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08/07/2023

Poupando pouco e emprestando o pouco ao governo para pagar tenças aos apparatchiks e torrar em elefantes brancos

Qual é o principal handicap da economia do Portugal dos Pequeninos e quais os principais factores indispensáveis para o ultrapassar? Se respondeu baixa produtividade, ao primeiro, e mão-de-obra (apropriadamente) educada e investimento (adequado) em actividades produtivas, aos segundos, saberá que para dispor desses dois factores é necessário um sistema educacional capaz para dispor do primeiro factor e capital disponível para dispor do segundo, respectivamente.

Chegados aqui, esquecendo o sistema educacional, sobre o qual estamos conversados, saberá que há duas fontes principais do capital para investimento produtivo: o investimento directo estrangeiro ou a poupança das famílias. Esquecendo o investimento directo estrangeiro, a poupança das famílias é menos de metade da média da Zona Euro e da UE, o que nos deixa em termos comparativos na cauda da Óropa. 

E se a taxa de poupança durante o período de resgate aumentou, ainda a troika estava a fazer as malas recomeçou a baixar e só voltou a subir com a pandemia, retomando a queda logo que passou o susto. Assim, foi durante os dois períodos em que os rendimentos baixaram que a poupança subiu, o que é mais um belo desmentido dos patetas que pensam que se poupa pouco porque se ganha pouco. 

E onde aplicam os portugueses o pouco dinheiro que poupam? Costumava ser em depósitos bancários.

Recentemente com o aumento do indexante Euribor as taxas de juro dos Certificados de Aforro ficaram mais atractivas e o dinheiro começou a sair dos depósitos para a compra de Certificados de Aforro. 


Dito de outro modo, os portugueses retiraram as poupanças dos depósitos que constituem a parte mais importante do funding dos bancos, que permite financiar às empresas para investimento produtivo, para financiarem a engorda do Estado sucial e a torrefacção nas TAPs e nas CPs. Pior é difícil.

[Gráficos publicados na Revista do Expresso]

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