Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/06/2022

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (74) Unintended consequences (XXVI)

Outras marteladas.

Recapitulando, o intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, é parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.

Depois de mais de uma década de alívio quantitativo e em cima dos incentivos relacionados com a pandemia, nomeadamente o Plano de Recuperação e Resiliência, regressa a inflação com o aumento do preço dos combustíveis e as outras consequências da invasão da Ucrânia, tudo a cavalo das injecções do alívio quantitativo, inflação cuja contenção, recorde-se, é o esquecido objectivo central do mandato do BCE.

De facto, o BCE esteve concentrado nos últimos dez anos a comprar dívida dos PIGS, a pretexto de salvar o Euro, e a evitar uma recessão, propósito não previsto no seu mandato, diferentemente da Fed cujo mandato inclui a contenção do desemprego. Pelo caminho gerou uma inundação de dinheiro barato que alimentou a especulação nos mercados de capitais e imobiliário.

Agora, o BCE debate-se com um dilema: para combater a inflação teria de aumentar os juros à medida do maior aumento dos preços em décadas (ver gráfico aqui ao lado) e suspender a compra de dívida e, fazendo-o, colocaria os PIGS em dificuldades que ficariam mais dependentes dos mercados e a taxas muito mais altas. 

Por isso, o BCE começou por tratar a inflação como algo pontual para justificar não aumentar as taxas e inventou preventivamente um novo mecanismo de "anti-fragmentação" das dívidas públicas para aplicar os rendimentos da dívida comprada no âmbito do PEPP (Pandemic emergency purchase programme) na compra de mais dívida pública aos países em dificuldades, isto é, aos PIGS.


Esquecendo, por agora, as consequências de várias naturezas da compra aos PIGS da sua dívida, o pressuposto de uma inflação passageira não tem qualquer suporte por várias razões incluindo, e não é certamente a menos importante, as expectativas dos consumidores e das empresas que apontam para uma inflação persistente (ver gráficos acima).

Mais tarde ou mais cedo, a UE estará novamente confrontada com as suas contradições: uma união monetária, mais tarde completada com uma união bancária parcial, a que pertencem apenas 2/3 dos países, sem uma união fiscal (que possivelmente exigiria uma união política), e a vontade dos governos dos PIGS de terem sol na eira (endividamento sem limites a taxas europeias) e chuva no nabal (liberdade orçamental para alimentarem as suas clientelas sem sujeição a uma disciplina orçamental). 

E tudo isto era previsível, pelo menos desde 1961, quando Robert Mundell («A Theory of Optimum Currency Areas»), concluiu que uma zona monetária para ser óptima precisaria cumprir um certo número de condições e entre elas a mobilidade da mão-de-obra que no caso da EU apresenta ainda barreiras culturais e administrativas (acesso condicionado a muitas profissões, sistemas de segurança social heterogéneos, etc.), e obviamente linguísticas (mais de 20 línguas diferentes), que constituem obstáculos poderosos. 

Ou, vá lá, previsível pelo menos desde 1997 quando Milton Friedman escreveu «The Euro: Monetary Unity To Political Disunity?» cujo último parágrafo é:
«The drive for the Euro has been motivated by politics not economics. The aim has been to link Germany and France so closely as to make a future European war impossible, and to set the stage for a federal United States of Europe. I believe that adoption of the Euro would have the opposite effect. It would exacerbate political tensions by converting divergent shocks that could have been readily accommodated by exchange rate changes into divisive political issues. Political unity can pave the way for monetary unity. Monetary unity imposed under unfavorable conditions will prove a barrier to the achievement of political unity.»
Os tempos não vão estar fáceis.

29/06/2022

¿Por qué no te callas? (31) - Um caso de plágio

No jornal Le Monde de 11 Março de 1983, Françoise Giroud escreveu provocatoriamente 
«La femme serait vraiment l'égale de l'homme le jour où, à un poste important, on désignerait une femme incompétente.»
Quarenta anos depois, o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, o actual inquilino do palácio de Belém, disse com a sua habitual leviandade e neste caso com o que se pode classificar de desonestidade, atribuindo-se o que Giroud escreveu há quarenta anos, como se fosse seu o pensamento: 
«Eu costumava dizer o seguinte: só haverá verdadeiramente igualdade entre homens e mulheres, quando chegar aos mais altos postos uma mulher tão incompetente como chega em vários casos, em ínumeros casos, aos mais altos postos, um homem.» 

Daqui e de muitas outras coisas que S. Ex.ª tem vindo a produzir, concluo que vai ser difícil encontrar uma mulher para Belém para atingir a igualdade.

28/06/2022

Denazification and demilitarization according to Tsar Vlad's Grozny model (4)

Continuação de (1), (2) e (3).

 

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (20b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 20a)

Incentivando a emigração da «geração mais bem preparada de sempre»

O mantra «geração mais bem preparada de sempre» tem sido o slogan usado para a comentadoria do regime glorificar a paixão socialista pela educação e justificar um galopante número de licenciaturas e mestrados inúteis e um crescente número de graduados que na sua grande maioria vão engrossar a legião dos utentes da vaca marsupial pública, trabalhar na restauração ou, na melhor hipótese, aumentar o stock de talento dos países para onde vão trabalhar.

Por isso, não admira que como mostra o relatório «Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal», da Fundação José Neves os salários dos trabalhadores com o ensino básico têm aumentado mais do que os salários dos mais graduados que até registaram uma perda, sobretudo os com o ensino superior que em dez anos perderam 11%.

Foi Vasco Pulido Valente, salvo erro, que escreveu não conhecer nenhum país que se tivesse desenvolvido à custa de aumentar o número de graduados. Eu também não. É mais the other way round. Sabendo-se que o desenvolvimento só se faz com crescimento e que este só acontece com o aumento da produtividade, veja-se o diagrama seguinte.

Take Another Plan

Para quem tivesse dúvidas que a TAP pública é estratégica, aí está a reunião frustrada de 400 pilotos no refeitório para discutirem as suas mordomias, enquanto deixariam no chão 12 voos.

Que seria do Dr. Costa sem a mãozinha do BCE?

