Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
Nós aqui fazemos o possível para não ficar entalados entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.
Um dos dogmas do áctivismo ambientalista é que crescimento e ambiente são incompatíveis. E, como eles querem significar capitalismo e democracia liberal, daí resulta que é necessário desmantelar o Estado liberal e substituí-lo por um Estado omnipresente ocupado por "ambientalistas". Estamos assim perante uma renovação do mito marxista, desta vez substituindo a ditadura do proletariado e o Estado comunista pela ditadura do ambientalismo e o Estado amigo do ambiente, num caso e noutro à custa das liberdades e da prosperidade.
Acontece que a evidência dos factos mostra as economias capitalistas modernas a serem capazes de conciliar crescimento com preservação do ambiente. Veja-se o gráfico acima que mostra nos Estados Unidos a evolução cada vez mais divergente do crescimento da economia (medido pelo PIB) e do volume de emissões de gases com efeito de estufa (nomeadamente dióxido de carbono, metano e óxido nitroso).
E não apenas os Estados Unidos estão a crescer e a diminuir as emissões em termos relativos desde meados da década de 90 e em termos absolutos desde a primeira década deste século. A maioria das economias mais desenvolvidas está a conseguir fazê-lo como os exemplos no gráfico anterior mostram. Quem ainda não consegue reduzir o ritmo relativo (face ao PIB) nem o ritmo absoluto das emissões são os "países em vias de desenvolvimento" (nalguns casos mais apropriadamente chamados de em vias de subdesenvolvimento), como a China, e quase todos democracias apenas formais e vários deles autocracias. É claro que há várias razões para isto acontecer (como o peso crescente dos serviços nas economias avançadas) mas o certo é que o contributo para as emissões virá cada vez mais desses países.
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