Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/10/2021

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Alexander Boris de Pfeffel faz Margaret Hilda Thatcher dar voltas na tumba

Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro 

Até agora, as políticas públicas do governo conservador não têm muito de conservador, incluindo a política fiscal de Rishi Sunak que está em linha com o big state na versão Boris Johnson. Citando a Autumn Budget and Spending Review no passado dia 28 por Paul Johnson do Instituto for Fiscal Studies, uma entidade independente de pesquisa:

«Fiscally speaking this year will go down as a once in a decade event. It’ll be up there with 1979 when Geoffrey Howe cut direct taxes, increased VAT and set out a new monetarist agenda, with 1993 the year of the huge Lamont and Clarke tax increases, and the start of a parliament of retrenchment, 2002 when Gordon Brown showed his real intentions to increase public spending substantially financed by tax rises, and 2010, when George Osborne set the stage for a long period of austerity.

To that list we can now add 2021. This is the year when a Conservative chancellor raised taxes by £40 billion or so; when the tax burden was put firmly on a path to exceed 36% of national income and hence settle at a record sustained level, a full 2.7 per cent of GDP higher than it was in 2019-20; and when public spending was increased across the board to take the size of the state back to levels not seen in normal times since the days of Geoffrey Howe.

It is important to be clear. This is almost entirely a set of policy choices unrelated to the pandemic. What we have had is a chancellor responding to the ever-increasing demands of the healthcare system on the one hand, and the increasingly dire plight of the likes of the justice, social care and prison systems, starved of funding for a decade, on the other. He has also presided over big increases in capital spending that were put in place by his predecessor.»

Na continuação da avaliação em Abril, BoJo e o chanceler Rishi Sunak levam quatro chateaubriands por imaginarem que os aumentos da despesa pública para sustentar o peso crescente do Estado vão ter consequências diferentes das habituais.

30/10/2021

ESTADO DE SÍTIO: E agora? Irá o Dr. Costa tentar reconstruir um novo Bloco Central com os tijolos do Muro de Berlim? É homem para isso (2) - O Dr. Rio já se ofereceu

«Se eu descarto a possibilidade de dialogar com alguns, estou a ir contra o interesse nacional. O erro de António Costa foi ficar enquistado à esquerda e eu agora vou fazer o mesmo? Os partidos não podem ser assim tão radicais, não devemos fechar as portas todas», disse o Dr. Rio em entrevista à SIC.

Não foi preciso o Dr. Costa aliciar o Dr. Rio para com ele reconstruir um novo Bloco Central, como admiti no post de há três dias. Ele já se chegou à frente para tentar manter o lugar em nome do que chamou «interesse nacional».

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Passados seis anos

«Passados seis anos, os portugueses honrados desonraram a aliança e a chamada ‘geringonça’ caiu com estrondo. Afinal, o muro lá continua e sabe-se que o PCP e o BE não são do arco da governação, porque querem ser partidos do arco da contestação. Aliás, são contra, ou pelo menos desconfiam do esqueleto, do essencial que molda a governação portuguesa e o seu lugar no mundo. A saber: a União Europeia, a moeda única, o euro, a aliança atlântica, a NATO, e ainda a liberdade no seu sentido extenso, que inclui a liberdade empresarial e de propriedade, e não apenas a que convém no momento; e ainda mais uma série de eteceteras.

Passados seis anos, que balanço faremos da governação da chamada esquerda? Que soube ser contra, soube reverter, soube dar. Mas não soube criar, não soube reformar e não soube conter-se. Pior: que balanço faremos deste PS? Não foi o PS a que estávamos habituados; foi um PS complacente com a esquerda em motivos ideológicos, para não ter problemas em assuntos orçamentais, na defesa e na Europa. Foi um PS que se deixou infiltrar progressivamente por pessoas que se sentiriam muito bem no BE e viveriam dos seus pensamentos mágicos; um PS que vendeu a alma ao politicamente correto da teoria crítica, espécie de fascismo ou polícia política da esquerda, concretizada em autos de fé metafóricos a que chamam cancelamentos; um PS que desconfia do riso, como os frades de Umberto Eco; um PS que, beneficiando e aproveitando com saber a trajetória ascendente das exportações e do turismo, que começara no Governo anterior, conseguiu um superavit, mas deixa a Administração Pública maior, mais gorda. Conseguiu apoiar e dar uns aumentos mínimos aos mais pobres, mas empobreceu a classe média, e com isso não diminuiu, sequer, a pobreza; um PS que, apesar dos bons resultados na vacinação (após substituído o socialista que coordenava a operação por um militar), deixa o SNS num estado lastimável, que perdeu lugares nos rankings da educação, que na justiça nada alterou e ainda abrandou o combate à corrupção. Um PS que tolera que um ministro que atropelou um trabalhador omita a velocidade a que ia o seu carro; um PS sem alma, sem jeito, salvo para ocupar lugares, mesmo sob suspeita, como o caso da ex-ministra que transitou para um organismo de regulação; um PS que tem de atacar publicamente o regulador que colocou nas comunicações porque o seu trabalho foi mau de mais.

O PS, mesmo vencendo, pode já estar perdido; mudou de natureza, Henrique Monteiro no Expresso

29/10/2021

Mais um prego para o caixão do ensino público em Portugal. É o que dão as paixões socialistas pela educação


«King’s College School investe 45 milhões e abre colégio em Cascais


O colégio tem capacidade para 1200 alunos dos um aos 18 anos e vai oferecer a totalidade do currículo internacional de Cambridge, até ao Year 11 (16 anos), culminando com o programa de IB Diploma nos Years 12 e 13 para alunos entre os 16 e os 18 anos.»

Enquanto isso, as escolas públicas foram transformadas em instituições para proporcionar emprego a professores desmotivados e mal preparados, escolas (*) que se esmeram no facilitismo, a fazer felizes os alunos, doutriná-los na identidade de género e ensinar-lhes a linguagem inclusiva, escolas que, em consequência, deixaram de ter o papel de elevador social. É mais um exemplo de como as políticas públicas socialistas são apresentadas para promover a igualdade e acabam a aumentar a desigualdade de oportunidades.