Expresso

Sem os 32% da dívida comprada pelo BCE que “investidores” (que incluem os bancos que detêm 24 mil milhões) a teriam comprado?

Com o governo socialista o PSI20 minguou para PSI14

O PSI20, o índice da bolsa de valores de Lisboa, há três anos passou a ter apenas 18 empresas cotadas. Este ano depois da saída da Pharol, Ramada e Novabase ficou com 15 e agora a Lisgráfica aprovou a saída a bolsa.

O sector que mais prospera é o que menos depende do governo e dos portugueses

Segundo a estimativa do BdP, o crescimento do turismo este ano representará dois terços do crescimento do PIB.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

O endividamento da economia, isto é, a dívida total das empresas, excepto as do sector financeiro, e das famílias, voltou a subir 5,1 mil milhões em Abril, atingindo 782,5 mil milhões, isto é quase quatro vezes o PIB de 2021.

27/06/2022

"Alta contenção nos salários" em europês diz-se em dialecto costista os "privados" devem aumentar os salários

DN

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (20a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Dr. Costa, demagogia e oportunismo

Que outra coisa se poderia dizer de um político que (1) por um lado, deixa sua freguesia eleitoral de funcionários públicos a perder poder de compra e, por outro, clama que as empresas aumentem os salários dos seus trabalhadores em 20% em quatro anos, e (2) numa semana diz ao Financial Times que tinha muitas dúvidas sobre a adesão da Ucrânia à UE e na semana seguinte, depois de Macron, Shultz e Dagri irem a Kiev, telefona a Zelensky a jurar a sua fé na adesão?

O governo socialista mostra que é sempre possível ir mais longe no desprestígio do Portugal dos Pequeninos

O Dr. Costa ofereceu à Ucrânia 15 blindados da centena e meia dos blindados descartados pelos EUA e comprados a preço da chuva pelas FA portuguesas nos anos 90. Os 15 blindados ainda não foram enviados porque o Exército não tem verba para pagar o seu transporte.

Boa Nova

Se por um lado o Dr. Costa não tem dinheiro para expedir os blindados, por outro, anuncia um «aumento histórico de pensões» em 2023. Se por um lado o Dr. Costa não tem dinheiro para financiar o SIRES e a empresa não está a pagar aos fornecedores, por outro anuncia pela boca do ministro que planeia gastar 150 milhões para ter SIRESP «mais robusto e resiliente».

A Dr. Temido é a heroína do socialismo

A Dr. Temido tem sido criticada por discriminar a saúde privada e por ter acabado com as PPP em quatro hospitais geridos pelos "privados", hospitais com melhor qualidade de serviço e um custo menor do que os hospitais de gestão pública. É um ponto de vista, mas há outros, como o que entende que a Dr.ª Temido «com o apoio incondicional do primeiro-ministro, salvou o socialismo da vergonha que as PPP lhe estavam a causar» (João Cerqueira no jornal Nascer do Sol)

Em defesa do SNS, sempre»

A Dr.ª Temido não apenas salvou o socialismo de vergonha como deu uma grande ajuda aos “privados”, como eles dizem, que entre muitas outras coisas fizeram 30% dos partos na Grande Lisboa, e viram o seu negócio prosperar colocando Portugal no terceiro lugar dos países europeus em que a despesa privada em saúde é mais elevada. Nada mal para quem vocifera que a saúde em Portugal é “tendencialmente gratuita”. Enquanto isso, a directora-geral da Saúde desaconselha o Bacalhau à Brás nos piqueniques e recomenda que não adoeçamos em Agosto.

O socialismo transforma a abundância em escassez

Uma das desculpas para o caos do SNS é a falta de médicos. Sabendo-se que Portugal tem a 8.ª maior densidade mundial de médicos, o que só é comparável ao 9.º lugar mundial na dívida pública, isso coloca o socialismo costista ao nível do socialismo chavista do Sr. Maduro que num país que tem as maiores reservas mundiais de petróleo já teve de receber combustível do Irão e dispondo de uma elevada precipitação e do rio Orinoco com o quarto maior caudal do mundo, deixa mais de 5 milhões de caraquenhos sem abastecimento regular de água.

Reembolsos do IRS, a medida do saque do Estado sucial aos contribuintes

A Autoridade Tributária e Aduaneira anunciou ter reembolsado até agora 2.420 milhões de euros de IRS, ou seja, quase um quinto do montante total cobrado foi injustificadamente retido pelo Estado sucial do Dr. Costa.

(Continua)

26/06/2022

PUBLIC SERVICE: On Tyranny (17)

On Tyranny, Timothy Snyder

‎Add fascism to the list of names to use sparingly‎.

25/06/2022

Não é caso para deitar foguetes, mas podia ser pior

«O índice City Liveability da EIU classifica as condições de vida em 172 cidades (contra 140 no ano passado) com base em mais de 30 fatores. São agrupadas em cinco categorias: estabilidade, saúde, cultura e meio ambiente, educação e infraestrutura. Este é o segundo ano em que o índice incorpora indicadores relacionados à Covid; estes avaliam como cada cidade tem lidado com o aumento da demanda em estabelecimentos de saúde e com fechamentos ou limites de capacidade para escolas, restaurantes e espaços culturais.‎»

The world’s most liveable cities

 A posição de Lisboa melhorou ligeiramente (uns 5 pontos) de 2021 para 2022. 

24/06/2022

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (7) - Marcelo, o Repetidor

Então aguentem outros cinco anos, uma espécie de sequência indesejada da série Outras preces (não escutadas)

Confesso, nunca aguentei ouvir o que diz Dr. Marcelo e faz algum tempo já não aguento ler o que se diz que ele disse. Por isso, esta série de posts tem apenas sete. Felizmente, ainda há quem o escute ou o leia, e não me refiro às legiões de retardados que ainda se babam com o show Marcelo. Falo de gente ilustrada e com juízo, como Alexandre Homem Cristo que a propósito da cumplicidade de S. Ex ª com o Dr. Costa escreveu várias coisas e entre elas o seguinte parágrafo que subscreveria tirando a expressão «continua a admirar-me uma coisa:» que substituiria por «não me admira nada».
«Ora, a mim, desculpem-me o desabafo, continua a admirar-me uma coisa: que o Presidente da República tenha escolhido para si este papel — o de ser cúmplice institucional de um primeiro-ministro que, após anos de geringonça e imobilismo anti-reformista, está a arrastar um país com ele. As coisas são o que são. E, a Marcelo Rebelo de Sousa acontecerá o que acontece aos que lideram para gerir o imediato, em vez de para construir o futuro: a história julgá-lo-á.»

