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11/07/2021

Entusiasmados, sodomizados, indignados, por esta ordem

«Há quantos anos são conhecidas as suspeitas sobre Luís Filipe Vieira? Vários, mas isso não impediu os vivas à excelente gestão da direcção benfiquista. Sócrates era fabuloso, mas o Estado português só não faliu porque o país foi intervencionado. Os administradores da PT eram extraordinários, mas a empresa tornou-se numa sombra do que foi. Ricardo Salgado era um deus da banca até que o que se segredava não ser bem assim se tornou público. Berardo foi outro que ia à televisão perorar sobre o país e dar conselhos como grande empresário que se dizia ser e que poucos questionavam. Centeno será o mago das finanças até ao dia em que se comprovar que o excedente orçamental obtido em 2019 foi circunstancial. Costa é inteligentíssimo porque ninguém questiona as meias-verdades; Marcelo agrada a gregos e troianos, não por ser irrelevante mas devido ao seu incomensurável talento. É interessante, porque reveladora, esta tendência para considerar como providenciais homens que não passam de homens; o reconhecimento público da extrema competência de alguém só porque ligado ao poder político. Possivelmente é apenas mais uma reminiscência do regime salazarista. Possivelmente as origens até serão mais longínquas e Salazar limitou-se a conhecer (e a gerir) a alma portuguesa. O país, que é saudosista e melancólico, gosta de embarcar em ondas de entusiasmo que o fazem esquecer o que é e aceita tudo e um par de botas como fantástico e redentor. Depois (quando já é tarde) acorda.

Uma característica das pessoas que se entusiasmam muito é que se indignam ainda mais quando se vêem defraudadas. Por isso Portugal está cheio de indignados. Gente que acredita plenamente no conto do vigário, se sente traída quando descobre a verdade e que, para compensar a desfeita, se lança cegamente noutra crença. Por algum motivo após o período entre 2005-2011 tivemos o que se iniciou em 2016. À época era tudo fantástico. Lembram-se do mítico 13 de Maio de 2017? Nesse famoso dia Portugal ganhou o Festival da Eurovisão, o Papa Francisco visitou Fátima e o Benfica ganhou o tetracampeonato nacional. O país explodiu de euforia. Um mês depois aconteceu Pedrógão. Mas Marcelo iniciara o mandato a pedir menos crispação, menos discussão. “Já bastam os problemas internacionais e europeus, que são muitos. Não vamos somar agora problemas nacionais“. Antes de mais nada, sossego. Salazar não estaria mais de acordo. Atempadamente, PS, BE, PCP e Rui Rio foram dando o seu aval.

E a vida continuou.»

O entusiasmo gera indignação, André Abrantes Amaral no Observador

2 comentários:

Unknown disse...

O Grande Ausente disse-o, de uma vez por todas :
"Biblicamente estúpidos".
Tudo o mais serão paninhos quentes.

Anónimo disse...

Muito bom. Tenho a certeza que o sr André ganhou mais umas medalhas da esquerda. Bateu forte e feio no malandro do Salazar, que mesmo morto há 50 anos ainda anda por aí a cada esquina e atrás de cada moita a atrapalhar Portugal e os portugueses. Se não fosse o Salazar, onde já iríamos nós! Seria a nação mais próspera da Europa, como era no fim da I República.
Comunistas e socialistas devem ter cólicas de tanto rir destes fantoches ridículos que se afirmam de direita e se borram de medo de dizer o que pensam.