados sobre a interferência dos governos não os tornou públicos. Por exemplo, os seguintes itens do questionário (2), que fariam luz sobre interferência governamental nos diversos meios individualmente considerados e sobre os quais não se encontram dados:

  • Os governos interferem na informação televisiva
  • Não há diferença entre canais publicos e canais privados, no que respeita às relações com o Governo
  • O Governo tem mais possibilidades de controlar os canais publicos de televisão que os canais privados
  • Só os canais privados escapam à influênciado Governo
  • Os governos interferem na informação radiofónica
  • Os governos interferem no conteudo dos jornais.
É ainda mais fácil perceber porque não são publicados os resultados da resposta ao item A ERC SERVE PARA:
  • ...
  • Garantir os interesses do Governo
  • ...

(1) Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação Social encomendado pela ERC ao ISCTE.
(2) Ver questionários no
Anexo.

Assim não vai lá

Não consegui ver mais do que alguns minutos da entrevista a Manuela Ferreira Leite. Sem ofensa, porque a pessoa é estimável, só me ocorrem lugares comuns. Tais como: tem demasiado passado, pouco presente e nenhum futuro ou as suas poucas ideias originais não são grande coisa e as que são alguma coisa não são originais. Podia pelo menos ler o livrinho de Marques Mendes.

Para aplicar (aproximadamente) o programa de Sócrates, é preferível o próprio.

20/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: O caminho para a empregabilidade não passa pelas ogias.

O mercado de trabalho em Portugal é o lugar do desencontro entre as necessidades das empresas deste país tecnologicamente atrasado e a oferta de mão-de-obra. A nova oferta, frequentemente relutante e pouco diligente, maioritariamente portadora de analfabetismo funcional, literacia e/ou numeracia incipientes. A velha oferta, geralmente com o mesmo perfil, como seria de esperar, e com pouco saber-fazer, o que não seria de esperar.

Convém saber o que precisa a indústria que temos.

«As necessidades de recrutamento das empresas centram-se em profissionais com formação técnica.
Nas respostas ao questionário da CIP, foi referido que, na área têxtil, não existem cursos de formação qualificantes e/ou Licenciatura que respondam às necessidades, o que é compensado pelo facto de, em algumas entidades formadoras, ser desenvolvida formação profissional nestas áreas, mas de curta duração.
Foi também referido que foi recentemente incorporado no Catálogo Nacional de Qualificações a profissão de Técnico de Logística – nível 3 e 12º ano. Muitas empresas recrutam Licenciados em Engenharia Têxtil para cobrirem esta necessidade mas esta Licenciatura não tem os referidos temas devidamente desenvolvidos nos seus curricula.
Na área da electricidade e da electrónica, é referido que o mercado procura mais a vertente de redes e telecomunicações e os estudantes acabam por enveredar por essa área, o que leva a que se formem, por ano, poucos Engenheiros Electrotécnicos, vertente Electrónica. Para além disso, o sector tem dificuldade em encontrar profissionais com experiência em semicondutores.
No sector automóvel, foi referido que as empresas procuram profissionais qualificados (nível III) para exercer funções produtivas (pintores auto, mecânicos, soldadores, serralheiros, carpinteiros, chapeiros).
O sector acredita que a maior dificuldade reside no facto de haver cada vez menos jovens interessados em desenvolver o seu percurso académico e profissional nestas áreas. Por outro lado, as ofertas de emprego para este tipo de profissionais são superiores à procura e os poucos profissionais que existem são facilmente aliciados por empresas (localizadas em território nacional e internacional) que oferecem vencimentos que, muitas vezes, não são comportáveis, sob pena de – entre outros aspectos – o aumento dos seus custos de produção fazer perder vantagem competitiva.
Profissões como Mandrilador, Caldeireiro ou Rectificador mecânico tendem a desaparecer devido a uma alteração dos meios de produção, com novos dinamismos e complexidades – referem as Associações quando indicam as profissões com tendência para desaparecer, que indicam também que algumas profissões, associadas a um posto de trabalho, passam a ser englobadas em outras (como, por exemplo, Torneiro mecânico, Fresador Mecânico e Rectificador mecânico que aparecem, agora, associadas ao operador de máquinas e ferramentas), assegurando maior polivalência.
Algumas Associações referem que os profissionais portugueses com melhores qualificações, correspondendo precisamente às áreas com maior procura, demandam muitas vezes o mercado de trabalho internacional, que oferece melhores oportunidades.
Por último, as Associações que responderam ao questionário da CIP referem que as profissões que vão desaparecer são as ligadas às actividades manufactureiras e artesanais e a tarefas administrativas indiferenciadas


[Resumo dos Resultados do Questionário sobre Necessidades de Formação, CIP, Outubro de 2008]

Here we go, again? (2)

A continuação da mesma dúvida com outros números.


