(Continuação de 41a)
Em retrospectiva, em Abril de 2020 foi anunciada a compra de 1.200.000 computadores, só autorizada em Julho. Em Janeiro do ano passado, tinham sido entregues 100 mil. Em Março do ano passado foi anunciado pela terceira ou quarta vez a aquisição de mais 350 mil. O Tribunal de Contas concluiu em Julho seguinte no seu relatório que 60% dos computadores anunciados só estariam disponíveis no próximo ano lectivo 2021-2022. Em Agosto deste ano, mais de dois anos depois, uma auditoria do TdC constatou que não foram distribuídos 350 mil computadores e que foram pagos 1,3 milhões de euros por acesso não utilizado à internet. A semana passada, o jornal Público noticiou que ainda há 200 mil portáteis pagos pelo PRR encaixotados nas escolas.
Um governo que não consegue planear a 6 meses, nem distribuir computadores, quer promover o hidrogénio verde
Em 2019, o Dr. Galamba, outro apparatchik enfatuado que foi um peão de brega do socratismo, na qualidade de SE da Energia «abraçou o hidrogénio como bandeira de uma matriz energética limpa». Decorridos três anos e uma investigação judicial encalhada algures numa repartição, «os projetos de hidrogénio verde estão a multiplicar-se como cogumelos. Mas são ainda pouquíssimos os que já saíram do papel.» Não saíram nem sairão do papel enquanto a tecnologia do hidrogénio verde não estiver tecnologicamente madura, maturação que só por milagre acontecerá num país em que a investigação e a ciência aplicada são uma treta e a indústria de alta tecnologia é uma ficção.
Finalmente foi encontrada uma serventia para o ministro da Ecoanomia
Serventia que foi fazer de comité de recepção à dúzia de jovens patetas radicais do Movimento Fim ao Fóssil – Ocupa! que exigia a sua demissão. Pela boca de um deles, o grupo declarou à SIC Notícias que estava contra o plano do ministro e perguntado pela jornalista o que não concordava nesse plano confessou que não o conhecia.
Vantagens de não sair do papel: (1) contas certas e (2) pode ser anunciado várias vezes
Do pacote “Energia para Avançar” de 1,4 mil milhões de apoio às empresas, mais de metade «ainda não saiu do papel» dois meses depois de ter sido anunciado com pompa e circunstância.
«Torrar dinheiro em coisas que não valem pevide»
A boutade em título aplicada por João Serrenho da CIN ao Banco de Fomento poderia ser aplicada com a mesma propriedade à Portugal Ventures, a sociedade de capital de risco do Estado sucial, que assinou um acordo de intenções com o PhD Ricardo Mourinho, o empresário que recebeu 300 mil euros de rendas adiantadas de um «pavilhão transfronteiriço» em Caminha que também não saiu do papel.
De volta ao velho normal
Lembram-se dos défices gémeos (da balança comercial e do orçamento) que assolaram o Estado sucial durante a maior parte dos anos desde a demolição do Estado Novo? Com as medidas do resgate pela troika, o défice melhorou e a balança comercial quase se equilibrou no final do governo PSD-CDS. Desde então tem vindo a deteriorar-se, como se vê no gráfico seguinte.
É o caminho para aumentar o défice externo, isto é o défice conjunto das balanças correntes de capital, que em Setembro atingiu 2,2 mil milhões contra 1,0 mil milhões no mesmo mês do ano passado. Lembram-se o que aconteceu da última vez nos idos de 2008-2011 e do que se seguiu?
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