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21/07/2013

ESTADO DE SÍTIO: O estado do sítio visto por um não cavacologista

Não dominando o cavaquês, não fiz o menor esforço para traduzir a comunicação do dia 10 e, não sendo cavacologista, não faço a menor ideia dos propósitos do professor Cavaco Silva, os quais segundo as diferentes autoridades na matéria vão desde entalar o «salta-pocinhas» pelos seus tempos de «O Independente», até criar espaço para um governo composto por cavaquistas, passando por simplesmente sacudir a água do capote.

Apesar dessas minhas dificuldades com o cavaquês, suspeitei que a principal vítima da comunicação seria a governabilidade do protectorado. Passados 11 dias, confirmada essa suspeita, e a poucas horas de mais uma comunicação, confesso continuar com dúvidas sobre as outras consequências da comunicação, para além das que resultam de terem sido queimadas 3 semanas até aqui e mais algumas por via do tempo necessário para o governo lamber as feridas e, obviamente, para além da perda de credibilidade face aos credores que devem ter ficado a matutar nos riscos de continuar emprestar dinheiro a um país que não se governa nem se deixa governar.

Além dessas consequências óbvias, admito que outras estejam a emergir, também provavelmente não premeditadas, tais como: António José Seguro ter ficado ainda mais entalado entre a opinião pública (mais de 50% dos inquiridos preferem a continuidade do governo e apenas ¼ prefere antecipação de eleições) e a aliança das tralhas do soarismo e do socratismo; confirmar-se o auto-entalanço do «salta-pocinhas»; algum crédito recuperado por Passos Coelho pela aparente serenidade ou inépcia (riscar conforme o gosto) com que enfrentou a crise e um prolongamento talvez fugaz da vida de um governo nos cuidados intensivos.

Quanto ao que o professor Cavaco Silva vai dizer dentro de algumas horas, garanto não ter a mais pequena ideia. Só não tenho dúvidas que os cavacologistas vão ficar ocupados durante várias semanas. Ocupação oportuna, dado nos encontrarmos em plena silly season, este ano começada no dia 1 de Julho, com a desistência do Dr. Vítor Gaspar de aturar portugueses que querem o Estado Social e não querem pagar por ele e com a subsequente «irrevogável» demissão do Dr. Portas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Análise muito divertida e certeira.

tina