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17/05/2015

Dúvidas (96) - Separados à nascença? Porque não fazem uma coligação? (2)

Recordando este post:

Há dois anos, o então líder do PS, António José Seguro, pretendia levar ao Congresso do PS a sua moção «Portugal tem Futuro» onde defendia uma «política europeia de progressiva mutualização dos sistemas de apoio ao emprego e de combate ao desemprego, em particular do subsídio de desemprego».

A coisa morreu logo ali porque Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, arrumou o assunto dizendo que o PS não deveria fazer promessas inexequíveis, como a mutualização do seguro de desemprego ou os eurobonds.
Não ser exequível já não seria pouco, mas além disso teria o mesmo inconveniente de quase todas as mutualizações europeias: em potência um meio de fazer pagar as políticas erradas pelos que têm as políticas certas, ou menos erradas, vá lá. Se, além do financiamento, ainda se quiser harmonizar as regras, então a coisa passaria a ser um desastre enfermando da mesma doença da moeda única: aplicar uma receita única a 28 economias com problemas distintos e, pior do que tudo, mesmo quando tem problemas parecidos, com causas bastante diferentes.

Morto politicamente Seguro, o governo PSD-CDS dito «neoliberal» agarrou a bandeira da mutualização do subsídio de desemprego e incluiu-a à calada num conjunto de propostas que vai apresentar ao Conselho Europeu de Junho. Digo à calada porque a coisa segundo o Expresso foi divulgada pela Reuters e publicada pelo New York Times.

Actualização:

Fonte: Economist
Em Março foi à calada. A semana passada Passos Coelho apresentou a ideia ainda de forma mais abstrusa ao incluir na sua proposta de criação de um Fundo Monetário Europeu, uma criação em si bastante discutível, um papel de «complemento europeu ou substituir parcialmente o subsídio de desemprego nacional». O saudoso António José Seguro não faria melhor. Alguém está a ver, nos tempos que correm, a Óropa a mutualizar o custo de reestruturação dos mercados de trabalho anquilosados dos outros países quando os próprios sofrem - quase todos, com excepção da GB e da Irlanda - da mesma doença?

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