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15/07/2023

Os lucros, a inflação e o visconde de Chateaubriand, outra vez (continuação)

No post anterior citei o economista Ricardo Reis para mostrar a falta de fundamento da atribuição pelos "especialistas" Drs. Marcelo, Costa e Montenegro da causa da inflação ao aumento dos lucros. Nesse post incluí um diagrama extraído de um relatório de trabalho do FMI que parecia sustentar essa tese recorrendo à confusão habitual entre correlação e causação.

Não certamente por acaso, o mesmo Ricardo Reis citou ontem na sua coluna habitual esse relatório de trabalho (por coincidência ele supervisionou a tese de doutoramento de um dos autores) que refere expressamente que o estudo «não permite nenhuma interpretação causal» entre aumento dos lucros e aumento dos preços, precisamente o que fizeram esses "especialistas". Ricardo Reis explica em linguagem simples porquê a tese dos Drs. Marcelo, Costa e Montenegro e de outras sumidades é puramente especulativa.

Especificamente no caso português, para arruinar em definitivo a tese dos insignes economistas Drs. Marcelo, Costa e Montenegro, o capítulo «Labour market and wage developments in OECD countries» do OECD Employment Outlook 2023, publicado há poucos dias, mostra no período 01-10-2019 a 31-03-2023 (que compreende cerca de 12 meses de inflação) a variação comparada dos custos unitários do trabalho e dos lucros unitários com os primeiros a terem um crescimento superior ao dos segundos em Portugal e os custos unitários reais do trabalho com a variação positiva mais elevada de toda a OCDE nesse período.
    

Lá vai mais uma bela tese para o cemitério das ideias fabricadas por encomenda.

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