23/06/2022

Dúvidas (339) - Se o bloqueio a Kaliningrado for um acto de guerra, a invasão da Ucrânia será o quê?

 

Expresso

Ora que pergunta! A invasão da Ucrânia é um «Специальная военная операция», e eu sou o menino Jesus.

SERVIÇO PÚBLICO: A demagogia e a incompetência tornaram aplicável a lei das consequências imprevistas às energias renováveis

«A Alemanha gastou em 20 anos 550 mil milhões de euros nas energias eólica e solar, mas acabou na situação que antecipei em 2008, e levou a União Europeia, seguindo a estratégia alemã, para uma situação gravíssima na energia, dependendo em 57% do exterior para o seu aprovisionamento e com uma perigosa dependência da Rússia, enquanto que os EUA são autossuficientes em termos energéticos e com uma energia bem mais barata do que a que utilizamos. Também não quisemos explorar o gás de xisto que havia no nosso subsolo, ao contrário dos EUA, e ainda há um ano a Comissão Europeia na sua taxonomia financeira, em dirigiste mood sintonizado com a religião climática, queria proibir o carvão, o GN e a energia nuclear, quando agora já se recomenda que se utilize o carvão e o nuclear para reduzir a dependência do GN...

A invasão da Ucrânia veio agora tornar evidente aos olhos do grande público tudo isto. Em vez duma transição energética, quis-se fazer uma disrupção acabando abruptamente com as formas clássicas e incumbentes de energia. E depois da dependência da Rússia na energia, acabaremos dependentes da China na produção industrial das tecnologias da descarbonização! A produção de painéis fotovoltaicos já migrou para a China, os produtores europeus de geradores eólicos estão já em sérias dificuldades económicas e os materiais para a produção de baterias bem como a respetiva cadeia de valor até à produção de baterias já são controlados pela China. Em suma, Europa sem energia e sem indústria..

Excerto de Europa sem energia e sem indústria, Luís Mira Amaral

22/06/2022

SERVIÇO PÚBLICO: Queda de seis posições no World Competitiveness Ranking. Será por isso que o Dr. Costa pronuncia "competividade"?

Quase todos os jornais fizeram referência ao Global Competitiveness Report do World Economic Forum. publicado a semana passado salientando que Portugal tinha caído seis posições de 36.º para 42.º no ranking de competitividade.  

Esqueceram-se de dizer que depois de ter caído desde 2009-10 até 2013-14, sucessivamente 43.º, 46.º, 45.º, 49.º e 51.º), Portugal ganhou 15 lugares e subiu a 36.º em 2014-15, no ano em que o governo de Passos Coelho conseguiu uma "saída limpa" do resgate. Agora com o governo do Dr. Costa a "competividade" (*) despencou novamente. 

Portugal - Country Overview 

Vale a pena ver quais os factores mais fracos (realçados a amarelo) em que Portugal está pior posicionado no ranking. Não é surpreendente, pois não?

(*) Para quem não saiba, o Dr. Costa em vez de competividade diz "competividade". Nunca reparou? Confirme aqui.

De boas intenções está o inferno cheio (58) – A religião é a política por outros meios? (XXV)

Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.

«Gostaria que fizessem uma pergunta: O que estou a fazer hoje pelo povo ucraniano? Eu rezo, atuo e tento entender... O que estou a fazer pelo povo ucraniano? Que cada um responda no seu coração.», perguntou-se o outro dia o Papa Francisco à janela do Palácio Apostólico, no Vaticano.

Pela minha parte, que sou agnóstico, respondo com o meu coração à pergunta do sumo pontífice lembrando a sua entrevista ao Corriere della Sera onde limpa a folha de Putin justificando a invasão da Ucrânia como resultado do «latido da OTAN à porta da Rússia» («l’abbaiare della Nato alla porta della Russia»).

21/06/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (19b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.


O socialismo tem nos empresários o mesmo efeito da metadona nos agarrados

Em entrevista ao Expresso, o presidente da AEP (Associação Empresarial de Portugal) não pede para o governo deixar os empresários trabalhar, simplificar a burocracia, reduzir a carga fiscal, etc. Em vez disso, a criatura implora ao governo que torre 26 mil milhões (60% dos fundos comunitários) extorquidos aos contribuintes europeus (incluindo os portugueses) para “alavancar” o investimento empresarial.

Choque da realidade com a Boa Nova. O Arrendamento Acessível

Recordemos os programas de Renda Acessível lançados em concorrência pelo Dr. Medina (na altura presidente da Câmara de Lisboa) e pelo Dr. Pedro Nuno Santos (ministro das Infraestruturas), ex-putativos candidatos a sucessores do Dr. Costa, todos eles fracassados. Decorridos vários anos, o programa do Dr. Pedro Nuno tem em vigor 771-contratos-771, ou seja, 0,084% dos 921 mil arrendamentos em Portugal.

Boa Nova

Recordam-se do Banco de Fomento várias vezes anunciado para as «próximas semanas», sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, tinha ressuscitado em 2018 e segundo o Dr. Siza já estava criado em Janeiro de 2020 e só viu a luz do dia em 2021? A última encrenca é que não há administradores que aceitem os salários que o governo oferece.

O governo anunciou que a coisa está resolvida com a eliminação do limite salarial dos gestores públicos. Suspeito que esta medida apenas servirá para pagar um salário mais elevado a um apparatchik escolhido entre os socialistas que estarão dispostos a sujeitar-se à humilhação de ser tratado como apparatchik por um governo que esperará a aprovação dos financiamentos dos projectos dos empresários amigos.

Que seria do Dr. Costa sem a mãozinha do BCE?

