Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

21/10/2024

Crónica de um Governo de Passagem (23)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Eu cativo, tu cativas, ele cativa, nós cativamos, vós cativais, eles cativam

Em Agosto do ano passado o Dr. Medina, o último cativador-em-chefe do Dr. Costa, anunciou o fim das cativações em 2024, esquecendo-se de nos dizer que em 2023 até Agosto ainda mantinha mais de metade das cativações.

Este ano, o Dr. Miranda Sarmento, o cativador-em-chefe do Dr. Montenegro, duplicou as cativações do Dr. Medina, com uma diferença, explicou o Dr. Sarmento, que estas suas cativações são uma reserva para imprevistos e por isso o Dr. Leitão Amaro lhes chama «dotação provisional». Talvez sejam diferentes. Teremos de esperar para confirmar que não são, como as cativações dos governos socialistas, um expediente que no caso do investimento público baptizei de autoestrada mexicana do PS.

Pela boca morre o peixe

O Dr. Medina, agora com a cartola de colunista, veio lembrar que o seu sucessor Dr. Miranda Sarmento «que durante anos afirmou que “era fácil pôr a economia a crescer acima de 3%”, e que apresentou em campanha eleitoral um cenário macroeconómico sempre crescente até chegar a 3,4% em 2028, diz-nos agora que a taxa de crescimento do PIB em 2028 será de 1,8%». Vem a propósito recordar que os governos podem sem dificuldade pôr as economias a decrescer, mas quanto a crescer só lhes restam criar as condições para induzir o crescimento que irá dar votos … ao governo seguinte.

A educação também é uma paixão para a AD? Sempre a falta de pessoal

Recordando: em oito anos de governo do Dr. Costa o número de alunos no ensino não universitário reduziu-se de 1.716.155 em 2015 para 1.610.300 em 2023, o número de professores aumentou de 141.274 para 149.816, pelo que o número de alunos por professor passou de 12,1 para 10,7. O governo do Dr. Montenegro disse que iria recrutar mais professores. Como quer que seja ainda há 24 mil alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina.

O Dr. Montenegro procura conquistar a sua quota de mercado no eleitorado do Estado sucial

Primeiro foram os pensionistas a serem cortejados, agora chegou a vez dos funcionários públicos a quem o governo aumentou mais 54 cêntimos (não se riam!) do que o previsto no acordo com a UGT.

E pluribus unum

Durante o governo Passos Coelho, que herdou 730 mil funcionários públicos do Eng. Sócrates e conseguiu despachar 75 mil, reduzindo-os para 655 mil funcionários, foi adoptada a regra “um por um”. Com os governos do Dr. Costa, que deixou de herança 750 mil, a regra foi modificada para “vários por um”. Agora, o governo do Dr. Montenegro recuperou essa regra o que se cumprida significa que manterá os 750 mil herdados enquanto por lá andar.

Turistas, esses nossos benfeitores

Até Agosto o excedente externo da economia do Portugal dos Pequeninos aumentou 2,9 mil milhões dos quais 1,3 mil milhões se ficaram a dever ao aumento do saldo das viagens e turismo. Sem o turismo a economia do Portugal dos Pequeninos estaria em sérias dificuldades.

O OE2025 à luz da inteligência artificial

A minha reduzida fé nos resultados da inteligência artificial no ponto em que nos encontramos sofreu um notável upgrade ao ler a seguinte resposta do ChatGPT a uma pergunta da jornalista Sónia Sapage:
«Se fosse para associar este OE a um partido político em Portugal, seria mais compatível com partidos como o Partido Socialista, ou mesmo o Bloco de Esquerda ou o Partido Comunista Português, dada a forte ênfase na intervenção estatal e nas políticas sociais.»

20/10/2024

O "woke" pode estar a começar a adormecer

Os estudos de opinião pública realizados durante 25 anos pela Gallup, General Social Survey (GSS), Pew e YouGov mostram as opiniões "woke" sobre discriminação racial a crescer desde 2015 e a atingirem o pico por volta de 2021. 

Segundo a Gallup, as pessoas que se preocupavam "muito" com as relações raciais representavam 17% em 2014, aumentaram para 48% em 2021 e desceram para 35% no princípio deste ano.

Segundo a Pew, a percentagem de americanos que pensam que os brancos têm mais vantagens na vida do que os negros atingiu o máximo em 2020. 

Segundo a GSS, a opinião de que a discriminação é a principal razão para as diferenças nos resultados das raças atingiu o pico em 2021 e caiu em 2022. Os maiores aumentos e as posteriores maiores reduções da visão "woke" registaram-se entre os jovens e as pessoas de esquerda.


Também no mundo empresarial a visão "woke" parece estar a perder importância no últimos anos. 

Segundo a AlphaSense, as referências às políticas DEI (Diversity, equity, and inclusion) nas "earning  calls" que tinham aumentado cinco vezes em 2020 (ano da morte de Floyd), atingiram o máximo em 2021  e vêm descendo desde então e no segundo trimestre deste ano são apenas cerca de três vezes maiores do que antes do caso Flloyd.

A percentagem de oferta de empregos que mencionam a diversidade continua a crescer mas, apesar disso, o número de pessoas em postos de trabalho relacionados com as políticas DEI estão a diminuir.

Segundo a Revelio, a percentagem desses postos de trabalho em relação ao emprego total em grandes empresas americanas duplicou para 0,02% desde 2016 até 2022 e recentemente essa percentagem caiu para 0,018%.

Segundo a Farient Advisors, a percentagem de empresas do S&P 500 que fizeram depender os salários dos chefes das metas de diversidade atingiu 53% em 2022 e desceu para 48% em 2023.

Esta tendência pode ter diversas causas: a necessidade cortar custos em tempos difíceis, especialmente nas empresas de TI, o receio de serem processados por práticas discriminatórias e também porque as empresas estão a perceber a queda do interesse do público por estes temas.  

Um exemplo notável é o da Budweiser que perdeu o primeiro lugar na venda de cerveja por ter adoptada práticas consideradas demasiado "woke". No entanto, num domínio tão volátil como este nada é definitivo e as opiniões podem mudar rapidamente.



Ruy Teixeira, um cientista político americano de origem portuguesa, acha que «as pessoas um dia olharão para trás, para os anos 2015 a 2025, como sendo um momento de loucura», embora reconhecendo que é duradoura e positiva a tendência dos Estados Unidos para reduzir a discriminação e melhorar as oportunidades de todas a minorias.