[Fonte BdeP]

Tomem nota. Em 2013 voltamos a falar.

Segundo o Relatório sobre a Sustentabilidade da Segurança Social incluído na proposta de OE, o governo prevê que o primeiro défice do sistema será apenas em 2039. (Lusa)

Previsão: o mais tardar em 2013, um novo governo PS liderado por António Costa inventará um pretexto ou um outro governo PSD liderado pelo sucessor do sucessor do sucessor de Ferreira Leite irá desculpar-se com a incúria do anterior governo e, em qualquer dos casos, uma nova reforma será aprovada para durar 30 anos (ou 50, como a de Ferro Rodrigues segundo António Guterres).

19/10/2008

ARTIGO DEFUNTO: O paradoxo elíptico de Saramago.

No seu extenso artigo no Expresso de ontem, José Saramago classifica o crash dos mercados financeiros como um crime contra a humanidade. Não é conhecida a sua classificação do Gulag, em cujos campos de concentração terão morrido em 40 anos entre 15 a 30 milhões de pessoas, às ordens primeiro de Lenine e depois de Estaline e em nome da construção da sociedade comunista, construção que, pelo menos até recentemente, fazia parte do ideário de José Saramago.

Pensamentos equivalentes (1)

Concluir que a ganância dos banqueiros é a causa da crise dos mercados financeiros é equivalente a concluir que a preguiça dos portugueses é a causa da sua notória baixa produtividade.

18/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: A luz crua dos números sob o manto diáfano do marketing.

Cinco anos depois os mesmos problemas, agravados pelo tempo e pela engorda do estado napoleónico-estalinista sob gestão do PS. Principais feitos do governo Sócrates:
  • A pletora da vaca marsupial pública +2,3% nas despesas correntes
  • Progressiva asfixia fiscal +3,9% na receitas correntes
  • Aumento do endividamento + 5,7% no rácio DP/PIB
A redução do défice não passa duma consequência marginal do aumento da carga fiscal. O défice teria aumentado se o rácio receitas correntes/PIB se mantivesse constante entre 2004 e 2009 .

[Fonte: Confirmação de uma legislatura perdida de Miguel Frasquilho, no Sol de hoje]

17/10/2008

ESTADO DE SÍTIO: Quase me assustei.

Quando li no Jornal de Negócios «a despesa do Estado com pessoal vai diminuir em mais de 12%, de acordo com o Orçamento do Estado para 2009. Esta redução surge numa altura em que foram anunciados aumentos salariais de 2,9%» preparei-me mentalmente para sofrer maninfestações de protesto, greves e toda a tumultuária associada ao despedimento de 15% do utentes da vaca marsupial pública, única medida que me ocorreu para tornar possível este milagre.

Na frase seguinte estava a explicação do milagre: «o ministro das Finanças justifica a diminuição da despesa com a redução de funcionários públicos e alterações contabilísticas».

Suspirei aliviado. Afinal com alterações contabilísticas poderíamos resolver quase todos os problemas do estado napoleónico-estalinista, como por exemplo o défice do OE, o desequilíbrio da balança comercial, a magreza da taxa de crescimento do PIB, etc. Até poderíamos aumentar a solvência dos bancos melhorando o activo, suprimindo o mark-to-market, ou o passivo, aliviando as provisões, ou ambos. Abre-se um mundo de possibilidades criativas quase sem limites a um governo imaginativo como o do senhor engenheiro.

África e a globalização

Agora que a globalização é atacada por quase todos, é conveniente lembrar alguns dos seus esquecidos beneficiários. No novo milénio o crescimento da África subsahariana foi duplo do crescimento das décadas anteriores e ultrapassou pela primeira o crescimento mundial.

[Para mais detalhes ver o briefing da Economist «Africa's prospects», Oct 11th]

16/10/2008

DIÁRIO DE BORDO: Come back Big Sergent, we miss you.

Eu que não sei peva de futebol e estou razoavelmente nas tintas para o fenómeno, por mais de uma vez tentei compreender as razões do sucesso de Scolari e do desprezo a que foi votado pelas luminárias.

