O currículo do Sr. Devin Nunes, membro republicano da Câmara dos Representantes até 2021, actualmente CEO da Truth Social, um twitter privado e megafone do POTUS eleito Sr. Trump, seria normalmente suficiente para que o luso-jornalismo de causas envilecesse ou no mínimo ignorasse a nomeação do Sr. Nunes como presidente do Intelligence Advisory Board, um órgão que supervisiona a conformidade do serviços secretos com a constituição americana.
Na verdade o que se passou foi justamente o contrário. Apesar do progressista Los Angeles Times ter descrito em 2021 o Sr. Nunes como «um dos mais fervorosos e bizarros defensores de Trump no Congresso (... que ...) repetiu as teorias da conspiração do presidente» e usou a sua posição «para tentar minar [a] investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016», isso não impediu os mídia do Portugal dos Pequeninos de saudarem com incontido orgulho a nomeação do Sr. Nunes. Um exemplo da TVI: «Trump escolhe luso descendente para presidir ao Conselho Consultivo dos Serviços Secretos da Casa Branca».
Em conclusão, o apelo patriótico, como o que o Sr. Carlos Tavares já tinha escutado com outro propósito, também falou mais alto ao jornalismo doméstico do que a ideologia e os três-quartos de lusitanidade do Sr. Nunes foram suficientes para as redacções progressistas se renderem a um luso-descendente reaccionário.
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