Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

08/03/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (75) - Em tempo de vírus (LII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O Dr. Costa, se o deixassem, faria da Óropa um Grande Portugal

O título Portugal’s ‘ghost’ EU presidency racks up in-person expenses do Politico é uma homenagem aos talentos do Dr. Costa agora aplicados na presidência europeia. Na verdade, o artigo do Politico é bastante benigno porque só cita alguns dos exemplos do esbanjamento do orçamento do Conselho Europeu na promoção do governo. Um inventário mais completo pode ler-se no Observador que inclui as empresas criadas "na hora", presumivelmente com sócios da grande família socialista, para aproveitar o maná.

Porém, o Dr. Costa não quer deixar a sua marca apenas nas adjudicações, ele faz questão de usar também o know-how do seu governo, refinado por cinco anos a aumentar a carga fiscal, e propõe ao Conselho Europeu a criação de uma taxa sobre as transações financeiras para financiar a recuperação económica. Aparentemente seria uma reencarnação da famosa taxa Tobin, um imposto que tem feito erecções na esquerdalhada, mas que na versão do seu criador, o Nobel James Tobin, visava simplesmente desincentivar os movimentos especulativos de curto prazo de capitais e que agora aparece com apenas um expediente para sacar dinheiro.

Até para o Dr. Costa é demasiado

A resposta à pandemia pelo governo socialista está mais próxima do desastre do que qualquer outra coisa, quer do ponto de vista da saúde pública (mortalidade por Covid estratosférica e excesso de mortalidade que é também um recorde), quer do ponto de vista da economia (quarta maior queda do PIB na UE no quarto trimestre). O que falhou? Segundo o Dr. Costa em entrevista ao Público «esta crise foi o maior atestado de falhanço das visões neoliberais». Só podia ser.

«Aeroporto na margem sul? Jamé! Jamé!» E não é que o Eng. Lino tinha razão

A Autoridade Nacional da Aviação Civil chumbou o aeroporto do Montijo devido aos pareceres negativos das câmaras da Moita e do Seixal, parecendo dar razão à profecia do Eng. Lino e confirmando que o novo aeroporto vai rivalizar com os 350 anos das obras de Santa Engrácia.

Apreciamos a participação autárquica, quando confirma as decisões do governo

Como as câmaras da Moita e do Seixal (ambas na mão dos comunistas) se opuseram à localização do novo aeroporto no Montijo, o Dr. Pedro Nuno Santos, numa demonstração do seu entendimento sobre o funcionamento das democracias, irá propor a modificação do processo da aprovação retirando às câmaras o poder de vetar com uma lei que, em substância, é retroactiva.

«Estamos preparados»

À medida que vão sendo conhecidos novos dados, confirma-se o colapso do SNS e das instituições de segurança social por falta de investimento, redução das horas de trabalho e pela péssima gestão administrativa. Como explicar 28% do total de morte por Covid ter origem em lares? Porquê a hecatombe nos hospitais em Janeiro? Porquê das dezenas de hospitais de contingência anunciados apenas o do Estádio Universitário foi usado? Até a Associação dos Administradores Hospitalares reconhece que a resposta à pandemia foi «francamente má».

O resultado pode ver-se no gráfico seguinte em que a área amarelo escuro delimitada pela curva da média 2015-2019 representa o excesso de mortalidade não Covid atribuível ao colapso do SNS e que só não se verificou no pico da mortalidade Covid na 2.ª quinzena de Janeiro. Acrescente-se que do excesso de mortalidade cerca de 7 mil mortes se verificaram em casa.

Expresso

Boa Nova - modalidade habilitação ao concurso de provimento do lugar de SG do PS

Pela banda do Dr. Pedro Nuno foi anúncio dos 1.600 milhões que o PRR tem para a habitação e uma indemnização à TAP pelas perdas causadas pelo fecho das fronteiras, de montante não especificado mas, como sabemos, na TAP a unidade são as centenas de milhões. Pela banda do Dr. Medina foi o anúncio dos 20 milhões de apoio às empresas e viagens de táxi para os idosos tomarem vacina. 

