Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

09/09/2023

CASE STUDY: O ersatz do líder da oposição (reedição)

A quase três anos de distância das próximas eleições presidenciais, cresce a lista de presidenciáveis por iniciativa própria ou alheia. Sem ser exaustivo já encontrei pelo menos as seguintes criaturas (por ordem alfabética): André Ventura, António Guterres, António Costa, Augusto Santos Silva, Henrique Gouveia e Melo, João Ferreira, Luís Marques Mendes, Mário Centeno, Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes. À falta de qualquer coisa de novo, vou repetir o que em tempos escrevi com as devidas adaptações.

Há uma tradição que remonta ao general Ramalho Eanes e atribui ao presidente da República as dores da oposição e o papel de ersatz do seu líder.

Talvez por isso o lugar parece tão atractivo. Veja-se a longa lista dos presuntivos candidatos, entre tantos outros já esquecidos ou ainda não revelados que poderão render-se à tentação de não mandar nada, nem deixar mandar, e não pagar por isso.

E porquê a atracção? Uma teoria conspirativa: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.

Mais importante do que perceber o porquê daquelas almas se sentirem atraídas pela presidência, quais borboletas pelo candeeiro, é perceber as causas da popularidade da coisa. Porquê a populaça venera tal comportamento, que outras populaças doutras paragens achariam irresponsável e oportunista?

Deve haver algo nas profundezas da alma lusitana que o explica. Algo que leva os portugueses a criarem mecanismos sociais e políticos para "entropicar" a sua vida. Acredito que a coisa remonta à ocupação da Lusitânia pelo império romano, se não antes – não é verdade que um governador romano escreveu ao imperador, lamentando-se, resignado, que os povos indígenas não ser governavam nem se deixavam governar?

1 comentário:

O Espartano disse...

Marcelo é, sem dúvida, o pior presidente desta 3a. República. Numa coisa tem razão: não é um "populista", como não se cansa de afirmar. Pensa que é popular, mas está enganado; é popularucho - o que é uma coisa muito diferente. É o Presidente Pimba.
A avaliar pelos nomes dos possíveis sucessores, a coisa vai ser ainda pior. São todos, como se diz na minha terra, "de caixão à cova"...