Também perorei sobre o professor Armani Queiroz e fiz uns prognósticos (antes dos jogos) inteiramente confirmados pelo pensamento do senhor professor, assim formulado depois do empate com esse colosso do futebol moderno que é a pátria de Enver Hoxha:

«É importante ver que jogadores temos para construirmos uma grande equipa. Se formos honestos, a verdade é que nunca chegámos lá. Nunca conseguimos uma equipa, uma equipa que ganhasse títulos.»

O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Dança da liquidez do Millenium bcp.

Desde a falência do Lehman Brothers, o Millenium bcp contratou um grupo inca (*) para uma performance diária da dança da liquidez na Rua Augusta.


[Adaptação de uma ideia enviada por CVA]

(*) Actualização: segundo uns, o grupo é inca, segundo outros são incas disfarçados de sioux (ou cheroquee, sei lá).

15/10/2008

CASE STUDY: A falta de atractividade económica como critério de investimento.

«A Comissão Europeia considera que o eixo Lisboa-Madrid da rede de Alta Velocidade pode não ser economicamente atractivo. Num relatório do coordenador Etienne Davignon, responsável em Bruxelas para o projecto no sudoeste da Europa, a Comissão considera que a linha, apesar de ser mista, “terá grandes limites de capacidade no que respeita ao transporte de mercadorias pelo que, possivelmente, não será economicamente atractiva”». (Jornal de Negócios)

Para quê tanta medicação para quem não tinha maleitas?

Até ao fim de semana passado quase todos os líderes europeus juraram, individual e colectivamente, que os sistemas bancários dos respectivos países estariam imunes à doença que grassava no sistema financeiro do outro lado do Atlântico, fruto de más práticas, ganância dos banqueiros e, claro, culpa de George Bush.

Ainda não tiveram tempo de explicar a razão da intervenção no Dexia, Fortis, Hypo Real et alia, nem a razão dos sistemas financeiros do Eurogrupo precisarem para o conjunto dos países que já anunciaram planos de recuperação de mais de mil milhões de euros, isto é o dobro dos 700 mil milhões de dólares do plano Paulsen.

14/10/2008

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Homossexuais e heterossexuais, a mesma luta.

«O que as leis do casamento discriminam é pares de indivíduos. Também não fazem qualquer discriminação em relação à orientação sexual. As orientações sexuais são tratadas da mesma forma. Os homossexuais não podem casar com uma pessoa do mesmo sexo, mas os heterossexuais também não

(João Miranda no Blasfémias)

Here we go, again?

[Fonte BdeP ; Clicar para ampliar]

Vamos ver se o doente que não tinha ainda morrido da doença não vai morrer da cura.

13/10/2008

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A culpa é do Bush

A CULPA É DO BUSH

«Quando as coisas correm mal a culpa é sempre dos outros. É um comportamento pouco cristão, mas nestes tempos de crise a única coisa que, na Europa, se aproveita da religião é a crença num milagre. Tudo o resto são males que vêm do outro lado do Atlântico.
Já faliram tantos bancos na Europa como nos Estados Unidos e é na Europa, embora não na Comunidade, que um país está à beira da bancarrota. De quem é a culpa? Dos americanos, é claro.
Os dirigentes europeus não se entendem quanto a uma solução comum para resolver os problemas económicos e financeiros do Velho Continente. A quem apelam para que a crise seja resolvida? Ao governo de Bush.
O sector imobiliário de Inglaterra e de Espanha está tão sobreavaliado como o dos Estados Unidos. Mas de quem se fala quando se fala no «sub-prime»? Dos incautos consumidores americanos e dos gananciosos banqueiros americanos que lhes emprestaram dinheiro sem garantias reais.
Muitos bancos europeus compraram os chamados "activos tóxicos" e criaram eles próprios activos de igual toxicidade. De quem é a responsabilidade? Dos americanos que inventaram esses produtos e não dos europeus que os compraram ou copiaram.
A França e a Inglaterra têm activos financeiros superiores à economia real (PIB) respectivamente em 350% e 422%. Nos Estados Unidos essa relação é de 424%, ligeiramente inferior à do Japão (446%) e praticamente igual, como se vê, à da Inglaterra. De quem é a culpa desta explosiva relação? Dos Estados Unidos.
Entre 1980 e 2006 a economia real do mundo cresceu 380%. Os activos financeiros aumentaram a astronómica soma de 1300%, quatro vezes mais do que aquilo que foi produzido.
Ou seja, o mundo, ou parte dele, tem andado a viver muito acima do que devia. Quem são os consumidores enlouquecidos pelo dinheiro fácil? Os americanos.
Esta Europa não se enxerga nem revela respeito por si própria. Não é capaz de se entender quanto ao modelo institucional, mas quer ter importância no mundo. Aparenta ser um grupo coeso, mas quando surgem os problemas só reúnem os grandes (e mesmo assim divergem), revelando a verdadeira natureza do poder em jogo.
Até agora, o triste e fragilizado Presidente Bush tem sido um conveniente bode expiatório para os problemas da Europa.
É bom que os líderes europeus comecem a pensar noutro, porque a partir de Novembro o homem é como se já lá não estivesse.»