O ano passado o BCE aumentou em 13% para 22,6 mil milhões a compra de dívida portuguesa, o equivalente a 8,3% do stock da dívida no final do ano e a 84% das necessidades brutas de financiamento em 2021. (Relatório Anual de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – 2021)

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

Prenunciando o futuro difícil dos PIGS, as yields da dívida pública italiana a 10 anos ultrapassaram 4%, o valor mais alto desde 2014 e as yields da dívida pública portuguesa a 10 anos ultrapassaram 3% pela primeira vez em 5 anos. Segundo o INE, a inflação atingiu 8% em Maio, valor mais alto desde Fevereiro de 1993. Ainda segundo dados do INE, os preços na produção industrial aumentaram 24,5% em Maio.

20/06/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (19a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

«Em defesa do SNS, sempre». Mais uma paixão socialista que deu para o torto

Agora já é impossível de esconder: depois de seis anos de governo socialistas, o SNS colapsou sob o peso da incúria, incompetência e irresponsabilidade. Até o Dr. Costa foi obrigado a reconhecer que «há problemas estruturais que precisam de ter resposta», um estado que a jornalista Helena Garrido caracterizou com um título que diz tudo «Um SNS a caminho da morte».

«Estamos preparados»

Foi o que disse no início da pandemia a ministra do SNS, que canta A Internacional quando está ansiosa. Dois anos depois está a morrer-se mais 26% do que na média entre 2009 e 2019 e as mortes por Covid só explicam 60% do excesso de mortalidade, o resto presumivelmente explica-se pelo colapso do SNS.

Afinal a mão invisível está a funcionar no SNS

O Estado sucial do Dr. Costa paga aos médicos do SNS salários muito inferiores aos dos hospitais privados. Em resposta, os médicos trabalham o mínimo possível, mesmo os que nunca ouviram falar de Adam Smith. Por isso, as administrações dos hospitais públicos, que não podem contratar mais médicos que, de resto, também não estariam dispostos a trabalhar no SNS, contratam “tarefeiros”, isto é, médicos em regime de prestação de serviços a quem pagam o dobro ou o triplo do que pagam aos médicos “do quadro”. E quem são esses tarefeiros? São os médicos “do quadro” de outros hospitais públicos, e até do mesmo, que se dispõem a fazer “horas extraordinárias” para arredondar o salário como médicos “do quadro”. Por isso, desde que o Dr. Costa reside em S. Bento as despesas com “tarefeiros”, que nalguns casos representam até 80% dos médicos, cresceram mais de 50%.

Uma das explicações mais à mão para a alegada falta de médicos no SNS é que faltam médicos em Portugal porque, entre outras razões, a corporação médica força uma redução da formação de novos médicos. Não é preciso ser-se um especialista para perceber que isto é pura treta. Com ou sem pressões corporativas, os efectivos voltaram a aumentar em 2020 de 5,4 para 5,7 médicos e de 7,4 para 7,6 médicos por mil habitantes e Portugal é um dos 10 países do mundo com mais médicos por mil habitantes.

Caos nos aeroportos? A culpa é do SEF ou do PSD. What else?

As filas de passageiros alongam-se nos aeroportos. No caso do maior deles, aeroporto de Lisboa a culpa é, consoante as versões, das instalações (que é feito do novo aeroporto que anda há décadas a ser “estudado”?), da falta de pessoal (onde param os 82 mil utentes que o Dr. Costa acrescentou à vaca marsupial pública?), ou segundo o ministro da Administração Interna de «uma falha» do SEF, mas, no fundo, ainda segundo ele, o problema é o PSD que ainda não aderiu ao «amplo consenso social» para a construção do novo aeroporto.

Andará o Dr. Costa a preparar o seu futuro europeu, antecipando que poderá ser mais cedo do que o esperado?

«Costa anda há dois meses em digressão pela Europa» titulou o Expresso, informando-nos que o Dr. Costa já visitou 9-países-9 desde que tomou posse.

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível. E caloteiro

O SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal), ao qual o Dr. Costa tem ligações umbilicais dos tempos em que foi ministro da Administração Interna e em que o seu amigo Dr. Lacerda Machado andou envolvido na compra dos helicópteros Kamov, falhou rotundamente no incêndio de 2016 (Pedrógão Grande, etc.). Prepara-se para falhar novamente porque, segundo a administração da empresa que gere o sistema, o governo não fez financiamento previsto e a empresa não está a pagar aos fornecedores.

Take Another Plan. Premiando a corruptência

A Parpública, que detém a participação do Estado na TAP, foi condenada a pagar aos antigos administradores 1,7 milhões de bónus relativos aos exercícios de 2006 a 2009, exercícios durante os quais se concretizou a compra da VEM, a empresa de manutenção que o Dr. Lacerda Machado, o amigo do Dr. Costa, impingiu ao governo do Eng. Sócrates, VEM que foi finalmente liquidada o mês passado na qual a TAP torrou um total estimado em 1,2 mil milhões ou 40% das injecções que os contribuintes vão pagar pela TAP («TAP: a culpa morre sempre solteira?»).

(Continua)

19/06/2022

NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Corruptência, corruptente

Corruptência

O atributo de uma criatura, o corruptente, na qual convivem num estado simbiótico um corrupto e um incompetente. É uma espécie abundante nos partidos e em geral nos sistemas burocráticos protegidos da concorrência.

PUBLIC SERVICE: On Tyranny (16)

On Tyranny, Timothy Snyder

If it is recommended for Americans, guess what it must be like in those corners, like Portugal dos Pequeninos.

18/06/2022

Lost in translation (360) - Confiante na "anti-fragmentação", disse ele

O BCE anunciou que vai criar um mecanismo "anti-fragmentação" das dívidas públicas que consistirá na aplicação dos rendimentos da dívida comprada no âmbito do PEPP (Pandemic emergency purchase programme) a todos os países da Zona Euro na compra de mais dívida pública, desta vez aos países mais afectados pelo aumento em curso das taxas de juro. E quem são estes últimos países, perguntareis. 

Ora, que pergunta. Pois são os do costume, os PIGS, Portugal, Itália, Grécia e Espanha. No passado foram os PIIGS, mas a Irlanda, entretanto, tratou da sua vidinha e nos dias que correm tem uma dívida pública de 56% do PIB.