19/10/2024

ESTÓRIA E MORAL: A maldição das estrelas Michelin

Estória

Num paper publicado em Agosto (Double-edged stars: Michelin stars, reactivity, and restaurant exits in New York City), Daniel B. Sands da University College London apresentou as conclusões da análise dos restaurantes abertos em Nova Iorque no período 2000-14 a quem foram atribuídas estrelas Michelin e concluiu que esses restaurantes tinham uma probabilidade maior do que a média de fechar nos anos seguintes, mesmo depois de expurgados factores como a localização, o preço e o tipo de cozinha. No total 40% dos restaurantes estrelados no período 2005-2014 fecharam até ao final de 2019.

As razões, segundo Daniel Sands, radicam na mudança das expectativas dos clientes e na atracção de novos clientes de fora de NY, cujas preferências têm maiores custos para ser atendidas. Do lado dos fornecedores, as estrelas Michelin dão um pretexto para cobrar preços mais altos e os chefs são mais procurados pela concorrência e exigem salários mais elevados. O resultado frequente é os restaurantes estrelados não sobreviverem aos custos crescentes que se tornam insuportáveis logo que o foco da moda deixa de os iluminar e escasseia a clientela disposta a pagar os preços necessários para os viabilizar.   

Moral 

«No fundo de um buraco ou de um poço, acontece descobrirem-se as estrelas.» 

Aristóteles

18/10/2024

Doubts (343) - Is Mr. Trump a "fascist to the core", as General Mark Miller says?

 «In March 2023, when Mark Milley was six months away from retirement as a four-star general and the chairman of the Joint Chiefs of Staff, he met Bob Woodward at a reception and said, “We gotta talk.”

Milley went on to describe the grave degree to which former President Donald Trump, under whom Milley had served, was a danger to the nation. Woodward recounts the episode with Milley—who almost certainly believed that he was speaking to Woodward off the record—in his new book, War:

“We have got to stop him!” Milley said. “You have got to stop him!” By “you” he meant the press broadly. “He is the most dangerous person ever. I had suspicions when I talked to you about his mental decline and so forth, but now I realize he’s a total fascist. He is the most dangerous person to this country.” His eyes darted around the room filled with 200 guests of the Cohen Group, a global business consulting firm headed by former defense secretary William Cohen. Cohen and former defense secretary James Mattis spoke at the reception.

“A fascist to the core!” Milley repeated to me.

I will never forget the intensity of his worry."»

 The General’s Warning, The Atlantic

I strongly desagree with General Mark Milley. Mr. Trump is not a fascist, and even less so to the core he does not have one. To be a fascist to the core, he would have to believe deeply in something and be interested in something that goes beyond Mr. Trump himself.

17/10/2024

Não há valores universais. Há os valores ocidentais que apelam à universalidade

Baseado nos World Values Surveys realizados em cada cinco anos que entrevistam dezenas de milhares de pessoas em países de todo o Mundo (130 mil em 90 países no último inquérito), a Economist publicou o ano passado um estudo (*) onde compara os valores predominantes nesses países e a sua evolução entre 1990-98 e 2017-22.

Esses valores são organizados em dois eixos: Tradicional-Secular, onde é avaliada a influência da família e religião e o respeito pela tradição, por um lado, em oposição às crenças não religiosas e ao pensamento mais científico; Sobrevivência-Autoexpressão, onde é avaliado a ligação a um grupo, etnia, nação ou raça, ou seja valores colectivistas, por um lado, em oposição ao individualismo.

Os resultados representados nos diagramas seguintes são muito sugestivos e mostram diferenças notáveis e uma evolução distinta em três décadas, representada nos diagramas seguintes correspondendo os pontos a países individuais.

O primeiro diagrama mostra uma evolução contraditória que esconde a evolução diferente entre as regiões, diferença que os diagramas seguintes confirmam.


Nestes três últimos diagramas torna-se visível que a evolução entre 1990-98 e 2017-22 foi muito diferente nos três conjuntos de países: Língua inglesa/Protestantes que se tornaram mais seculares; Ortodoxos que se tornaram mais tradicionais e Latino Americanos que se tornaram ligeiramente menos tradicionais e menos colectivistas.

No diagrama seguinte representa-se a situação actual de três conjuntos de países em três grandes regiões (os inquéritos não abrangeram os países asiáticos).


E a conclusão é que, no conjunto, os valores dominantes na Europa, que os europeus tomam como valores universais, são completamente distintos dos latino-americanos e africanos-islâmicos que têm em comum um forte tradicionalismo, ainda que partilhem em graus muito diferentes os valores colectistas-individualistas, estando os latino-americanos mais próximos dos europeus a este respeito.

___________

Desde há 20 anos que cito regularmente (por exemplo aqui) os estudos do antropólogo holandês Geert Hofstede que comparou as culturas de dezenas de nações, usando um modelo que considera quatro dimensões na cultura dominante de uma sociedade, entre as quais a dimensão individualismo / colectivismo. Desses estudos resultam conclusões compatíveis com e complementares às retiradas dos World Values Surveys.

16/10/2024

ARTIGO DEFUNTO: Os estudos de Acemoglu, Johnson e Robinson não são sobre a desigualdade das nações. São sobre o fracasso de algumas nações

Foi anunciada na segunda-feria a atribuição a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson do prémio da Academia Sueca de Ciência Económica, e não do Nobel de Economia, porque quando Alfredo Nobel decidiu criar o prémio a "dismal science" - ciência sombria ou triste -, como a baptizou Carlyle, não era reconhecida como ciência. 

A maior parte dos mídia portuguesa escreveram, e bem, que o prémio foi atribuído pelos estudos sobre o papel das instituições na prosperidade dos países, traduzindo a comunicação da Academia Sueca «for studies of how institutions are formed and affect prosperity». O livro aqui ao lado, publicado há 12 anos, com edições em várias línguas incluindo português, é uma fonte acessível para o essencial desses estudos.  

A maior parte, mas não todos os mídia, e entre eles o Expresso, que titulou «Trio de economistas ganha Nobel por trabalhos sobre desigualdade entre países», e a CNN que foi ainda mais longe na reinterpretação das conclusões dos estudos de acordo com a agenda woke, insinuando que a culpa era do "colonialismo", com o título «Há países ricos e outros que não deixam de ser pobres. Agora há um Nobel a explicar como Portugal pode ter tido um papel nisso»

Na verdade, os estudos do trio são uma tentativa de explicar o fracasso de alguns países em alcançarem a prosperidade e a explicação proposta é de que o fracasso se deve a instituições sociais fracas e a um Estado de direito falhado. É claro que as instituições não nasceram do vácuo, como diria o Eng. Guterres, mas o nascimento das instituições não constitui uma fatalidade colonial, como o provam o facto de os países "colonizados" pelos Estados europeus terem graus de sucesso bastante diferentes e até incluírem pelo menos um exemplo de grande sucesso - os Estados Unidos da América.   