Ah!, quase me esquecia. É mais uma oferta para os militantes da esquerda que têm uma paixão pelo ensino público e inscrevem os filhos nas escolas privadas.

(*) Acrescentado para deixar claro (ver comentário) que me refiro às instituições e não aos professores, entre os quais uns se esmeram, etc. e outros não.

28/10/2021

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (4) - A fazer de secretário do governo

Devido à minha crescente náusea para comentar as performances de S. Ex.ª, no geral e no particular no PDEC (Processo de Dissolução Em Curso) onde deveria desempenhar o papel de dissolvente (*), recorro às palavras de Rita R. Carreira que vê o deprimente espectáculo à distância segura de sete mil km.

«O Presidente da República anda a fazer de secretário do governo, a ver se consegue apoio para o orçamento junto dos partidos. Como é possível que alguém que ensinou Direito Constitucional numa Universidade não compreenda que o seu papel enquanto Presidente da República é de fiscalizar o Governo e assegurar que os princípios básicos da CRP são respeitados. Não cabe ao PR viabilizar o orçamento, dado que a elaboração do orçamento é da competência do executivo, que depois o sujeita à apreciação do poder legislativo. É o governo que negoceia com os partidos da oposição, não é o Presidente da República.

Se não há pesos e contra-pesos não estamos perante um regime democrático. Acho que depois de quase 50 anos de ditadura, isso já devia ser mais do que óbvio. Sinto vergonha por esta gente. Cada dia que passa sente-se o peso cada vez mais crescente da desilusão. Portugal não tinha de ser reduzido a isto.» 

(*) dis·sol·ven·te
(latim dissolvens, -entis, particípio presente de dissolvo, -ere, separar, desunir, desligar, desfazer os nós, pagar)
adjectivo de dois géneros e nome de dois géneros
1. Que ou o que tem a propriedade de dissolver.
2. [Figurado] Que ou aquilo que desorganiza ou corrompe. = CORRUPTOR, DESORGANIZADOR

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Relatório minoritário no Novo Império do Meio

Citando The Perfect Police State - An Undercover Odyssey into China's Terrifying Surveillance Dystopia of the Future do jornalista Geoffrey Cain, o Público publicou há dias o artigo «O governo chinês acredita que criou um sistema que consegue prever crimes» onde denuncia que «a China está a usar um sistema de inteligência artificial que alegadamente detecta “pensamentos terroristas” para vigiar as minorias muçulmanas no país».

O Público não está a dar novidade nenhuma - pelo menos há cinco anos que isso é conhecido, ver por exemplo China Tries Its Hand at Pre-crime - e infelizmente não se trata apenas de vigiar as minorias muçulmanas, trata-se de antecipar e identificar a dissidência sobre todos as formas.

Uma vez mais, a arte não só imita a vida como por vezes a antecipa: no conto The Minority Report de Philip K. Dick, publicado em 1956 e adaptado ao cinema por Steven Spielberg em 2002, uma polícia especial captura os criminosos antes do crime ser cometido. É o sonho da tirania.

27/10/2021

ESTADO DE SÍTIO: E agora? Irá o Dr. Costa tentar reconstruir um novo Bloco Central com os tijolos do Muro de Berlim? É homem para isso


Pela primeira vez, um orçamento do governo socialista não foi aprovado e teve os votos contra dos seus parceiros da geringonça, os quais no segundo governo do Dr. Costa foram despromovidos de parceiros a passageiros da Passarola que agora caiu, com os passageiros a saltarem em andamento, tentando escapar ilesos.

Há quem especule que com a mesma falta de convicção e de princípios com que o Dr. Costa, rompendo com um passado inaugurado pelo Dr. Soares, promoveu a parceria com comunistas e bloquistas, ele tentará promover o Dr. Rio mantendo-o na liderança do seu PS-D para, na eventualidade provável de eleições, com ele reconstruir um novo Bloco Central com os tijolos do Muro de Berlim que ele disse ter derrubado.

Mitos (315) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXVI) - A histeria climática leva ao neomalthusianismo

Outros posts desta série

O texto seguinte é tradução automática de um excerto do artigHaving a child is the grandest act of climate destruction na Spectator, considerada uma revista conservadora, de Tom Woodman, um sujeito que confessa ter desistido de ter filhos pelas razões que explica. E estamos assim. Quem pretende ter uma visão racional baseada no conhecimento científico fica entalado entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e do outro lado o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.

«Se você está pensando seriamente em reduzir sua pegada climática, não há nada mais poderoso que você possa fazer do que decidir não ter filhos. Os fatos são claros e brutais. Um estudo acadêmico estabeleceu isso há alguns anos: se você vive sem carros, economiza 2,4 toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) por ano. Se você evitar uma viagem de avião, será economizado 1,6 tCO2e por rodada de voo transatlântico. Comer uma dieta baseada em vegetais economiza 0,8 tCO2e por ano. Mas não ter um filho, pelo menos no mundo desenvolvido, economiza 59 toneladas (tCO2e) de redução de emissões por ano. Portanto, ter um filho inflige muito mais dano ao planeta do que todo o agito e consumo de bife que você possa fazer: elimina qualquer bem que possamos, como indivíduos, esperar alcançar durante nossas vidas.

(...)

No ano passado, o IPCC, o painel de mudanças climáticas da ONU, modelou um futuro para nossas crianças no qual a devastação climática se intensifica. Nesse cenário, os alimentos escasseiam à medida que o aquecimento dos mares destrói a vida marinha e os mantos de gelo entram em colapso. Inundações consomem terras em todo o mundo, enquanto micróbios recém-liberados e mosquitos estimulados florescem, adicionando febre a ondas de calor violentas e clima extremo, piorando além da capacidade de muitas pessoas de lidar - nesse ponto, as reações humanas são previsíveis.

O IPCC estabeleceu cinco futuros potenciais. O cenário descrito acima é o mais otimista.

Se eu tiver filhos, todas as evidências que vejo me dizem que a mudança climática vai aterrorizá-los, restringi-los e tirar anos de suas vidas. Não posso fazer o que um pai deve fazer - não posso dar a eles um futuro, segurança e garantia e a promessa de que tudo ficará bem, não enquanto o mesmo tudo desmoronar ao redor deles. Em meus momentos mais positivos, o melhor que eu poderia esperar seria que meus filhos morressem em paz antes que o pior acontecesse - algo que também espero para mim.