Irlanda - Dívida Pública em % do PIB

Enquanto isso, no Portugal do Dr. Costa a dívida pública é uma das poucas coisas que crescem, além da incompetência e da falta de vergonha, é claro. 

Portugal - Dívida Pública em % do PIB

Quem se disse muito confiante no mecanismo "anti-fragmentação" do BCE foi o Dr. Centeno querendo significar que espera que a Óropa (mais exactamente, o Norte da Europa) continue a levar o Portugal do Dr. Costa ao colo permitindo-lhe continuar a fugir das reformas como o diabo da cruz e a endividar-se a preços moderados enquanto engorda com mais freguesia eleitoral o Estado sucial.

17/06/2022

Dúvidas (338) - Não seria preferível pedir às FA ucranianas para treinarem as portuguesas?

Ó Sr.ª ministra, não fique com esse ar preocupado, a Ucrânia não vai aceitar

Considerando, por um lado, o estado terminal em que se encontram umas FA que entre os seus feitos mais notórios se conta terem fugido como ratos das ex-colónias deixando-as à mercê de lutas tribais que se prolongaram por décadas, FA cujos membros roubam o equipamento das suas instalações, FA que não conseguem manter o equipamento operacional, e, por outro, o notável desempenho das FA ucranianas que têm resistido e infligido pesadas perdas às FA invasoras russas, não seria melhor the other way round?

16/06/2022

O Portugal dos Pequeninos não é o Portugal dos Pequenitos. É o Portugal dos Grandes com mentalidade pequenita

«O «pequeno» representa o tamanho perfeito, adequado ao seu investimento afectivo. Alvo electivo da sua ternura, tamanho-fétiche que apela ao seu carinho irreprimível, o pequeno contém em si as potencialidades de expressão que dele naturalmente decorrem e que depois se transferem para todos os adjectivos e nomes próprios: pequenino, pequenito, pequerrucho, etc. Como se o «pequeno» fosse a raiz dos diminutivos afectivos, a essência que percorre o conjunto inteiro das nuances dos «inhos» e «itos» declinando as inúmeras espécies da pequenez. 

O português revê-se no pequeno, vive no pequeno, abriga-se e reconforta-se no pequeno: pequenos prazeres, pequenos amores, pequenas viagens, pequenas ideias («pistas» ... que se abrem aos milhares a cada pequeno ensaio). Mais, a pulsão do pequeno dá ensejo à formação de pequenos mundos afectivos em que as relações simbióticas se desenvolvem com uma força extraordinária. O português habita numa espécie de bola de afecto que faz com que cada separação mínima de um ente querido pareça enorme, longa e longínqua. Separar-se um dia, dois, uma semana ou mesmo umas horas pode suscitar uma dor imensa, uma imensa saudade. Aquela tia que ficava a dizer adeus, adeus, adeus, abanando sem fim o lenço à janela para a sobrinha que ia todas as manhãs para o trabalho ali ao lado, pelo passeio até ao virar da esquina... Pequenos mundos: daí a visão curta, a repulsa instintiva pelos projectos a médio e longo prazo, a territorialização gregária. (Outro exemplo: os milhões de telemóveis utilizados pelos portugueses.) 

A pequenez é a negação do excesso, e a nossa maneira de «estar certo» ou «ser certinho» - o nosso «justo meio». Finalmente, o ser pequeno é a estratégia portuguesa de permanecer inocente, continuando criança.»

José Gil, Portugal Hoje: O medo de existir

15/06/2022

PUBLIC SERVICE: On Tyranny (15)

On Tyranny, Timothy Snyder

Put your money where you put your mouth.

14/06/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (18b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 18a)

Estado sucial versão socialista

O Estado sucial existe porque há pobres que precisam de ajudas. Por isso o PS se esforça para que não faltem pobres garantindo o futuro do Estado sucial. Para esse propósito o PS tem contribuído fazendo o necessário para manter o país na cauda da UE. Percebendo que isso não é bom para as estatísticas, o governo do Dr. Costa resolveu diminuir o número de pobres, reduzindo «o número de beneficiários do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas de 120 para 90 mil».

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível


A arte de torrar dinheiro (do) público

O sistema de garantia mútua gerido pelo Banco Português de Fomento teve até ao final de 2020 perdas por pagamento de garantias de 881,08 milhões. Recorde-se que estamos a falar de um Banco de Fomento várias vezes anunciado para as «próximas semanas», sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, tinha ressuscitado em 2018 e segundo o Dr. Siza já estava criado em Janeiro de 2020 e só viu a luz do dia em 2021.

«Em defesa do SNS, sempre» ou como ajudar a saúde privada a ganhar mercado

Como mais um exemplo do que dão as paixões socialistas, a degradação do SNS continua. A última vaga de problemas é na obstetrícia (na região de Lisboa, em Braga, nas Caldas, Faro, etc.) o que num país com a quinta taxa de natalidade mais baixa da UE diz muito sobre as prioridades do governo socialista. O problema das urgências esse mantém, circulando de hospital em hospital - a semana passada foi a vez do Amadora-Sintra.  

Enquanto isso, a Dr. Temido anunciou que as vacinas Covid-19 (que parecem estarem a perder eficácia com as novas variantes do SARS- CoV-2) vão ser dadas em conjunto com as da gripe a partir de Outubro, para tal vão ser “investidos” 7-milhões-7 nas vacinas Covid-19, uma verba que diz muito sobre as prioridades do governo socialista.

O povo paga para ser endoutrinado

O Dr. Nicolau Santos, uma abencerragem socialista que depois de ter presidido à agência Lusa, a TASS do PS, aterrou na RTP, revelou que mais uma vez a RTP terá prejuízos que o Dr. Nicolau atribui ao cumprimento do Serviço Público de rádio e televisão. Já agora, diz-se que foi o Dr. Nicolau que sugeriu ao Dr. Costa o Dr. Costa Silva para produzir a colecção de efabulações a que foi dado o nome de programa de recuperação económica, uma espécie de blueprint do PRR.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

A emissão da semana passada de 750 milhões de OT a 9 anos teve uma grande procura (2,68 vezes) mas com uma yield de 2,33%, ou seja, mais do dobro da emissão com o mesmo prazo de há quatro meses (1,008%).