Por falar em Simon Johnson, um dos economistas do trio, vem a propósito recordar, como o fez o jornal Eco, que esse economista em Abril de 2010 antecipava o resgate do Estado português que, de facto, viria a ter lugar em Abril no ano seguinte, e Peter Boone, o co-autor de Johnson, foi alvo de uma ridícula acusação de manipulação do mercado pelo Ministério Público português.

15/10/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (29)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Bastaram seis meses fora do poder para o PS se transformar num saco de gatos

De um lado, os gatos realistas e moderados como o Dr. Francisco Assis e o Dr. José Luís Carneiro, ou o «estupefacto» Dr. Vieira da Silva, reforçados ocasionalmente pelo diletantismo do Dr. Sousa Pinto, que defendem a viabilização do orçamento, do outro lado os gatos assanhados do círculo de influência do Dr. Pedro Nuno, o já baptizado Bloco de Esquerda Mais, comandados pela gata assanhada Dr.ª Leitão, e no meio o próprio Dr. Pedro Nuno que hesita entre assanhar-se e dar umas marradinhas amigáveis ao Dr. Montenegro. Enquanto isso, o resto da gataria aguarda impaciente o resultado e, qualquer que seja, anseia por recuperar as mordomias perdidas com o afastamento da vaca marsupial pública.

Em conclusão, ficou razoavelmente confirmado que a competência como capo di tutti capi do Dr. Pedro Nuno não está à altura da sua ambição e ainda menos da sua jactância.

Take Another Plan. As versões do Sr. Neeleman e do Dr. Pedro Nuno são diferentes. A Airbus acreditou no primeiro e desconfiou do segundo. Faites vos jeux

Em entrevista ao Expresso David Neeleman, ex-accionista da TAP, desmente tudo o que o Dr. Pedro Nuno foi dizendo sobre o processo de renacionalização da TAP e concluiu «perdi a confiança no Estado português como parceiro», entrando assim directa e atrasadamente para um cada vez mais numeroso grupo de empresários.

Boa Nova

São muito discutíveis os resultados no aumento da natalidade do alargamento de licença parental de 120 ou 150 dias para 180 ou 210 dias consecutivos aprovado pelo PS, com a ajuda do Chega. Os únicos resultados indiscutíveis são que vai custar aos contribuintes uns 400 milhões de euros.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

O governo do Eng. José “Animal Feroz” Sócrates decidiu terminar a PPP do Hospital Amadora-Sintra depois de 14 anos de excelentes resultados que nos anos seguintes se foram degradando, degradação que está a culminar com o escândalo da denúncia de más práticas.

Deixaram o SNS rastos mas as «meninas do presidente» foram atendidas

No seu depoimento na comissão parlamentar a médica neuropediatra, que tratou as gémeas luso-brasileiras “encaminhadas” pelo Dr. Rebelo de Sousa Filho, revelou que «a ordem vem de alguém superior ao secretário de Estado» e que as gémeas eram conhecidas como «as meninas do Presidente».

14/10/2024

Crónica de um Governo de Passagem (22)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O Dr. Luís "Rural" Montenegro bate S. Ex.ª e o Dr. Pedro Nuno "Faz Tremer as Pernas dos Banqueiros" Santos e encosta o Dr. André "Chega de Ciganos" Ventura às tábuas

Segundo Barómetro Aximage/DN de Setembro-Outubro os eleitores que confiam mais no Dr. Montenegro ultrapassam em pontos percentuais os que confiam mais no Dr. Marcelo e enquanto o Dr. Montenegro tem um saldo positivo de 29 pontos nas avaliações, o Dr. Pedro Nuno tem um saldo negativo de 7 pontos e o Dr. Ventura tem um saldo negativo de 34 pontos.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Durante o Verão o SNS pagou aos médicos quase dois milhões de horas extraordinárias, ou seja mais de 20 horas em média por mês e por cada um dos 32 mil médicos ou o equivalente a um reforço de cerca de 4.800 médicos.

Não será por falta de deitar dinheiro em cima dos problemas de SNS que o Dr. Montenegro não os resolverá. A proposta de OE2025 que o governo vai apresentar aumenta o total das despesas de Saúde para o maior valor de sempre: 17 mil milhões.

Um esclarecimento ao mesmo tempo supérfluo e preocupante

O Dr. Montenegro achou necessário, desnecessariamente, garantir que o seu governo «não é um Governo liberal do princípio ao fim» e acrescentou que o SNS é «a trave-mestra» do sistema de saúde, o que deveria preocupar-nos dado o estado do SNS e o papel das traves-metras.

O Estado sucial como máquina de extorsão (Prognósticos só no fim do jogo)

Não obstante um aumento de 2,3 mil milhões para 63 mil milhões dos impostos extorquidos aos contribuintes, o governo prevê que a carga fiscal cairá uns estrondosos 0,3 pontos percentuais.

Mais palha para a vaca marsupial pública

À custa de aumentos, progressões e revisões, as despesas com funcionários públicos aumentam quase 1,6 mil milhões de euros.

Vamos ver se o investimento público do governo AD não é também como a autoestrada mexicana do PS

A proposta de orçamento prevê um aumento do investimento público de 3,3% do PIB em 2024 para 3,5% em 2025. Os orçamentos do PS também previam sempre aumentos com o expediente da autoestrada mexicana.

Não vos preocupeis. É só um grupo de trabalho para os resíduos

O relatório da proposta do OE2025, referia «um grupo de trabalho com vista a elaborar um relatório para identificação das empresas (pública) consideradas estratégicas, modo ou regime de alienação e estimativa da receita daí decorrente». Sem dar tempo a que pensássemos que este é um governo liberal, o Dr. Sarmento veio esclarecer que afinal só estaria em causa vender umas participações residuais (por exemplo, «menos de 0,0001% do capital»)

Este governo não discrimina nos subsídios

O ministro da Educação anunciou que as propinas não aumentarão o que, sabendo-se que as propinas são absolutamente insuficientes para pagar os custos das universidade públicas, significa que o governo utilizará o dinheiro dos impostos para subsidiar todos os alunos: os alunos pobres e os alunos ricos, os bons alunos e os maus alunos.

O jornalismo de causas também precisa de um pacote de ajudas?

Nada menos de 30 medidas de apoio aos mídia foram apresentadas totalizando uns 55 milhões de euros. Poderá ser «dinheiro deitado para a sanita», para usar a expressão pitoresco do Sr. O'Leary, porque logo a seguir o Dr. Montenegro meteu o pau no vespeiro ao criticar os auriculares dos jornalistas por onde são «sopradas» perguntas.

Uma das medidas do pacote é retirar a publicidade da RTP. Não seria melhor retirar o governo da RTP?

