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18/07/2023

Pro memoria (430) – gone with the wind (a confirmação)

Esta é a quinta vez que escrevo sobre os projectos descabelados de energia eólica offshore no Portugal dos Pequeninos. 

Recapitulando:

26.09.2011 Pro memoria (36) – gone with the wind

25-10-2017 Pro memoria (362) – gone with the wind (republicação e actualização)

16-11-2020 Pro memoria (406) – gone with the wind (republicação e nova actualização)

26-08-2021 Pro memoria (412) – gone with the wind (epílogo)

Volto a este tema para citar Luís Mira Amaral, uma das poucas pessoas que reúne três qualidades raras neste país: o conhecimento técnico e o conhecimento económico do sector energético e a independência dos poderes fácticos.  

No artigo 10 GW de eólica offshore? que escreveu na sua coluna Economia Real no Expresso, Miral Amaral expõe em palavras simples o disparate imenso que o governo pretende acrescentar aos que já foram feitos em Viana do Castelo.

«O governo quer 10 GW de potência eólica no mar, a Espanha apenas 3 GW e o Reino Unido, com condições ótimas de profundidade e de vento para esta tecnologia marítima, só projeta 5 GW. A costa portuguesa, com declives acentua­dos, exige plataformas marítimas flutuantes ainda em fases embrionárias de experimentação e bem mais caras do que as plataformas amarradas ao fundo do mar usadas no Reino Unido e na Europa do Norte.

Na eólica offshore de Viana do Castelo, que expliquei aqui com o título “O offshore de Viana do Castelo”, o custo das três plataformas flutuantes a 18 km da costa, com 25 MW no total, levou a uma tarifa para a eletricidade produzida de €130/MWh e o custo do cabo de ligação a terra rondou os €50 milhões. O consumidor português está, assim, a pagar um balúrdio pela eletricidade produzida e pela tarifa de acesso à rede ligada ao custo do cabo e a terceira plataforma flutuante acabou por ser feita em Espanha. O nosso consumidor financia generosamente a indústria espanhola! Agora falamos de 10 mil megawatts e não desses 25 MW, e a APREN diz que os consumidores vão pagar os custos dos cabos de ligação a terra. Qual a justificação económica de tudo isto e quais as vantagens para a indústria nacional, atendendo ao que se passou em Viana do Castelo?  

10 GW é 50% da potência instalada no Sistema Elétrico Nacional (SEN). Como se compatibilizam estas intenções com os níveis de consumo e potências de ponta num sistema em que o consumo global está quase estagnado e em que a eficiência energética e a produção descentralizada junto do consumidor tenderão a reduzir esse consumo? Que consumos adicionais se propõem? Isto teria de estar inserido num planeamento indicativo da geração elétrica no SEN, que, infelizmente, não existe, gerindo o binómio produção/consumo, e num plano global que lhe desse coerência, articulando capacidades de interligação e armazenamento com exportações, excedentes de produção com bombagem e outros dispositivos de armazenamento, como baterias, e análise económica do binómio custo de produção/corte de excedentes. E neste caso, devido ao elevadíssimo custo da energia, não fará sentido investir-se para depois cortar a produção.

Felizmente que esta irrealista ambição não passará da fase da bolha mediática, pois não haverá mercado e investidores para tudo isto, evitando-se o custo para o consumidor de querer fazer tudo na fase cara e de se ter o luxo de estarmos sempre na vanguarda do experimentalismo!»

1 comentário:

Anónimo disse...

Mr zog xuxa please can you transcribe this amazing writing in hebrew?As you usualy transfer stuff in english to here maybe this time in the language of your xuxa heroes...
Thanks a lot!
Basilio el xuxalhote