Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

02/12/2024

Crónica de um Governo de Passagem (29)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
«You can’t manage what you can’t measure». A maldição da tabuada

Quem quer que tenha dito o aforismo citado, não foi escutado pelos governantes deste jardim à beira-mar plantado nem, ouso dizer, pela maioria dos seus habitantes, a começar pelos funcionários públicos, como no caso dos instalados no aparelho do ministério da Educação, que, disse o respectivo ministro, não foram capazes de contar os alunos sem aulas, fenómeno que os jornalistas de causas relataram como mea culpa do ministro que, pelos vistos, segundo eles, deveria ter circulado pelas mais de 4.500 escolas públicas básicas e secundárias para os contar.

Boa Nova?

Parece que o governo do Dr. Montenegro percebeu que a chamada crise da habitação não se resolve pelo lado dos subsídios e da procura, mas pelo lado da oferta e desse lado é crucial a disponibilidade de solos para construção e daí o sentido de alterar a chamada Lei dos Solos, o que o governo fez a semana passada. Falta saber se o fez bem e, sobretudo, se a implementará bem,

Quem te avisa teu amigo é

A Comissão Europeia olhou para o Draft Budgetary Plan for 2025 apresentado pelo governo português e fez umas quantas considerações e recomendações, nomeadamente para limitar o crescimento da despesa líquida, reduzir o endividamento, substituir as reduções de impostos sobre os combustíveis por apoios aos mais desfavorecidos, considerou o orçamento como expansionista, a política fiscal insuficientemente detalhada e assinalou a ausência de medidas para a sustentabilidade das segurança social. Mais do que o explícito, importa ter em conta o implícito que são os riscos resultantes das vulnerabilidades da economia portuguesa não resistirem aos tempos de vacas magras que se desenham no horizonte da UE com a Casa Branca ocupada por uma criatura instável.

Há quem diga que está em curso a vingança dos "PIGS". Porém, o "I" nunca saiu dos "PIGS" e os outros poderão voltar em breve

A propósito do estado das grandes economias europeias, da Alemanha em risco de recessão e da França à beira de uma crise orçamental e da dívida (a Itália continua encalhada no mesmo sítio há várias décadas), há umas almas que não disfarçam uma espécie de schadenfreude por, pensam essas almas, a situação se ter invertido e hoje estão entalados os que ontem olhavam com arrogância os "PIGS". É um grande engano por muitas razões e em especial duas: as economias de uns e de outros são bastante diferentes e com o nível de integração da UE as desgraças das maiores economias não tardarão a ser desgraças das outras. Por exemplo, a França e a Alemanha representam um quarto das exportações portuguesas, e o arrefecimento dessas economias já se faz sentir em Portugal em que só consumo interno está a aguentar o medíocre crescimento de 0,2% no 3.º trimestre que algumas outras almas celebram porque Portugal «está com as contas certas, está a crescer mais do que a média europeia» - recorde-se que as previsões de crescimento do PIB em 2024 são 0,9 % na UE e 0,8 % na área do euro.

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