De volta ao velho normal

Durante décadas a economia portuguesa registou consistentemente três défices: o défice das contas públicas, o défice da balança comercial e o défice das transações correntes. O primeiro verificou-se em todos os anos, salvo o ano do brilharete do Dr. Centeno (à custa das cativações). O segundo e o terceiros só foram excepção durante o governo de Passos Coelho e o primeiro governo do Dr. Costa. Estão todos de volta e no caso da balança comercial, com as importações a crescerem 12 pontos percentuais acima das exportações, o défice nos quatro primeiros meses cresceu de mil milhões para 2,4 mil milhões.

13/06/2022

«Em defesa do SNS, sempre» - A consulta de urgência da Covid do Hospital de S. José no dia de Santo António

Entrada da Urgência Covid do Hospital de S. José
(espera infindável até que atendam)

Sala de Espera da Urgência Covid do Hospital de S. José

"Triagem" Covid do Hospital de S. José
 (um barracão tipo hospital de campanha com velhotes ligados à máquina em cubículos)

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (18a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Costa pediu às empresas, sem se rir, um “esforço” para aumentarem os salários

Depois de ter recusado aumentar os seus empregados, uma parte dos quais constitui a sua freguesia eleitoral, o Dr. Costa apelou às empresas para aumentarem os salários em 20% em quatro anos para que estes subam de 45% para 48% do PIB. Vou servir-me do que escreveu o economista Aguiar-Conraria para mostrar a piada do Dr. Costa: (1) a meta que propôs não depende dele; (2) a recusa de aumentar a sua freguesia mais do que 0,9% foi, disse, para não aumentar a inflação, inflação que no caso dos salários das empresas privadas teria um efeito imediato nos preços; (2) se os salários das empresas privadas tivessem o aumento que ele atribuiu à sua freguesia, como o PIB nominal deve aumentar 8,8%, o peso dos salários no PIB diminuiria de 45% para 42% em vez de subir para 48%; (4) como o Dr. Costa não explica se o aumento de 20% é nominal ou real, se for nominal com a inflação prevista os salários reais diminuirão.

Take Another Plan

Questionado sobre a devolução do dinheiro injectado na TAP (2,5 mil milhões mais as ajudas Covid não reembolsáveis), o chairman disse no parlamento que só talvez a partir de 2025, com os talvez dividendos e que não talvez não seja fácil. Dos 230 deputados só talvez os oito rapazes do IL terão ficado surpreendidos.

SATA, a TAP das ilhas ou a “regionalização” do transporte aéreo

A CE aprovou o plano de reestruturação da SATA que implica uma injecção de 453 milhões em capital e garantias financeiras. Recordemos a propósito que esta companhia regional de aviação dos Açores, assinou em 2016 um contrato de leasing de um avião Airbus A330 que custou até agora mais de 40 milhões de euros, com o avião estacionado desde 2019 no aeroporto Sá Carneiro, por custar mais caro se estivesse a operar.

Boa Nova

O Dr. Costa Silva é mais um ministro da Economia que desempenha o posto como se fosse o ministro da Palração. Dêem-lhe um púlpito ele não resistirá. No Dia Mundial dos Oceanos anunciou que chegarão a Lisboa 4.000-empresários-4.000 para investirem na economia azul e que Sines quadruplicara o número de contentores (se tivermos um novo cais).

Choque da realidade com a Boa Nova

O PRR anunciado como a salvação do Estado sucial do Dr. Costa está a ser um fiasco. Dos 16 mil milhões aprovados só foram pagos 696 milhões (4,35%) e destes apenas 1,4 milhões chegaram às empresas.

A produção de hidrogénio tem sido apresentada como a salvação das energias renováveis. A CE parece não concordar e deixou a produção de hidrogénio fora das recomendações para Portugal e, em vez disse, entende que Portugal se deve focar no desenvolvimento das interligações de electricidade. Ora acontece que esse foco não dá para grandes acções de propaganda e por isso o governo quer que Portugal tenha «um papel de grande relevo no mercado europeu de hidrogénio», significando torrar dinheiro em subsídios para tecnologias que ainda não estão nem estão maduras tão cedo e para as quais o know-how no Portugal dos Pequeninos é mais now-how?

A ministra da Agricultura, uma séria candidata a ministra das vacuidades, disse a semana passada que a produção de 18% dos cereais consumidos irá aumentar até 38%, isto é, há uma “estratégia” para tal. Estratégia que por acaso já vai no quinto ano e que se tivesse sido aplicada não teríamos o problema que vamos ter com as consequências da invasão da Ucrânia.

(Continua amanhã)

12/06/2022

CASE STUDY: Trumpology (76) - Behind the scenes of the Capitol Invasion

More trumpology.

«When asked why they are bothering to investigate an event that most Americans have either misinterpreted or moved on from, members of Congress’s January 6th 2021 committee often cite history. “In five or ten years, when kids are in school,” said Adam Kinzinger, one of the two Republican members of the inquiry into the insurrection, “they are going to learn about [our] report, they’re not going to learn about the conspiracies.” A public hearing by the committee on June 9th gave a good indication of the record that the House committee intends, after 11 months of investigation, to lay down.

Liz Cheney, the committee’s other Republican, summed it up: “President Trump summoned the mob, assembled the mob and lit the flame of this attack.” And he and his cronies did so, the committee has concluded, in the clear knowledge that Mr Trump had lost the election he claimed to have won.

Jason Miller, one of the former president’s senior advisers, told the committee that in the run-up to his re-election bid Mr Trump was told by his own campaign staff that he would lose. After that defeat duly transpired Mr Trump’s attorney-general, William Barr, informed him that his claim to be the victim of electoral fraud was “bullshit” and “nonsense”. Snippets of interviews given to the committee by both men were played in the public hearing—as was footage of an interview given by a tense-looking Ivanka Trump, in which she acknowledged that she had straightforwardly accepted Mr Barr’s view.

