Em retrospectiva, a decisão do governo conservador britânico de David Cameron de submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. O propósito era não perder as eleições para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido, à custa de demagogia e distorção dos factos e dos números que não ficou atrás do UKIP e teve um resultado inesperado que foi a aprovação do Brexit.
As consequências ruinosas do Brexit para o Reino Unido (ver este post) são hoje visíveis para toda a gente que disponha de informação objectiva, com a possível excepção dos portadores de alucinação psicótica, e constituem um case study de subordinação dos interesses nacionais aos desígnios de uma clique.
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Se não há dúvidas que hoje a maioria dos britânicos está consciente das consequências negativas e essa maioria tem vindo a crescer (57% contra 32%) à medida em que as consequências previsíveis, mas imprevistas (ou talvez não), se tornam mais visíveis - ver diagrama da esquerda -, a verdade é que a maioria dos que votaram a saída continuam a pensar que o Brexit se tornou um desastre apenas por incompetência do governo - ver diagrama da direita. É interessante constatar que uma ligeira maioria de 51% votaria a reintegração do Reino Unido na UE.
2 comentários:
Curiosamente, o exercício que foi feito no segundo gráfico (de barras) é ainda mais desonesto do que o exercício que o afro-Público fez na postagem imeditamente acima.
É que criar uma rubrica chamada "government implementation" sem nunca especificar exactamente onde e como é que a "government implementation" falhou é como dizer que a culpa dos incêndios é do calor, ou que apenas 20% dos portugueses avaliam a prestação do PS como "muito má"...
A verdade é que havia expectactivas concretas, por parte dos que votaram no Brexit, que foram e continuam a ser traídas. Uma dessas expectativas era o controlo da imigração, que não só falhou clamorosamente, como se agravou desde o Brexit.
Portanto, não foi o Brexit que falhou, foram os que o sabotaram o Brexit (Theresa May, David Cameron e agora Rishi Sunak), que tiveram sucesso.
AfonsodePortugal@YouTube
Errata: onde escrevi David Cameron queria ter escrito Boris Johnson, evidentemente.
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