Estória
A estória é conhecida. Os dois governos socialistas de José Sócrates autorizaram as empresas públicas (em Janeiro de 2009 o secretário de estado do Tesouro chegou ao ponto de implicitamente recomendar num despacho a contratação de swaps para financiamento), nomeadamente de transportes, a colocar mais de uma centena de contratos swap, incluindo umas dezenas de natureza pura e absurdamente especulativa (alguns com taxas fixas de 30%) os quais teriam resultado em mais de 3 mil milhões de prejuízo.
O governo PSD-CDS, após uma demora aparentemente excessiva de 18 meses, começou a renegociar esses contratos no início deste ano. Para justificar essa demora, a ministra das Finanças disse não ter sido transmitida informação sobre os contratos swap pelo anterior governo, o que veio a revelar-se inexacto porque foi transmitida informação pelo menos suficiente para recolher mais informação, contratar consultoria, analisar os contratos, definir uma estratégia e renegociar os contratos.
A partir da meia verdade da ministra das Finanças, o PS acolitado pelos ressabiados do regime (essencialmente barões do PSD sem baronato), e sobretudo amplificado pelas câmaras de eco do jornalismo de causas conseguiu mistificar a importância das coisas e subverter as responsabilidades, apagando a responsabilidade por gestão danosa dos governos Sócrates e dos gestores públicos envolvidos. A oposição fez coro, com a excepção do Partido Comunista que por uma má razão – a de entalar o PS, chamou a atenção para a alegada mentira ser irrelevante face à essência do problema dos swaps especulativos.
Nos últimos dias, à meia verdade da ministra das Finanças acrescentaram-se as meias verdades do secretário de estado do Tesouro que, em vez de assumir frontalmente o seu papel na apresentação ao governo Sócrates de instrumentos financeiros para maquilhar o défice e a dívida pública, fosse ele qual fosse, se enredou em contradições. Forneceu assim um excelente argumento à máquina de manipulação montada por José Sócrates que continua activa e ao seu serviço, que tratou imediatamente de branquear as suas responsabilidades e apresentar o seu governo como um paradigma do rigor orçamental (veja-se a notável mistificação deste artigo da Visão).
Morais
A verdade é a melhor política e é também a política mais eficaz (a menos que se controlem os mídia).
Num país como Portugal, onde os mídia são controlados pela esquerdalhada, o quarto poder confunde-se com o segundo quando o governo é de esquerda. Quando o governo não é de esquerda, o quarto poder é a quinta-coluna.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
07/08/2013
ESTÓRIAS E MORAIS: A verdade, a mentira, o quarto poder e a quinta-coluna
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1 comentário:
Uma meia verdade é sempre, e será, uma mentira comleta.
A mentira pode resolver o presente, mas não tem futuro.
Cuidado com a meia verdade. Podes estar a viver na metade errada.
Quem mentir por ti, mentirá contra ti.
La bêtise insiste toujours.
La démocratie ce n'est pas la loi de la majorité mais la protection de la minorité (Camus).
abraço do eao
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