Efeitos colaterais de uma negociação simulada do OE 2025

O Dr. Montenegro pretendeu retirar ao Dr. Pedro Nuno os argumentos para não aprovar o orçamento e fingiu negociar. O Dr. Pedro Nuno e o Dr. Ventura fingiram que não tinha medo de eleições e fingiram que tinham princípios e enquanto o primeiro fingiu não concordar, o segundo não conseguiu decidir o que queria fingir. O resultado dificilmente poderia ser bom – complicar um sistema fiscal que parecia impossível complicar mais.

13/10/2024

Let us offer a chabot to the believers of conspiracy theories

 «Americans believe in a dizzying array of conspiracies. Some are relatively harmless. No one has recently attacked the Freemasons based on the bonkers belief that they sank the Titanic. But some conspiracy theories are destructive. Thousands of Americans have harmed themselves or others because they think that covid-19 jabs contain microchips or that the 2020 election was stolen. It’s getting harder to convince people that these ideas are wrong: to prosper in some political tribes, such as Donald Trump’s MAGA world, you must treat fantasies as articles of faith.

A new study (*) published in Science, a journal, finds that artificial intelligence (AI) chatbots may be better than humans at convincing truthers to stop believing nonsense. A trio of researchers at the Massachusetts Institute of Technology and Cornell University recruited nearly 2,200 self-declared conspiracy-theorists in America for a series of written conversations with GPT-4 Turbo, a chatbot. The subjects explained their theories and the evidence for them; the chatbot countered with facts.

To take one example, when a subject claimed that the federal government had orchestrated the attacks of September 11th 2001, and that the jet fuel from the crash was not hot enough to melt the steel girders supporting the Twin Towers, the bot answered like a cool-headed science teacher. “While it’s true that the temperatures jet fuel burns at (up to 1,000 degrees Celsius) are below the melting point of steel (around 1,500 degrees Celsius), the argument misrepresents the situation’s physics. Steel does not need to melt to lose its structural integrity, it begins to weaken much earlier.” By the end of the conservation the subject’s self-reported confidence in the theory fell by 60%.» (...)

Want to win an argument? Use a chatbot

(*) Durably reducing conspiracy beliefs through dialogues with AI, Thomas H. Costello, Gordon Pennycook and David G. Ran

___________

DISCLAIMER

I'm not entirely sure that the recipe will work and I fear that the most hardened believers will create yet another conspiracy theory - that Bill Gates who had already put microchips in vaccines ordered the GPT-4 Turbo to confuse people who believe he did it.

12/10/2024

Sem os estrangeiros de cá dentro e os de lá fora, o Portugal dos Pequeninos seria inviável (3)

Continuação de (1) e de (2).

Continuemos a imaginar que o nativismo governava o Portugal dos Pequeninos. Se fosse um nativismo autêntico e não daqueles a fingir para caçar votos dos ressabiados, começaria por impedir a entrada de novos imigrantes, expulsaria de seguida todos os imigrantes residentes, incluindo os provenientes dos PALOP, que afinal também não são nativos. Para simplificar, ignoremos uma pequena minoria dos que adquiriram a nacionalidade portuguesa, ilegitimamente segundo nativismo legítimo.

Como exemplifiquei ontem neste post a segurança social do Portugal dos Pequeninos é irremediavelmente insustentável a longo prazo. Entretanto, ontem mesmo foram divulgadas as contas da segurança social que mostram as contribuições dos imigrantes em 2023 atingiram 2.677 milhões de euros enquanto as prestações sociais desses emigrantes foram de 483 milhões, ou seja, os imigrantes contribuíram com um saldo positivo de 2.194 milhões.

De onde a expulsão dos emigrantes anteciparia em vários anos o esgotamento do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) que, como se viu. actualmente é suficiente para pagar apenas dois anos de pensões.

Concluo, ainda mais uma vez, que se as teses nativistas mais puristas fossem adoptadas à letra a Pátria dos nativistas depurada dos imigrantes ficaria mais próximo da inviabilidade, os nativistas teriam de emigrar e enfrentar a hostilidade dos nativistas dos países para onde emigrassem.

11/10/2024

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (10) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (VII)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9)

O diagrama acima parece significar que o sistema de segurança social do Portugal dos Pequeninos estaria com uma saúde de ferro e teria sustentabilidade garantida a longo prazo. Parece, mas não é. O nosso honroso quinto lugar não resulta da sustentabilidade e, pelo contrário, é mais um indicador que a sustentabilidade é insustentável naquilo que depende da criação de riqueza, já que a percentagem de 14,2% do PIB que as pensões representam significa que temos pouca margem para a aumentar.

Se a isso adicionarmos uma das demografias mais envelhecidas e uma das natalidades mais baixas na UE, dentro de uma década ou duas não teremos condições de financiar as pensões com as contribuições correntes e teremos de ir às reservas, isto é ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) que actualmente é suficiente para pagar apenas dois anos de pensões.

Os fundos de pensões na UE variam muito entre os países membros (os Países Baixos e Dinamarca têm fundos de pensões que representam mais de 200% do seu PIB) e em média representam cerca de 50% do PIB da UE. No caso português o FEFSS tem cerca de 34 mil milhões de euros ou cerca de 13% do PIB e o fundos privados de pensões estimam-se em torno dos 25 mil milhões, ou seja um total de menos de 60 milhões ou menos de 22% do PIB. 

A comparação com os outros países da UE é pouco animadora e passa a desesperante se compararmos com os EUA que em 2022, tinha um valor total dos fundos de pensão correspondente a cerca de 150% do PIB.

Em conclusão, os pensionistas presentes e sobretudo os pensionistas futuros da Óropa que se cuidem. Os de Portugal talvez já não vão a tempo.

10/10/2024

Dúvidas (342) - Títulos alternativos

No semanário de reverência do fim de semana passado a um artigo citando o parecer do Tribunal de Contas relativo à Conta Geral do Estado de 2023 o jornalista de causas em causa plantou-lhe o título

«Estado deu a 50 residentes não habituais ‘borla’ de €262 milhões no IRS do ano passado» 

Ora, em primeiro lugar, acontece que essa "borla" constitui uma espécie de evasão fiscal para os Estados de que são nacionais os "borlistas" que perdem centenas de milhões de impostos, dependendo das taxas que praticam.   

Por outro lado, aos residentes não habituais (RNH) é aplicável uma taxa de 20% aos rendimentos no estrangeiro declarados ao fisco português. Admitindo que sem esse benefício seria aplicável a taxa máxima de 48%, à "borla" de 262 milhões corresponderam em contas de merceeiro quase 200 milhões que o Estado português embolsou de IRS desses "borlistas".

A esses quase 200 milhões o Estado português nunca lhe teria posto a mão se não fosse o estatuto de RNH e como todos estes 50 "borlistas" só marginalmente serão beneficiários da despesa social (que custa em média cerca de 10 mil euros por pessoa/ano), podemos concluir que, apesar dos quase 200 milhões que pagam de IRS, os 50 "borlistas" "poupam" em despesa social meio milhão de euros.