Ah, você pode pensar: estou sendo melodramático novamente. A humanidade passou por dificuldades e dores. Tivemos crianças com bombas caindo na estrada, uma guerra nuclear iminente, uma praga desenfreada e fome iminente. Diante de ameaças graves, o instinto evolutivo é ter mais progênie, não menos.» 

26/10/2021

ARTIGO DEFUNTO: Histórias motivadoras

Expresso

Uma história motivadora contada num post do director da Turbo:
«Ontem fui ao Porto de Porsche Taycan. No regresso decidi testar o novo ponto de carregamento super-rápido da Ionity/Brisa, em Leiria. Em 40 minutos “meti” 49,43kWh ou seja, aquilo que tinha gasto para fazer 190 km à incrível média de 104 km/h. Fiquei fascinado; foi o tempo de um jantar rápido e… seguir viagem.
A mobilidade 100% elétrica começava a fazer sentido para mim. Estava quase, quase -mesmo quase- a render-me. Até qu, já em casa recebi a fatura: 57,24€!!!!!
Assim: 18,13€ de energia e…31,13€ de utilização do posto (mais umas taxinhas).
Eis o milagre que nos querem impingir. Ou acampamos ao lado de um ponto de carregamento baratinho que precisa de várias horas para satisfazer as necessidades de viagem, ou aderimos àquilo que apresentam como o milagre tecnológico e… pagamos mais caro do que se abastecermos de gasolina. Garanto que àquela velocidade, num 911, teria gasto menos de 20 litros para os 190km. Ou seja, 40€. Paguei 57€ pela solução que os nossos governantes (e os de quase todo o Mundo) apresentam como “um fabuloso futuro”.
Recordo: 18€ de “combustível/energia” e 31€ respeitantes ao ponto de carregamento.
Uma pergunta para “um milhão de dólares”: o governo vai limitar a margem de lucro dos fornecedores de energia?
Tretas!»

SERVIÇO PÚBLICO: Aristides Sousa Mendes, a construção de um mito

O jornal Nascer do Sol (que raio de nome) publicou no passado sábado o artigo de opinião Sousa Mendes no Panteão: justifica-se? (sem link disponível) de Rodrigo de Sá-Nogueira Saraiva que pretende reduzir o mito do herói Aristides à sua real dimensão, bem mais modesta.

Segundo o autor: (1) Aristides era monárquico, nunca foi opositor do regime e teve comportamentos eticamente censuráveis; (2) o regime nunca perseguiu os judeus e distanciou-se das posições nazis a este respeito; a posição do regime era de conceder visto a qualquer refugiado que o solicitasse; (4) Aristides ajudou judeus mas em muito menor número do que lhe é atribuído e ajudou não judeus ricos; (5) Aristides foi meramente suspenso com metade do ordenado até à reforma e não expulso, apesar do seu comportamento irregular. 

Em conclusão, escreve Sá-Nogueira Saraiva:

Num nível mais profundo, contudo, trata-se de um mito de legitimação do atual regime. Ao afirmar que houve um herói português que se levantou contra a perseguição dos judeus e que fui punido por isso, está-se, por implicação, a afirmar que o salazarismo era pró-nazi, o que os historiadores sabem não ser verdade, e antissemita, o que espero ter mostrado ser falso. Mas creio ser essa razão profunda da desinformação que se criou em torno deste caso tão complexo: descredibilizar o Estado Novo e apresentar a Terceira República como um triunfo contra as forças do mal. 

Não são raras estas manipulações da história para legitimar regímenes. Numa sociedade aberta, têm, contudo, de ser confrontadas. 

Foi o que aqui tentei fazer. 

25/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (108) - Em tempo de vírus (LXXXV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

É possível enganar todos durante algum tempo, é possível enganar alguns sempre, não é possível enganar todos sempre

O mundo do Dr. Costa parecia um paraíso, mas bastou uma derrota na câmara de Lisboa para de súbito os demónios escondidos nos armários socialistas saírem à luz do dia.

Na bolsa orçamental, onde cabe tudo o que os comunistas e os berloquistas quiserem, as cotações dos votos de aprovação subiram exponencialmente e exigem-se alterações na legislação laboral, na contratação colectiva, no desemprego dos "trabalhadores da cultura", nas horas extraordinárias, nas pensões, nos salários mínimos, etc. Para dificultar mais a mercearia, o PS já não tem mais nada de orçamentalmente intangível a oferecer ao BE, no domínio da "identidade de género", da linguagem neutra e das outras tretas que excitam o esquerdismo. Daí as nove exigências berloquistas terem directa ou indirectamente impacto tangível. Entalados entre a espada de uma aprovação, que será vista como mais uma cedência e causará perdas futuras de votos dos fiéis, e a parede de eleições antecipadas, onde terão perdas que esperam sejam menores, PC e BE vão especulando, fazendo bluff e jogando com expectativas. O PS do Dr. Costa faz o mesmo, mas tem muito mais a perder.

O país que o Dr. Costa nos deixa é um país devorado pelo Estado sucial

Entre 2019 para 2022 o governo socialista fez a despesa primária crescer 14 mil milhões de 84,7 (39,7% do PIB) para 98,7 mil milhões (43.6% do PIB).

No topo da União Europeia (e do mundo)

Terceiro lugar no ranking da UE em matéria de dívida pública e nos impostos na electricidade e o sexto no preço dos combustíveis. Na competitividade fiscal, o Portugal socialista ocupa o quarto lugar (a contar do último)

A emergência climática do Dr. Costa cede à necessidade de se manter no governo

Uma semana depois de apontar o dedo aos «responsáveis políticos (que dizem), durante metade da semana, que há uma emergência climática, e (na) outra metade da semana (dizem) que não querem medidas para combater a emergência climática», face aos protestos pelo aumento do preço dos combustíveis, o Dr. Costa anunciou que iria baixar «poucachinho» os impostos sobre os combustíveis em 2 (gasolina) e 1 (gasóleo) cêntimos.

Fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes é sinal de insanidade (ou estupidez)

A vocação empresarial socialista consiste em torrar o dinheiro dos outros nas empresas falidas. O caso da EFACEC é apenas mais um. Estão previstos este ano 20 milhões de prejuízo e prevê-se um novo financiamento com linhas de crédito com garantia pública. Aposto que o crédito não chegará e será necessário injectar mais dinheiro para alguém se chegar à frente e comprar o mono.

22/10/2021

O algodão não engana. Esperar que o situacionismo do novo regime comemore o 25-11 é como esperar que o situacionismo do velho regime comemore o 25-04

«Deputados preparam-se para chumbar comemoração do 25 de Novembro»

Os milhões do FEDER torrados durante décadas e a "geração mais bem preparada de sempre" confirmam a antítese de Vasco Pulido Valente

«Um quarto dos trabalhadores tem qualificações a mais para o emprego que tem

Estudo do ISCTE conclui que fenómeno da sobrequalificação está relacionado com o fraco investimento na indústria e nos serviços de alta tecnologia e com a reduzida capacidade de contratação do sector público

(conclusão de um estudo do ISCTE, citado pelo Público)

 Há seis anos, Vasco Pulido Valente escreveu por coincidência no mesmo jornal, 

 «…à velhíssima crença de que a educação - e a formação - contribuem para o crescimento económico: uma tese desacreditada desde o princípio do século XX».

21/10/2021

E se uma pessoa com próstata dissesse uma imbecilidade assim? Será uma exaltação da masturbação?

«Quando somos donas do nosso prazer e este só depende de nós, isso torna-nos poderosas»

María Hesse, uma ilustradora em entrevista ao Avante da Sonae

Proposta Modesta Para Proibir a Prostituição, Promover a Assistência Sexual aos que Dela Carecem, Combater a Precariedade e Devolver aos Profissionais a sua Dignidade

Outras propostas modestas

Em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.

Desde então, inúmeras Propostas foram baptizadas de «Proposta Modesta». O (Im)pertinências, com quase quatro séculos de atraso, apresentou já várias. Desta vez trata-se da prostituição que o governo socialista espanhol quer proibir. O sindicato das prostitutas protestou porque da proibição resultariam 400 mil prostitutas sem trabalho. 

Desde logo é inaceitável a discriminação negativa dos prostitutos, excluindo-os da proibição ou, num outro ângulo, é inaceitável a sua discriminação positiva mantendo-lhes o privilégio de poderem continuar a exercer uma profissão vedada às suas colegas mulheres ou, como agora se diz, pessoas portadoras de vagina.

Assim, a primeira parte desta Proposta Modesta é eliminar a discriminação, seja ela positiva ou negativa, abrangendo na proibição do exercício da profissão nas condições actuais todas as pessoas que a ela se dedicam, sejam pessoas com vagina ou pessoas com próstata. 

Constatando-se que a profissão, a mais antiga do mundo, dizem, proporciona serviços terapêuticos socialmente insubstituíveis, a segunda parte da proposta, partindo do pressuposto que não devemos deitar fora o bebé com a água de o lavar, é dignificar esses serviços incluindo-os no âmbito do SNS a prestar pelos antigos profissionais, no futuro libertos da precariedade com um contrato vitalício, em paralelo com a prestação dos mesmos serviços por profissionais liberais devidamente inscritos na Ordem dos Cuidadores Sexuais, já no novo quadro jurídico das ordens profissionais que o governo pretender aprovar.

20/10/2021

TAP, a companhia da bandeira do Dr. Pedro Nuno Santos

Outros There is no such thing as flag carrier, ver também a etiqueta TAP

«Porque é que em nenhum outro país europeu se questiona a intervenção e o auxílio público às suas companhias de bandeira? Em nenhum outro país europeu assistimos ao debate sobre o apoio e auxílio à sua companhia aérea de bandeira que assistimos em Portugal.»

Dr. Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e líder do pedronunismo

Vamos supor que o Dr. Pedro Nuno chama companhias de bandeira a operadores em que o Estado tem uma participação de controlo. Há 6 anos, na União Europeia a maioria das companhias já só tinha uma participação nula ou minoritária dos respectivos governos. 

Actualmente há em todo o mundo 110 companhias de aviação com participação do Estado e 46 companhias antes participadas pelo Estado foram privatizadas ou deixaram de operar (fonte). 

A maioria da companhias com participação do Estado são de países africanos e apenas 9 na União Europeia, uma delas (SAS) com participação minoritária dos governos da Dinamarca e Suécia (14,24% e 14,82%) e, com uma única excepção (Alitalia, tecnicamente falida e comprada por tuta e meia pela ITA Airways), todas elas pequenos ou muito operadores, a saber: 

  • Alitalia
  • Air Malta
  • Air Baltic
  • Croatia Airlines 
  • Finnair
  • LOT Polish Airlines
  • Scandinavian Airlines 
  • TAP
  • TAROM
Assim, já se percebe que companhia de bandeira para o Dr. Pedro Nuno é um operador falido e/ou microscópico. Ele tem razão, a TAP é uma companhia de bandeira.

19/10/2021

COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (35) - Entrada de leão, saída de...

Outras botas para descalçar
Expresso

Mais um português no topo do mundo. Bem diz S. Ex.ª, «somos os melhores dos melhores». E é assim, de sucesso em sucesso, vamos caminhando para o fundo da tabela na produtividade e para o topo no endividamento.

Jornal de Negócios

18/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (107) - Em tempo de vírus (LXXXIV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Estará o Dr. Costa cansado de desgovernar?

Há quem pense que esta farsa da aprovação do orçamental que se repete todos os anos desta vez pode ser uma tragicomédia. Na verdade para quê tanta agitação a discutir um orçamento em que a quase totalidade da despesa está à partida pré-determinada pelos compromissos do passado? Só se fosse para discutir o aumento de 1.700 milhões dos impostos, que sabe a pouco aos parceiros desavindos da geringonça.