Why, if the fact that the president was lying was accepted within the administration, did almost none of its members speak out? Another snippet of testimony, from Jared Kushner, offered a clue. In response to questioning from Ms Cheney, Mr Kushner, the president’s consigliere and, as Ms Trump’s husband, his son-in-law, said that he had indeed been aware that the team of the White House counsel was threatening to quit over Mr Trump’s allegations, but that he considered such threats to be “whining”. This was an administration without basic principle.

It was immediately clear that Mr Trump’s lies inspired the Capitol riot, which claimed up to nine lives either on the day or subsequently from injuries and police suicides. The former president had invited the mob to a rally in Washington, dc; and there instructed them to go to the Capitol and “fight like hell”. When asked later why they were inside the building, many of the insurrectionists explained that Mr Trump had sent them. Yet the committee appears to have concluded that Mr Trump was even more complicit in the violence than that would suggest.

If he did not plan it he encouraged it, the hearing suggested. Mr Trump had pandered to the Proud Boys and Oath-Keepers, the far-right militia groups that led the assault. A member of the Proud Boys told the committee that its recruitment increased threefold after Mr Trump, before the election, had instructed its members to “stand by”. And senior figures in Trumpworld appear to have been forewarned of the militamen’s violent intent. “All hell will break loose tomorrow,” Steve Bannon, Mr Trump’s former chief strategist, told his podcast listeners on January 5th.

When it did, Mr Trump sat back and watched it happen. “Not only did President Trump refuse to tell the mob to leave the Capitol, he placed no call to any element of the US government to instruct that the Capitol be defended,” said Ms Cheney, in a powerful opening speech. “He did not call his secretary of defence on January 6th. He did not talk to his attorney-general. He did not talk to the Department of Homeland Security. President Trump gave no order to deploy the National Guard that day, and he made no effort to work with the Department of Justice to co-ordinate and deploy law-enforcement assets.”

Mr Trump’s vice-president, Mike Pence, did do those things, Ms Cheney added—even as the mob was threatening to hang him for standing against Mr Trump’s attempted heist. When Mr Trump, watching the riot on television, was informed of that, he allegedly responded: “Maybe our supporters have the right idea.” Mike Pence “deserves” it.

As was typical for the hearing, that added a compelling detail to the contemporaneous reporting of the riot without revising it. Much the same was true of the hearing’s treatment of the insurrection itself. It offered no significant new analysis of January 6th. Yet it powerfully recreated that day’s horrors in the form of new video footage and live testimony from two people caught up in the riot: a British documentary film-maker called Nick Quested, and Caroline Edwards, a Capitol Hill police officer who was knocked senseless by the mob. “It was a war scene,” she said.»

Extract from Congress’s Capitol-riot hearing confirms Donald Trump’s complicity

11/06/2022

Estava previsto no Protocolo dos Sábios de Sião e agora é oficial. Pedro o Grande reencarnou num ex-agente da KGB


Estava escrito nas estrelas, ou pelo menos estava escrito no (Im)pertinências. Recapitulando:

Estava há muito previsto no Protocolo dos Sábios de Sião que seriam feitas ameaças fundamentais para Rússia por políticos ocidentais irresponsáveis de forma consistente, rude e sem cerimônia de ano para ano nomeadamente a expansão da NATO para leste, que aproxima cada vez mais sua infraestrutura militar da fronteira russa. E estava escrito que isso seria denunciado nos anos 20 do século XXI por Pedro o Grande reencarnado num Presidente Patriota Russo, ungido pelo Patriarca de Moscovo, que haveria de resgatar a Mãe Rússia e salvar o mundo da decadência. E tudo começaria por uma "Operação Militar Especial".

Dúvidas (337) - Entre a imperfeição das democracias e a perfeição das tiranias, o que escolher?

Era uma vez um@ comunista, mas poderia ser um@ esquerdista, um@ fundamentalista islâmic@, um@ ultranacionalista ou um@ antiglobalista, que um dia chega a sua casa e encontra a namorad@ / companheir@ / mulher / marido / espos@ na sua própria cama com um ser que menstrua/provid@ de pénis. Indignad@, sai de casa e vai manifestar-se em frente à embaixada americana.

As embaixadas americanas são dos poucos locais onde é possível um@ esquerdista partilhar o espaço de manifestação com direitistas, ainda que em dias diferentes (e diferentes ocupantes da Casa Branca). São como um lugar de peregrinação para as legiões de inimigos da liberdade.

10/06/2022

É possível enganar muita gente durante algum tempo (2) - Resta-lhe o apoio dos que lhe devem a tença

Continuação daqui.

The Spectator

«The problem, of course, is that for anyone on the government payroll (a group comprising something over 160 MPs), this exercise in party democracy was not exactly either free or fair. Whatever their real opinions, loyalty made it difficult for them to attack the boss who had hired them. Because of the secrecy of the ballot we obviously don’t know exactly which MPs voted which way. But informed guesses are that among backbenchers there was a majority of anything up to 75 per cent who wanted him out. In other words, Boris is now a leader who has lost the trust of most of his foot-soldiers and is being sustained in office by little more than the loyalty of those beholden to him for a job.» (Spectator)

Vendo o conjunto da carreira da criatura, a começar pelos seus tempos de jornalista em Bruxelas, é difícil discordar do trabalhista que apelidou Boris de «a liar and a charlatan».

09/06/2022

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Untitled, Paula Rego

PUBLIC SERVICE: On Tyranny (14)

On Tyranny, Timothy Snyder

Not applicable, of course, to followers of tyrants who hope that the day will never come when tyrants will start hanging followers on the hook. Unfounded hope as history abundantly shows.

07/06/2022

PUBLIC SERVICE: On Tyranny (13)

On Tyranny, Timothy Snyder

 Get your ass off the chair and your eyes off the screen.

06/06/2022

DIÁRIO DE BORDO: Dia D - O princípio do fim do III Reich e talvez a última vez que os ianques salvaram a Óropa de si própria (republicação)

Há 73 anos as forças aliadas (tradução: americanos e ingleses e alguns canadianos, australianos et al.) desembarcaram em Omaha Beach para salvar a Europa de si própria (fonte: WSJ)

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (17)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Costa enxovalhado pelo Dr. Cavaco Silva

Quanto ao “enxovalhado” as opiniões dividem-se. O coro do comentariado socialista açulado pelo seu ódio de estimação à criatura aprestou-se de imediato a defender a sua dama insultada pelo Dr. Cavaco Silva que confrontou com inabitual ironia a obra dos governos socialistas com a dos seus governos. Dou-lhe razão, reconhecendo embora que não está na melhor posição para comentar a obra própria. Melhor seria ter confrontado a grandeza dos anúncios do Dr. Costa com as suas magras realizações.