Por isso, fica-me a dúvida se não seria mais adequado um dos seguintes títulos alternativos:  

  • «Estado português cúmplice da evasão fiscal de centenas de milhões por 50 residentes não habituais»
  • «Estado português esbulhou a 50 residentes não habituais quase €200 milhões do IRS do ano passado»

09/10/2024

The single market for financial services seen from Berlin

«(...) using a bank account opened in one EU country while living in another is surprisingly troublesome, even if both use the euro. In theory Europeans, like their American cousins, live in one large single market, free to contract services from business based anywhere in the bloc. In practice payment systems sometimes accept only cards issued by local banks—and good luck getting your Finnish bank to fund a Spanish mortgage. Finance is where the European ideal of a seamless union often falls shortest.

The limits of the European single market were sharply exposed this month as UniCredit, an Italian bank, has made moves to take over Commerzbank, a German rival. A proposed transaction that should have been of interest only to finance wonks—UniCredit and Commerzbank are the EU’s 10th- and 17th-biggest lenders, respectively—devolved into an ugly nationalist mêlée. Olaf Scholz, the German chancellor, took time out of his geopolitical agenda at United Nations meetings in New York to thunder against “hostile” Italian bankers on the prowl. Just two weeks ago the EU released a much-hyped report by Mario Draghi, a former Italian prime minister, proposing to juice economic growth in Europe by deepening its single market. A resounding nein has put paid to his plans before most people were done reading its 400 pages.

European chauvinism has long had a way of derailing businessmen’s best-laid takeover plans. In 2005 France fended off a bid for Danone, a yogurt-maker, on the grounds that it was strategically vital. But that would-be buyer was American. Surely takeovers by firms from other EU countries should be treated more sympathetically, the better to build European champions with the critical mass to compete globally? Apparently nicht. Because Commerzbank lends to Mittelstand firms and exporters, the German establishment has put it on an economic pedestal; some see it as a national treasure they would rather close down than hand over to grubby Italians. (This is rather amusing to finance aficionados—including your columnist, a former banking correspondent—who recall when the lender was dubbed “Comedybank”, thanks to its knack for losing money in a dazzling array of hare-brained lending decisions.) UniCredit’s stake was in part bought straight from the German authorities, who bailed out Commerzbank in 2008. In contrast UniCredit is well run and more profitable than its target, thanks in part to a German unit it already owns. (...)
»

08/10/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (28)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.


O Dr. Costa, o Dr. Caldeira Cabral, o Dr. Siza Vieira e o Dr. Costa e Silva são os maiores responsáveis pelo desastre da nacionalização da EFACEC. O primeiro emigrou para a Óropa, o segundo está feito mosquinha morta em repouso na ASF, o terceiro, que andou quatro anos a dizer todas as semanas que estava para breve a venda da EFACEC, faz humor negro e diz «demorou-se demasiado tempo a fazer a reprivatização da Efacec» e o quarto tem pensamentos delirantes como garantir que o Estado pode recuperar até 420 milhões.

Enquanto isso, o Tribunal de Contas estima que o impacto da nacionalização da EFACEC nas contas públicas pode atingir 564 milhões e, entre outras misérias, constatou que «a nacionalização foi impulsionada pelos gestores da empresa estando estes, em simultâneo, a promover a venda de ações no mercado».

«À justiça o que é da justiça»

Sendo certo que o escândalo Espírito Santo contamina todo o regime e poupa poucas das suas figuras de cera, o Partido Socialista, por via do seu antigo primeiro-ministro e secretário-geral José Animal Feroz Sócrates, é o mais contaminado e, compreensivelmente, não está nada interessado em julgamentos que ainda exponham mais o seu papel. É assim que, um a um, os crimes vão prescrevendo e os arguidos ilibados. A leva mais recente de prescrições extingue 11 crimes de infidelidade e de falsificação que envolviam sete acusados e em 2025 extinguir-se-ão mais 21 crimes.

Fazer do Banco de Portugal um púlpito promocional do governador é uma tradição do PS

Já aqui foi escrito que Dr. Constâncio, que foi governador do BdP duas vezes em 1985-1986 e 2000-2010, intercaladas com a liderança do PS em 1986-1989, foi um precursor do Dr. Centeno que saiu directamente do ministério das Finanças para o BdP e agora se promove e está a ser promovido a candidato pelo PS a Belém. Se tomarmos como indicador da promoção o número de referências na imprensa do regime ao Dr. Centeno, a propósito de tudo e mais alguma coisa, só nos últimos 30 dias chegamos a mais de 300 ou 10 por dia o que é uma enormidade num universo mediático pequenino como o do Portugal dos Pequeninos.

A metamorfose do Partido Socialista (*)

«A frase de Pedro Nuno Santos (“prefiro perder eleições a abdicar das convicções”) pode ser um infeliz deslize a meio caminho entre o machismo e a ingenuidade. Mas pode também ser, com mais probabilidade, o anúncio de novos tempos para o partido. De que se trata na verdade? O que são convicções, profundas ou não? O que são crenças inabaláveis? Estaremos a falar da democracia, da liberdade individual e da dignidade humana? Da recusa de violência, da solidariedade e da luta contra a pobreza? Ou falamos também de um escalão de impostos, de um subsídio de IRS e de uma ajudinha de IRC? Misturar umas e outras, dar-lhes a mesma dignidade significa perder de vista o essencial.

Mas tal não é gratuito. Pelo contrário, tem ar de ser uma declaração solene da natureza do novo PS. A gradual e inexorável transformação do Partido Socialista num Bloco de Esquerda “mais” é o que parece estar nas cartas. Pedro Nuno Santos, o secretário geral, afirmou-o convictamente, sem tremer nas palavras e calculando os efeitos. Ele quer construir fronteiras, elevar obstáculos e definir linhas dogmáticas. »

(*) Excerto de um artigo no Público de António Barreto

07/10/2024

Crónica de um Governo de Passagem (21)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Bom, no género mau

Há quem celebre a suposta habilidade do Dr. Montenegro, comparando-o até ao habilidoso Dr. Costa, por ter fintado S. Ex.ª o Palrador Mor na nomeação do PGR e, sobretudo, nas suas manobras orçamentais ter hipoteticamente entalado o Dr. Pedro Nuno e o Dr. Ventura, que não desejam eleições antecipadas que os penalizariam, obrigando o PS a escolher entre a abstenção e a aprovação e o Chega a escolher o que o PS não escolher. 

Sim, sempre será melhor ter um habilidoso hábil no governo do que um habilidoso inábil. Contudo, o que o país precisa é de políticos realistas e corajosos que façam as reformas necessárias, ou, mais exactamente, que façam as reformas que um eleitorado envelhecido e acomodado consegue suportar.

