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04/02/2015

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (IV)

Outros purgatórios a caminho dos infernos.

Em uma semana o facho de vedeta do conto de fadas do governo Syriza-Anel passou das mãos de Alexis Tsipras para Yanis Varoufakis, o ministro das Finanças que em 2012 escreveu no seu blogue a respeito do manifesto do Syriza «It is not worth the paper it is written on» e que, talvez por isso, à primeira vista pareceria merecedor de um pouco mais de atenção. Sobretudo porque as suas propostas aparentam ser mais realistas e por isso estão a ser muito celebradas pela generalidade dos mídia nacionais e internacionais.

Porém, à segunda vista, repara-se que Varoufakis apresenta dia sim, dia não, um novo plano, que em rigor é sempre o mesmo, como escreve Tyler Durden no Zero Hedge:
«If there was any confusion how Germany would react to the latest Greek plan, even though as we explicitly stated yesterday, the "new" Greek plan is really the "old" Greek plan but repackaged semantically for appeal to German taxpayers, even as the proposal to involve Europe's public entities in a distressed debt restructuring is a non-starter, all confusion can be now abandoned following remarks by Merkel's ally Kauder in which he not only called the Greek debt plan "half-baked" saying he will no longer respond to new proposals from Athens "every day", but making it clear that there will be no renegotiation of the existing bailout proposal saying "we have agreements with Greece and not with a government - and these agreements have to be adhered to.» 
E dificilmente poderia ser mais do que semântica, por uma razão muito simples: o governo Syriza-Anel é um saco de gatos, não apenas pelas irremediáveis diferenças entre os dois partidos, mas pelas próprias diferenças no interior do Syriza, uma federação de esquerdistas infantis, semelhante ao nosso Bloco de Esquerda, que mistura trotskistas, maoístas, comunistas reciclados e etc. O stock de realismo é negligenciável e as cedências de facto à retórica nacionalista e anti-austeridade arriscam-se a fazer ruir o equilíbrio precário em organizações por natureza propensas à eterna dissidência.

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