Conheci Alf, aka Gordon Shumway, em pessoa (se é que "pessoa" é aplicável a um natural de Melmac) no Verão de 2002, quando ele passava férias com os Tanners na Quinta da Balaia. A primeira vez que o vi teria uns 245 anos e corria atrás de um gato, um dos muitos que o acusaram de ter comido nas redondezas.
Depois disso, Alf ligou-me algumas vezes através do Skype, que em Melmac se chama Skalpe, outras vezes através do WhatsApp que em Melmac se chama WhatheFack, sobre vários temas do Portugal dos Pequeninos que ele acompanha regularmente através de um programa do Holomac (o canal de TV por holograma de Melmac) dedicado às civilizações primitivas de outras galáxias.
Tudo isto para explicar que desta vez resolvi eu ligar-lhe ontem pelo Skype-Skalpe, depois de ter lido uma peça do comediante Luís Pedro Nunes com o estranho título «O nada estranho caso dos gatos do Barreiro» onde se citavam "notícias", como esta do Avante da Sonae (um diário independente conhecido pelo seu rigor e isenção), de raptos de dezenas de gatos que nas "redes sociais" vigilantes patriotas começaram a atribuir a imigrantes com costumes bárbaros.
Sabendo os hábitos de Alf, que há mais de 20 anos assombraram todo o concelho de Albufeira, perguntei-lhe se teria estado recentemente em Portugal. Depois de uma longa conversa e repetidas negações, Alf confessou que ao saber pelo Holomac terem sido criados bancos alimentares para os felinos, apanhou o primeiro TransMelm e desembarcou numa "savana" na margem sul do "Tagus", onde lhe tinham dito que estaria um aeroporto com o nome de um poeta, e de passagem por uma aldeia nas imediações tinha "degustado" (sic) 123 deles. Está tudo explicado, certamente com grande desgosto dos nativistas que já preparavam os seus pogroms.
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