Luís Marques
Expresso 11-10-2008


NOTA:
Tirou-me as palavras da boca, é mais uma área temática, onde se exorciza o ciúme e a inveja por alguém que teve o desplante de escrever uma coisa que estava destinada a ser escrita aqui.

Escolheram o «esquerdista sem vergonha»

Desistiram de Mme. Bruchon e entregaram mais um Nobel de Economia Política, desta vez a Paul Krugman, sobretudo um comentador com pouca obra científica e de mérito mais do que duvidoso.

12/10/2008

Adivinha

Qual das seguintes criaturas disse esta semana «vale a pena fazer ainda menos de liberalismo» e «o Estado, provisoriamente, pode orientar a economia»?

  • Jerónimo de Sousa
  • Luís Fazenda
  • Mário Soares
  • Manuel Alegre
  • Nenhum dos quatro.
A resposta certa é a última. Foi o presidente da CIP, no programa Prós e Contras, demonstrando a inutilidade prática dos partidos socialistas e comunistas.

CASE STUDY: De como a observação do tamanho do pénis e dos cornos do O. Taurus pode levar a poupar dinheiro nas escolas americanas.

Segundo uma versão, Sarah Palin é uma criacionista. Segundo outra, pratica a dúvida cartesiana e defende o ensino do criacionismo a par do evolucionismo ou seja, defende uma solução do tipo pro-choice, tal como no domínio dos direitos reprodutivos. Em qualquer das duas versões, Sarah Palin não está só. Na primeira versão, está acompanhada por milhões de rednecks. Na segunda, a companhia é mais selecta: até alguns liberais blogoesféricos subscrevem a doutrina, salvo erro. No plano especulativo-académico, tal doutrina poderá à primeira vista fazer sentido. Tanto quanto, por exemplo, o ensino em paralelo do geocentrismo e do heliocentrismo. É claro que no mundo real, onde se passam coisas desagradáveis, como o eventual colapso do sistema financeiro, a coisa fia mais fino, porque não há dinheiro, nem pachorra, para estes diletantismos.

Por um momento, vamos supor que havia o dinheiro e a pachorra e adicionemos o facto científico de durante a última meia dúzia de milénios não terem sido registados exemplos de evolução fora do domínio dos seres unicelulares. Neste domínio as coisas parecem mais pacíficas - até um criacionista terá dificuldade de negar a evolução se for infectado por uma mutação do vírus H5N1.

Infelizmente para esta doutrina pro-choice, pela primeira vez foi possível observar a evolução duma espécie pluricelular durante a duração duma vida humana. Investigações recentes do escaravelho Onthophagus taurus provam que num curto período de 50 anos foram observadas evoluções significativas do tamanho do pénis e das antenas (ou cornos). Em resposta a condições ambientais diferenciadas, particularmente à densidade das populações de O. Taurus, estas evoluíram aumentando nuns casos o pénis, noutros os cornos dos machos, como que praticando um tradeoff evolucionista para poupar energia optimizando o potencial reprodutivo - isto é, as probabilidade de fecundarem uma fêmea. Ora aqui está uma abordagem que o liberalismo especulativo-académico poderia adoptar poupando assim o ensino em paralelo do evolucionismo e do criacionismo.

TRIVIALIDADES: Spam multilingue.

De: Kris Bailey [ford_performance_racing@hotmail.com]
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11/10/2008

Será que V. Exª. me permite?

Num país de bajuladores reverenciais, fazer estas perguntas na Sábado a um primeiro ministro que se arrisca ficar mais 5 anos em S. Bento, com a maior e mais competente 5.ª coluna e a melhor orquestra de manipulação dos poderes fácticos que o país já viu, revela uma estimável coragem e um saudável desapego às sinecuras estatais.

DIÁLOGOS DE PLUTÃO: Mission impossible.

- Doutor olhe que eu ainda não pedi a antecipação da reforma. No estado em que as coisas estão, tenho que me precaver.
- Ó homem, precaver como? Neste momento? Quando já tratámos da sua substituição? C'est trop tard pour remonter.
- Eu percebo isso. Mas imagine que entretanto o governo aumenta as penalizações por antecipação. Vou ficar 20 ou 30 anos com uma pensão reduzida? Na minha família vive-se muito.
- Bom, teríamos que encontrar uma solução. Os franceses têm um cargo chamado chargé de mission.
- E eu ficaria na prateleira à espera da reforma como chargé de mission?
- Pois, lá teria que ser.

10/10/2008

O mistério das taxas de juro

Há dias perguntava o Impertinente «como explicar a alegada falta de liquidez dos mercados quando os montantes cedidos por uns bancos europeus ao BCE, que os remunera a 3,25%, são o triplo dos montantes cedidos pelo BCE a outros bancos europeus, aos quais cobra 5,25%?»

(Fonte BdeP - Clique para ampliar)

Hoje pergunto eu, se descem as taxas de juros oficiais do Eurosistema, nomeadamente a taxa da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez a que se financiam os bancos junto do BCE, porque sobem as taxas Euribor do mercado monetário interbancário, isto é a média das taxas a que os bancos cedem entre si liquidez? Não sendo falta de liquidez absoluta porque os montantes cedidos ao BCE são o triplo dos cedidos por este, é o quê?

A minha resposta é parecida: It's risk perception, smart guy. Scratch my back but don't count on me to scratch yours.

09/10/2008

O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Colheita do pepino hightech na Bielorússia

Legenda que acompanhava as fotos (parece aludir a pepinos, inovação e bielorusso):

Это новаторский комбайн по сбору огурцов придумали белорусские ученые.Как он работает, можно посмотреть далее. Может это действительно круто, но без улыбки смотреть сложно

[Enviado por JARF, um contribuinte habitual]

NOTA:
Agora que, segundo todas as tribos adoradoras do Estado, de esquerda e de direita, o capitalismo neoliberal predatório parece estar à beira de ser história, é bom recordar, enquanto o falecido não ressuscita com vigor redobrado, os resultados do oposto da exploração do homem pelo homem, decorridos 20 anos.

08/10/2008

CASE STUDY: Take a deep breath

«Bankers have always earned their crust by committing money for long periods and financing that with short-term deposits and borrowing. Today, that model has warped into self-parody: many of the banks’ assets are unsellable even as they have to return to the market each day to ask for lenders to vote on their survival. No wonder they are hoarding cash.

This is why those politicians who set the interests of Main Street against those of Wall Street are so wrong. Sooner or later the money markets affect every business. Companies face higher interest charges and the fear that they may one day lose access to bank loans altogether. So they, too, hoard cash, cancelling acquisitions and investments, in order to pay down debt. Managers delay new products, leave factories unbuilt, pull the plug on loss-making divisions, and cut costs and jobs. Carmakers and other manufacturers will no longer extend credit (see article) and loans will become elusive and expensive. Consumers will suffer. Unemployment will rise. Even if the credit markets work well, the rich economies will slow as the asset-price bubble pops. If credit is choked off, that slowdown could turn into a deep recession.

Financial markets need governments to set rules for them; and when markets fail, governments are often best placed to get them going again. That’s pragmatism, not socialism. Helping bankers is not an end in itself. If the government could save the credit markets without bailing out the bankers, it should do so. But it cannot. Main Street needs Wall Street; and both need Washington. Politicians—and President George Bush is the most culpable among them (see article)—have failed to explain this.

Governments need not just to communicate, but also to co-ordinate. Past banking crises show that late, piecemeal rescues cost more and work less well. Ad hoc mergers work for a while, but demands for help tend to recur. Inconsistency sows uncertainty. Cross-border banking can make one country’s policies awkward for the neighbours: the Irish government’s guarantee of all deposits threatens to suck in money from poorly protected British banks. France’s suggestion on October 1st that Europe’s governments should work together was a good one; Germany’s rejection of it was wrong.

