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06/08/2015

A maldição da tabuada (25) – A teoria dos números do emprego só tem números imaginários (III)

Continuação de (I) e (2).

É uma coisa doentia assistir outra vez a discussões estúpidas sobre o emprego, o desemprego e o subemprego em que o governo se-atacas-se, ou seja atasca-se e deixa-se atascar. Umas vezes porque faz leituras miraculosas sobre os dados estatísticos, tentando imitar o inimitável José Sócrates (ver esta saga do grande líder a propósito do seu programa de governo). Outras vezes a oposição, mesmo sem ajudas do governo, como é o caso agora com a divulgação pelo INE dos últimos números, faz leituras que são um insulto à inteligência dos eleitores com as meninges em bom estado.

Citando o Destaque do INE de 5 de Agosto:

«A taxa de desemprego no 2º trimestre de 2015 foi de 11,9%. Este valor é inferior em 1,8 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 2,0 p.p. ao do trimestre homólogo de 2014. A população desempregada, estimada em 620,4 mil pessoas, registou uma diminuição trimestral de 13,0% e uma diminuição homóloga de 14,9% (menos 92,5 mil e menos 108,5 mil pessoas, respetivamente). A população empregada foi estimada em 4 580,8 mil pessoas, o que corresponde a um acréscimo trimestral de 2,3% (mais 103,7 mil pessoas) e a um acréscimo homólogo de 1,5% (mais 66,2 mil pessoas). A taxa de atividade da população em idade ativa situou-se em 58,6%, valor superior em 0,1 p.p. ao observado no trimestre anterior e inferior em 0,4 p.p. ao do trimestre homólogo.»

Desta vez, estes números colocam um maior desafio aos delírios da esquerdalhada que não se poupa na demagogia e põe em causa os mesmos indicadores, metodologias e fontes que ainda recentemente aceitava quando mostravam um aumento do desemprego.

Já se escreveram no (Im)pertinências resmas de posts sobre a teoria dos números do emprego e falece-me hoje a pachorra para escrever mais do mesmo. Vou por isso remeter para o post «Mitos, falácias e verdades sobre o desemprego» do Insurgente que trata com a clareza habitual do assunto.

ACTUALIZAÇÃO:
Outra leitura recomendada para melhor perceber a realidade por trás da fantasia: «O que ninguém quer ver nos números do emprego e desemprego» de José Manuel Fernandes no Observador.

1 comentário:

Anónimo disse...

A maioria do povo português (povo = todos) pior do que ser ignorante, é estúpido. Como sinto nas entranhas, a inteligência e a esperteza são atributos antagónicos: não existem simultaneamente na mesma pessoa. Opõem-se.
Ora o esperto pensa que todos os outros são burros, e não anda longe da verdade. Assim dizem hoje uma coisa e dali a uns dias outra "verdade" que, por azar, é o oposto da primeira.
Demagogo é o que prega uma doutrina que sabe ser falsa, a homens que sabe serem idiotas.
É o que há mais por aí. E pachorra para os aturar e para os combater? Safa!
Abraços