Talvez o Dr. Costa esteja a procurar um pretexto para sair antes do diabo chegar. E tem boas razões para isso. No final do seu mandato em 2023, após oito anos, segundo previsões do seu governo, o Dr. Costa deixará o país com um PIB com crescimento anual médio de 1,5%, mais pobre em termos relativos na UE, com uma dívida pantagruélica, dependente da caridade de uma UE em decadência que em 2008 representava 25,6% do PIB mundial, dez anos depois representava 18,6% e em 2023 talvez represente menos de 15%. E a pandemia é uma desculpa de mau pagador porque a despesa adicional não chegou a 6% do PIB contra 17% dos países da OCDE e 25% dos Estados Unidos. Já agora, registe-se que o Dr. Leão que executa todos os anos menos investimento do que o orçamentado é o mesmo Dr. Leão que justifica que os 6% do PIB (uns meros 12 mil milhões) gastos com a pandemia explicam um aumento de 40 mil milhões da dívida.

Tresanda a fim de ciclo

O desaire comunista nas eleições autárquicas teve como consequência a necessidade de apresentar prova de vida ameaçando votar contra o orçamento e usando o expediente do costume. Estão anunciadas resmas de greves desde o clássico dos funcionários públicos até aos farmacêuticos, passando por enfermeiros, bombeiros, Transtejo, etc. No que respeita ao SNS, a respectiva ministra Dr.ª Temido diz «não há coincidências» porque que estava tudo bem e de repente são convocadas várias greves. Imagino-a a trautear a Internacional Socialista no duche para afastar os espíritos maléficos.

Estará o governo a gozar com a populaça?

Que outra coisa pode ser? Face aos protestos pelo aumento do preço dos combustíveis de 34 (gasolina) e 35 (gasóleo) cêntimos em um ano, preço em que os impostos representam quase dois terços, o governo decidiu reduzir o imposto em 2 (gasolina) e 1 (gasóleo) cêntimos.

Take Another Plan. Entradas de leão, saídas de sendeiro

Começou por ser uma redução de 2.000, foram depois anunciados 1.600 até ao final de 2020, em Fevereiro desde ano já eram 800, mais tarde o despedimento colectivo que era para ser de 124, em Agosto foi reduzido para 82 e agora ficou em 72. É claro que saíram mais trabalhadores por decisão própria, aqueles precisamente que deveriam ficar e saíram para os concorrentes porque há procura para gente capaz. É mais um resultado da gestão pedronista que começa por falar grosso e acaba a falar fininho. 

17/10/2021

O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho (5) - Antes de se começar a torrar o dinheiro conviria perceber o que se pode fazer com o H2

«Amid the excitement, it is worth being clear about what hydrogen can and cannot do. Japanese and South Korean firms are keen to sell cars using hydrogen fuel cells, but battery cars are roughly twice as energy efficient. Some European countries hope to pipe hydrogen into homes, but heat pumps are more effective and some pipes cannot handle the gas safely. Some big energy firms and petrostates want to use natural gas to make hydrogen without capturing the associated carbon effectively, but that does not eliminate emissions.

Instead, hydrogen can help in niche markets, involving complex chemical processes and high temperatures that are hard to achieve with electricity. Steel firms, spewing roughly 8% of global emissions, rely on coking coal and blast furnaces that wind power cannot replace but which hydrogen can, using a process known as direct reduction. Hybrit, a Swedish consortium, sold the world’s first green steel made this way in August.

Another niche is commercial transport, particularly for journeys beyond the scope of batteries. Hydrogen lorries can beat battery-powered rivals with faster refuelling, more room for cargo and a longer range. Cummins, an American company, is betting on them. Fuels derived from hydrogen may also be useful in aviation and shipping. Alstom, a French firm, is running hydrogen-powered locomotives on European tracks.

Last, hydrogen can be used as a material to store and transport energy in bulk. Renewable grids struggle when the wind dies or it is dark. Batteries can help, but if renewable power is converted to hydrogen, it can be stored cheaply for long periods and converted to electricity on demand. A power plant in Utah plans to store the gas in caverns to supply California. Sunny and windy places that lack transmission links can export clean energy as hydrogen. Australia, Chile and Morocco hope to “ship sunshine” to the world.»

Excerto de Hydrogen’s moment is here at last

16/10/2021

Dúvidas (322) - Será o Wokeismo um Transtorno obsessivo-compulsivo ou Esquizofrenia paranóide?

«O músico e compositor norte-americano Bright Sheng [que pertence a uma minoria étnica] viu-se obrigado a abandonar o cargo de professor na Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, depois de ter exibido numa das suas aulas o filme clássico Othello, de 1965, onde o ator britânico Laurence Olivier surge com a cara pintada de negro para representar o protagonista, o mouro Otelo da peça de Shakespeare. (...)

Na sequência da polémica, o próprio Sheng fez um pedido de desculpas público, assumindo que foi “insensível relativamente à raça e antiquado” e cancelando os projetos letivos que se preparava para levar a cabo na faculdade.» (Observador)

Sendo certo que do ponto de vista político o Wokeismo é uma ideologia tirânica e do ponto de vista do senso comum é uma imbecilidade, como caracterizá-lo ponto de vista psiquiátrico? 

Transtorno obsessivo-compulsivo

«... presença de crises recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e em alguns casos comportamentos compulsivos e repetitivos.É muito comum que pacientes com TOC acreditem que, se deixarem de cumprir o ritual, algo terrível poderá acontecer. Esse comportamento tende a agravar-se à medida em que a doença não é tratada ou diante de algum evento estressante ou traumático.»

ou 

Esquizofrenia paranóide

«Transtorno psiquiátrico em que a pessoa perde total ou parcialmente o contato com a realidade objetiva, sendo comum que passe a ver, ouvir ou sentir sensações que não existem na realidade. A esquizofrenia paranoide é o subtipo da esquizofrenia mais comum, em que predominam os delírios de perseguição ou de aparecimento de outras pessoa, o que torna muitas vezes a pessoa desconfiada, agressiva e violenta.»

Actividades de grupo

The Spectator

15/10/2021

YOU TOOK THE WORDS RIGHT OUT OF MY MOUTH: In your place, I would also prefer to stay with your expensive Swiss bank

«I read your briefing on decentralised finance, so please let me know if I got it straight (“Adventures in DeFi-land”, September 18th). It seems that punters are supposed to buy tokens (streams of digits) of no inherent worth and which may change in value by a factor of ten or more in either direction for no obvious reason. Some tokens take vast amounts of energy to generate, and tokens are stored in ethereal “wallets” which live on Cloud Nine, from where they can be (and have been) stolen at the click of a hacker’s mouse.