O PS como barriga de aluguer de causas fracturantes

Não por acaso e por proposta da associação de estudantes (muitos actualmente contaminados pelos áctivismos adolescentes e destinados quando crescerem à conversão ao situacionismo socialista) aprovada pela reitoria socialista, foi o ISCTE, a madraça do PS (João Miguel Tavares), a primeira universidade que adoptou latrinas que podem ser usadas por qualquer dos “géneros” LGBTIQQAAP (L = lesbian, G = gay, B = bisexual, T = transgender, I = intersex, Q = queer, Q = questioning, A = allies, A = asexual, P - pansexual) ou mesmo qualquer dos setenta e um "géneros" do Facebook UK.

A nossa vantagem é não estarmos invadidos pelo exército russo. A nossa desvantagem é estarmos ocupados pelo situacionismo socialista

Tem sido uma festa. «Portugal ultrapassa Polónia e Hungria. Guerra ajuda a recuperar 19º lugar no PIB per capita», titula o semanário de reverência. É sol de pouca dura porque previsivelmente, atenuados para eles os efeitos da guerra, esses dois países acrescidos da Roménia ultrapassarão outra vez o Portugal dos Pequeninos ainda no decurso do mandato do Dr. Costa.

05/06/2022

On the pretext of the invasion of Ukraine but far beyond that. Empires eventually end amid blood and dishonour

«Empires are great powers. Their demise is usually accompanied by geopolitical convulsions and wars. They are also multinational polities with peoples living cheek by jowl. Turning an empire into nation states with sharply defined sovereign peoples and borders seldom comes without great conflict. Russia’s invasion of Ukraine is a case in point.

In the 1880s the chief legal adviser to the Russian foreign ministry wrote that if the national principle—to every people its own state—was ever applied in the vast region then ruled by the Romanovs, Habsburgs and Ottomans the result would be mayhem. He was correct. It took two world wars, many lesser conflicts, genocide and ethnic cleansing on a vast scale to turn the imperial map of central and eastern Europe into the post-1945 national map. Much of the Middle East is still living with the consequences of the demise of the Ottoman empire and of the British and French empires that briefly filled part of the void the Ottomans left behind. European-style ethno-linguistic and democratic nation-states had great difficulty putting down roots in a world where allegiance was traditionally defined by local community, religion, dynasty and region.

The consequences of imperial collapse often take a generation or more to emerge. Bangladesh’s secession from Pakistan happened 24 years after the end of British India. Although the end of the British empire was managed better than most, post-imperial conflicts still rage today all the way from Ireland, across the Middle East (Cyprus, Iraq, Palestine) to Fiji. The worst of these is the confrontation between India and Pakistan over the disputed border region of Kashmir.

The most frightening example of the delayed impact of an empire’s collapse is interwar Germany. Like Russia in 1991, Germany in 1919 was on its knees but remained by far the most latently powerful country in the region. A combination of post-imperial resentment and regained power led it to challenge the territorial settlement agreed in the Treaty of Versailles, facilitating another world war. This is not to make comparisons between Adolf Hitler and Vladimir Putin. With or without Hitler, Germany would probably in time have challenged the post-war order in east-central Europe.

After 1945, the Soviet Union was the surviving empire. Now we are living with the consequences of its collapse. It was a miracle that this empire, with its bloodstained history and its massive security apparatus, disintegrated between 1985 and 1991 with barely a shot fired in its defence. The invasion of Ukraine is the belated revenge of the old Soviet security apparatus for what it sees as 30 years of humiliation, retreat and defeat.

From a Western perspective, the near-bloodless demise of Soviet communism was almost a fairy tale. It fed the belief—terrifyingly reminiscent of Europeans before 1914—that contemporary Western civilisation marked the end of history and the final triumph of liberal values. But for the Russians, the 1990s were anything but a fairy tale. The economy and political institutions disintegrated. Life expectancy plummeted. Some 25m ethnic Russians suddenly found themselves outside Russia’s borders. Russia was demoted from superpower to beggar. It is unsurprising that many Russians love Mr Putin (with much less provocation, Americans elected Donald Trump under the slogan “Make America great again”).

As always, the loss of Russia’s empire meant most to its elites. It deeply wounded their sense of status, self-esteem and world-historical significance. The loss of Ukraine specifically has hurt Russians more than that of the other Soviet republics. Possession of Ukraine has long been essential to Russia’s existence as a great empire; its secession in 1991 sealed the Soviet Union’s fate. Crimea's loss hit Russians especially hard. The great naval base in Sevastopol was vital to Russian power in the Black Sea region and had a unique place in Russia’s historical memory (owed above all to the great sieges during the Crimean and second world wars).

Both because of its importance to Russia, and owing to internal divisions between the Russian-speaking east and the rest of the country, I always believed that an independent Ukraine could only survive if Russia’s relations with the West remained good. Ukraine could act as a bridge between the two. When Ukraine was forced to choose between Russia and the West—as happened definitively in 2014—disaster followed.

Mr Putin’s initial strategy has failed. He will probably now attempt to conquer all the Donbas region and the land bridge between it and Crimea. (*) If this succeeds, Ukraine will never accept this new border as a basis for long-term peace. The brave war of independence against the invading Russian ogre will become a central—and unifying—core of the Ukrainian national myth. Even after Mr Putin departs, any future Russian government will find it hard to retreat from Donbas (let alone Crimea) and retain legitimacy. If other borderland wars, such as in Kashmir, in former empires are a guide, the Russo-Ukrainian conflict could last in a semi-frozen state for decades, threatening international stability and periodically bursting into renewed fighting. It might even escalate into nuclear confrontation.»

Dominic Lieven, BA felow, author of In the Shadow of the Gods: The Emperor in World History

(*) This was written before April 23.