«Passados seis anos, os portugueses honrados desonraram a aliança e a chamada ‘geringonça’ caiu com estrondo. Afinal, o muro lá continua e sabe-se que o PCP e o BE não são do arco da governação, porque querem ser partidos do arco da contestação. Aliás, são contra, ou pelo menos desconfiam do esqueleto, do essencial que molda a governação portuguesa e o seu lugar no mundo. A saber: a União Europeia, a moeda única, o euro, a aliança atlântica, a NATO, e ainda a liberdade no seu sentido extenso, que inclui a liberdade empresarial e de propriedade, e não apenas a que convém no momento; e ainda mais uma série de eteceteras.
Passados seis anos, que balanço faremos da governação da chamada esquerda? Que soube ser contra, soube reverter, soube dar. Mas não soube criar, não soube reformar e não soube conter-se. Pior: que balanço faremos deste PS? Não foi o PS a que estávamos habituados; foi um PS complacente com a esquerda em motivos ideológicos, para não ter problemas em assuntos orçamentais, na defesa e na Europa. Foi um PS que se deixou infiltrar progressivamente por pessoas que se sentiriam muito bem no BE e viveriam dos seus pensamentos mágicos; um PS que vendeu a alma ao politicamente correto da teoria crítica, espécie de fascismo ou polícia política da esquerda, concretizada em autos de fé metafóricos a que chamam cancelamentos; um PS que desconfia do riso, como os frades de Umberto Eco; um PS que, beneficiando e aproveitando com saber a trajetória ascendente das exportações e do turismo, que começara no Governo anterior, conseguiu um superavit, mas deixa a Administração Pública maior, mais gorda. Conseguiu apoiar e dar uns aumentos mínimos aos mais pobres, mas empobreceu a classe média, e com isso não diminuiu, sequer, a pobreza; um PS que, apesar dos bons resultados na vacinação (após substituído o socialista que coordenava a operação por um militar), deixa o SNS num estado lastimável, que perdeu lugares nos rankings da educação, que na justiça nada alterou e ainda abrandou o combate à corrupção. Um PS que tolera que um ministro que atropelou um trabalhador omita a velocidade a que ia o seu carro; um PS sem alma, sem jeito, salvo para ocupar lugares, mesmo sob suspeita, como o caso da ex-ministra que transitou para um organismo de regulação; um PS que tem de atacar publicamente o regulador que colocou nas comunicações porque o seu trabalho foi mau de mais.
O PS, mesmo vencendo, pode já estar perdido; mudou de natureza, Henrique Monteiro no Expresso
1 comentário:
Resumindo a coisa em duas palavras: Incompetência e Corrupção.
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