Desse ponto de vista foi foi uma clara vitória do Dr. Pedro Nuno montado nos fundos da bazuca, vitória ensombrada pelo flop que têm sido todas as suas grandiosas causas: o arrendamento acessível foi um fiasco, nos caminhos de ferro só há anúncios, nas telecomunicações os preços são dos mais altos da Europa e o leilão 5G marca passo, no novo aeroporto voltou-se à estaca zero no meio da maior confusão. Para quem contava chegar à liderança do PS montado na obra feita com o dinheiro dos sujeitos passivos, no máximo pode invocar o dinheiro gasto em vão. Pior é difícil.

Ouso implorar ao Dr. Costa para ceder logo que possível o lugar a um dos putativos sucessores ou teremos de ressuscitar mais cedo a troika.

Boa Nova – modalidade novas linhas de negócio do SNS

A ministra do SNS Dr.ª Temido anunciou que estão em processo de contratação a compra de 38.000.000 (trinta e oito milhões) de vacinas. À primeira vista estranha-se, à segunda vista entranha-se, já que o SNS pode não conseguir administrar a tempo as duas doses de vacinas, porque não começar a exportar o excedente para os PALOP?

Boa Nova – modalidade repetição

Cada ministro do Dr. Costa tem uma especialidade. A do Dr. Siza é a repetição dos anúncios para o caso de o público-alvo estar distraído. Ele começa por anunciar estar a tratar e de seguida anuncia que vai anunciar, de seguida anuncia que será em breve, depois uma vez por semana volta a anunciar que está em curso. Em alternativa a mais tarde ou mais cedo gastar o dinheiro dos fundos, sugiro ao Dr. Siza a continuação dos anúncios fazendo render a coisa e contribuindo para a consolidação orçamental.

Choque da realidade com a Boa Nova

Dizer que o plano de vacinação, anunciado para atingir 70% da população até ao fim do Verão, está a falhar parece um eufemismo, quando ao ritmo actual pode prolongar-se por dois anos (ver a nossa série de posts Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação?). Registemos a inventiva do agitprop socialista camuflando o fiasco com a comemoração da milionésima vacina, correspondente a um quinto do objectivo anunciado.

O multiplicador de subsídios

A Mouse School of Economics só tinha usado o multiplicador de investimento, até que o Dr. Miguel Frasquilho, como escreveu o outro contribuinte, a pessoa do PSD com mais sucesso no complexo político-empresarial socialista, descobriu que os subsídios à TAP terão «um impacto positivo na economia cerca de duas a três vezes superior até 2030».

Ó Dr. Tavares, mesmo sendo da família, cuide-se que não lhe renovam o mandato

O Tribunal de Contas, presidido pelo Dr. José Tavares. recentemente nomeado com o pergaminho de ter sido «uma espécie de conselheiro permanente do Governo de José Sócrates entre 2008 e 2010 para superar a recusa do visto prévio daquele tribunal a cinco contratos de subconcessões rodoviárias», apontou lacunas na informação sobre custo das medidas de resposta à pandemia.

«Queda monumental»

Se 2020 foi um desastre para a economia (e o resto), 2021 até agora não será melhor. O indicador diário da actividade económica do BdP mostra uma contração muito forte nos dois primeiros meses e o Fórum para a competitividade prevê uma queda homóloga no trimestre de 5,5% a 8.5%. A taxa de desemprego, que tem vindo a manter-se artificialmente baixa pelos critérios vigentes, dá mostras de começar a subir e já atingiu 7,2% em Janeiro.

O turismo continua a esvaziar-se: mais de metade das empresas de turismo rural e alojamento local estão fechadas. Agora já temos oferta de habitação com fartura.

Sem comentários: