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15/10/2023

Dúvidas (365) - Qual o impacto das políticas demográficas do "familismo" nacionalista?

O mês passado o Dr. Orbán organizou mais uma "cimeira demográfica", um evento bienal que tem lugar desde 2015 dedicado ao "familismo" que a direita conservadora europeia pretende substituirá o feminismo, e, promovendo a natalidade, tornará supérflua a imigração.

Para tal, no caso da Hungria o governo do Fidesz, no poder há 13 anos, vem tomando medidas para promover a família e aumentar a natalidade, tais como as mulheres com quatro filhos beneficiam de isenção vitalícia do imposto sobre o rendimento, os pais podem pedir empréstimos que vão sendo anulados à medida que têm filhos, as clínicas de tratamento de fertilidade foram nacionalizadas, etc.

Dados da PORDATA

Esperavam os ideólogos desta engenharia social que dela resultasse um aumento significativo de natalidade, mas a demografia não parece comover-se com tais desígnios. Comparando a taxa de fecundidade geral (número de nascimentos por cada 1000 mulheres em idade fértil, ou seja, entre os 15 e os 49 anos de idade) da Hungria a partir do início do consulado do Dr. Orbán em 2010 houve um aumento, contudo, nada garante que seja sustentável como mostram os exemplos de muitos outros países que após um aumento viram a natalidade regressar aos valores mais baixos. De resto, foi isso mesmo que aconteceu com a Hungria que entre 1971 e 1975 viu a taxa de fecundidade subir de 56 para 73 e nos anos seguintes cair para 37. Ainda assim, os valores estão claramente abaixo de vários outros países como a Dinamarca e os Países Baixos que não têm uma abordagem ideológica nem praticam engenharia social, simplesmente no caso da Dinamarca as famílias com filhos pequenos dispõem de apoios financeiros.

2 comentários:

Afonso de Portugal disse...

«O mês passado o Dr. Orbán organizou mais uma "cimeira demográfica", um evento bienal que tem lugar desde 2015 dedicado ao "familismo" que a direita conservadora europeia pretende substituirá o feminismo, e, promovendo a natalidade, tornará supérflua a imigração.»

Realmente, que coisa horrível! Substituir uma das doutrinas mais desumanas e criminosas da história da humanidade, o feminismo, pelo modo de organização social que deu a supremacia mundial ao Ocidente, a família tradicional! Onde é que já se viu???

E que coisa ainda mais horrível, promover a natalidade para evitar a imigração que ontem ma Bélgica matou mais dois adeptos suecos que só queriam ver um jogo de futebol! Tenebroso, mesmo!!!


«Esperavam os ideólogos desta engenharia social que dela resultasse um aumento significativo de natalidade, mas a demografia não parece comover-se com tais desígnios.»

Ora aqui está mais uma caricatura estúpida e simplista, a roçar a infantilidade. Ninguém esperava resolver o problema da natalidade de repente, isto é, nunca em menos de uma geração (25-30 anos). Todos sabemos que isso é impossível, porque o problema de os ocidentais não estarem a ter filhos suficiente reside sobretudo na cultura, pelo que este género de medidas, isoladamente, não pode fazer milagres.

Porém, ao contrário do que diz o (Im)Pertinente, o gráfico mostra que a natalidade dos húngaros tem subido quase sempre desde 2011. Pouco, mas tem subido. E tem subido praticamente sem imigração, que é o mais importante. Isso é muito significativo, porque as revoluções demográficas têm sempre de vencer uma grande inércia inicial, pois, mais uma vez, a questão cultural predomina sobre tudo o resto, e é tão difícil mudar a cultura vigente como convencer um adepto do Porto a torcer pelo Benfica.

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AfonsodePortugal@YouTube

Afonso de Portugal disse...

«nada garante que seja sustentável como mostram os exemplos de muitos outros países que após um aumento viram a natalidade regressar aos valores mais baixos.»

Completamente errado. Há um factor que garantiria a sua sustentabilidade: a continuidade deste género de políticas pelos próximos governos da Hungria.


«foi isso mesmo que aconteceu com a Hungria que entre 1971 e 1975 viu a taxa de fecundidade subir de 56 para 73 e nos anos seguintes cair para 37.»
Precisamente porque muitos dos governos húngaros pós-75 foram socialistas ou social-liberais e, tal como o (Im)Pertinente e os(des)governos de Portugal, preferiram apostar na destruição da família ao invés de promover a natalidade. Ignorar esta realidade é misturar alhos com bugalhos, com a agravante de o fazer deliberadamente.


«Ainda assim, os valores estão claramente abaixo de vários outros países como a Dinamarca e os Países Baixos que não têm uma abordagem ideológica nem praticam engenharia social»

Mentira. Importar imigrantes para resolver o problema demográfico é uma abordagem ideológica e também é a maior forma de engenharia social que existe, porque é substituir o povo e a cultura do país de uma vez só, com as devidas consequências eleitorais que o (Im)Pertinente, do alto da sua sabedoria, parece ser incapaz de antever. O (Im)Pertinente acha mesmo que os árabes de Paris, os indianos de Londres e os negros de Nova Iorque votariam num partido como a IL? Se acha, então, com o devido respeito, está completamente delirante!


«simplesmente no caso da Dinamarca as famílias com filhos pequenos dispõem de apoios financeiros.»

Tal como na Hungria. A questão é que os novos húngaros são mesmo húngaros, enquanto os novos holandeses e dinamarqueses não são. É essa a “pequena” diferença que o (Im)Pertinente não quer ver.

É por estas e por outras que eu jamais votarei num partido liberal, por muita razão que vos possa dar noutras questões. Reduzir a questão da natalidade à imigração é pura selvajaria, é querer destruir de repente tudo o que os nossos antepassados levaram séculos a construir. É verdadeiramente CRIMINOSO, e não uso esta palavra de ânimo leve.

Volto a repetir: um Portugal sem portugueses será um Brasil sem nenhuma das virtudes do Brasil e todos os seus defeitos. Não querer ver isto é condenar Portugal à morte.


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