Central banks have co-ordinated their liquidity operations. Now that oil prices have plunged and worries about inflation are receding, interest-rate cuts are possible. They would be more powerful if co-ordinated. But it is not only central banks that need to combine. Whatever America’s Congress does, governments should work together on principles to stabilise and recapitalise banks—not just to stem panic but also to save money. Even if, as the Europeans claim, the crisis was made in America, it now belongs to everyone.
»

[World on the edge, Economist Oct 4th]

Deserto? Jamais! Pescadinha de rabo na boca.

«A Caixa Geral de Depósitos (CGD) aumentou o montante do financiamento inicialmente previsto ao consórcio da Somague no concurso para a concessão da Auto-Estrada Transmontana, para cerca de 750 milhões de euros, o que garantiu que o concurso não ficasse "deserto".» (Jornal de Negócios)

O governo acrescenta aos riscos de dono da obra na construção e de concedente na concessão os riscos associados ao project finance (crédito, non-performance, etc.) que directa ou indirectamente recaem sobre os bancos participantes. Pior ainda se a CGD vier a ter a fatia de leão. Se o Estado, que está cá para velar por todos nós, faz destas, o que esperar da rapacidade predatória dos capitalistas? (o professor Louçã inspirou-me esta tirada)

07/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: Incompetentes, mentirosos ou manipuladores? Das três escolham duas. (continuação)

Em complemento do post onde citei a Public Information Notice do FMI para evidenciar os resultados medíocres da governação do engenheiro Sócrates (e/ou a sua política de mistificação), cito hoje o infografia Promessas furadas do SOL publicada no Confidencial de sábado passado. Sendo particularmente elucidativa, dispensa comentários.

[Clicar para ampliar]

Pasto para as teorias conspiratórias

Primeiro o Wachovia estaria irremediavelmente falido (morte anunciada desde Julho) e seria mais um banco para ser salvo pelo dinheiro dos contribuintes. Não chegou a ser porque o plano de recuperação foi rejeitado a 29 de Setembro, rejeição imediatamente seguida pelo anúncio da compra do Wachovia pelo Citigroup por US 2,2 mil milhões.

Estranhamente, a 3 de Outubro, o Wachovia anuncia a sua fusão com o (leia-se compra pelo) Well Fargo. Anúncio que abriu uma guerra entre Citigroup e Well Fargo, entretanto interrompida por uma trégua imposta pelos reguladores.

O que diria um esquerdista adepto das teorias conspiratórias? Que o governo chumbou o plano de recuperação ao descobrir hidden reserves nos entre folhos do balance sheet do Wachovia. Enquanto o lóbi mais rápido avisou o Citigroup, o lóbi mais lento avisou o Well Fargo.

É uma teoria tosca? É sim senhor. Mas o que se pode esperar duma mente infectada pelo esquerdismo?

06/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: Incompetentes, mentirosos ou manipuladores? Das três escolham duas.

Na 6.ª feira passada o FMI divulgou a Public Information Notice sobre Portugal. As projecções até 2009 revelam uma economia que o governo deixará no final do mandato claramente em pior estado. Comparem-se os indicadores de 2004 com os projectados para 2009. Com excepção do défice do OE (que diminuiu essencialmente à custa do aumento da carga fiscal e não da redução da despesa pública), os outros indicadores degradaram-se e vão degradar-se novamente no próximo ano.

[Clique para ampliar]

Depois de três anos e meio de manipulação mediática, centenas de horas de tempo de antena assumido e milhares de horas de tempo de antena disfarçado, milhares de comunicados e notícias encomendadas, o resultado é muito fraco. Será o fracasso totalmente devido ao governo? É claro que não. Mas quem se arroga o papel de demiurgo da economia tem que ser julgado pelo que anunciou. Se quiser ser julgado objectivamente pelo que seria possível ter conseguido, o governo tem que aceitar ser considerado mentiroso e manipulador.

Bleeding but not dead yet (2)

«AIG puts many businesses up for sale to repay Fed. Insurer wants to keep P&C units, but will part with some foreign life operations

05/10/2008

ESTÓRIA E MORAL: O indignado jornalista de causas justifica a casa para o jornalista.

Estória

No domingo passado tratou-se aqui da cunha do jornalista Baptista-Bastos, uma das 3.200 metidas às sucessivas vereações para atribuição de casas aos artistas, jornalistas e outros membros da intelligentzia alfacinha (um grupo social que, todo junto, cabe dentro do Lux), bem como a familiares, amiga(o)s, namorada(o)s da vereação e, para compor o quadro de benemerência, a algumas(uns) pobrezinha(o)s.