Os problemas do Estado sucial português resumem-se a falta de pessoal

Face a uma falha clamorosa do sistema prisional que deixou escapar cinco presos de uma cadeia de alta segurança, o governo toma as seguintes medidas: recruta 225 novos guardas prisionais, faz 205 promoções e recruta ainda 63 técnicos profissionais de reinserção social. Um governo do Dr. Costa não faria melhor.

Bombeiros incendiários

Mais de um milhar de bombeiros incendiaram pneus e lenha nas escadarias do parlamento numa cena insurrecional tipo PREC, reivindicando acertos salariais desde Janeiro prometidos pelo governo do Dr. Costa.

Gostava de estar enganado, mas receio que não

Suspeito que da garantia do Estado para a compra de habitação por jovens que, sabe-se agora, funciona logo ao primeiro incumprimento, resultem três efeitos indesejáveis: (1) a facilitação na avaliação do risco por parte dos bancos; (2) o incentivo à temeridade financeira por parte dos jovens e (3) uma aceleração do aumento dos preços por via de uma maior pressão da procura de habitação sem um aumento da oferta (ver o item seguinte).

Recordatória ao Dr. Montenegro: existe uma lei da oferta e da procura

mais liberdade

Se o Dr. Montenegro quer fazer diferente do Dr. Costa em matéria de habitação deveria actuar pelo lado da oferta, não a construir casinhas, negócio para o qual os governos não tem jeito nenhum, mas a remover obstáculos para a oferta, desde logo disponibilizando terrenos para a construção e simplificando e facilitando os processos de aprovação e licenciamento – convém lembrar que uma licença de construção e a aprovação de um projecto levam anos (a não ser que o promotor injecte lubrificante nas engrenagens).

06/10/2024

ARTIGO DEFUNTO: A vocação do Expresso é ser um tal & qual de referência


O título da peça sobre o Almirante das vacinas que montei provocatoriamente na imagem em cima da 1.ª página do tal & qual é do Expresso, auto-intitulado semanário de referência, e ficaria muito bem num pasquim.

Num semanário de referência teria ficado muito bem ter feito notícia em 2018 da venda pelo seu proprietário Imprensa ao Novo Banco por 24,2 milhões do edifício da sua sede em Carnaxide, avaliado em 16 milhões, para poder amortizar um empréstimo obrigacionista depois de ter falhado uma outra emissão de obrigações. Esse edifício foi de seguida objecto de um lease-back à Impresa, numa operação do Novo Banco, que à época já tinha como accionista o fundo Lone Star, com uma Impresa com dívidas de 179,2 milhões que ultrapassavam as receitas totais, operação obscura difícil de imaginar num banco à época ainda em recuperação que ficou com os restos do BES.

Como ficaria igualmente bem, ter sido noticiada a recompra no final de 2022 do mesmo edifício com um empréstimo hipotecário de 19,6 milhões do Novo Banco (ver notícia do Página 1). Destas operações só se encontra referência da venda no relatório e contas de 2018; no relatório e contas de 2022 não há qualquer informação sobre a recompra.

05/10/2024

Dúvidas (341) - O que está por detrás da decisão de continuar a usar a bitola ibérica? (2)

Continuação de (1)

Aparte as teorias da conspiração que não subscrevo, o artigo no Observador de Henrique Neto, que escreve regularmente sobre o tema, salienta uma vez mais o absurdo de justificar a bitola ibérica com mentiras, à falta de argumentos. Coloquei esta questão ao ChatGPT e obtive a seguinte resposta que confirma a falta de fundamento da história da carochinha do vice-presidente da empresa pública IP:

«A bitola ibérica (1.668 mm), utilizada tradicionalmente na rede ferroviária da Espanha e de Portugal, está passando por um processo de transformação significativa, com o governo espanhol priorizando cada vez mais a mudança para a bitola padrão europeia (1.435 mm). Essa transição faz parte de uma política de integração com o sistema ferroviário da União Europeia, com o objetivo de melhorar a conectividade internacional, facilitar o transporte de mercadorias e promover uma maior eficiência logística.

Intenções Futuras do Governo Espanhol em Relação à Bitola Ibérica

Conversão para Bitola Europeia: A principal intenção do governo espanhol é aumentar o uso da bitola padrão europeia, que facilita a interoperabilidade com as redes ferroviárias do resto da Europa. A expansão da rede de trens de alta velocidade (AVE) é um exemplo claro dessa tendência, pois todos os novos projetos de alta velocidade estão sendo construídos na bitola padrão europeia. Esse movimento visa melhorar as conexões internacionais, sobretudo com a França, permitindo trens de passageiros e de carga que possam cruzar as fronteiras sem a necessidade de ajustes nos eixos dos vagões.

Manutenção Parcial da Bitola Ibérica: Embora a tendência seja a transição para a bitola padrão, o governo pretende manter parte significativa da rede em bitola ibérica, especialmente para as linhas regionais e para algumas conexões de carga dentro da Península Ibérica. Isso se deve ao elevado custo e complexidade técnica de converter todas as linhas existentes e à necessidade de manter a conectividade local. As linhas regionais, que são muito importantes para a economia de regiões menos conectadas, continuarão operando em bitola ibérica por enquanto.

Adaptação Gradual e Sistemas de Bitola Variável: Outro aspecto importante das intenções do governo é o uso de tecnologia de bitola variável, que permite que alguns trens transitem tanto na bitola ibérica quanto na bitola padrão sem troca de eixos. A Espanha já possui trens com eixos ajustáveis e vários pontos de troca na fronteira com a França, e é provável que esse tipo de tecnologia continue sendo utilizado durante o período de transição.

Prioridade para o Transporte de Mercadorias: Uma das razões para a mudança gradual para a bitola europeia é o desejo de aumentar a competitividade do transporte ferroviário de mercadorias. Com a bitola europeia, o governo pretende facilitar o transporte internacional de carga, tornando-o uma alternativa viável ao transporte rodoviário, que domina atualmente a logística transfronteiriça. Essa integração busca diminuir os custos e o tempo de transporte, favorecendo as exportações e a logística em geral.

Conclusão

O governo espanhol parece decidido a avançar com a transição para a bitola europeia em novas linhas, principalmente aquelas de alta velocidade e de importância para o transporte internacional de mercadorias. No entanto, parte significativa da rede em bitola ibérica será mantida por razões econômicas e logísticas, e tecnologias de bitola variável serão usadas para garantir a continuidade do serviço durante o processo de transição. Assim, a Espanha está adotando uma estratégia híbrida, visando equilibrar a integração europeia e a manutenção de uma rede ferroviária eficiente dentro da Península Ibérica.»

