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05/06/2014

ESTADO DE SÍTIO: A hipocrisia das forças de bloqueio das reformas

Deixemo-nos de tretas. O desvelo pelo Tribunal Constitucional, um órgão cujos membros são nomeados em cozinhados partidários ou cooptados em refogados intramuros e não tem qualquer espécie de representatividade (nem tem de ter), convive muito mal com a falta de respeito pelas instituições do estado democrático por parte de socialistas, comunistas e esquerdistas. Respeito só visível quando essas instituições estão ocupadas total ou maioritariamente pela sua respectiva gente. Para simplificar, podemos dizer que esse respeito no caso dos socialistas só se nota quando estão socialistas no governo e em maioria no parlamento e no caso de comunistas e esquerdistas não se nota nada pelo menos desde 25 de Novembro de 1975.

Dúvidas? Veja-se o clamor por suposta falta de legitimidade passados poucos meses da tomada de posse de um governo com uma maioria parlamentar resultante de eleições livres. Veja-se o clamor contra um presidente da República, eleito com uma maioria esmagadora de votos, que socialistas, comunistas e esquerdistas esperavam fazer oposição ao governo.

O desvelo pelo Tribunal Constitucional por parte de socialistas, comunistas e esquerdistas resulta simplesmente de comunistas e esquerdistas quererem perpetuar o status quo resultante do PREC, plasmado na Constituição, e de socialistas que querem bloquear medidas e reformas cuja necessidade se tornou inadiável precisamente pelo desgoverno dos governos socialistas (com a ajuda de governos PSD-CDS, reconheça-se) que conduziram o país à bancarrota. Se no caso dos comunistas e esquerdistas não há consequências porque não têm nem terão de governar e responder pelas suas aleivosias, no caso dos socialistas isto é tanto mais estúpido quanto mais tarde ou mais cedo terão de adoptar as medidas e reformas que agora boicotam.

E, reconheça-se também, o desvelo de socialistas, comunistas e esquerdistas tem um suporte social significativo nas legiões de utentes presentes e passados da vaca marsupial pública. Funcionários públicos que imaginam que a economia produtiva, isto é privada, existe para pagar impostos e lhes garantir emprego vitalício com salários muito mais elevados do que nas empresas para funções equivalentes. Reformados que ainda não perceberam que as suas contribuições foram entornadas durante décadas nos orçamentos do Estado e torradas em imensas aplicações que nada tinham a ver com a segurança social, a começar na guerra colonial e a acabar nos buracos dos orçamentos, e, desde que a segurança social tem um orçamento próprio, o Fundo de Estabilização Financeira constituído será escassamente suficiente pagar um ano de pensões.

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