Em vez de seguir o exemplo da maioria dos felizes contemplados e ficar inteligentemente calado, o senhor Baptista-Bastos escreve um artigo de opinião no DN justificando o seu direito à prebenda municipal. «Chovia no interior, paredes rachadas, perigos vários» na casa que habitava, e «estava desempregado». Não explica o fundamento do direito especial que lhe assistiu entre os desempregados que viviam em casas com «perigos vários». Não explica, provavelmente porque lhe parecer um direito adquirido inerente ao seu estatuto de membro da nomenklatura da cóltura. Indignado manda que «vão bater a outra porta». É caso para dizer que perdeu uma grande oportunidade para deixar a caneta pousada no tinteiro.

Moral

It is better to keep your mouth shut and be thought a fool than to open it and remove all doubt.

ARTIGO DEFUNTO: O SOL aos quadradinhos.

«E, embora as novas tecnologias do Magalhães não sejam tão novas quanto isso (um novo programa, o Vista, já está há muito tempo no mercado), o preço barato justifica o empenho governamental» escreve-se no Cocktail do caderno principal do SOL deste fim de semana.

O Windows Vista é o sistema operativo da Microsoft sucessor do Windows XP, instalado pelos fabricantes em mas de 90% dos desktops, laptops, tablets, etc., desde o princípio de 2007. O Windows Vista tem alguma relação especial com o Classmate PC (baptizado Magalhães pelo governo)? Será por causa disso que o Magalhães não tem nada de inovador?

Em conclusão, o arquitecto Saraiva devia oferecer aos jornalistas do SOL um Magalhães para os ajudar a ultrapassar a info-exclusão.

No mesmo caderno do SOL dedica-se numa página inteira a um outro grande problema nacional: os suicídios nas forças de seguranças. A simples leitura do quadro inserido pelo SOL com o número de suicídios desde 1998 torna evidente que não é possível extrapolar nenhuma tendência. O facto deste ano até Setembro o número de sucídios ser superior aos de 8 dos 10 anos anteriores significa tanto como de 2004 para 2005 o número de suicídios ter aumentado mais de 4 vezes (de 2 para 9).

Se o jornalista do SOL se tivesse dado ao trabalho de ler o Plano de Prevenção do Suicídio nas Forças de Segurança de Outubro do ano passado, ficaria a saber três coisas. Primeiro: a taxa de suicídios em Portugal não é especialmente elevada (é um quarto da mais elevada e a 30.ª em 45 países). Segundo: «a média da taxa de suicídio nas forças de segurança nos últimos 5 anos foi de 11,3, um valor inferior ao registado na sociedade civil». Terceiro: inferior à média nacional, apesar da maioria dos efectivos dessas forças ser do sexo masculino e se situar nos escalões etários com maior frequência de suicídios (na sociedade civil 89% dos dos suicidas são homens e 67% têm idades entre 23 e 35 anos).

Em conclusão, de acordo com o Plano de Prevenção do Suicídio nas Forças de Segurança, a taxa de suicídio nessas forças é mais baixa do que na população geral, pelo que o objectivo do plano deveria ser aumentar a frequência de suicídios para aproximar os polícias e os guardas republicanos do povo. Assim, a página do SOL gasta com um não-problema poderia ter sido usada, em vez de meia-dúzia de linhas, para tratar de explicar como a Mota-Engil, presidida pelo doutor Coelho, antigo ministro das obras públicas do PS, passou a controlar a Lusoponte, onde já se encontrava outro antigo ministro das obras públicas do PSD, e, desta forma tornar incontornável que lhe seja adjudicada a construção da 3.ª ponte (por troca com uma compensação pela perda de receitas da ponte Vasco da Gama).

04/10/2008

ESTÓRIA E MORAL: A última vez que se ouviu «purge the rottenness out of the system» foi em 1929

Estória

Ao liberalismo académico convém lembrar que as suas teses liquidacionistas como medicina para tratar o sistema financeiro global já foram bastante experimentadas por Andrew Mellon, o secretário de estado do Tesouro que transformou a crise financeira de 1929 na depressão mais profunda e prolongada dos tempos modernos. Por coincidência, Ben Bernanke, actual presidente da Reserva Federal e um especialista da Grande Depressão, responsabiliza (tal como Milton Friedman) a política do “liquidate, liquidate, liquidate” de Mellon pelo colapso do sistema financeiro americano que despoletou a depressão que durou mais de 10 anos, de 1929 até à entrada dos EU na II Guerra.

Moral

At particular times a great deal of stupid people have a great deal of stupid money and there is speculation and there is panic. (Walter Bagehot)

03/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: A crise do subprime explicada por palavras simples aos sujeitos passivos.


The Last Laugh - George Parr - Subprime - subtitulos
by erioluk

[Enviada por JB]

"Just like all the rest of them in Washington"

«The Obama that emerges from its pages is not, Mr Freddoso says, “a bad person. It’s just that he’s like all the rest of them. Not a reformer. Not a Messiah. Just like all the rest of them in Washington.” And the author makes a fairly compelling case that this is so. The best part of the book concentrates on Mr Obama’s record in Chicago, his home town and the place from which he was elected to the Illinois state Senate in 1996, before moving to the United States Senate in 2004. The book lays out in detail how this period began in a way that should shock some of Mr Obama’s supporters: he won the Democratic nomination for his Illinois seat by getting a team of lawyers to throw all the other candidates off the ballot on various technicalities. One of those he threw off was a veteran black politician, a woman who helped him get started in politics in the first place.

If Mr Obama really were the miracle-working, aisle-jumping, consensus-seeking new breed of politician his spin-doctors make him out to be, you would expect to see the evidence in these eight years. But there isn’t very much. Instead, as Mr Freddoso rather depressingly finds, Mr Obama spent the whole period without any visible sign of rocking the Democratic boat.

He was a staunch backer of Richard Daley, who as mayor failed to stem the corruption that has made Chicago one of America’s most notorious cities. Nor did he lift a finger against John Stroger and his son Todd, who succeeded his father as president of Cook County’s Board of Commissioners shortly before Stroger senior died last January. Cook County, where Chicago is located, has been extensively criticised for corrupt practices by a federally appointed judge, Julia Nowicki.

The full extent of Mr Obama’s close links with two toxic Chicago associates, a radical black preacher, Jeremiah Wright, and a crooked property developer, Antoin Rezko, is also laid out in detail. The Chicago section is probably the best part of the book, though the story continues: once he got to Washington, DC, Mr Obama’s record of voting with his party became one of the most solid in the capital. Mr Freddoso notes that he did little or nothing to help with some of the great bipartisan efforts of recent years, notably on immigration reform or in a complex battle over judicial nominations.»


[Economist Review: “The Case Against Barack Obama”, David Freddoso]

A coisa nunca está tão má que não possa piorar. O melhor é rir-se.

02/10/2008

O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Rien de rien, je ne regrette rien.

Processo Casa Pia: nada
Processo Apito Dourado: nada
Assassinatos de seguranças na noite: nada
Caso Maddie: nada (com direito a humilhaçãozinha no estrangeiro...)
Caso Freeport: nada
Caso dos sobreiros PP: nada
Caso BCP: nada
Caso Vale e Azevedo: nada
Operação Furacão: nada

Mas conseguiram prender um jovem que fez um download de música. YEAAAAAAAAH!

Primeiro português condenado à prisão por pirataria musical na internet! O indivíduo poderá passar entre 60 a 90 dias atrás das grades por ter feito o download e partilhado música ilegalmente.
[Desabafo de JARF]

A mão pesada versus a mão invisível

Em menos de um ano, quase mil milhões de euros do dinheiro dos sujeitos passivos foi injectado, directa e indirectamente, pelo governo na Caixa Geral de Depósitos, com um coro e música de fundo exaltando a saúde financeira do banco do governo.

A General Electric vai aumentar o capital em 12 mil milhões de dólares, incluindo 3 mil milhões de acções preferenciais com um dividendo de 10% que serão adquiridas por Warren Buffett, o Sage of Omaha.

01/10/2008

ESTÓRIA E MORAL: Chão que deu uvas.

Estória


«Só passados 9 anos sobre o arranque das videiras, e no primeiro ano de gestão do ficheiro de parcelas com vinha (cadastro) pelo IVDP, os terrenos onde está instalado o Estádio Municipal de Murça deixaram de ter Benefício.» (ver o resto da estória no comunicado do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto)

Moral

Já foi chão que deu uvas.

What have they done to my buck?