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02/09/2023

O Dr. Paulo Pedroso tenta oferecer-nos o melhor da doutrina da Mouse School of Economics e atrapalha-se

O Dr. Paulo Pedroso, que entrou no círculo restrito dos famosos em 2003 quando foi acusado de pedofilia no processo Casa Pia (de que foi igualmente suspeito o Dr. Ferro «Cagando para o Segredo de Justiça» Rodrigues), é o que poderíamos chamar uma eminência do regime. Licenciado em Sociologia e pós-graduado pelo ISCTE (a Madrassa do PS) e nele investigador associado, ministro do Eng. Guterres, consultor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, antigo esposo da Dr.ª Ana Catarina Mendes (dirigente do PS e ministra do Dr. Costa), irmão do Dr. João Pedroso, advogado conhecido por ter sido contratado duas vezes pela Dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues (ex-ministra da Educação do Eng. Sócrates e actual reitora do ISCTE, sempre essa insigne instituição) para fazer o mesmo manual de direito da Educação, nunca acabado. Saiu do PS em 2020, mas o PS nunca saiu dele.

Pois bem, o Dr. Paulo Pedroso, além de sociólogo, é também um pensador económico alinhado com a doutrina da Mouse School of Economics e foi com essa autoridade que, «de férias no Algarve», numa entrevista ao semanário de reverência, produziu a seguinte declaração:  

«O que me parece é que se chegarmos à média dos salários na União Europeia, parece-me uma meta adequada. E isso implicaria um aumento de salários em termos reais que vai até aos 20%, já com a inflação incorporada. Há uma margem que nos permite chegar aí.»

O Dr. Pedroso não explica como se conseguiria, assim de repente, este milagre de pagar a média dos salários europeus com a quarta mais baixa produtividade (PIB por hora a PPP) que é apenas 64% da média da UE. Mais à frente na entrevista, acenderam-se-lhe mais dois neurónios, abandona por instantes os seus delírios e acrescenta:

«Nós precisamos de aumentar o capital por posto de trabalho para depois poder aumentar a produtividade e, mais tarde, os salários (...)

A última década foi de baixíssimo investimento produtivo, quer dos privados, quer do Estado, o que degradou a nossa situação. Nós não conseguimos romper esta barreira e ter salários mais altos e postos de trabalho à altura da nova geração se não tivermos esse investimento.»
Eureka. A criatura compreendeu que para aumentar os salários precisamos de aumentar a produtividade e para isso temos antes de aumentar o capital por trabalhador. Contudo, os dois neurónios não foram suficientes para explicar como vamos aumentar o capital por trabalhador sem investir, nem como vamos investir com uma das taxas de poupança mais baixas da UE e com a maior parte do escasso investimento directo estrangeiro no imobiliário.

Ainda assim, sem se dar conta, produz uma outra declaração que desmente duas décadas do mantra socialista da geração mais educada de sempre, geração cuja parte mais aproveitável para desenvolver o país emigra e vai participar no desenvolvimento de outros países e o resto fica por aí a trabalhar na restauração ou se converte em utente da vaca marsupial pública.  

Ou corremos o risco de passar pelo mesmo que os países de leste há 50, 60 ou 70 anos: a melhoria dos níveis de educação não foi acompanhada por aumento da capacidade produtiva. E, de repente, tiveram uma população sobrequalificada e frustrada.»

Com grande sentido de oportunidade, os entrevistadores aproveitaram o atabalhoado pensamento do Dr. Pedroso e extraíram o segmento agitprop para fazer o título na edição online que é uma lambidela ao esquerdismo infantil, maduro e senil: «Há margem para um aumento real de 20% de salários, mas os trabalhadores não estão a ser capazes de o exigir: isto fazia-se com sindicatos». O título agitprop foi convertido na edição em papel num mais realista "Os jovens estão a votar com os pés

[Corrigi um erro no currículo do Dr. Pedroso]

1 comentário:

Camisa disse...

"aulo Pedroso, professor e ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade de António Guterres, faz um retrato sobre os grandes desafios do futuro do mercado de trabalho. Para o sociólogo, as gerações mais novas estão a ser “vítimas da armadilha ideológica do individualismo e da meritocracia” e a “votar com os pés” saindo do país para melhores condições."

realmente a meritocracia nunca atrapalha os avençados do PS!