04/10/2024

DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia


Cito este pensamento atribuído a várias criaturas diferentes como um pretexto para ignorar comentários ocasionais que considero preguiçosos, preconceituosos e por vezes insultuosos a alguns posts publicados.

03/10/2024

Sem o turismo a economia do Portugal dos Pequeninos estaria em sérias dificuldades

 Em 2023, o Turismo gerou um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 9,1% do VAB nacional em 2023 (8,6% em 2022) e estima-se que gerou um contributo total de 33,8 mil milhões de euros para o PIB em 2023 (12,7% do total e 12,1% em 2022). (*)  Este ano o crescimento do turismo continua a puxar pela economia como mostram os gráficos seguintes.

Expresso

Expresso

Em 2022 o peso percentual do Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) foi em Portugal de 15,5%, superior ao da Espanha (12,5%) e muito superior ao dos Países Baixos (9,6%) e da Áustria (6,9%), 

Não seria preciso mais do que a queda do turismo para os níveis de 2016, em que o VAB gerado pelo turismo em relação ao VAB nacional foi menos 4 pontos percentuais inferior ao de 2023, para a economia começasse a tropeçar. Basta comparar o PIB per capita (pc) português com o dos países onde o turismo tem um peso maior que é menos de metade dos Países Baixos e da Áustria, até mesmo a Espanha que tem um PIB pc 25% superior ao português. 

E não, não se trata de reduzir o turismo, trata-se fazer crescer a economia aumentando a produtividade. Como?, perguntareis e eu respondo: não fazendo a mesma coisa que os governos vêm fazendo, uns mais outros menos, há 50 anos (pelo menos).  

_______________

(*) «O VAB e o consumo do turismo no território económico reforçaram o seu peso relativo no total da economia, atingindo máximos históricos», INE, 1 de agosto de 2024, Conta Satélite do Turismo

02/10/2024

CASE STUDY: Um imenso Portugal (66) - O problema maior deles (e o nosso) é a mediocridade

Outros imensos Portugais

«Na verdade, tanto nos governos de Lula - sobretudo este Governo atual -, como no Governo de Bolsonaro, o que conduz o país é um casamento entre os interesses do rentismo financeiro, de um lado, e o "pobrismo", do outro. O "pobrismo" é a distribuição de esmolas aos pobres, à massa popular. E o rentismo é a rendição do Governo aos interesses financistas, nacionais e estrangeiros, na suposição inteiramente sem fundamento de que essa rendição aos interesses financeiro levará a um investimento e ao crescimento, e de que o que sobrará do crescimento poderá ser usado para pacificar a maioria popular. Isso nunca aconteceu. Nenhum país no mundo se desenvolveu com dinheiro dos outros ou pela rendição aos interesses financistas. Mas foi isso que tivemos no Brasil: o rentismo financeiro, o pobrismo - e o terceiro elemento são as guerras culturais da direita, que são a imagem inversa da política identitária da esquerda. Ou seja, duas maneiras de evadir dos problemas estruturais do país. O resultado de tudo isto é que, embora o Brasil seja um dos países mais desiguais na História da Humanidade, o nosso problema maior não é a desigualdade. O nosso problema maior é a mediocridade.»

Excerto da entrevista ao Expresso de Roberto Mangabeira Unger, brasileiro e professor de Harvard

01/10/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (27)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Apertado entre a espada da oposição interna e a parede de umas eleições que não deseja…

… o Dr. Pedro Nuno Santos resolveu desculpar-se com a alegada irredutibilidade do governo para negociar e fazer o que lhe deve ter parecido uma jogada de mestre - colocar o governo AD entre a espada de umas eleições que também não deseja e uma de duas paredes. 

Por um lado, a parede de um acordo com o Chega que levaria o Dr. Montenegro do “não é não” para o não é talvez, ou o que for preciso, e a parede do governo deixar cair duas medidas emblemáticas: o IRS Jovem que o Dr. Montenegro, em qualquer caso, deveria deixar cair, fingindo que era para tentar salvar o acordo, e a redução do IRC que provavelmente é a única medida que o PS tentará afastar e que o governo deveria tentar manter, em ambos os casos mesmo à custa de eleições antecipadas que nenhum deles deseja.

O BdP como rampa de lançamento para Belém

Escreve o jornalista António Costa que «Centeno tem de decidir o que quer», se quer ser candidato a um mandato de governador do BdP ou a presidente da República, como se o Dr. Centeno não soubesse perfeitamente o que quer, e com ele um bom número de figuras de cera do regime que gostavam de o sentar em Belém, como revelou o Observador.

30/09/2024

Crónica de um Governo de Passagem (20)

Navegando à bolina
(Continuação de 19)

Em matéria de peditório o Dr. Montenegro não fica atrás do Dr. Costa

Primeiro foi o anúncio pelo ministro da Agricultura de que o governo iria pedir “ajudas” a Bruxelas para compensar os agricultores afectados pelos incêndios. De seguida, o Dr. Montenegro deu a boa nova que Frau Von der Leyen autorizara a utilização de 500 milhões de euros do fundos de coesão.

A arimética incendiária do peditório

Henrique Pereira dos Santos (que sabe mais disto a dormir que eu acordado) estimou um valor de 100 euros por hectare de três em três anos como um ponto de partida razoável para assegurar a limpeza da floresta, ou seja 33 euros por ano/hectare. O custo total anual da limpeza da floresta de 3,2 milhões de hectares seria assim de cerca de 106 milhões de euros e, com este valor anual, os 500 milhões de euros do peditório dariam para financiar quase 5 anos de limpeza da floresta. É só fazer as contas, como disse o Sr. Eng. Guterres a propósito do PIB.

[Aditamento: seguindo a ideia de Mira Amaral, a acrescentar aos 33 euros por ano/hectare a pagar aos proprietários poderia somar-se o rendimento de venda dos resíduos florestais depositados em ecopontos florestais às centrais de biomassa que produziriam electricidade com tarifas subsidiadas justificadas pelas externalidades positivas] 

Contas certas sustentadas pelo saque fiscal

Graças a um aumento da carga fiscal de 34,4% no 1.º semestre do ano passado para 36% no mesmo período deste ano, apesar do aumento de 7,5% da despesa pública, o superavit no mesmo período aumentou de 1,1% para 1,2%.

Em matéria de demissões o Dr. Montenegro é uma sombra das performances do Dr. Costa

Escreve o semanário de reverência que este governo já fez 90 mudanças de quadros dirigentes, como se fosse um feito notável e não é. Segundo o mesmo semanário o Dr. Costa ao fim de três meses já tinha um score de 273 demissões.

