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29/09/2011

CASE STUDY: Chuva na eira e sol no nabal

Frequentemente concordo com as opiniões e as propostas políticas de Vítor Bento. Não desta vez. No seu artigo «Desligados» de ontem no DE, começo por discordar dos dois primeiros parágrafos.
«Sempre se soube que a União Económica e Monetária (UEM) não constituía uma área monetária óptima e que teria que se confrontar com os problemas decorrentes da sua imperfeição.»
Sempre se soube, mas não por cá. Não me recordo de nenhum economista, além de João Ferreira do Amaral, manifestar clara e publicamente reservas quanto à bondade da integração de Portugal na Zona Euro.
«Mas o que ninguém previu é se pudesse fragmentar, voltando as fronteiras nacionais a constituir-se em fronteiras monetárias dentro da própria UEM, desligando alguns membros da política monetária comum. Mas é precisamente o que está a acontecer com os países da periferia e que se encontram monetariamente desligados da UEM.»
Para citar apenas um único alguém, Milton Friedman disse claramente em 1999 que a Zona Euro não era uma zona económica óptima e por isso mesmo dava-lhe no máximo 10 anos ou até à próxima crise para colapsar.

Em contrapartida, concordo com a sua conclusão que tendo a adopção do euro sido justificada com a vantagem de alinhar as condições monetárias dos países integrantes, o seu desalinhamento brutal reflectido nos yields e no custo dos CDS, em resultado da inviabilidade do euro demonstrada pela crise, encontrou Portugal desarmado pela impossibilidade de usar a desvalorização cambial para reagir à crise. Com a adopção do euro passámos a ter chuva na eira e sol no nabal.

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