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10/03/2021

Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação? Resposta: um dia de cada vez (19) - O cão não morde a mão que o alimenta

Média diária desde o início da vacinação em 27-12-202070% da população vacinada no final de Setembro foi o objectivo definido pela ministra

Tentando responder à pergunta de um leitor num comentário ao post anterior se «o ritmo de vacinação é lento porque não há vacinas ou porque o Governo é incompetente», começo por constatar o nevoeiro estatístico que rodeia a distribuição de vacinas aos países membros. Esse nevoeiro estatístico é, a meu ver, uma tentativa de camuflar as responsabilidades da Comissão Europeia no fiasco negocial negocial com as farmacêuticas, que é a razão de um ritmo de entregas inadequado, e no caso do governo português e de outros governos, um aproveitamento para camuflar uma gestão incompetente da vacinação.

Por coincidência, ontem mesmo, o Politico publicou o artigo Coronavirus vaccine deliveries in Europe - by the numbers que nos proporciona alguns dados representados no gráfico seguinte:

Politico (os 31% da Estónia representados a cinzento são de doses não identificadas)

Como se pode ver no quadro acima, em 28 de Fevereiro tinham sido administradas em Portugal cerca de 869 mil vacinas e o gráfico do Politico diz-nos que esse número correspondia nesse dia a um total de 86,6% das vacinas entregues pela CE. De onde esse total seria de aproximadamente um milhão, ou seja nessa data existia um stock de aproximadamente 130 mil vacinas o que à média diária móvel de 7 dias de então (cerca de 27 mil) seria suficiente para cinco dias de vacinação.

A conclusão do Politico, que subscrevo, é que à incompetência da CE liderada por von der  Leyen se somam incompetências desiguais da maioria dos 27 governos, com excepção dos da Estónia, Lituânia, Malta e Dinamarca que administraram todas ou quase todas as vacinas que receberam. A esta conclusão acrescento, por minha conta e risco, que se alguns governos protestam pelo ritmo das entregas, o governo do Dr. Costa não ousa fazê-lo por duas razões: para esconder a sua incompetência e porque, no estado que ele as deixou, a economia e as finanças públicas dependem da bondade da CE e ele parece entender, e bem, que o cão não deve morder a mão que lhe dá de comer.

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