«Foi também assim quando em 2003 o então Procurador-geral da República, José Souto Moura, acusou o deputado do Partido Socialista, Paulo Pedroso, no âmbito do processo Casa Pia. De imediato o PS passou a apresentar-se como vítima de uma cabala. Os mais de 100 rapazes e raparigas que se estima terem sido vítimas de abusos passaram rapidamente para segundo plano, com os incidentes processuais a dominarem as discussões. (Entre os vários incidentes processuais houve um que teve por base a inclusão pelo Ministério Público de cartas anónimas no processo. Era então tese dominante em Portugal que tal inclusão violava o Código do Processo Penal e que estas cartas deviam ter o caixote do lixo como destino. Face ao entusiasmo presente com as denúncias anónimas no caso dos abusos praticados por sacerdotes católicos presumo que a jurisprudência do caixote do lixo passou à História.)
Catalina Pestana, que fora nomeada provedora para recuperar a Casa Pia no meio de tal tormenta, passou de personalidade admirada e respeitada a pouco menos que odiosa porque nunca deixou de denunciar o papel desempenhado nesses abusos ou no seu encobrimento por personalidades com poder político nomeadamente da área socialista. E o Procurador-geral da República que chegou a ser ameaçado de demissão (por causa das declarações de uma sua assessora de imprensa!) acabou isolado e denegrido.»
Helena Matos no Observado
1 comentário:
E agora meteram o marcolino no supremo...
O silêncio daquilo que, na paróquia, passa por comunicação "sucial" em relação a esta infâmia é mais que esclarecedor...
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