O socialismo será alcançado quando o salário mínimo for igual ao salário médio

O governo AD também não quer fica atrás do governo socialista em matéria de salário mínimo e propõe-se obrigar as empresas a pagar um salário mínimo de 870 euros em 2025 e de 1.010 euros em 2028.
 
mais liberdade

Sabendo-se que quase todos os trabalhadores com salário mínimo estão nas micro e nas pequenas empresas, tal significaria que muitas delas poderiam ser inviáveis não fora a prodigiosa imaginação dos fura-vidas tugas que levará a que recorram ainda mais intensamente à economia paralela.

Este IRS não é para velhos

Parece que o governo não quer abrir mão do IRS Jovem medida que, além de ser pouco eficaz para reter os jovens profissionais como concluiu o FMI, constitui uma discriminação injusta e inconstitucional como defendeu o professor Xavier de Basto e, como Helena Garrido escreveu levaria os mais velhos a pagar quase quatro vezes mais de IRS.




29/09/2024

ARTIGO DEFUNTO: Omitir factos relevantes pode ser tão enganador como falsificar factos (2)

Há duas semanas mostrei no post anterior que, ao contrário do que o artigo do Jornal Eco insinuava, os professores portugueses são relativamente privilegiados no contexto dos salários portugueses.

Por coincidência, ou não, o site +Liberdade publicou alguns dias depois o diagrama seguinte.

mais liberdade

E o que mostra o diagrama? Do lado direito confirma que, de facto, os professores portugueses têm salários em paridades de poder de compra 17% mais baixos do que a média dos 38 países da OCDE  o que é normal visto que estamos a falar dos países mais ricos do mundo com PIB per capita  mais elevado.

O lado esquerdo do diagrama mostra que «os professores portugueses ganham cerca de 35% acima da média dos trabalhadores portugueses com formação superior. Na OCDE, em média, os professores ganham -12% que a média dos trabalhadores com ensino superior. Ou seja, em termos comparativos, face aos salários médios em cada país, os números revelam que a classe docente portuguesa é mais valorizada em termos de rendimentos que os professores de outros outros países». 

28/09/2024

Ser de esquerda é... (28) - ... é praticar a mentira de causas e, já agora, o humor de causas

A estória resumida é a seguinte (a estória completa está contada aqui pela deputada municipal Margarida Bentes Penedo): o executivo da câmara de Lisboa presidida pelo Dr. Medina abriu em 2016 um concurso para a colocação de painéis digitais publicitários cujo júri aprovou a proposta da JC Decaux, incluindo as localizações dos painéis que agora foram contestadas pelo Berloque de Esquerda. Por razões administrativas o contrato só foi assinado pelo actual executivo depois de aprovado em Setembro de 2022 por quase todos os vereadores, incluindo os do Berloque de Esquerda, cujas deputadas municipais Dr.ª Escaja e Dr.ª Teixeira na assembleia municipal do dia 17 acusaram o Eng. Moedas de mentir ao dizer a verdade sobre quem tinha decidido e aprovado as localizações.

Foi o suficiente para o agitprop esquerdalho iniciar o processo habitual propagando os seus factos alternativos pelos trombones dos jornalistas amigos que produziram umas dezenas de peças até que um artigo do Público repôs a verdade. Um dos trombones foi o humorista de causas Ricardo Araújo Pereira no domingo passado no seu programa da SIC, onde, além de reproduzir a mentira, já depois do referido artigo do Público, fez o seu número habitual de imitação da voz de falsete do Eng. Moedas.

Esta gente não tem emenda e sempre que lhes dá jeito mentem pelas suas "boas causas".

Outros "Ser de esquerda é..."

27/09/2024

Mitos (341) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXXI) - Pero que las hay, las hay

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
______________

A revista Science acabou de publicar um interessante artigo («A 485-million-year history of Earth’s surface temperature») com os resultados de estimativas  por uma equipa de investigadores de universidades americanas e britânicas (Emily J. Judd da universidade do Arizona e seis outros investigadores) das temperaturas médias globais à superfície a partir de mais de 150 mil provas fósseis abrangendo um período de 485 milhões de anos. O estudo revelou que as temperaturas variaram muito mais do que até agora se pensava, como se pode ver no diagrama abaixo, e confirmaram o papel decisivo do dióxido de carbono nas mudanças de temperatura. 
 
[PhanDA designa o método adoptado no estudo para estimar as temperaturas médias globais à superfície
durante o éon Farenozóico que abrange a existência de vida na Terra] 

Não sendo esta a minha praia, remeto os interessados para a leitura do paper e apenas saliento que as conclusões evidenciam a falta de fundamento da tese implícita na dramatização mediática do aumento das temperaturas globais de que os terráqueos desde a Revolução Industrial estão a subverter uma suposta harmonia climática existente num passado idílico. Como confirmam «uma forte correlação entre o dióxido de carbono atmosférico (CO2) e as temperaturas médias globais à superfície, identificando o CO2 como o controlo dominante nas variações no clima global fanerozóico e sugerindo uma sensibilidade aparente do sistema terrestre de ~ 8 ° C» . Como ainda confirmam os aumentos das temperaturas de natureza antropogénica nos últimos 300 mil anos, que contudo não são significativos à escala do Fanerozóico e, segundo Emily J. Judd  em entrevista ao Washington Post, «mesmo nos piores cenários, o aquecimento provocado pelo homem não empurrará a Terra para além dos limites da habitabilidade».

De onde, me permito concluir que se, por um lado o estudo mostra que o histerismo climático não parece ter fundamento, por outro confirma que as mudanças climáticas estão de facto a ocorrer e, ainda que possam não ter as consequências que o histerismo climático trombeteia, têm consequências e seria inteligente fazer o que pudermos para mitigar os seus efeitos.

26/09/2024

CASE STUDY: A Madeira como região de culto (11) - O herdeiro do Bokassa das Ilhas

Sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10)

O herdeiro (H. Monteiro)
Durante uns três anos e picos publiquei vários posts desta série dedicados à governação e à pessoa do Dr. Alberto João Jardim, a quem muito anos atrás o Dr. Jaime Gama prantou o cognome de Bokassa das Ilhas. Com a sua substituição pelo Dr. Miguel Albuquerque, uma figura aparentemente menos caricaturável, interrompi a série até que nos últimos tempos, em que se tornou mais notória a emergência do mesmo tipo de governação e de um estilo trauliteiro semelhante, senti um impulso incontornável para retomar a série, desta vez dedicada ao substituto do Dr. Jardim que, com o seu ar sofredor e postura vitimizada, fica muito longe do substituído.
   
O pretexto para retomar a série foi a louvável preocupação do Dr. Albuquerque que face aos oito apparatchiks detidos e às suspeitas que recaíram sobre os três membros do seu governo, se manifestou contra o recurso às denúncias anónimas que «só abre as portas ao populismo», populismo instalado há cinquenta anos na região pela mão do seu antecessor e agora continuado pela mão do sucessor.