Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

04/02/2015

ARTIGO DEFUNTO: Wishful thinking

A mostrar que no melhor pano cai a nódoa, o leader da Economist desta semana, com o sugestivo título «Go ahead, Angela, make my day», apresenta este belo exemplo de wishful thinking:

«Mr Tsipras has got two big things right, and one completely wrong. He is right that Europe’s austerity has been excessive. Mrs Merkel’s policies have been throttling the continent’s economy and have ushered in deflation. The belated launch of quantitative easing (QE) by the European Central Bank admits as much. Mr Tsipras is also right that Greece’s debt, which has risen from 109% to a colossal 175% of GDP over the past six years despite tax rises and spending cuts, is unpayable. Greece should be put into a forgiveness programme just like a bankrupt African country. But Mr Tsipras is wrong to abandon reform at home. His plans to rehire 12,000 public-sector workers, abandon privatisation and introduce a big rise in the minimum wage would all undo Greece’s hard-won gains in competitiveness.

Hence this newspaper’s solution: get Mr Tsipras to junk his crazy socialism and to stick to structural reforms in exchange for debt forgiveness—either by pushing the maturity of Greek debt out even further or, better still, by reducing its face value. Mr Tsipras could vent his leftist urges by breaking up Greece’s cosy protected oligopolies and tackling corruption. The combination of macroeconomic easing with microeconomic structural reform might even provide a model for other countries, like Italy and even France

Como pode a Economist não ter ainda percebido que para o Sr. Tsipras e o Syriza não são «two big things right», são «three big things right» porque ele não tem a menor intenção de fazer as reformas que, inevitavelmente, muitas vezes nas suas consequências não se distinguem da austeridade e são igualmente penosas e impopulares?

Quanto ao wishful thinking do «belated launch of quantitative easing» remeto para a série de posts «O alívio quantitativo aliviará?» a que em breve se juntarão mais uns quantos.

2 comentários:

Unknown disse...

Diz a articulista:

"Greece should be put into a forgiveness programme just like a bankrupt African country."

Nem aqueles que desejam a saída da Grécia do euro, se atrevem a usar semelhante frase.

Deve um país com este "cadastro" ficar na zona euro?

Cumprimentos.

JPRibeiro disse...

O Economist tornou-se uma espécie de TSF: tudo muito dentro do politicamente correcto para agradar às massas, e um cheirinho a excêntrico de vez em quando, para agradar às minorias. Deixei de assinar há anos, quando o Micklethwaite passou a controlar a opinião do jornal, e a querer-nos impingir a Inglaterra como centro do mundo, a Europa como uma excrecência da Alemanha, o Euro uma ameaça à City. Contrariamente aos excitados e ignaros jornalistas portugueses, que aplaudem tudo o que sejam "economias alternativas", o Economist sabe bem o que quer - a Grécia fora da UE e do Euro.