Recontando a história (mais uma vez): nos finais dos anos 60 a Lockheed desenhou um novo avião para concorrer com o Boeing 747, que usaria motores revolucionários especialmente desenhados pela Rolls Royce. Primeiro desastre: a Rolls Royce entrou em falência para produzir os motores a um custo 4 vezes superior ao orçamentado. Para piorar as coisas, o choque petrolífero de 1973 aumentou o preço do jet fuel a um nível que tornou economicamente inviável para as companhias de aviação a operação do TriStar com esses motores excessivamente gulosos, desenhados para os tempos do petróleo a pataco. Segundo desastre: a Lockheed, com o argumento de já ter investido muitos milhões de dólares, decidiu continuar a investir e a produzir o L-1011 TriStar para não perder o investimento já realizado. Em resultado, ao fim de 14 anos de produção, vendeu, a preços de saldo, metade do volume de
break-even e perdeu várias vezes o valor que teria perdido se interrompesse a produção em 1974, quando já era claro que o avião era inviável.
A TAP é há décadas um dos nossos Lockheed TriStar. Com o Dr. Pedro Nunos Santos e o Dr. Miguel Frasquilho no cockpit podemos descansar que enquanto não for atingido por um míssil disparado de Bruxelas este nosso TriStar continuará a voar e a torrar milhões de euros dos contribuintes.
Em entrevista ao Jornal de Negócios disse o co-piloto Dr. Frasquilho (em rigor é mais um comissário de bordo), que
liquidar a TAP teria um custo de 9 mil milhões de euros até 2030. É um argumento tirado a papel químico da estória do TriStar, trocando-se o choque petrolífero pela pandemia e a continuação da produção do TriStar pela manutenção do elefante branco chamado TAP, sem perceber que, mesmo dando de barato os 9 mil milhões (que me cheira a uma grande treta para justificar a opção que está mais do que tomada), esse seria o único custo certo em opção a continuar a deitar dinheiro em cima da TAP até ao fim dos tempos.
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