Acabei por perceber quando estabeleci o paralelo com o governo maioritário PSD-CDS que, pouco tempo após tomar posse, passou a ser considerado ilegítimo por uma legião, mais vocal do que numerosa, com acesso aos megafones do jornalismo de causas. Dela fazem parte no plano político o soarismo revilharista, ao qual se atrelaram outras correntes, como o socratismo ressabiado e os barões aposentados do PSD, entre outras. Desconsidero, a este respeito, PCP e BE, a esquerda das contestações cuja agenda não passa por governar.
Num caso como noutro, para além dos argumentos de circunstância, uns melhores, outros piores, e quase todos medíocres, o cimento que alimenta as duas campanhas e lhes dá consistência, e sobretudo convicção, é a crença da inferioridade dos «gajos», num caso o pessoal do governo e noutro o Tozé e a sua gente, uns e outros sem o pedigree legitimador das elites extractivas que a falta de mobilidade de um país anquilosado transforma num grupo endogâmico. Esses «gajos», acreditam, estão a usurpar os lugares que por direito pertencem à «nossa gente», isto é às esquerdas letradas com pátina antifascista - cada vez mais herdada da geração anterior, à medida que os jarretas republicanos e antifascistas vão batendo a bota.
Elites extractivas retratadas por Thomas Rowlandson |
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