The market in tokens is not regulated and no substantial organisation stands behind them. However, cryptocurrency tokens are greatly valued by gamblers and by criminals as they enable the anonymous transfer of ransom money from schools, hospitals and businesses after their data have been encrypted or stolen. You also mentioned possibly cheaper payment mechanisms, but I prefer to stick with my expensive Swiss bank.»

David Myers

Commugny, Switzerland

Letters to the Editor, The Economist

14/10/2021

Taxa mínima de IRC global. As consequências do acordo são grandemente exageradas

Foi anunciado a semana passada, com grande fanfarra, o acordo envolvendo 136 países para que a taxa mínima de imposto sobre os lucros das multinacionais não seja inferior a 15%. Na UE, a Hungria exigiu e obteve um período de transição de dez anos.

Como se pode ver, no caso da UE27 + RU, o acordo "global" significa que a Irlanda aumentará a sua taxa 2,5 pp e a Hungria 6 pp. That's it.

12/10/2021

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (198) - Será mais do mesmo. Nunca deu certo e desta vez não vai ser diferente

[Este post é uma espécie de continuação de Será mais do mesmo. Nunca deu certo e desta vez não vai ser diferente na Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa de ontem]

«Há já alguns meses que assistimos às primeiras iniciativas ditas do PRR, Plano de Recuperação e Resiliência. Já se pode confirmar que se trata do maior plano de despesa da história do país. E já foi possível verificar que aqueles fundos ou são gastos directamente pelo governo, ou investidos de acordo com os planos do governo, ou distribuídos pelo governo. A decisão, a iniciativa e a acção pertencem ao governo. Como se sabe que o Estado não tem actualmente competência técnica e científica suficiente, vai necessitar dos contributos empenhados e muito bem pagos de empresas nacionais e estrangeiras, de faculdades e universidades, de laboratórios e organizações que, no conjunto, ficarão dependentes do governo. O sector público e o Estado crescem com este plano. Os sectores privados, civis e académicos, científicos e culturais, ficarão muito mais dependentes do governo. A convicção de que um membro do governo, um director da Administração, um funcionário público ou um encarregado de missão das autoridades, só por serem do sector público, são mais competentes, mais leais, mais sérios, mais produtivos, mais responsáveis e mais honestos, é eterna no PS. A certeza de que os funcionários públicos e os organismos do Estado, assim como os membros do governo, são mais capazes de criar emprego, investir, produzir, gerir e organizar, é inabalável.»

Excerto da Grande Angular - Um apetite insaciável de António Barreto

11/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (106) - Em tempo de vírus (LXXXIII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Será mais do mesmo. Nunca deu certo e desta vez não vai ser diferente

Resmas de empresários estimulados pelo verbo do Dr. Costa salivam de ansiedade aguardando o prometido maná da bazuca e apresentam um peditório treze vezes maior do que o dinheiro disponível dos fundos.

No final, o resultado será o que se espera de investimentos aprovados por gente que nunca criou um posto de trabalho nem investiu um cêntimo do seu dinheiro e realizados por "empreendedores" que só "investem" em "projectos" com dinheiro facilitado pelo governo.

Não acredito em teorias da conspiração, mas que há conspirações, lá isso há

Há quem explique que a anedota ridícula da demissão antecipada do chefe do Estado-Maior da Armada afinal talvez não seja ridícula, mas antes uma fachada para dar um chuto para cima ao Vice-Almirante Gouveia e Melo que se estava a tornar incómodo para o governo, sabe-se lá porquê, com a sua oposição à terceira dose da vacina, que pode ser fundada ou não.

«Em defesa do SNS, sempre»

Depois de quase todos os médicos do Hospital de Setúbal se terem demitido em protesto contra a falta de recursos, a ministra do SNS Dr.ª Temido tirou do bolso a contratação de especialistas e, acredite se quiser, um «concurso internacional para a ampliação durante a primeira quinzena deste mês» com um investimento de 17,2 milhões de euros. Num país normal com gentes normais e uma ministra normal de um governo normal, a ministra ficaria irremediavelmente desacreditada e seria demitida na hipótese improvável de não se demitir.

A regulação das profissões a cargo do governo do Dr. Costa é assim como a imprensa livre a cargo da comissão de censura

Com o mesmo expediente que usou para justificar a aprovação da Carta de Direitos Fundamentais na Era Digital, embrulhada numa suposta iniciativa europeia, expediente agora aditivado com o acenar dos milhões do PRR, o governo pretende alterar o quadro jurídico das ordens profissionais. Para usar as palavras de António Barreto, «tenhamos consciência de que o essencial desta legislação, que tresanda a salazarismo e a corporativismo, consiste numa revisão das competências de auto-regulação, de autodisciplina e de parceria entre público e privado, sempre a favor do Estado e do governo.»

O Dr. Pedro Nuno Santos está a fazer de líder da oposição

Por um lado, «atira-se» ao ministro Dr. Leão, por outro, dá razão na greve aos trabalhadores da CP na greve e é por eles citado no manifesto.

10/10/2021

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (71) O clube dos incréus reforçou-se (XXIV)

Outras marteladas e O clube dos incréus reforçou-se.

Recapitulando:

O intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, é parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.

As raras vozes dissonantes (temos citado algumas delas) não têm chegado para perturbar e muito menos abafar os salmos cantados pelo coro imenso dos prosélitos louvando a bondade das políticas de injecção de dinheiro e de juros artificialmente baixos dos bancos centrais.

Eu diria mesmo mais
Agora foi a vez de outra voz dissonante, a do governador do banco central da China Yi Gang que publicou no Journal of Financial Research (apud Central Banking) um artigo questionando o alívio quantitativo que «a longo prazo prejudica as funções do mercado, monetariza os défices orçamentais, prejudica a reputação dos bancos centrais, viola a linha vermelha da política monetária e aumenta o risco moral (...) as baixas taxas directoras são insustentáveis, porque podem levar a sobreinvestimento, capacidade excedentária, inflação alta e bolhas de activos».

09/10/2021

Afinal o que se pode fazer em Portugal?

Inventário incompleto das actividades económicas que segundo o áctivismo ambientalista deveriam ser proibidas no nosso Portugal dos Pequeninos:
  • Extracção de petróleo
  • Mineração do lítio
  • Agricultura intensiva em geral e nomeadamente:
    • Olival intensivo
    • Frutos vermelhos dão cabo dos aquíferos
  • Turismo em geral e nomeadamente:
    • Alojamento local incompatível com o direito à habitação
    • Cruzeiros altamente poluidores.
Perguntareis, e entre o que se pode fazer, o que se deve promover? Respondo com todo o gosto: mineração do guito europeu, uma actividade que já existe há quase quatro décadas mas só recentemente foi assim baptizada por Carlos Guimarães Pinto.

08/10/2021

Dúvidas (321) - O juiz demitido pelo Conselho Superior da Magistratura foi o Dr. Ivo Rosa ou o que deixou escapar o Dr. Rendeiro?

   Juiz negacionista demitido pelo Conselho Superior da Magistratura

Ser de esquerda é... (16)

Qual a estimativa do custo das Jornadas da Juventude?, perguntou o Público ao Dr. José Sá Fernandes, vereador da câmara de Lisboa durante 14 anos onde entrou como berloquista ("o amigo Zé") e saiu como socialista nomeado coordenador do Grupo de Projeto da Jornada Mundial da Juventude como compensação por não ter ficado na lista do Dr. Medina que estava com falta de lugares, coordenação que lhe vale 4.525,62 euros por mês até dezembro de 2023. O Dr. José Sá Fernandes deu a seguinte resposta: 

 «Não sei. Será repartido entre Governo e câmaras»

O Dr. JSF não faz a mínima ideia de quanto custará o projecto que coordena, nem lhe interessa saber, mas sabe quem irá cobrar o dinheiro (governo e câmaras) aos contribuintes em geral e aos munícipes das câmaras participantes nas Jornadas.

O Dr. JSF confirmou assim que é um verdadeiro homem (ou, se preferirem, pessoa com próstata) de esquerda que foca no que para a esquerda é importante: saber quem paga a factura.

Outros "Ser de esquerda é..."

07/10/2021

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Tirando a morte e a dor, o que importa mais às pessoas é o dinheiro

«Se a discussão teórica, quando visa efeitos políticos, corre o risco da puerilidade, quando não de algo muito pior que isso, já a discussão propriamente política sobre as acções dos governos faz obviamente todo o sentido. E, olhando para Portugal, não custa observar que o caminho que o PS de António Costa segue, seja ele “socialista” ou outra coisa qualquer, só pode levar-nos a um lugar muito mau. Usando e abusando de uma linguagem oca e, no limite, incompreensível, não recuando perante nada que lhe permita a manutenção do poder, procurando esmagar qualquer manifestação de independência no seio do Estado e da sociedade, vai criando um mundo irreal alternativo que nos quer fazer crer que é o mundo real. Não é, e vamos todos, mais uma vez, pagar caro por esta brincadeira.

A começar, é claro, por uma maior pobreza. Ela vem aí, mesmo com a “bazuca”, inexorável e sem mistério nenhum. Nenhuma sociedade sobrevive em condições dignas num sistema de mentira permanente, do embuste metódico, que é aquele em que vivemos. Mentira da TAP, mentira das condições do SNS, mentira da educação, e por aí adiante. Mentira de tudo. Quando as pessoas se derem conta de que o pensamento a crédito no qual vivem não passa de uma colossal ilusão, será já demasiado tarde. Perceberão o erro de terem acreditado em quem nunca se preocupou com a construção de uma sociedade viável, onde a riqueza pudesse ser criada. A linguagem oca surgir-lhe-á como aquilo que realmente, desde o princípio, é: linguagem oca. E descobrirão que a linguagem oca lhes deixou os bolsos vazios. Vária gente não passará, é claro, por estes tormentos. Mas as pessoas mais desprotegidas, que são muitas e serão muitas mais, terão uma experiência dura.

De bolsos vazios, não haverá dós de peito ideológicos que as animem. E verão a liberdade a diminuir a olhos vistos. Não, talvez, nas suas formas mais abstractas e gerais, mas certamente nos seus aspectos mais concretos: a liberdade de decidirem por si o que lhes é valioso e de buscarem a satisfação dos prazeres que desejam, incluindo o de sentirem algum orgulho em pertencer a uma comunidade política digna. A herança certa e segura de Costa será essa desilusão. Quanto aos seus putativos herdeiros no PS: não interessa nada.»

A herança de Costa, Paulo Tunhas no Observador

Pro memoria (413) - A novela dos médicos de família

 «Governo promete equipa de saúde familiar para cada português até 2023»

Por falar em governo, promessas e saúde familiar, recapitulemos alguns capítulos da novela dos médicos de família produzida pelo Dr. Costa e os seus ajudantes:  

28-08-2015 «Líder do PS diz que vai criar 100 novas unidades de saúde familiar durante a próxima legislatura, permitindo que mais meio milhão de pessoas passe a ter médico de família» 

22-09-2016 «Costa promete médico de família para todos os portugueses em 2017»

20-02-2017 «registava-se no final de 2016 um total de 769.537 utentes sem médico de família»

10-05-2018 «Mais de 136 mil crianças e jovens sem médico de família atribuído»

20-05-2019 «Médico de família para todos até ao final do próximo ano “é a prioridade”»

16-07-2019 «A ministra da Saúde admitiu que atualmente há 700 mil portugueses sem médico de família»

22-07-2019 «97% dos portugueses vão ter médico de família até ao final legislatura», garante Costa

13-01-2020 «Ao longo deste ano, será atribuído um médico de família a mais 200 mil portugueses, anunciou a ministra da Saúde.»

18-02-2020 «Governo voltou a falhar meta da cobertura total – neste momento, cerca de 600 mil utentes ainda não têm clínico atribuído (500 mil em Lisboa).»

14-07-2020 «Há mais 110 mil utentes sem médico de família este ano.»

05-11-2020 «Ministra anuncia contratação de 287 médicos para servir mais 341 mil pessoas»

26-04-2021 «Número de portugueses sem médico de família voltou a aumentar para mais de 860 mil»

07-07-2021 «número de utentes sem médico de família cresceu, são, no total, mais de um milhão»

05/10/2021

"Eleições faz de conta". A extinção em curso da extrema esquerda e do CDS

    • PS: 41,5% (+0,2%) 
    • PSD: 27,2% (-0,1%) 
    • Chega: 8,9% (-0,1%) 
    • CDU: 5,5% (+0,5%) 
    • Iniciativa Liberal: 5,2% (+0,7%) 
    • BE: 5,0% (-0,5%) 
    • PAN: 2,6% (+0,1%) 
    • CDS: 2,0% (0-,1%) 
    • Outros Partidos/Brancos e Nulos: 2,1 (+04)

Comunistas e berloquistas cada vez mais minoritários e, não obstante, com uma influência multiplicada pela dependência do PS. CDS em estado adiantado de decomposição, Chega a afirmar-se como terceira força política e IL a ultrapassar o BE. Suponhamos.

04/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (105) - Em tempo de vírus (LXXXII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O país do Dr. Costa e de S. Ex.ª é um país de opereta

Um chefe do Estado-Maior da Armada que aceita aquecer o lugar para o sucessor e ser demitido a prazo, para mais tarde, arrependido, presidir a um Conselho da Armada que vota contra a sua própria demissão, um ministro da Defesa que anuncia a substituição do demitido a prazo, decisão que competiria ao PR, um PR que sabia de tudo desde o princípio e se faz de desentendido, um PM que limpa a folha do MD levando-o pela mão ao PR, um PR que declara que afinal estava tudo resolvido e em S. Tomé, onde se encontrava a tirar selfies, declara estarem esclarecidos todos os equívocos. Pior não é possível.

Preso pela boca e amarrado pela banha da cobra

O Dr. Costa no seu périplo pelo país durante a campanha para as autárquicas a anunciar o maná de dinheiro do PRR (de que ele fala como se fosse dinheiro do PS), prometeu em Coimbra construir uma maternidade para promover o seu candidato Manuel Machado que veio a perder estrondosamente para uma coligação encabeçada pelo médico José Manuel Silva. Este não perdeu tempo e deu três semanas ao Dr. Costa para anunciar o local e a construção da maternidade.

Take Another Plan

O OE 2022 ainda está a ser cozinhado com o PCP e ainda há muita coisa em aberto, salvo quanto à TAP que já se sabe ir levar mais mil milhões em cima dos mil milhões que foram injectados este ano. É também provável um excesso de optimismo neste caso, já que a TAP em Agosto continuava a perder muito mais passageiros no Porto e em Lisboa do que Ryanair e a easyjet. Quem já deve deitado as cartas de Tarot e não gostou do que viu foi o director financeiro da TAP que se demitiu três meses depois de ser nomeado.

A obra do Dr. Pedro Nuno não se esgota na TAP

Também na CP tudo corre mal ao líder do pedronunismo. Agora foi a demissão do «melhor presidente de sempre» (o melhor qualquer coisa de sempre ou desde um certo ano é um dos mantras preferidos dos próceres do socialismo indígena). O demissionário abandonou por não ter condições de presidir (nem o plano de actividades deste ano ainda foi aprovado) entre outras razões porque a CP deveria no seu entender ser uma repartição pública para ter acesso ao PRR - se isto é o melhor presidente de sempre, nem quero saber como terá sido o pior. Entretanto, o Dr. Pedro Nuno Santos já sacudiu a água do capote e apontou o dedo ao Dr. Leão que não lhe dá a grana necessária. O Dr. Costa assiste, impávido e sereno, à luta de frangos na sua capoeira.

03/10/2021

Novo Império do Meio, um gigante com pés de barro (2) - Da limitação do número de filhos à limitação do número de abortos e de seguida talvez ao número mínimo de filhos

No post anterior citei algumas das vulnerabilidades da China identificadas em Invisible China de Scott Rozelle e Natalie Hell. 

Fonte

Uma outra vulnerabilidade não especialmente referida é a que resulta do rápido envelhecimento da população chinesa, apontado frequentemente como consequência da política do filho único adoptada nos anos oitenta, algo só possível numa tirania. Contudo, os dados sugerem que a queda abissal do crescimento demográfico não resultou só da política do filho único, uma vez que quando esta política foi alterada e o Partido Comunista Chinês passou a tolerar primeiro dois e mais tarde três filhos a taxa de natalidade e o crescimento demográfico ainda desceram mais.  

Ao mesmo tempo e inesperadamente a liberalização do número de filhos em vez de diminuir o número de abortos aumentou-os ao ponto de Conselho de Estado ter publicado há dias orientações para limitar o número de abortos por razões não médicas. Não vai provavelmente resultar e numa tirania não é impossível que, depois das políticas do filho único, do máximo de dois e depois de três filhos, a Corte Imperial decida impor um número mínimo de filhos.

01/10/2021

Os efeitos da Covid-19 na sustentabilidade dos sistemas distributivos de segurança social

Em consequência do aumento da mortalidade resultante da Covid-19, pela primeira vez em décadas a esperança de vida diminuiu em todos os países, com excepção das mulheres dinamarquesas, norueguesas e finlandesas. Diminuiu mais nos homens do que nas mulheres e menos nos países com melhor qualidade de vida, como se pode ver no gráfico seguinte.

Fonte

A redução da esperança de vida tem muitos efeitos negativos, principalmente nos que morreram antes de tempo e nas suas famílias, e, como quase tudo na vida, tem pelo menos uma consequência positiva: os sistemas de segurança social baseados do regime distributivo (pay-as-you-go) sem ajustamento da esperança de vida ganharam uma pequena folga da sustentabilidade resultante da morte prematura de pensionistas actuais e futuros.

No caso do sistema português em que a idade da reforma depende da evolução da esperança de vida aos 65 anos o efeito líquido é mais difícil de antecipar. Seria de esperar que a redução da esperança de vida à nascença fosse acompanhada da redução da esperança de vida aos 65 anos e, em consequência, de uma antecipação da idade da reforma. Contudo, não foi o que aconteceu e a idade de acesso à pensão de velhice voltará a subir em 2022 para 66 anos e sete meses, ou seja, no caso português o sistema acumula a melhoria da sustentabilidade resultante dos dois factores, isto é de menos pensionistas actuais e futuros e do diferimento no acesso à reforma.